terça-feira, 19 de agosto de 2008

Os Estatutos do Homem

Não faz muito, revirando algumas caixas e pastas do arquivo morto aqui do escritório, achei perdido entre alguns papéis do passado este texto escrito pelo Thiago de Mello em 1964 e que durante muito tempo esteve fixado estratégicamente na parede do meu antigo escritório do Bom Fim, ao lado da minha mesa de desenho, para eu, inevitavelmente, poder ver.

Lembro de ler, quase que diariamente, este manifesto - na forma de estatuto - enquanto preparava o primeiro chimarrão da manhã. Meu escritório, na Osvaldo Aranha 790, era de fundos e, portanto, a vista não era das melhores. Lembro de ver as portas e janelas dos fundos envelhecidos e mal pintados de várias edificações residenciais que dividiam comigo a intimidade de um único grande poço de pouca luz e nenhuma ventilação. Então, enquanto cevava o mate, antes do início das atividades de trabalho, dividia minha atenção entre as várias e coloridas roupas no varal, os sons mais inimagináveis e as belas palavras deste texto inspirador.

Isto aconteceu diariamente ao longo de quase 10 anos. Quando saí de lá, no final do longo ano de 1997 juntei tudo aquilo que me interessava. Móveis, canudos, velhos quadros da parede, algumas fotos, muitos livros. E lembro de ter tirado da parede, grudado por camadas de fitas adesivas envelhecidas, este papel, rasgadinho em alguns cantos e já amarelado pela ação do tempo, para guardar numa pasta de coisas muito importantes, que somente agora, passados quase 11 anos, eu achei e abri.

Interessante esta avaliação que fazemos, de tempos em tempos, das coisas que são importantes para nós... Achei papéis, nesta pequena pastinha de plástico transparente e quebradiço, que eu não tenho a mínima idéia das razões que me levaram a guardá-los. Anotações vagas e pouco compreenssíveis, documentos, fotos de lugares e paisagens da cidade que nem existem mais, ecoando como velhos contratos perdidos no tempo.

Noto, em algumas fotos que tirávamos na alegria do dia-a-dia, que meu cabelo era mais preto. Mas a alegria dos rostos perpetua aquele sentimento bom dos divertidos tempos daquela época. É engraçado como se propagam os sentimentos verdadeiros. Mesmo com a distância e com a ação do tempo, eles não morrem. Não que vivam das lembranças ou dos fatos do passado. O passado é somente uma referência temporal. Se ainda sentimos uns aos outros, então, ainda estamos no presente. Mesmo quando a vida segue seu rumo.

Acabo de grudar este texto novamente na parede em frente ao meu computador. Olho em volta e percebo que apenas uma pequena mesa de desenho, com sua fiel e inseparável régua paralela, sobreviveu aos apelos da tecnologia digital e permanece viva, dignamente no espaço desta sala. Talvez como uma referência ou como um símbolo de transição. A vista da janela é ótima com muita luz e ventilação saudável. Do oitavo andar, sem barreiras e com uma vista permanente, enxergo longe. A paisagem vista da janela mudou bastante ao longo destes anos. Aqui ao lado tem um grande condomínio residencial. Vi as fundações do primeiro edifício sendo concretadas. Depois a primeira laje. Depois as demais. Depois os outros 10 edifícios. Vi as pessoas chegando alegres com seus vários caminhões de mudança para o início de novas vidas. Muitas novas, altas e estranhas edificações residenciais surgiram no horizonte, nem tão distante. Permanece desocupado, sabe-se lá por quanto tempo, esta grande área livre do terreno que antigamente abrigava o complexo industrial Wallig Fogões. Vejo, preocupado, um posteamento sendo erguido dentro dele. De tempos em tempos, um circo ali se instala trazendo cores, sons, pessoas e muita alegria para aquele lugar.

Vou fazer um chimarrão agora.

