sexta-feira, 27 de junho de 2014

Desenhando Porto Alegre

Sábado, 28/6, das 10h às 13h.
Ponto de encontro: Travessa dos Cataventos
Promoção: MAC/RS

Com atividade simultânea à exposição VOLÚPIA CONSTRUTIVA - PRAZER E ORDENAMENTO EM DESENHO SOBRE PAPEL, no acervo do Museu de Arte Contemporânea do RS, será realizado o encontro DESENHANDO POA / MACRS.

O projeto que já acontece na cidade de São Paulo há algum tempo, com o nome Desenhando SP, é uma iniciativa dos artistas Eduardo Nasi e Marcia Tiburi, que também participam da presente exposição no Museu, e tem o apoio local do Ateliê D43.

O objetivo desta ação é reunir pessoas para desenhar nas ruas de Porto Alegre. Simples assim: a gente convoca e quem quiser aparece.

O encontro vai ser sábado, 28 de junho, às 10h, na Travessa dos Cataventos, da Casa de Cultura Mario Quintana. A partir daí, vamos nos espalhar pela região pra desenhar.

Saiba mais:

Por que desenhar na rua?

Você pode transformar isso em um manifesto, dizer que é político, que é uma forma de se apropriar da rua e da cidade. Você pode estabelecer um diálogo com a história da arte, pensar nos impressionistas e na arte urbana dos grafiteiros. Você pode desenhar na rua porque é uma experiência incrível. Você desenha a vida real e encontra pessoas incríveis. Você também pode desenhar algo que está na sua cabeça, só levando o gesto de desenhar pra rua. Pra nós, tudo isso tá valendo.

Eu quero desenhar na rua. Como faço?

Bem, as ruas são livres e você pode desenhar nelas sempre que quiser. Mas se quiser se juntar ao nosso grupo, esteja na Travessa dos Cata-ventos, sábado, dia 28 de junho, às 10h.

Quanto custa?

Nada. É grátis.

E se eu não sei desenhar?

Bem, é uma oportunidade para começar! Na verdade, não tem problema, a gente quer reunir gente de níveis bem diferentes, quer troca de experiência e um clima construtivo, então, todo mundo é bem-vindo.

O que vai acontecer no encontro?

Às 10h a gente se encontra e já começa a desenhar. A ideia é desenhar até às 13:00 em função do jogo do Brasil na Copa Fifa 2014. O evento é aberto e livre, então ninguém vai impedir ninguém de chegar mais tarde ou sair mais cedo. Mas a gente prefere que todo mundo fique do começo ao fim.

E se chover?

A chuva faz parte de Porto Alegre. Nossa ideia é nunca desmarcar em caso de chuva, e sim incorporar a chuva à atividade, procurando locais cobertos na região.

O que tem que levar?

Desenhar na rua é um exercício de desapego as mesas de estúdio, material em abundância… Dito isso, leve o material de desenho que você considera importante: bloco, papel, caneta, lápis etc. Se você precisar de prancheta para firmar o papel, leve uma. Recomendamos também levar material de desenho extra. Nossa experiência com desenhar na rua mostra que desenhar na rua atrai o interesse de outras pessoas, e às vezes são pessoas que não têm caneta, papel, nem condições de comprar material. E aí você vai se sentir incrível por levar o desenho pra vida de pessoas que você nem conhece. Óculos escuros e bonés são ótimos pra você desenhar pessoas sem ser notado. Água é sempre uma boa. Seja pra beber, seja pra diluir tinta.

O que eu faço com os desenhos?

Depois da conversa final, queremos encorajar todo mundo a compartilhar esses desenhos em nossas redes sociais: temos Flickr, Tumblr, Facebook, Twitter.

Só isso?

Bem, a gente acha que o projeto é legal e, se ele for mesmo legal, a gente quer que ele se transforme em muitas outras coisas. Até já temos umas ideias. Mas vamos com calma. O primeiro passo é fazer os encontros acontecerem.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Ainda sobre Roma...

A origem da sociedade romana não tem uma evidência concreta. Baseia-se numa lenda, que era uma maneira antiga de explicar fatos cuja memória se perdeu em tempos muito distantes. Assim, o poeta romano Virgílio alimentou a fantasia de seu povo ao contar que Roma teria sido fundada por dois irmãos: Rômulo e Remo.

