quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Andar de balanço...

Já nem lembrava mais da última vez que andei de balanço. Sim, falo daquele brinquedo de embalar para frente e para trás que tem em qualquer pracinha. Hoje não fui para o escritório trabalhar. Resolvi ficar em casa com a família curtindo as últimas horas deste ano que finda. Meu balanço pessoal é de que o ano foi bom!! Poderia ter sido melhor? Sempre poderia...

Todo ano, nos últimos anos, no último dia do ano, eu ia para o escritório, naquela falsa ilusão (as ilusões são falsas?), de que todas as coisas que eu não tinha conseguido fazer ao longo de todo o ano - seja por falta de tempo, seja por total falta de vontade – eu conseguiria fazer em suas últimas horas.

Claro que, desde algum tempo, eu já vinha me dando conta de que, num processo seletivo natural da vida, toda estas coisas que não tinham sido feitas até então, na realidade eram aquelas coisas, cuja importância (ou total falta dela), numa escala de valores de 0 a dez, deveriam estar lá pelo 2 ou 3 e, portanto, se fossem feitas no último dia do ano ou no primeiro, não faria a menor diferença.

Então, num ato sublime de coragem, e total desprendimento do sentimento de culpa, fiquei em casa. E estou me dando conta, diante de todas as coisas importantes que fiz hoje, que minha decisão não poderia ter sido melhor.

Acordamos, tomamos nosso café da manhã, ouvimos música, lemos, brincamos com os infinitos brinquedos do Pedro, almoçamos no clube, fomos na piscina, observamos as borboletas que tem nas árvores da pracinha aqui em frente de casa, jogamos bola e o principal: andamos de balanço na pracinha.

Nossa, quanta coisa legal passou pela minha cabeça naquele momento em que me vi sentado naquele balanço. Vencido o inevitável sentimento estranho de estar tomando o lugar de alguma criança, logo me dei conta que o processo complexo de se embalar ainda residia em algum lugar da minha memória espontânea. Sentar, segurar as correntes, dar o impulso para trás com as pernas e soltar o corpo. E claro, depois destas operações iniciais, pernas esticadas para frente e pernas encolhidas para trás para dar seqüência ao movimento.

Que experiência fantástica para o último dia do ano. Eu num balanço e o Pedrinho no outro. Confesso que diante da provocação do Pedro para uma corrida para ver quem ia mais alto, me vi tomado por um sentimento infantil de competição, andando e embalando cada vez mais alto, e quase esquecendo que ele tem apenas 5 aninhos e, portanto, suas perninhas curtas não permitem vôos muito altos.

O mais legal de tudo foi ir lembrando, ao longo desta divertida brincadeira, das coisas que podemos fazer andando de balanço. Lembrei do quanto era legal jogar os chinelos de dedos para o alto quando o balanço ia para frente, dos 'solavancos' quando aproximávamos as duas correntes uma da outra e largávamos bruscamente, da guerra nos balanços fazendo-os se tocar lado a lado, de como era legal andar em pé no balanço, de sacanear as meninas que andavam ao nosso lado arrastando os pés no chão e levantando a maior poeira do areão, da coceira que dava na palma das mãos de tanto segurar as correntes com as mãos suadas, do próprio cheiro das correntes desgastadas, com alguma ferrugem e já com a tinta descascada e da grande e perigosa aventura de saltar para frente com o balanço ainda em movimento!!! Quando fiz isto hoje e vi nos olhos do meu menino a expressão de espanto, além de ter me sentido “o cara”, lembrei do quanto são importantes estas brincadeiras de rua.

Me criei na rua com os amigos da rua. Os jogos de bola no campinho de grama desgastado, as peladas nas calçadas, o jogo de 'bobinho', as idas e vindas constantes na pracinha, os jogos de taco ainda com casinhas de varetas e tacos fabricados com velhos pedaços de madeiras, os jogos de bolinha de gude, as brincadeiras de 'chimpa' (jogo feito de cascalho de seixo rolado), os passeios de bicicleta pelas ruas do bairro, as matines nos cinemas Estrela, Rei e Real, as casinhas nas árvores, os carrinhos feitos com latas cheias de areia, andar de arquinho pelas calçadas, entre outros.