Incrível como alguns textos, ficam cada vez mais atuais com a passagem do tempo e com a crise ética da sociedade e do mundo em que vivemos. Hoje não tem sol. Pelo rádio, ouço o time de futebol feminino do Brasil tentando buscar sua merecida medalha de ouro nas olimpíadas de Pequim. Muitas nuvens escuras anunciam uma forte chuva por vir. O inverno está indo embora. As laranjeiras já estão floridas e o ar fica temperado por este aroma de primavera. Contagem regressiva para o verão!! O ciclo mágico da vida segue seu curso!!

Deixo-lhes, então, na companhia do texto...

Os Estatutos do Homem
(Ato Institucional Permanente)

Thiago de Mello

Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII

Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII

Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

Santiago do Chile, abril de 1964


Thiago de Mello é o nome literário de Amadeu Thiago de Mello, nascido a 30 de março de 1926, na cidade de Barreirinha, localizada à margem direita do Paraná do Ramos, braço mais comprido do Rio Amazonas, na Amazônia.

domingo, 10 de agosto de 2008

Formatura da FauUlbra

Ontem tive, mais uma vez neste ano, o privilégio de participar como paraninfo de uma turma de formandos de arquitetura e urbanismo. Desta vez foram os alunos da FauUlbra que me prestaram esta homenagem, me escolhendo para acompanhá-los neste ritual de passagem da vida acadêmica para a vida profissional. Sempre achei uma distinção acadêmica máxima a honraria de ser o professor escolhido, entre outros tantos, para proferir aos alunos as palavras finais, numa aula de despedida.

Para mim foi uma experiência muito marcante, pois passados 20 anos, tive a oportunidade de retornar ao mesmo auditório, do mesmo prédio, da mesma universidade onde estudei e tive a minha formação, para cumprir o mesmo ritual de minha formatura, só que agora na condição de padrinho. Estar sentado na mesa principal, olhando a alegria dos alunos sentados no mesmo lugar em que sentei passado tanto tempo, foi para mim uma viagem no tempo, no mesmo espaço.

É incrível como não sentimos a passagem do tempo... Parece que foi ontem a minha formatura! Na correria do dia-a-dia, envolvidos pelos afazeres e exigências diárias da vida e da profissão vamos, inevitavelmente, perdendo a noção da passagem do tempo. Então, alguns fatos vem para nos fazer refletir sobre a verdadeira importância das batalhas que travamos diariamente. O mais importante disto, talvez seja este sentimento bom de quem tem a certeza de estar fazendo o melhor que pode e tudo o que sabe.

A solenidade de formatura estava ótima. Descontraída como todas as formaturas conduzidas pelo meu bom amigo, Prof. Arq. Pery Bennett, coordenador do curso de arquitetura e urbanismo da Ulbra, com direito a várias quebras de protocolo, sempre a nos lembrar que não somos assim tão programáveis. Ainda bem! Após a colação de grau fiz aquele roteirinho básico de várias recepções. Sempre que posso e consigo, faço questão de ir a todos os eventos que sou convidado. A noite transcorreu muito bem e as festas estavam maravilhosas!!

Agradeço de coração, mais uma vez, o carinho e o reconhecimento dos alunos me escolhendo para tão nobre encargo!! Não conheço na vida acadêmica, maior distinção!!
Queridos, vcs estão no meu coração!!

Contem sempre comigo!!

DISCURSO DO PARANINFO

Componentes da mesa já citados,
Familiares e amigos aqui presentes nesta noite de festa,
Meus queridos colegas arquitetos e urbanistas:

Uma grande alegria sempre toma conta dos corações daqueles que recebem
esta distinção acadêmica. Comigo não poderia ser diferente. Ser o paraninfo desta turma de jovens profissionais da arquitetura e do urbanismo e, com isto, ocupar esta tribuna para proferir algumas palavras de despedida dos bancos universitários que se trocam, neste momento, pelos encargos da vida profissional, é, sem dúvidas, uma grande honraria que muito me orgulha e que levarei para sempre dentro do coração.