Segundo a mitologia, os romanos descendem de Enéas, um herói troiano que conseguiu escapar quando os gregos destruíram sua cidade, possivelmente no século 15 a.C. Filho de Vênus, a deusa do amor, Enéas passou por muitas aventuras até chegar à Itália, onde seu filho Ascânio fundaria Alba Longa, o núcleo da futura Roma, que seria fundada por seus descendentes Rômulo e Remo, em 753 a.C.

Rômulo e Remo eram irmãos gêmeos e, após o nascimento, foram atirados ao rio Tibre por ordem de Amúlio, usurpador do trono de Alba Longa. No entanto, conseguiram chegar às margens no sopé do monte Palatino e sobreviveram, sendo amamentados por uma loba. Criados por camponeses, ao chegar à idade adulta, depuseram o usurpador e restituíram ao trono seu avô, Númitor, de quem receberam a missão de fundar uma nova cidade na região do Lácio.

Os dois haviam sido abandonados pelo pai ao nascer e só sobreviveram por terem sido alimentados por uma loba. O fato é que os irmãos cresceram, vingaram-se do pai e receberam a missão de fundar uma cidade no local onde foram encontrados pelo animal. Essa lenda criou também a data exata do "nascimento" de Roma: os irmãos teriam fundado a cidade em 753 a.C. O próprio nome dessa localidade derivou do nome um deles (Rômulo), que acabou matando seu irmão Remo devido a disputas políticas.

Como se pode ver, a origem de Roma foi inventada através de uma história que misturava o instinto animal (simbolizado pela loba que amamentou os irmãos), com o nascimento de algo novo (a cidade fundada num lugar deserto), retornando aos instintos agressivos no final (simbolizados na rivalidade entre os irmãos e no assassinato de um deles). Assim, essa origem imaginada serviu para os vários imperadores que a governaram justificarem o caráter agressivo e conquistador dessa sociedade romana.



No local escolhido, o monte Palatino, às margens do Tibre, Rômulo traçou um sulco no chão com um arado, demarcando a sua propriedade. Insatisfeito, Remo saltou essa linha sobre a terra, desafiando o irmão, que o matou. Rômulo fundou seu povoado, onde acolheu fugitivos de diversas partes da Itália. Sobre eles reinou durante muito tempo, até desaparecer misteriosamente numa tempestade e se transformar no deus Quirino, uma das principais deidades mitológicas dos romanos.

Se não temos dados concretos sobre sua fundação, podemos começar a contar a história de Roma, a partir da monarquia (753 a 509 a.C.). Nesse período, o meio de subsistência principal daquele povo era a agricultura. A sociedade romana dividia-se em quatro grupos, segundo a posição política, econômica e social de cada pessoa: havia patrícios, plebeus, clientes e escravos.

Monarquia: de 753 a.C. (data tradicional da fundação de Roma) a 509 a.C. (derrota dos Tarqüínios).

República: de 509 a.C. (proclamação da República) a 27 a.C. (Otaviano recebe o Senado o título de Augusto).

Império: de 27 a.C. a 476 d.C. (queda do Império romano do Ocidente).

A data lendária (753 a.C.) da fundação de Roma não representa o período mais antigo de ocupação do local onde a cidade surgiu. Vestígios de povoação foram encontrados e remontam à Idade do Bronze. É provável que a cidade tenha surgido de um forte erguido pelos habitantes do Lácio (latinos e sabinos) para defender-se dos etruscos, que dominavam parte da península Itálica. Roma surgiu no topo do monete Palatino e se expandiu graudalmente pelos outros seis montes vizinhos, o Esquilino, o Célio, o Quirinal, o Viminal, o Capitolino e o Aventino. Mas a cidade não parou de crescer ao longo dos séculos.

Primitivamente, a economia romana era baseada em atividades agrárias e pastoris. A propriedade de terra era a base da riqueza, o que evidencia o caráter aristocrático dessa sociedade. Os proprietários de terra eram o grupo social dominante, sendo chamados de patrícios. Através de laços familiares formavam clãs que compreendiam também os parentes pobres que prestavam serviços e eram conhecidos como clientes. Finalmente, quem não pertencesse ao clã era chamado de plebeu. Esse grupo era formado por artesãos, comerciantes, estrangeiros e pequenos proprietários de lotes pouco férteis.

