quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Paul Jackson Pollock

Ontem vi novamente - e recomendo - aquele super filme sobre a vida e a obra do pintor Jacson Pollock, com o ator Ed Harris que, além de ser extremamente parecido com o pintor, sempre expressou uma obsessão pelo artista. Tanto que até aprendeu a imitar sua técnica singular, o "action painting", em que o pintor usa os pincéis não para aplicar a tinta, mas, sim, para jogá-la sobre a tela. Esta verdadeira fixação pela vida e pela obra do pintor resultou no filme Pollock (Estados Unidos, 2000). Nele Harris, de 50 anos, desempenha com notável segurança as funções de produtor, diretor e protagonista. E, como sempre, mostra-se exímio em encarnar personagens que mantêm sua energia intensa abaixo da superfície.

São retratados com fidelidade neste filme, também, a pintora Lee Krasner (representada pela atriz Marcia Gay Harden, que ganhou merecidamente o Oscar pelo papel). Lee, uma nova-iorquina muito despachada, percebeu de imediato que estava diante de um talento incomum. Apaixonada por Pollock – talvez mais pelo artista que pelo homem –, tomou as rédeas do relacionamento e da carreira. Foi por sua influência que Pollock ganhou um mecenas: Peggy Guggenheim, a milionária sobrinha do fundador do Museu Guggenheim. Peggy (interpretada com efervescência por Amy Madigan, mulher de Harris) adorava pintores. Casou-se com um – o surrealista Max Ernst – e usou seu dinheiro para lançar a carreira de vários outros, entre os quais Pollock. Pollock, o filme, é mais uma constatação do que uma tentativa de decifrar o enigma que é o artista. E nisso reside sua força.

Pollock foi um importande pintor dos Estados Unidos da América e referência no movimento do expressionismo abstrato. Nasceu em Cody, Wyoming, Estados Unidos da América, no dia 28 de Janeiro de 1912. Cresceu na Califórnia e no Arizona. Veio a falecer em 11 de Agosto de 1956. Em 1930 mudou-se para Nova York e estudou no Art Students League com o pintor regionalista Thomas Hart Benton.

Deu seus primeiros passos inserido na tradição da pintura realista, mas, depois de entrar em contato com a arte abstrata da vanguarda européia, elaborou os próprios meios de expressão. A partir de 1946, renunciou completamente aos elementos figurativos em seus quadros. Suas obras caracterizam-se por redes de linhas coloridas entrelaçadas que, pela transparência, desviam a atenção para o fundo do quadro (Catedral, 1974; Ritmo Outonal e Névoa Azul-Lavanda, 1950). Em suas últimas obras, realizadas nos anos de 1950 até sua morte por acidente, aprecia-se certa redução de colorido, o que é interpretado como reflexo de seus problemas psíquicos relacionados com o alcoolismo.

Em 1937 começou seu tratamento contra o alcoolismo e sofreu de esgotamento nervoso em 1938. Até 1941 trata-se com dois psicanalistas junguianos, que usam suas pinturas nas sessões de terapia. A partir de 1943 torna-se um dos iniciadores do movimento expressionista abstrato, com seu estilo caracterizado por grandes pinceladas aleatórias.

São dessa época as obras The Totem, Lesson I e The Blue Unconscious. Após 1947 inova utilizando tintas de alumínio e esmalte comercial em seus quadros. Em 1951 e 1952 pinta quase que exclusivamente em branco e preto, como se vê em Number Twenty-Three (1951) Echo (1952) e Number Seven (1952). Na época do desastre de carro que o mata, em Nova York, seu trabalho exerce grande influência sobre seus contemporâneos norte-americanos e europeus.

O expressionismo abstrato foi um movimento artístico com origem nos Estados Unidos da América, muito popular no pós-guerra. Ele foi o primeiro movimento especificamente americano a atingir influência mundial e também o que colocou Nova Iorque no centro do mundo artístico - posição previamente exercida por Paris, na França. O movimento ganhou este nome por combinar a intensidade emocional do expressionismo alemão com a estética antifigurativa das Escolas abstratas da Europa, como o Futurismo, o Bauhaus e o Cubismo Sintético. O termo foi usado pela primeira vez para designar o movimento americano em 1946 pelo crítico Robert Coates. Os pintores mais conhecidos do expressionismo abstrato são Arshile Gorky, Jackson Pollock, Philip Guston, Willem de Kooning, Clyfford Still e Wassily Kandinsky.