Minha alegria se expressa pelo carinho que tenho por esta agitada, entusiasmada e talentosa turma, onde tive o privilégio de fazer bons amigos e, também, pelo momento tão especial e simbólico, em que nossa escola de arquitetura e urbanismo - uma das pioneiras no estado - com seus 34 anos de existência, começa a colher os seus merecidos frutos, diante dos novos e difíceis desafios que propôs para si.

Sei que o convite para esta honrosa tarefa foi originado por aqueles sentimentos mútuos de simpatia e amizade, sempre tão presentes durante os anos que convivemos dentro do ateliê, não somente nesta reta final do curso, ao longo deste ano que passamos juntos preparando o trabalho de conclusão, mas, principalmente, nas divertidas disciplinas que cursamos noutras épocas, onde o giz branco, além de cumprir sua nobre função de gravar no quadro os vários assuntos da noite, tinha, também, a função de voar pela sala de aula até as cabeças daqueles alunos mais barulhentos para, então, resgatar-lhes a devida atenção, momentaneamente, perdida. Esta alegria e descontração, sempre tão presentes nas atividades do nosso ateliê, nos permitiu trilhar caminhos mais agradáveis e tranqüilos nesta longa formação universitária, tão cheia de dificuldades e exigências.

Não foram anos fáceis, eu bem sei...

Lembro da coragem de cada um na busca das idéias e das grandes invenções, da fragilidade dos corações diante das muitas dificuldades e, quase, intransponíveis barreiras. Lembro da tristeza imposta pelo exílio necessário do convívio social e familiar, já que não foram poucas as vezes que, por exigência dos nossos tantos e infindáveis trabalhos, nos obrigamos a ficar distantes de tudo aquilo e de todos aqueles que muito amamos...

E a vida passando, indiferente aos nossos apelos para que o tempo passasse mais devagar, nos fazendo sentir, aflitos, que aquele momento não mais voltaria e que ela não esperaria por nós... Quantas vezes, na solidão de um único ponto de luz acesso sobre a mesa de trabalho, nas madrugadas infindáveis, esta pergunta foi formulada: Será que vale a pena?

Lembro, ainda, do cansaço de cada corpo, do semblante exaurido e apreensivo de cada um nos dias de painel e apresentação dos trabalhos, dos momentos nebulosos onde as tarefas pareciam não caber dentro da linha tênue do tempo e, também, da tristeza diante de uma crítica, por vezes, mais contundente, embora necessária. Mas lembro, principalmente, e me parece que isto é que deve ser exaltado neste momento, da alegria estampada em cada rosto pelas grandes descobertas, pela superação de mais um desafio, pelo acerto diante da tão esperada solução viável, pela experiência mágica de uma invenção e pela oportunidade de estarmos ali, noite após noite, no calor dos verões que se estendiam ou nos implacáveis invernos, testando os nossos limites e fortalecendo cada vez mais as nossas convicções sobre a profissão e, através dela, participando da construção de um mundo melhor para todos.

Juntos, aprendemos muito nesta longa caminhada.

A arquitetura, sempre lhes disse isto, é, também, uma filosofia de vida, pois tratando da espécie humana, dos seus espaços e do mundo que os cerca, deixa pouca coisa sem a intervenção direta e sem a influência necessária do arquiteto. Através de qualquer janela que olhamos, nas viagens que fazemos, no dia-a-dia do nosso lar, nos móveis e equipamentos da nossa casa, nos afazeres diários do nosso trabalho, nos utensílios que usamos, no passeio pelas ruas da cidade, enfim, em tudo que nos cerca existe a influência direta da nossa profissão. A arquitetura é ciência e ofício. Ciência, na exata medida em que nos permite, a partir da pesquisa aplicada, conhecer e investigar as necessidades e demandas reais da sociedade e do mercado em que estamos inseridos. E é ofício, pois, a partir dele, participamos ativamente da vida das pessoas, seja na pequena escala habitacional da célula da família ou na escala das grandes edificações e intervenções urbanas.