Nesses primeiros tempos, os romanos levavam uma vida simples, trabalhando no campo e alimtando-se de sua própria produção. A modéstia e a disciplina eram consideradas virtudes essenciais. A família era uma instituição sagrada e seu chefe - o pater famílias - tinha poder e direitos ilimitados sobre a mulher, os filhos, os escravos e os bens. O velhos eram respeitados e serviam de exemplo à comunidade. A religião - baseada no culto aos antepassados e a uma multidão de deuses - estava presente em todos os aspectos da vida cotidiana e também tinha um caráter cívico, ou seja, estava ligada à cidade e ao Estado romano.

A palavra "patrício" (do latim pater, pai) indicava o chefe da grande unidade familiar ou clã. Esses chefes, os patrícios, seriam descendentes dos fundadores lendários de Roma e possuíam as principais e maiores terras. Eles formavam a aristocracia, sendo que somente esse grupo tinha direitos políticos em Roma e formava, portanto, o governo.

Já os plebeus eram descendentes de populações imigrantes, vindas principalmente de outras regiões da península Itálica, ou fruto dos contatos e conquistas romanas. Dedicavam-se ao comércio e ao artesanato. Eram livres, mas não tinham direitos políticos: não podiam participar do governo e estavam proibidos de casar com patrícios.

Num outro patamar, vinham os clientes, também forasteiros, que trabalhavam diretamente para os patrícios, numa relação de proteção e submissão econômica. Assim, mantinham com os patrícios laços de clientela, que eram considerados sagrados, além de hereditários, ou seja, passados de pai para filho.

Por fim, os escravos, que inicialmente eram aqueles que não podiam pagar suas dívidas e, portanto, tinham que se sujeitar ao trabalho forçado para sobreviver. Depois, com as guerras de conquista, a prisão dos vencidos gerou novos escravos, que acabaram se tornando a maioria da população.

As conquistas aos outros povos e regiões trouxeram o crescimento das atividades comerciais e das negociações em moeda. A riqueza se concentrou ainda mais nas mãos dos patrícios, que se apropriavam das novas terras. Isso tudo dividiu profundamente a sociedade romana entre ricos (aristocratas) e pobres (plebeus), além da grande massa de escravos que ia se formando. Também os membros do exército, enriquecidos pelas conquistas e saques, tornaram-se uma importante camada social.

A expansão romana iniciou-se na República (509 a 27 a.C.), por meio das lutas contra os povos vizinhos para obterem escravos (séculos. 5 a 3 a.C.). Depois disso, expandiu-se para a Grécia (séc. 3 a.C.), Cartago (cidade africana que controlava o comércio marítimo no Mediterrâneo) e Macedônia (com a conquista da Grécia, havia formado um grande império), sendo estas duas cidades conquistadas no séc. 2 a.C. Na seqüência, o Egito, a Britânia (que corresponde aproximadamente à atual Grã-Bretanha) e algumas regiões da Europa e da Ásia foram conquistados no séc. 1 d.C.

Desde sua origem, Roma fora governada por reis. Um deles foi expulso por tirania em 509 a.C. e o governo da República se estabeleceu, propondo uma nova divisão de poderes entre o Senado, os Magistrados e as Assembléias.
Com as conquistas militares de novos territórios, os generais do Exército acumularam muitos poderes políticos e para deterem as revoltas dos povos dominados, resolveram concentrar o poder. Júlio César era um general que havia conquistado a Gália em 60 a.C. Depois disso, deu um golpe em Roma, atacando-a no ano de 49 a.C. e proclamando-se ditador perpétuo (ou seja, governaria com poderes ilimitados até a sua morte). Foi nesse mesmo ano que conseguiu dominar o Egito. No entanto, nem ele nem seu governo tiveram vida longa: foi assassinado pelos próprios romanos em 44 a.C.

Com a morte de Júlio César, três líderes políticos governariam juntos. Um deles, Otávio, derrotou os outros e foi o primeiro imperador romano em 31 a.C., recebendo do Senado os títulos de Princeps (primeiro cidadão), Augustus (divino) e Imperator (supremo). Passou para a história com o nome de Augusto, embora essa denominação acompanhasse todos os imperadores que o sucederam. Roma teve 16 imperadores entre os séculos 1 e 3 d.C. A partir daí, começou a desagregação do Império e o descontrole por parte de Roma dos povos dominados.