Certamente, minha decisão foi acertada. Minha única resolução para o próximo ano está feita. Daqui para frente, nos próximos finais de ano, podem ter a certeza de que jamais me encontrarão no escritório. Minha metáfora de passagem de ano será sempre andar de balanço. Ano vem, ano vai. Afinal, a vida e muitas de suas coisas, fatos e emoções são cíclicas. Nesta manhã quente e ensolarada de verão, remocei alguns anos. Bem, se não remocei, ao menos lembrei da importância de brincar muito e de ser criança de vez em quando. Hoje pela manhã na pracinha fizemos mais um novo amigo. O Giancarlo, que vai fazer 4 aninhos no dia 18 de janeiro próximo. Lá pelas tantas, entre as correrias e várias brincadeiras ele olhou para mim e para o Pedro e disse: vcs querem ir na minha festinha de aniversário? Muito legal isto!!! Como sempre, as crianças nos ensinando a não ter barreiras, conflitos, diferenças e defesas exageradas que inevitavelmente vamos construindo diante das várias adversidades da vida.

Jamais teria vivido estas ótimas lembranças e emoções estando no escritório.

Como escrevi no primeiro blog deste ano que termina (2 de julho de 2008), minha mesa continua cheia de pequenos papéis estranhos, coisas para revisar, alguns projetos em andamento aguardando ajustes, protocolos aguardando aprovações intermináveis, outros croquis sobre a mesa esperando conclusão e uma pequena maquetinha expedita de uma casinha hipotética, na praia ou na serra (não faz muita diferença pois ainda não tenho o terreno) que estou fazendo para mim e que eu não consigo terminar!!

Aproveito para agradecer e retribuir os vários e-mails de felicitação pela passagem do Natal e os votos de um feliz 2009. Desejo-lhes muita paz, alegria, saúde, fé em dias melhores, amigos, trabalho, grana, tolerância, coragem e muito amor nos corações.

Um super abraço aos meus amigos de fé e irmãos camaradas!!

Força e Honra
Saudação Romana

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Receita de ano novo

Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens? passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Feliz Natal

Aos meus amigos de fé e irmãos camaradas um Feliz Natal e um 2009 com muita paz, alegria, saúde, trabalho, amigos, alguma grana, respeito, tolerância, coragem e muito amor no coração!!

Origem do termo

Do latim 'natális', derivada do verbo 'nascor, nascéris, natus sum, nasci', significando nascer, ser posto no mundo. Como adjetivo, significa também o local onde ocorreu o nascimento de alguém ou de alguma coisa. Como festa religiosa, o Natal, comemorado no dia 25 de dezembro desde o Século IV pela Igreja ocidental e desde o século V pela Igreja oriental, celebra o nascimento de Jesus e assim é o seu significado nas línguas românicas - italiano 'natale', francês 'noël', catalão 'nadal', espanhol 'natal' (navidad de Jesus Cristo), português 'natal'.

Em inglês, a palavra que designa o Natal - 'Christmas' - provém das palavras latinas 'Cristes maesse', significando em inglês 'Christ's Mass", missa de Cristo. Muitos historiadores localizam a primeira celebração em Roma, no ano 336 D.C. De 'natális' deriva também 'natureza', o somatório das forças ativas em todo o universo.

Aspectos históricos

De acordo com o almanaque romano, a festa já era celebrada em Roma no ano 336 d.C.. Na parte Oriental do Império Romano, comemorava-se em 7 de janeiro o seu nascimento, ocasião do seu batismo, em virtude da não-aceitação do Calendário Gregoriano. No século IV, as igrejas ocidentais passaram a adotar o dia 25 de dezembro para o Natal e o dia 6 de janeiro para Epifania (que significa "manifestação"). Nesse dia comemora-se a visita dos Magos.

Segundo estudos, a data de 25 de dezembro não é a data real do nascimento de Jesus. A Igreja entendeu que devia cristianizar as festividades pagãs que os vários povos celebravam por altura do solstício de Inverno.

Portanto, segundo certos eruditos, o dia 25 de dezembro foi adotado para que a data coincidisse com a festividade romana dedicada ao "nascimento do deus sol invencível", que comemorava o solstício do Inverno. No mundo romano, a Saturnália, festividade em honra ao deus Saturno, era comemorada de 17 a 22 de dezembro; era um período de alegria e troca de presentes. O dia 25 de dezembro era tido também como o do nascimento do misterioso deus persa Mitra, o Sol da Virtude.

Assim, em vez de proibir as festividades pagãs, forneceu-lhes um novo significado, e uma linguagem cristã. As alusões dos padres da igreja ao simbolismo de Cristo como "o sol de justiça" (Malaquias 4:2) e a "luz do mundo" (João 8:12) revelam a fé da Igreja n'Aquele que é Deus feito homem para nossa salvação.