Por esta razão, meus arquitetos, entre outras tantas, somos uma profissão tão, e cada vez mais, viável e fundamental nos dias de hoje, principalmente quando reconhecemos tantas coisas por fazer neste mundo desigual que temos que mudar e que depende muito das nossas atitudes e da nossa luta conjunta.

Nosso desafio não é fácil.

Nossa arquitetura, num passado recente, alcançou sucesso e expressão mundiais justamente por apresentar aspectos plásticos e técnicos originais e inovadores, caracteristicamente brasileiros. Assim como no passado, ainda hoje, as maiores expressões internacionais da arquitetura e do urbanismo, demonstram interesse por nossos feitos e vem beber em nossa fonte. Esta herança arquitetônica, que vocês recebem agora, confirma na prática, que a construção de uma identidade nacional artística e técnica é alcançado na medida em que arte e técnica atendem as demandas locais e refletem as expressões mais típicas do nosso povo.

Como arquitetos e urbanistas temos que ser incansáveis para investigar e conhecer as origens dos nossos valores artísticos e, nutridos destas origens e do avanço técnico do mundo contemporâneo, contribuir para a criação de soluções arquitetônicas originais que continuem a nos distinguir universalmente. Temos, em conseqüência disto, que fazer uma reflexão profunda sobre a influência e apropriação da produção arquitetônica internacional, que supervaloriza linguagens e referenciais desgastados e com baixíssima análise crítica dos seus resultados. Para tal, temos que ter isenção estilística para não aceitar imposições estéticas ou midiáticas, de estilos que continuem inibindo o desenvolvimento de uma cultura arquitetônica pertinente e genuinamente brasileira.

Ao contrário de outras épocas, onde vivíamos sob a influência direta de um único estilo arquitetônico predominante, hoje vivemos num momento atual de pluralidade estilística, o que não significa - e devemos estar atentos a isto - ausência de estilo. A diversidade de estilos, sabemos bem, é uma conseqüência natural da multiplicidade das nossas necessidades interiores. Portanto, a compreensão da psicologia do gosto pode nos ajudar a fugir de dois grandes dogmas da estética: a idéia de que existe apenas um estilo visual aceitável ou, de uma forma ainda mais implausível, que todos os estilos são igualmente válidos. Linguagens e estilos do passado, reeditados de maneira acrítica nos dias atuais, não contribuem para o fortalecimento de uma cultura arquitetônica nova, simples e original.

Embora tenhamos a tendência a acreditar que uma obra importante deva ser complicada, muitos prédios bonitos são surpreendentemente simples, e até repetitivos nas suas formas. Lembrem-se sempre disto: no exato momento em que construímos um novo edifício, estamos, com isto, alterando a paisagem a nossa volta, por vezes, por um tempo que supera a nossa própria existência. Os melhores resultados arquitetônicos são aqueles que, generosamente, abrem mão da monumental individualidade em nome da beleza coletiva. Fazer arquitetura é, acima de tudo, construir a paisagem das nossas cidades em maior ou em menor escala.

Há beleza em tudo aquilo que é mais forte do que nós e podemos, então, dizer que nada na arquitetura é feio em si mesmo, apenas está no lugar errado ou feito do tamanho errado, pois a beleza é a filha dileta do relacionamento coerente entre as partes. A boa arquitetura, além de suas partes estarem em harmonia entre si, deve harmonizar-se fundamentalmente com o ambiente onde está, deve nos falar dos valores significativos e das características de sua localidade e, principalmente, do seu tempo.

Além disto, temos que ter em mente que não devemos nos afastar do conhecimento da realidade social e econômica do país em que vivemos, onde as grandes concentrações monetárias ainda nos caracterizam como país rico de povo economicamente pobre. A crise energética internacional e o desequilíbrio mundial do meio ambiente assumem patamares preocupantes, exigindo dos arquitetos e urbanistas atitudes empreendedoras, inovadoras e sustentáveis.