Polêmico, irrequieto, perturbador, diferente, entre outros, são apenas alguns qualificativos que se pode atribuir a ele, cuja vida tumultuada acabou marcando profundamente a história da arte moderna. Entre a pintura e o jazz, Pollock viveu emoções que o levaram da depressão ao êxtase e terminaram por transformá-lo em um alcoólatra.

De uma família com vários artistas, Pollock diferenciou-se imediatamente pelos seus métodos. Suas telas, imensas, eram pintadas antes de serem estiradas. Isso permitia que o artista praticamente caminhasse sobre a tela, fazendo parte dela durante o processo de pintar. Também essa pintura era diferente. Deixava a tinta escorrer de latas furadas ou as espalhava-as de outra forma, usando pedaços de madeira, ferramentas, escovas de dente, espátulas e outros processos, abandonando definitivamente o pincel.

Começou seus estudos em Los Angeles e depois mudou-se para Nova Iorque. Desenvolveu uma técnica de pintura, criada por Max Ernst, o 'dripping' (gotejamento), na qual respingava a tinta sobre suas imensas telas. Os pingos escorriam formando traços harmoniosos e pareciam entrelaçar-se na superfície da tela. O quadro "One" de 1950 é um típicop exemplo dessa técnica. Pintava com a tela colocada no chão para sentir-se dentro do quadro. Partia do zero, do pingo de tinta que deixa cair na tela e, a partir disto, elaborava uma obra de arte.

O fato de permitir que a tinta manchasse a tela à partir de latas furadas não faz com que a pintura de Pollock seja fruto da casualidade.

"Quero expressar meus sentimentos mais do que ilustrá-los... Eu posso controlar o fluir da tinta; não há acaso, assim como não há começo nem fim".

Depois de enfrentar a recessão na década de 30, o pintor viu os Estados Unidos serem invadidos por artistas europeus fugindo da guerra. Encontrou muitas dificuldades para vender os seus quadros nesse período tumultuado e acabou criando uma dependência do álcool que terminaria por matá-lo tempos depois.

Mesmo em dificuldade, Pollock nunca deixou de ser um inovador: misturava areia e vidro moído na tinta para obter efeitos especiais. É considerado um dos mais importantes personagens da pintura pós-guerra e sua morte trágica e imprevista o tornou famoso em todo o mundo. Já o era, antes de morrer.

Adolescente com problemas escolares, desde cedo se envolveu com o álcool e jamais conseguiu libertar-se dele. Fez tratamento psiquiátrico algumas vezes, mas sempre retornava ao vício. Na década de 40 conheceu Lee Krasner, pintora abstrata muito talentosa, com quem se casou e que o apresentou a pessoas importantes no mundo da arte. Lee abandonou praticamente sua carreira para dedicar-se a Pollock, ajudando-o na luta contra o álcool. Por causa dele foram morar em um local afastado, procurando criar melhores condições nessa luta. Apesar de todo o esforço, o artista sempre retornava a bebida. A separação acabou acontecendo e foi mais um motivo depressivo para o artista.

Lee Krasner foi quem realmente impulsionou a carreira de Pollock, tanto pelo apoio emocional, como pelas apresentações no mundo da arte. Graças a ela, o artista conseguiu rendimentos para dedicar-se inteiramente a pintura. Em 1949, a revista Life, com mais de 5.000.000 de exemplares de circulação, o colocou como uma personalidade em destaque. Subitamente, a agenda tornou-se cheia e os problemas financeiros desapareceram. Foi por sua influência que Pollock ganhou um mecenas: Peggy Guggenheim, a milionária sobrinha do fundador do Museu Guggenheim. Peggy adorava pintores. Casou-se com um – o surrealista Max Ernst – e usou seu dinheiro para lançar a carreira de vários outros, entre os quais Pollock.

Lee também era talentosa, mas pôs seu trabalho de lado para incentivar o marido. Agüentava suas explosões, atenuava as afrontas a que ele submetia os amigos e, cansada de seu alcoolismo, obrigou-o a isolar-se com ela no campo. Foi por causa de Lee também que Pollock passou quase três anos sóbrio, no final dos anos 40. É dessa fase que datam suas melhores obras, e foi nela que Pollock aprimorou o "action painting".