As evidências confirmam que, num esforço de converter pagãos, os líderes religiosos adotaram a festa que era celebrada pelos romanos, o "nascimento do deus sol invencível" (Natalis Invistis Solis), e tentaram fazê-la parecer “cristã”. Para certas correntes místicas como o Gnosticismo, a data é perfeitamente adequada para simbolizar o Natal, por considerarem que o sol é a morada do Cristo Cósmico. Segundo esse princípio, em tese, o Natal do hemisfério sul deveria ser celebrado em junho.

Há muito tempo se sabe que o Natal tem raízes pagãs. Por causa de sua origem não-bíblica, no século 17 essa festividade foi proibida na Inglaterra e em algumas colônias americanas. Quem ficasse em casa e não fosse trabalhar no dia de Natal era multado. Mas os velhos costumes logo voltaram, e alguns novos foram acrescentados. O Natal voltou a ser um grande feriado religioso, e ainda é em muitos países.

O ponto de vista da Bíblia

A Bíblia diz que os pastores estavam nos campos cuidando das ovelhas na noite em que Jesus nasceu. O mês judaico de Kislev, correspondente aproximadamente à segunda metade de novembro e primeira metade de dezembro no calendário gregoriano era um mês frio e chuvoso. O mês seguinte é Tevet, em que ocorrem as temperaturas mais baixas do ano, com nevadas ocasionais nos planaltos. Isto é confirmado pelos profetas Esdras e Jeremias, que afirmavam não ser possível ficar de pé do lado de fora devido ao frio.

Entretanto, o evangelista Lucas afirmava que havia pastores vivendo ao ar livre e mantendo vigias sobre os rebanhos à noite perto do local onde Jesus nasceu. Como estes fatos seriam impossíveis para um período em que seria impossível ficar de pé ao lado de fora em função do frio, logo Jesus não poderia ter nascido no dia em que o Natal é celebrado, e sim na primavera ou no verão.

Por isso, a maioria dos estudiosos consideram que Jesus não nasceu dia 25 de dezembro, a menos que a passagem que narra o nascimento de Jesus tenha sido escrita em linguagem alegórica. Diga-se de passagem que visto que Jesus viveu trinta e três anos e meio e morreu entre 22 de março e 25 de abril, ele não poderia realmente ter nascido em 25 de dezembro.

Símbolos e tradições do Natal

Árvore de Natal

Entre as várias versões sobre a procedência da árvore de Natal, a maioria delas indicando a Alemanha como país de origem, a mais aceita atribui a novidade ao padre Martinho Lutero (1483-1546), autor da Reforma Protestante do século XVI.

Olhando para o céu através de uns pinheiros que cercavam a trilha, viu-o intensamente estrelado parecendo-lhe um colar de diamantes encimando a copa das árvores. Tomado pela beleza daquilo, decidiu arrancar um galho para levar para casa. Lá chegando, entusiasmado, colocou o pequeno pinheiro num vaso com terra e, chamando a esposa e os filhos, decorou-o com pequenas velas acesas afincadas nas pontas dos ramos. Arrumou em seguida papéis coloridos para enfeitá-lo mais um tanto. Era o que ele vira lá fora.

Afastando-se, todos ficaram pasmos ao verem aquela árvore iluminada a quem parecia terem dado vida. Nascia assim a árvore de Natal. Queria, assim, mostrar as crianças como deveria ser o céu na noite do nascimento de Cristo.

Na Roma Antiga, os Romanos penduravam máscaras de Baco em pinheiros para comemorar uma festa chamada de "Saturnália", que coincidia com o nosso Natal.

Presépio

Presépio tradicional português - com musgo, vegetação e peças de cerâmica avulsas
As esculturas e quadros que enfeitavam os templos para ensinar os fiéis, além das representações teatrais semi-litúrgicas que aconteciam durante a Missa de Natal serviram de inspiração para que se criasse o presépio.

A tradição católica diz que o presépio (do lat. praesepio) surgiu em 1223, quando São Francisco de Assis quis celebrar o Natal de um modo o mais realista possível e, com a permissão do Papa, montou um presépio de palha, com uma imagem do Menino Jesus, da Virgem Maria e de José, juntamente com um boi e um jumento vivos e vários outros animais. Nesse cenário, foi celebrada a Missa de Natal.