Meus arquitetos, neste momento em que vocês estão prestes a saírem da nossa escola para enfrentar a vida profissional, tão cheia de dificuldades e lutas, mas ao mesmo tempo, tão rica em alegrias e estímulos pelo trabalho criador, abre-se diante de vós um futuro brilhante e feliz, principalmente para aqueles que se derem conta que o seu futuro se funde com o futuro da sociedade em que estamos todos inseridos. A alegria, a felicidade, a segurança, a paz e a beleza que, individualmente, queremos ter será sempre aquela que conseguirmos construir para todos.

Desejo a todos vocês, meus queridos arquitetos, muita coragem e leveza para construção de um futuro brilhante, cheio de realizações e conquistas estáveis. Nesta nova jornada, que hoje se inicia, é preciso aprender a ser leve. Ser leve como o pássaro, e não como a pluma. Como o pássaro altivo que segue seu extinto, livre no ar, na busca das direções a seguir, ao contrário da frágil pluma que dependerá sempre da direção de uma brisa, para poder planar, por mais leve que seja, mas que não é nunca determinada pelo seu desejo.

Que esta saudade, que a partir de agora começa a povoar os nossos corações, lhes tragam sempre a doce lembrança dos momentos felizes em que estivemos juntos e lhes tragam, também, a certeza de que esta escola sempre será de vocês e sempre estará com suas portas abertas para recebê-los com suas grandes vitórias, alegrias e novas dúvidas.

Mais uma vez muito obrigado por este convite!!! Tomarei, para sempre, esta honrosa distinção como um grande incentivo para o meu trabalho diário dentro do ateliê.

Para mim, foi um grande privilégio e uma honra imensurável conduzi-los até aqui, pois como podemos ver, mesmo com todas as dificuldades, valeu a pena!!

Muito sucesso nesta próxima jornada!
Contem sempre comigo e com esta casa!!
Muito obrigado.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Mais Opera Prima 2008

O evento de premiação do concurso nacional Opera Prima 2008 estava simplesmente fantástico!! Fomos apanhados no hotel e dali, de ônibus, fomos até o lugar do evento. Logo que chegamos ao Porão das Artes - Ibirapuera, fomos muito bem recebidos pela turma da Joy Eventos, que são os responsáveis (e bota responsáveis nisto!!) pela organização geral do concurso. Como sempre, a organização foi primorosa. Não só pela capacidade de gestão da equipe, mas também, pela alegria, simpatia e disposição do pessoal para que tudo desse muito certo!! E deu!!

Antes do início da solenidade de entrega dos prêmios, um ótimo coquetel nos aguardava e, então, tive a oportunidade de encontrar uma porção de gente conhecida e que não via desde muito tempo. Estavam lá, meu querido amigo Paulinho Reis, sem dúvidas, grande responsável pela qualidade notável e crescente dos trabalhos da FauUnisinos e, também, os queridos Ronaldo e Eneida Ströher, também da Unisinos, e que estavam lá para receber seus prêmios como orientadores de ótimos trabalhos, entre outros amigos.

Em seguida entramos no auditório. Vimos um ótimo filme sobre a trajetória meritosa deste concurso ao longo dos 20 anos passados. A importância e relevência deste concurso se comprova, também, pela sua longa vida. Em seguida, para conter a expectativa de todos, um a um dos 25 trabalhos selecionados para final, alunos e orientadores, foram nominados, convidados a subir ao palco e homenageados. Destes, 5 trabalhos receberam o prêmio maior e 20 receberam as merecidas menções honrosas!! O belo e competente trabalho da Camilla Pereira, nossa aluna da FauPucRS, foi contemplado com uma Menção Honrosa!!