Entre os séculos 3 e 4 d.C., o imperador Dioclesiano dividiu o Império Romano numa parte ocidental e noutra oriental. Constantino, o imperador seguinte, tomou duas importantes medidas: reunificou seus domínios, tornando a capital do Império Romano Bizâncio (depois chamada de Constantinopla e, hoje, Istambul, na Turquia), localizada na parte oriental dos domínios romanos e legalizou a prática do cristianismo.

Finalmente, Teodósio, um dos últimos imperadores, tornou o cristianismo religião oficial de todo o Império e dividiu-o novamente em duas partes, sendo as capitais Roma e Constantinopla. A primeira foi dominada pelos povos germanos em 476 e marcou o fim do Império Romano do Ocidente. A segunda foi dominada em 1453 pelos turcos e marcou o fim do Império Romano do Oriente.

De resto, com o passar dos tempos, os deuses romanos foram se identificando com os deuses gregos, devido à grande influência que a Grécia - embora fosse dominada por Roma - exerceria sobre ela e sua cultura. Na verdade, a arte grega foi uma das fontes principais da arte romana. A arquitetura talvez tenha sido a única das artes de então em que os romanos produziram inovações efetivas, em particular devido ao seu pragmatismo. Se para os gregos as principais construções eram os templos, para os romanos importavam os reservatórios de água, os aquedutos, os edifícios públicos, como os tribunais, os circos e os mercados.

Para Roma, o Estado estava acima de tudo e quem estivesse a serviço da res publica (coisa pública) deveria respeitar os deuses, ser leal e corajoso e ambicionar a glória - virtudes que evidenciam o caráter guerreiro que logo se manifestou entre os romanos. A vida do cidadão era regulamentada por leis, que podiam dizer respeito aos negócios do Estado (direito público) e às relações entre famílias e particulares (direito privado).

No entanto, essas noções bem como as instituições que as traduziram na prática não datam do primeiro momento da história romana, o período monárquico, mas sim do período republicano. Isso, porém, nos obriga a deixar de lado esse esboço das origens e da organização sócio-cultural de Roma para entrar em sua história política - o que requer um capítulo à parte.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Girassóis em Roma

Conheço Roma somente no inverno. Tenho na lembrança o pôr-do-sol mágico na escadaria de Trinità dei Monti na Piazza de Espanha, vendo o sol descer caprichosamente no eixo da Via dei Condotti ouvindo aquela sinfonia de sons gerados pela diversidade de idiomas ao meu redor. O azul do céu de Roma no inverno é de uma beleza fora do comum. E fica mais lindo quando contrastado pelos tons terracota das paredes envelhecidas das suas edificações e pelo verde novinho em folha dos ciprestes que emolduram a cidade.

Como sabemos, cada civilização se ergueu sobre as ruínas da civilização anterior e com Roma não poderia ser diferente. Roma, ao longo de sua gloriosa história, sofreu a ação de várias pequenas catástrofes. Uma sucessão de terremotos, invasões bárbaras, incêndios, guerras imperiais fizeram desta cidade o símbolo mais perfeito de renascimento. A cada tragédia uma nova cidade se erguia das cinzas da anterior. Poucos prédios ainda permaneceram em pé. Os mais antigos, se não me engano são aqueles dois pequenos templos do Fórum Boárium, atravessando a Ponte Palatino, o templo de Vesta (aquele de planta circular) e o de Apolo (aquele de planta retangular) que são do ano 200 a.C.



A Roma Imperial está 2,5m abaixo dos nossos pés e é possível, já que a cidade está em constante escavação, em alguns pontos da cidade andar lado a lado com a história. O Fórum de César e o Fórum de Trajano são bons exemplos disto. Podemos nos debruçar em peitoris na calçada, ladeados por estátuas dos grandes imperadores, e olhar os pisos ainda coloridos das construções imperiais.

No próprio Fórum Central Romano, sobre o monte Palatino (próximo ao Arco de Constantino e ao Coliseu), podemos ver uma série de pequenos artefatos etiquetados, ainda em parte enterrados, aguardando por sua catalogação.