O sucesso dessa representação do Presépio foi tanta que rapidamente se estendeu por toda a Itália. Logo se introduziu nas casas nobres européias e de lá foi descendo até as classes mais pobres. Na Espanha, a tradição chegou pela mão do Rei Carlos III, que a importou de Nápoles no século XVIII. Sua popularidade nos lares espanhóis e latino-americanos se estendeu ao longo do século XIX, e na França, não o fez até inícios do século XX. Em todas as religiões cristãs, é consensual que o Presépio é o único símbolo do Natal de Jesus verdadeiramente inspirado nos Evangelhos.

Anúncio do anjo e nascimento de Jesus

O nascimento de Jesus se deu por volta de dois anos antes da morte do Rei Herodes, denominado "o Grande", ou seja, considerando que este morreu em 4 aC, então Jesus só pode ter nascido em 6 aC. Segundo a Bíblia, antes de morrer, Herodes mandou matar os meninos de Belém até aos 2 anos, de acordo com o tempo que apareceu a "estrela" aos magos. (Mateus 2:1, 16-19 - Era seu desejo se livrar de um possível novo "rei dos judeus").

Ainda, segundo a Bíblia, antes do nascimento de Jesus, Octávio César Augusto decretou que todos os habitantes do Império fossem se recensear, cada um à sua cidade natal. Isso obrigou José a viajar de Nazaré (na Galileia) até Belém (na Judeia), a fim de registar-se com Maria, sua esposa. Deste modo, fica claro que não seria um recenseamento para fins tributários.

"Este primeiro recenseamento" fora ordenado quando o cônsul Públio Sulplício Quiríno "era governador [em gr. hegemoneuo] da Síria [província imperial]."

(Lucas 2,1-3 - O termo grego hegemoneuo vertido por "governador", significa apenas "estar liderando" ou "a cargo de". Pode referir-se a um "governador territorial", "governador de província" ou "governador militar". As evidências apontam que nessa ocasião, Quiríno fosse um comandante militar em operações na província da Síria, sob as ordens directas do Imperador.).

Sabe-se que os governadores da Província da Síria durante a parte final do governo do Rei Herodes foram: Sentio Saturnino (de 9 aC a 6 aC), e o seu sucessor, foi Quintilio Varo. Quirínio só foi Governador da Província da Síria, em 6 aC. O único recenseamento relacionado a Quirínio, documentado fora dos Evangelhos, é o referido pelo historiador judeu Flávio Josefo como tendo ocorrido no início do seu governo (Antiguidades Judaicas, Vol. 18, Cap. 26). Obviamente, este recenseamento não era o "primeiro recenseamento".

A viagem de Nazaré a Belém - distância de uns 150 km - deveria ter sido muito cansativa para Maria que estava em adiantado estado de gravidez. Enquanto estavam em Belém, Maria teve o seu filho primogénito. Envolveu-o em faixas de panos e o deitou em uma manjedoura, porque não havia lugar disponível para eles no alojamento [isto é, não havia divisões disponíveis na casa que os hospedava; em gr. tô kataluma, em lat. in deversorio]. Maria necessitava de um local tranquilo e isolado para o parto (Lucas 2:4-8).

Lucas diz que no dia do nascimento de Jesus, os pastores estavam no campo guardando seus rebanhos "durante as vigílias da noite". Os rebanhos saíam para os campos em Março e recolhiam nos princípios de Novembro.

A vaca e o jumento junto da manjedoura conforme representado nos presépios, resulta de uma simbologia inspirada em Isaías 1:3 que diz: "O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não têm conhecimento, o meu povo não entende". Não há nenhuma informação fidedigna que prove que havia animais junto do recém-nascido Jesus. A menção de "um boi e de um jumento na gruta" deve-se também a alguns Evangelhos Apócrifos.

A estrela de Belém

Após o nascimento de Jesus em Belém, ainda governava a Judeia o Rei Herodes, chegaram "do Oriente à Jerusalém” uns magos guiados por uma estrela ou um objecto controverso que, segundo a descrição do Evangelho segundo Mateus, anunciou o nascimento de Jesus e levou os Três Reis Magos ao local onde este se encontrava. A natureza real da Estrela de Belém e alvo de discussão entre os biblistas.

Visita dos magos

Os "magos", em gr. magoi, que vinham do Leste de Jerusalém, não eram reis. Julga-se que terá sido Tertuliano de Cartago, que no início do 3.º Século terá escrito que os Magos do Oriente eram reis. O motivo parece advir de algumas referências do Antigo Testamento, como é o caso do Salmo 68:29: "Por amor do Teu Templo em Jerusalém, os reis te trarão presentes."