Depois da cerimônia de entrega dos prêmios e, num passe de mágica, quando voltamos para o salão de recepção, todos os trabalhos já estavam disponíveis numa bela exposição (como disse antes, só a equipe da Joy consegue estas coisas em tão pouco tempo)!!

A partir daí, a noite foi só festa, descontração e muita alegria!!

Voltamos no mesmo ônibus para o hotel, mas sem dúvidas, todos muito mais alegres, relaxados e com aquele sentimento bom de missão cumprida!! É ótimo ver a alegria estampada nos rostos destes jovens arquitetos, com sua coragem e esperança de tornar este mundo melhor com os frutos dos seus trabalhos!!

Voltei para Porto Alegre no vôo da manhã seguinte. Não tinha mais muito tempo para ficar na cidade, pois outro semestre, novinho em folha, já iniciou sua jornada, com todas as suas naturais demandas e muitas exigências! Deixo aqui meu agradecimento especial aos Professores do UniRitter, Daniel Pitta e Marcos Almeida, que iniciaram as aulas naquela escola sem a minha presença nas disciplinas de Introdução à Arquitetura 1 e Desenho 1. Não fosse o valioso auxílio destes colegas, eu não teria conseguido participar deste super evento!!


Na volta, o vôo foi tranquilo. Sem o susto da ida! Porto Alegre, sempre linda vista do céu, nos aguardava com muito sol e calor. E tão logo o avião tocou o solo da nossa cidade, uma pilha de compromissos represados novamente tomou conta das minhas preocupações! Ficarão, mais uma vez, as boas lembranças destes momentos sublimes que a nossa profissão sempre nos oferece!

Valeu!!

terça-feira, 5 de agosto de 2008

São Paulo é demais!!

Sai de Porto Alegre hoje pela manhã tendo como destino a cidade de São Paulo. Vim participar do evento de premiação do Concurso Opera Prima 2008, que vai acontecer hoje a noite no Porão da Artes - Ibirapuera, a partir das 20 horas. Vim no vôo das 9:30h que, por milagre, saiu pontualmente, sem nenhum atraso ou outro problema qualquer. O que não deixa de ser inacreditável, em se tratando da realidade que estamos enfrentando nos últimos tempos nos aeroportos brasileiros!! Estava com um pouco de receio, pois no final de semana, no sábado mais ao certo, a situação nos aeroportos esteve, mais uma vez, bem complicada! Mas tudo bem, é preciso ter um pouquinho de sorte. E desta vez eu tive!!

Cheguei às 11:00h via Congonhas!! Estávamos já em procedimento de descida quando sentimos a abrupta aceleração do avião e uma nova subida... Todos ficaram em silêncio e com aquele olhar desconfortável de quem está louco de medo, mas não quer deixar transparecer. Então, o piloto, muito simpático, informou que não tinha conseguido "copiar" os dados da torre para uma aterrissagem segura em conseqüência das interferências geradas pelas rádios piratas de São Paulo!! Já pensou? Simplesmente, a quantidade de ondas de rádio no espaço aéreo tinha nos impedido de pousar na cidade. Não quero nem pensar mais nisto...

Na segunda tentativa, com todos a bordo na maior torcida - ou expectativa e ansiedade -, tudo deu certo e fomos informados que estava tudo bem. Passado o susto, recebemos as informações gerais da cidade. Não acreditei quando o piloto informou que a temperatura estava próxima de 25 graus!! Sai de Porto Alegre com temperatura perto dos 12 graus (na segunda-feira fez 4 graus) e cheguei, todo encasacado em São Paulo, com a temperatura beirando os 28 graus. Todos de mangas curtas no aeroporto, o maior sol e calor e eu ainda de blusão de lã e casaco de veludo!! Ainda bem que ontem, enquanto eu arrumava minha mala, na dúvida, mesmo assim joguei uma camiseta de manga curta lá para dentro, senão, eu teria que ir as compras para, ao menos, ter uma roupa de verão!! Isto mesmo, verão em pleno inverno... Coisas estranhas de um mundo estranho... Larguei as coisas no hotel, que fica aqui bem pertinho do evento, e sacrifiquei o almoço, já que tinha comido aquela maravilhosa barrinha de cereal que a companhia aérea forneceu, e fui fazer aquele imperdível roteiro básico de museus e exposições da cidade. Pelas minhas contas eu teria um pouco mais do que 6 horas para minha aventura cultural, pelo menos no curto intervalo de tempo que eu programei para isto.