Grande parte do que vemos hoje, em especial neste Fórum Central, se deve aos escavadores do exército de Napoleão que quando chegaram a Roma encontraram não mais do que 50 mil pessoas (para uma cidade que esteve perto dos 2 milhões de habitantes) habitando uma cidade fétida e insalubre. Para se ter uma idéia, o Arco de Sétimo Severo que se encontra lá no miolo do Fórum estava enterrado até o início da circunferência do arco e sob ele estava instalada uma pequena barbearia.

A propósito disto, o próprio Coliseu, que teve sua inauguração lá pelos idos do ano 80 d.C. já era uma ruína no ano 300 d.C., tendo sido restaurado várias vezes desde aquela época. Não fossem somente as tragédias naturais a sucatear o patrimônio arquitetônico, os próprios novos imperadores entronados tratavam de demolir ou descaracterizar as edificações feitas pelos seus antecessores. Podemos ver ainda uma série de pequenos buracos na fachada do coliseu fruto da retirada dos grandes painéis de mármore travertino que ajudaram a revestir outros tantos prédios de Roma entre eles a própria basílica de São Pedro. Falando nele, quando fui a Roma pela primeira vez, estando diante da estátua negra de São Pedro, no interior da basílica, disse a ele na minha oração que se um dia eu tivesse um filho ele se chamaria Pedro. Hoje meu Pedro está com 10 anos.

O que eu mais gosto de fazer nas minhas viagens é andar pelas ruas das cidades. Sentir a energia das pessoas no dia-a-dia de suas atividades cotidianas. Tocar as edificações, perceber as relações entre os espaços abertos e construídos e perceber o comportamento das pessoas que vivem nestes lugares. Para os arquitetos esta experiência é fundamental, pois esta vivência não está descrita em nenhum livro. Gosto de andar sem rumo pelas vielas escuras e estreitas imaginando tudo o que já aconteceu neste lugares.

Sempre leio muito antes de viajar. Leio de tudo. Dos livros de história aos romances que usam como pano de fundo as cidades que vou visitar. Gosto de estar num lugar e poder sentir e vivenciar aqueles fatos descritos nos livros. Sempre saio bem cedinho do hotel. Lá pelas 8h da manhã já estou na rua e volto somente quando a noite já se instalou. Viajar é uma experiência fantástica para qualquer pessoa, mas sempre digo que para os arquitetos tem um gostinho especial, pois passamos a vida inteira estudando a história para poder compreender o presente e propor o futuro.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Escritório Novo

Rossi Business Park



Informo aos clientes e amigos que desde ontem (23 de junho de 2014) o meu escritório está funcionando em sede nova. Trouxe pouca coisa para cá, apenas a sala de reuniões e a minha biblioteca. O restante dos móveis ainda está em execução. Acho que ficarão prontos no mês que vem. Estou acampado entre muitas caixas da mudança sem saber, ao certo, por onde começar. Foram mais de 50 caixas. 35 apenas com os livros. Mas vou devagar e sempre. Não consegui fazer um pente fino antes da mudança. Então, estou aproveitando este recesso da copa do mundo para fazer uma boa limpeza em tudo.

Incrível como a gente vai guardando coisas ao longo do tempo. Achei duas caixas fechadas ainda da mudança de cinco anos atrás, quando sai do escritório do Cristo Redentor para o Jardim Planalto. Nem abri para ver o que tinha dentro. Foram para o lixo fechadas mesmo. Se ao longo dos cinco anos que passei no antigo escritório elas ficaram fechadas e eu não senti falta do que havia dentro delas, não será na casa nova que irei sentir.

De qualquer forma, fazer uma mudança é também reorganizar as coisas dentro da gente. Reavaliar valores. Reafirmar outros. Reciclar. Renovar. Olhar para frente. O pequeno desenho de uma casinha no Paraíso - fonte de inspiração e motivação para a vida - que estava colado na parede do escritório antigo, veio para a sala nova. Será meu primeiro projeto no escritório novo. Uma pequena casinha para abrigar sonhos, paz, felicidade, alegrias e desejos, numa praia imaginaria que, muito antes de ser construída no terreno, sempre estará construída no coração. Aguardo a visita de vocês.