Em vez disso, os "magos" eram sacerdotes astrólogos, talvez seguidores do Zoroastrismo. Eram considerados "Sábios", e por isso, conselheiros de reis. Podiam ter vindo de Babilónia, mas não podemos descartar a Pérsia (Irão).

São Justino, no 2.º Século, considera que os Magos vieram da Arábia. Quantos eram e os seus nomes, não foram revelados nos Evangelhos canónicos. Os nomes de Gaspar, Melchior e Baltazar constam dos Evangelhos Apócrifos. Deduz-se terem sido 3 magos, em vista dos 3 tipos de presentes. Tampouco se menciona em que animais os Magos vieram montados.

Outro factor muito importante tem haver com a existência de uma grande comunidade de raiz judaica na antiga Babilónia, o que sem dúvida teria permitido o conhecimento das profecias messiânicas dos judeus, e a sua posterior associação de simbolismos aos fenómenos celestes que ocorriam.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Natal

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

20 anos...

Nossa vida é feita de fatos, lembranças, sonhos e realizações. Muitos deles conseguimos concretizar e outros tantos ficam à deriva, no plano das coisas que gostaríamos de ter vivido e feito. São as lacunas que existem na vida de cada um... Antigas lembranças, novos acontecimentos e aquele sentimento bom em preencher os velhos vazios com a alegria dos novos fatos... Hoje estou completando vinte anos de formado!!

É incrível como, na lida diária, referenciados pelos acontecimentos, demandas e solicitações pontuais da vida, não percebemos a passagem do tempo. Ainda lembro do rosto de cada um dos meus colegas, das brincadeiras e jogos de bola nos corredores, das rivalidades esportivas que chegavam a transferir datas de provas e entregas de trabalhos nos dias de jogos importantes (e todos os jogos eram importantes), dos dias e noites em claro na execução dos nossos sonhos e ideais transformados em grandes projetos (às vezes nem tão grandes assim...).

Então fico me perguntando para onde foram os velhos e inseparáveis companheiros? Lembro dos seus sonhos e dos seus grandes talentos, da vontade de vencer e transformar este mundo desigual... Lembro de tantas emoções boas, do juramento que fizemos de mãos dadas, numa noite de lua cheia ainda no estacionamento da faculdade, vestidos com a toga que tínhamos naquela noite experimentado, de que jamais, por mais que a vida exigisse, nos separaríamos...

Onde estão os velhos companheiros??

Olho em minha volta e vejo tanta coisa ainda por fazer!!!
Muitos sonhos e pessoas ficaram pelo caminho...

É engraçado como se propagam os sentimentos verdadeiros, mesmo com a distância e com a ação do tempo, eles não morrem... Não que vivam das lembranças ou dos fatos do passado. O passado é somente uma referência temporal. Se ainda sentimos uns aos outros, então ainda estamos no presente.

Mesmo quando a vida segue o seu rumo...

Se algum destes tantos colegas estiver lendo este texto, desejo-lhe nesta jornada em direção aos trinta anos, muito sucesso, mas acima de tudo muita coragem, pois a coragem nos dá a base sólida para sabermos superar todas as dificuldades. Desejo-lhe, também, que a emoção da lembrança da noite da formatura lhe traga toda a lucidez necessária para a definição dos próximos desafios e energia infinita para perseguir a solução de todos eles e que esta noite comemorativa dos vinte anos de formatura, deixe lá no passado todas as suas angústias e todos os seus fantasmas errantes, que a dor e o cansaço sejam transformados em energia para a vida, que os medos sirvam somente para balizar o caminho da ética e das virtudes e que, acima de tudo, o sonho seja sempre o maior combustível na busca da realização profissional e pessoal.

Este carinho que certamente todos guardamos dentro do peito, ficará para sempre tatuado no meu coração!!!
Sinto este momento renovador como se fosse novamente a minha formatura...
Um super abraço!!!

"Força e Honra"
Saudação Romana

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Atelier 2 = TC2

Turma,

Não sei pq razão, o sistema de diário de classe da Ulbra, via site, não disponibilizou para mim as listagens das turmas de TC1 e TC2!! Por esta razão é que vcs estão sentindo a falta do lançamento da nota do TC2!! Mas tudo bem, conforme tínhamos falado em aula, estas duas disciplinas são complementares e, portanto, a aprovação (ou reprovação) numa, define também, o aproveitamento da outra!!

Então, aqueles alunos que passaram no Atelier 2, também, passaram no TC2!!