Tomei um táxi e fui direto ao Masp. O tempo na rua estava começando a fechar. Já se viam nuvens escuras no horizonte e o motorista, um mineiro criado no nordeste, me informava no trajeto até o museu, as previsões para as próximas horas, ao mesmo tempo em que me apresentou sua tese sobre o desequilíbrio da natureza a as ações irresponsáveis do homem. Bem legal!! Apresende-se muito andando de táxi pelas grandes capitais. E tudo isto por R$ 20 Reais. Em São Paulo, de onde estava meu hotel e na direção para onde eu queria ir, todas as despesas eram sempre de R$ 20 Reais. Com direito a recibo e tudo!! O Masp é imperdível sempre!! Analisar com vagar aquelas obras fantásticas que fazem parte do seu acervo é um dos prazeres que não abro mão quando estou na cidade. Lá fiquei, mais ou menos, duas horas e, ainda assim, depois de muita correria, sai com aquele sentimento de não ter visto tudo o que eu queria. O primeiro pavimento estava fechado. Estão montando uma exposição de arte italiana renascentista. Acho que vai ser bem legal!!

De metrô, que é uma maravilha e custa bem barato R$ 2,40, fui até a Pinacoteca. O prédio é maravilhoso, desta vez andei ao redor da edificação antes de entrar. E as obras do seu acervo, também, são fantásticas. Por sorte, tão logo entrei na Pinacoteca, o tempo que começava a fechar, simplesmente despencou numa chuvarada daquelas. No noticiário da noite fiquei sabendo que não chovia assim na cidade desde muito tempo (1943, já pensou?). Na capital teve ventos de 70 km/h, derrubando árvores e deixando o trânsito, que já é um caos em condições normais, num verdadeiro pandemônio. Os engarrafamentos foram da ordem de 130 km. Mas tudo bem, pois o tempo da chuva (algo como 1:45h) fechou certinho com o tempo da minha visita.

Estando ali, bem pertinho, atravessei a rua e fui até a Estação da Luz. É uma viagem no tempo e no espaço entrar naquele edifício!! A força da estrutura metálica da cobertura da edificação é fantástica e emocionante.

Ao lado da estação tem o Museu da Lingua Portuguesa, também, imperdível!! Dali, também, de Metrô e sem sentir a bagunça no trânsito da cidade fui para o Centro Cultural Fiesp, ver a exposição FILE 2008 Milhões de Pixels. Fantástica!! Esta exposição já esteve em Porto Alegre no Santander Cultural. É um Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File) que reúne vários artistas das mais diversas nacionalidades, tendo como tema a arte digital interativa!! Uma curtição!! Fiquei imaginando o quanto o Pedrinho (meu guri) ia gostar de brincar naqueles vários experimentos!! Ali pertinho, na Av Paulista, 901, tem a Fnac. Então, entrei lá para tomar um cafezinho e comer um pão de queijo, pois só então me dei conta que eu não tinha comido nada ainda! Valeu a dieta, pois estou com créditos (muitos créditos) nas calorias!!

Nesta altura, a chuva já tinha parado. Tinha sol novamente e um belo arco-íris coloria o céu de São Paulo. Dali, peguei um táxi e vim para o Hotel dar aquela descansada básica e tomar um banho para estar inteiro para a noite de festa que, certamente vai ser bem legal!!

Então, é isto!! Sempre que venho aqui fico com aquele sentimento bom de ter feito estas coisas muito legais. São Paulo, realmente, é demais!!!