Anotem aí:

BREGATTO Arquitetos
Av. Ipiranga, 7.464 | Sala 1020
Cep 91.530-000 | Jardim Botânico
Rossi Business Park
(51) 3361.6777
(51) 3398.6778
(51) 9979.4838
bregatto@bregatto.com.br
bregatto.blogspot.com
Porto Alegre | RS | Brasil

sábado, 21 de junho de 2014

Soneto de Fidelidade

Vinicius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Estoril, outubro, 1939

http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/musica/cancoes/soneto-de-fidelidade

terça-feira, 17 de junho de 2014

TCCII - BANCAS FINAIS

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PucRS

02/07
QUARTA-FEIRA
14:00h - Abertura oficial
14:30h - Kétlyn Schuh
15:30h - Natan Arend
16:30h - Roberta Diniz
18:00h - Barbara Scolaro
19:00h - Gustavo Mariath
20:00h - Rafaela Furtado

03/07
QUINTA-FEIRA
14:00h - Carolina Grespan
15:00h - Laura Emerin
16:00h - Mariana Pianezzola
18:00h - Milena Lino Rocha
19:00h - Paula Jaskulski
20:00h - Matheus Schmidt

07/07
SEGUNDA-FEIRA
09:00h - Maurício Piccoli
10:00h - Natália Dini
11:00h - Rafaela Pasinatto
14:00h - Dirceu de Oliveira Filho
15:00h - Lara Litvin
16:00h - Livia Lopes
18:00h - Fábio Albano
19:00h - Lucas Burmann
20:00h - Natalia Eifler

10/07
QUINTA-FEIRA
14:00h - Luis Jeronimo da Silva
15:00h - Pâmela Kolberg
16:00h - Vitória Coutinho
18:00h - Eneli de Souza
19:00h - Giovana Gheler
20:00h - Luciani Konzen

11/07
SEXTA-FEIRA
14:00h - Bernard Beier
15:00h - Bruno Dillemburg
16:00h - Carolina Biolchi
18:00h - Dafne de Oliveira
19:00h - Milena Schuster
20:00h - Ronald Franco Filho

14/07
SEGUNDA-FEIRA
14:00h - Aline Boschetti
15:00h - Juliana Jaskulski
16:00h - Letícia Spezia
18:00h - Amanda Ferreira
19:00h - Caroline Carrion
20:00h - Katherine Costa

15/07
TERÇA-FEIRA
09:00h - Diego Oliveira dos Santos
10:00h - Luiza Caberlon
11:00h - Suyê Zuchetti
14:00h - Maxmiliano Mendes
15:00h - Michele Guedes
16:00h - Letícia Triaca
18:00h - Bruna Schuster
19:00h - Juliana Abbud
20:00h - Sandra Dalla Rosa

16/07
QUARTA-FEIRA
14:00h - Jessika Fillipo
15:00h - Rafael Vieira
16:00h - Silvana Jaeger
18:00h - Paola Maia Fagundes
19:00h - Rodrigo Flores
20:00h - Tatiene John

Observações:

No dia da abertura oficial (02/07) todos os alunos deverão estar presentes na sala 215 às 13:30h para assinatura da ata de abertura das bancas. Nos demais dias, os alunos deverão estar presentes em sala de aula 15 minutos antes do início da primeira apresentação para assinatura da ata de participação do painel, portando todos os elementos que serão apresentados no trabalho.

Cada aluno terá 15 minutos para apresentar seu trabalho e os membros da banca mais 40 minutos para as devidas considerações (55 minutos no total + 5 minutos para organização do material para a apresentação seguinte).

Os trabalhos ficarão retidos na FauPucRS até o próximo semestre (pranchas e maquetes).

O aluno poderá contar, se assim desejar, com recursos digitais adicionais (data-show) para apresentação de animações. Todo o material (imagens, desenhos, diagramas, etc.) apresentado com recursos digitais deve estar contido no conjunto de pranchas. O aluno que for utilizar este recurso deverá solicitar antecipadamente o equipamento para os professores supervisores.

A apresentação final será composta de:

Um jogo de pranchas abertas no sentido vertical, no formato A0 (1189 x 841 mm), em quantidade de 8 pranchas (não serão aceitos trabalhos formatados em maior ou menor número de pranchas). Estas pranchas deverão estar dispostas lado a lado, quando da apresentação final, formando um painel único (conforme suporte da sala 215).