Espero que tudo esteja super bem com vcs!!
Abraços!!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Atelier 2 - Notas Finais

Meus arquitetos,

Demorei mais do que o planejado, mas informo que acabei de publicar as notas finais do Atelier 2. Os boletins contendo as considerações finais, na forma de ata de registro do painel, ainda vai demorar mais um pouquinho, pois tenho que resgatar todas as anotações para a redação final. Ainda assim, conforme o prometido (48 horas após a última banca) e para não alongar as expectativas, as notas já estão publicadas no site da Ulbra.

Ontem voltei a nossa sala de aula e analisei novamente cada um dos trabalhos com o objetivo de avaliar, além do resultado final, todo o processo de desenvolvimento do aluno ao longo do semestre. Analisei, um a um, cada trabalho, cada uma das tantas atas das avaliações parciais, todas as fichas de registro de orientação e todas as listas de frequência, para a decisão final ser o mais justa possível. E foi!

Queridos, da minha parte foi um grande privilégio caminhar com vocês até aqui!!
Super abraço carinhoso!!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Atelier 1 - Ulbra

Pois é, turma!! Ao longo desta semana, estive totalmente envolvido com a organização e avaliação dos trabalhos dos nossos colegas do Atelier 2. Foram 3 dias (09, 10 e 11 de dezembro), nos turnos da tarde e da noite, em que estivemos imersos nesta super atividade de coroamento da formação da turma 2008/2.

Valeu!! Vimos trabalhos muito legais!! Competentes, muito bem desenvolvidos e detalhados, bem conceituados, expressando o quanto o trabalho sério, focado e continuado dos alunos sempre leva a bons resultados.

Gostei de ver alguns de vcs do Atelier 1, que logo estarão passando por esta mesma experiência, fixados nas discussões de arquitetura que surgiram ao longo do painel de apresentação dos trabalhos. Mas também senti a falta de outros tantos! Para quem foi e viu, certamente muitos aprendizados foram incorporados!!

Na semana que vem vou focar minha maior atenção nos trabalhos do Atelier 1. Ao longo desta semana que passou, desde a entrega dos trabalhos, a banca interna esteve avaliando os trabalhos. Já recebi o boletim de avaliação do Prof. Gladimir, nosso consultor de sistemas estruturais, e já estou recebendo de alguns orientadores os seus pareceres!!

Quero ver se até o final da semana que vem eu libero para vcs suas notas e boletins de avaliação!! Até pq eu também quero sair em férias!!

Valeu!!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Dia do Arquiteto

O instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento do RS, em comemoração do Dia do Arquiteto, está promovendo para hoje, em sua sede na Rua Gen. Canabarro, 363, uma série de eventos!

Confira esta programação imperdível!!

TODO O DIA, A PARTIR DAS 9h:
IAB-RS - Espaço do sócio
Feira do Livro - Livraria do Arquiteto
Mostra: Um Olhar Sustentável
Exposição: Arquitetura Contemporânea no Rio Grande do Sul - Arquitetura de Concursos 1994-2006
Exposição: cometa_ DESIGN GALERIA
Grafite: Intervenção no Solar
Serviço de Bar

MANHÃ:
09h - PAINEL de Conclusão Urbanismo III - UniRitter
10h - Visita Guiada ao Solar do IAB (para convidados)

TARDE:
17h - Palestra: Arquitetura, Arte e Ecologia: um reencontro inevitável
18h - Início das SESSÕES DE AUTÓGRAFOS da Feira do Livro

NOITE:
18h - Palestra: Barcelona: Arquitetura, Cidade e Cultura
19h - Apresentação da Exposição, Site e DVD de Arquitetura Contemporânea no RGS - Arquitetura de Concursos 1994-2006
20h - Intervenção Audiovisual no Solar: Urbanaimagem
21h - Lançamento do novo Site do IAB-RS
22h - Show musical de Álvaro Santi e o Caixa Prego

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Feira do Livro do Iab-RS

Em comemoração ao dia do arquiteto (11 de dezembro de 2008), o Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento do RS estará promovendo uma série de eventos, ao longo do dia de amanhã, em sua sede na Rua Gen. Canabarro, 363, entre os quais, a Feira do Livro de Arquitetura com o propósito de relançar os livros de autoria dos arquitetos que foram lançados ao longo deste ano de 2008. Nesta ocasião, os autores estarão presentes para autografarem suas obras!!

Então, nosso livro estará, também, disponível neste evento!!

Aguardamos vcs lá!!