Tudo poderia parecer bem, mas Pollock jamais aceitou a separação da ex-mulher. Tinha uma jovem amante muito bonita, mas vivia depressivamente, até a morte súbita no trágico acidente.

A arte de Pollock combina a simplicidade com a pintura pura e suas obras de maiores dimensões possuem características monumentais. Com Pollock, há o auge da pintura de ação (action painting). A tensão ético-religiosa por ele vivida o impele aos pintores da Revolução Mexicana. Sua esfera da arte é o inconsciente: seus signos são um prolongamento do seu interior. Apesar de ter seu trabalho reconhecido e com exposições por vários países do mundo, Pollock nunca saiu dos Estados Unidos.

Sua pintura demonstra a assimilação de motivos de Pablo Picasso e Joan Miró, assim como do muralista mexicano José Clemente Orozco. As influências que agiram sobre Pollock são muitas e variadas. Sobre ele já se disse, antes ainda do apogeu de sua carreira, que:

"O pintor mais poderoso da América contemporânea e o único que promete ser um dos grandes é gótico, mórbido e extremo discípulo do cubismo de Picasso e do pós-cubismo de Miró, com toques de Kandinsky e de inspiração surrealista. Chama-se Jackson Pollock".

Faltou nessa frase citar a influência dos muralistas mexicanos e dos conceitos psiquiátricos que aprendeu durante os tratamentos de desintoxicação, os quais, declaradamente, reconhece como fatores que mudaram o seu pensamento.

O seu nome é um marco na pintura pós-guerra não só americana, mas em todo o mundo. Sem dúvida alguma, ainda é um dos pintores americanos mais influentes dos tempos atuais. As suas pinturas perdem força quando olhadas através de fotografias, o que acontece muito freqüentemente com alguns pintores. Às vezes acontece exatamente o contrário, mas não é o caso.

O primeiro vislumbre da fama para o artista veio através de fotografias dele trabalhando, da forma enérgica dos seus gestos no ato de pintar. Há uma certa dramaticidade nessas fotos que realmente impressiona.

"Quando estou a pintar não tenho consciência do que faço. Só depois de uma espécie de 'período de familiarização' é que vejo o que estive a fazer".

Talvez tenha sido assim também com a vida real, com os seus movimentos do dia-a-dia. O gênio nos enche de admiração e nos deixa um grande legado. O homem nos passa a impressão de que, fora a arte, a vida foi uma grande tentativa que não deu certo. Embora não possamos julgar se isso de fato tem alguma verdade, é essa a emoção que nos passa.

Pollock era um sujeito tão atormentado que, para ele, nem comprar pão e leite no armazém da esquina era uma tarefa livre de angústia. Tinha ainda péssimos modos, era de um egoísmo insondável e, quando entornava uns copos a mais, tornava-se agressivo e abusivo.

Na contra-mão disto era, também, um artista extraordinário. Não só se tornou o maior expoente do movimento batizado de Expressionismo Abstrato – a arma com que os americanos roubaram dos europeus a primazia nas artes plásticas, nos anos 40 e 50 –, como talvez seja o mais fabuloso pintor nascido nos Estados Unidos.

Pollock dizia que pintava paisagens – mas as suas paisagens interiores. "Eu sou a natureza", declarou certa feita. Até hoje, claro, não falta quem diga que qualquer criança pode jogar tinta na tela e chamar isso de arte. O vigor da obra de Pollock, contudo, desmente tais simplificações.

Em 1951, enquanto protagonizava um célebre documentário, ele cismou que tinha sucumbido aos aspectos mais atléticos de sua arte. Acreditando-se afinal um farsante, voltou a beber e entrou na etapa final de sua autodestruição.
Aos 44 anos, em Cody, em agosto de 1956, quando voltava dirigindo embriagado de uma festa, morreu em um acidente de carro. Ele simplesmente chocou-se com uma árvore. Há quem sugira que, propositalmente, provocou o acidente. Nunca saberemos com certeza.

Um comentário:

TRAJETÓRIAS disse...

Adorei teu texto. Amanha é aniversario de morte (Arghhh...) do P.J. Pollock ... "Cheers" ;)