As pranchas devem ser plotadas em papel sulfite simples, sem brilho e sem laminação. O selo de identificação deverá estar colocado somente na parte inferior da prancha A0 e não poderá ser alterado no que se refere ao leiaute, fontes, tamanho e cor. As pranchas deverão ser numeradas da seguinte maneira: 01/08, 02/08, ..., 08/08.

Um jogo de pranchas impressas em tamanho reduzido no formato A2 (594 x 420 mm), com a reprodução fiel das pranchas em formato A0. Estas pranchas deverão ser laminadas. As pranchas serão utilizadas para a montagem da exposição no saguão da FauPucRS. A montagem da exposição é parte integrante da entrega final e é de responsabilidade do aluno.

Dois jogos de pranchas impressas em tamanho reduzido no formato A3 (420 x 297 mm), com a reprodução fiel das pranchas em formato A0. Estas pranchas não deverão ser laminadas. As pranchas serão encaminhadas para os componentes da banca examinadora final.

Uma maquete do projeto com detalhes que expressem as qualidades da proposta. Esta maquete deverá ser apresentada somente no dia da banca do aluno.

Um cd/dvd contendo os arquivos digitais das pranchas em formato *.pdf ou *.jpg, com resolução gráfica de no mínimo 600 dpi.

A divulgação dos conceitos ocorrerá no dia 17/07/2014, às 14h, na sala 215.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Revista Espaço IAB-RS

IAB-RS lança Revista Espaço no dia 11 de junho

Uma revista cultural com foco no debate e informação para toda a sociedade, através de linguagem acessível e com pautas sobre arquitetura, urbanismo, cidade e cultura de interesse geral, além de um guia de produtos e serviços. Essa é a proposta do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS) para a Revista Espaço, que será lançada dia 11 de junho, às 19h30min, no Solar do IAB (Rua General Canabarro, 363, Centro Histórico de Porto Alegre).

O evento também contará com a abertura de exposição dos projetos premiados no Concurso de Arquitetura para Expansão da sede do Sindicato dos Engenheiros do RS (SENGE-RS) e contará com convidados do meio empresarial, político e imprensa.

Com tiragem de 12 mil exemplares e com estimativa de 30 mil leitores, a Revista Espaço será distribuída via Correios, e chegará ao endereço de mais de nove mil arquitetos e urbanistas em atividade no RS.

“A publicação do IAB-RS traz matérias e notas sobre arquitetura e urbanismo no RS, no Brasil e no mundo, sob o ponto de vista dos profissionais da área”, informa Tiago Holzmann da Silva, presidente da entidade. A matéria de capa aborda a Copa do Mundo, fazendo o leitor refletir sobre o evento como “legado ou dívida para cidade”.

A equipe editorial é formada pelos jornalistas Alexandre Haubrich, Luiz Gonzaga e Vicky Furtado. Já o projeto gráfico tem assinatura da Visual Design.

Lançamento da Revista Q+50
Na ocasião, também haverá o lançamento da edição especial da Revista Q+50, do IAB RJ, reunindo ideias, textos e propostas apresentadas nos Seminários de Política Urbana Quitandinha+50, evento comemorativo do cinquentenário do Seminário Nacional de Habitação e Reforma Urbana (SHRU), realizado no Hotel Quitandinha (Petrópolis, RJ) em 1963

"Quarta no IAB"
11 de junho
19h30min
Solar do IAB

domingo, 8 de junho de 2014

O operário em construção

Vinicius de Moraes
Rio de Janeiro, 1959

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
- Garrafa, prato, facão -
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.

Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
- Exercer a profissão -
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.

E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.

E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:

Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.

Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
- "Convençam-no" do contrário -
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.

Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!

Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.

Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!

- Loucura! - gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! - disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.

Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.

http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/o-operario-em-construcao

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Cortador de Pedras

Quando nada parece ajudar,
eu vou e olho o cortador de
pedras, martelando sua rocha
talvez cem vezes sem que
nenhuma só rachadura apareça.
No entando, na centésima
primeira martelada a pedra se
abre em duas, e eu sei que não
foi aquela a que conseguiu, mas
todas as que vieram antes.

Jacob Riis