Arquitetura & Urbanismo:
Posturas, Tendências & Reflexões
Edição de Textos
Volume 2

Organizadores:

Mário dos Santos Ferreira
Paulo Ricardo Bregatto
Maria Beatriz Medeiros Kother

392 páginas
Livraria do Arquiteto - 2008

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Atelier 2 - FauUlbra

Amanhã vamos dar início a nossa tão esperada jornada de apresentação e análise dos trabalhos finais do curso de arquitetura e urbanismo da Ulbra. As apresentações (dias e horários) estão ordenadas de acordo com a postagem anterior.

Daremos início aos trabalhos sempre às 14 horas. Para tal, torna-se necessário que os alunos estejam na sala de apresentações (sala 338), portanto suas maquetes, pontualmente às 13:30h. As pranchas estão guardadas na sala 330 e deverão ser retiradas pelos alunos para montagem no painel.

Os dois primeiros trabalhos já deverão estar fixados nas paredes (parede do quadro verde e parede oposta) antes do início das apresentações, assim sucessivamente para todos os trabalhos do dia.

Nossos convidados para esta jornada ao longo destes dias são:

Componentes da Banca do dia 09/12/2008

Profa. Arqa. Rosalia Fresteiro, Dra. (Professora da Fau Universidade Católica de Pelotas)
Prof. Arq. Luiz Gonzaga Binato de Almeida (Professor da FauUlbra - Santa Maria)
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto, Ms. (Coordenador do Atelier 2 da FauUlbra - Canoas)

Componentes da Banca do dia 10/12/2008

Profa. Arq. Eugênia Kuhn, Ms. (Pesquisadora do Norie e Professora do Pós-Graduação da Ulbra)
Prof. Arq. Guilherme de Almeida (Professor da FauUlbra Santa Maria)
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto, Ms. (Coordenador do Atelier 2 da FauUlbra - Canoas)

Componentes da Banca do dia 11/12/2008

Profa. Arqa. Beatriz Dorfman, Ms. (Professora da FauPucRS)
Prof. Arq. Enaldo Nunes Marques, Dr. (Coordenador da FauUlbra - Torres)
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto, Ms. (Coordenador do Atelier 2 da FauUlbra - Canoas)

Mantenham a calma nas apresentações!!
Boa sorte!!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Atelier 2 - considerações gerais

Em complementação à postagem de ontem, informo algumas diretrizes referentes aos painéis de apresentação dos trabalhos finais do curso de Arquitetura e Urbanismo da Ulbra, que ocorrerão na próxima semana nos dias 9, 10 e 11 de dezembro (tarde e noite).

- Cada aluno terá 15 minutos para apresentação do seu trabalho e os membros da banca mais 15 minutos para as devidas considerações (5 minutos cada um), totalizando 30 minutos para apresentação das propostas. Aos 12 minutos o aluno será informado do tempo transcorrido e deverá se encaminhar para a finalização da apresentação.

- Serão permitidas complementações da apresentação somente diante da solicitação de esclarecimento adicional por parte dos componentes da banca.

- Recomenda-se que o aluno não faça interrupções ao longo da explanação crítica que estiver sendo elaborada pelos componentes da banca.

- Solicitamos que os alunos tenham objetividade e poder de síntese na apresentação dos trabalhos, focando na apresentação daquilo que é pertinente ao projeto (tema, programa, terreno e entorno, composição, zoneamento, linguagem e caráter, materiais e técnicas construtivas).

- Todos os alunos deverão estar presentes na sala do Atelier 2 (sala 330) no horário de início das apresentações do dia (14 horas), portando todos os elementos do trabalho, pois as apresentações ocorrerão de forma seqüencial.

- O aluno que não estiver presente na sala de aula, na seqüência da apresentação, ficará fora da avaliação do projeto final.

- Lembro-lhes que a ordem das apresentações segue a ordem alfabética pelo nome do professor orientador (para que ele possa assistir as apresentações), portanto, a listagem acima não considera o turno em que o aluno está regularmente matriculado.

- Após as apresentações será confeccionado um boletim contendo as considerações emitidas pelos membros da banca.

- Ao final das apresentações o aluno poderá levar consigo suas pranchas finais e suas maquetes físicas.

- As bancas finais são atividades públicas, podendo o aluno levar seus convidados.

- No ato público de apresentação dos trabalhos tem direito a manifestação verbal somente o aluno e os membros da banca.

- As apresentações dos trabalhos serão efetuadas na sala 338. A sala 330 ficará disponível para os alunos organizarem seus materiais de apresentação.

Fazem parte desta entrega:

- 1 jogo de pranchas no formato A1 (841 x 594 mm) no total de 16 pranchas. Estas pranchas poderão ser plotadas, duas a duas, no sentido vertical, integralizando o formato A0 (1189 x 841 mm).

- 3 jogos de pranchas no formato A3 (420 x 297 mm) exatamente iguais ao formato A1.

- Uma maquete física do projeto (levar a maquete somente no dia da apresentação do trabalho).

- Um cd contendo as pranchas do projeto em alta resolução nos formatos pdf ou jpg.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Atelier 2 - Ulbra

Na próxima semana, na faculdade de arquitetura e urbanismo da Ulbra, estaremos finalizando o semestre de 2008/2 com a apresentação dos trabalhos finais de graduação dos alunos do Atelier 2. As bancas ocorrerão nos dias 9, 10 e 11 de dezembro ao longo dos turnos da tarde e noite, na sala 338 do prédio 14, Campus Canoas. Os trabalhos serão iniciados às 14:00h.

Esta atividade é pública!!

As apresentações estão organizadas na seguinte sequência:

Dia 09/12 (TERÇA-FEIRA)

Componentes da Banca:
Profa. Arqa. Rosalia Fresteiro, Dra. (Professora da Fau Universidade Católica de Pelotas)
Prof. Arq. Luiz Gonzaga Binato de Almeida (Professor da FauUlbra - Santa Maria)
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto, Ms. (Coordenador do Atelier 2 da FauUlbra - Canoas)

Alunos & Temas:

Cleber Crochemore Ribes
14:00h às 14:30h
Terminal Hidroviário Cais Mauá


Carolina Barreto Viana Stahl
14:35h às 15:05h
Reestruturação do Autódromo Internacional de Tarumã


Juliana Pitt Cardoso
15:10h às 15:40h
Centro de Inclusão Digital


15:40h às 15:55h - INTERVALO (15 minutos)

Janice Maria R. de Aquino
16:00h às 16:30h
Espaço Clínico para Dependentes Químicos


Karen M. Freitas Campello
16:35h às 17:05h
Casa de Passagem Abrigo e Albergue Municipal


17:05h às 17:55h - INTERVALO (50 minutos)

Cristiane Machado de Oliveira
18:00h às 18:30h
Crematório Ecumênico de Montenegro


Roberta Milani
18:35h às 19:05h
Microchampanharia e Pousada


Cristiano Ferreira Pandolfo
19:10h às 19:40h
Centro de Atividades Sociais / Sesi Dois Irmãos


19:40h às 19:55h - INTERVALO (15 minutos)

Ana Paula Boufleur
20:00h às 20:30h
Fábrica de Móveis sob Medida


Ronaldo Bayard Teixeira
20:35h às 21:05h
Centec Ulbra – Centro Tecnológico da Ulbra


Dia 10/12 (QUARTA-FEIRA)

Componentes da Banca:

Profa. Arq. Eugênia Kuhn, Ms. (Pesquisadora do Norie e Professora do Pós-Graduação da Ulbra)
Prof. Arq. Guilherme de Almeida (Professor da FauUlbra Santa Maria)
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto, Ms. (Coordenador do Atelier 2 da FauUlbra - Canoas)

Alunos & Temas:

Grace Kelly de C. Machado
14:00h às 14:30h
EcoVila Nova - Um Conjunto Habitacional Sustentável


Aline Costa Corrêa
14:35h às 15:05h
Celcac - Centro de Esportes e Lazer Cerâmica Atlético Clube


Daniela Suassuna de Oliveira
15:10h às 15:40h
Sede da Companhia de Dança de Porto Alegre


15:40h às 15:55h - INTERVALO (15 minutos)

Eliane Guerreiro Dulac
16:00h às 16:30h
MAC - Museu da Arte Contemporânea do RGS


Eliane Caline Armond
16:35h às 17:05h
Escola Municipal de Educação Infantil


17:05h às 17:55h - INTERVALO (50 minutos)

Pedro Oleksiuk Efremides
18:00h às 18:30h
Centro de Tratamento de Dependentes Químicos


Ricardo Molina
18:35h às 19:05h
Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento em Polímeros


19:05h às 19:20h - INTERVALO (15 minutos)

Bruno Meneghello Muller
19:25h às 19:55h
Casa de Shows e Centro Cultural


Letícia Abramson Botelho
20:00h às 20:30h
Sambódromo de Uruguaiana


Dia 11/12 (QUINTA-FEIRA)

Componentes da Banca:
Profa. Arqa. Beatriz Dorfman, Ms. (Professora da FauPucRS)
Prof. Arq. Enaldo Nunes Marques, Dr. (Coordenador da FauUlbra - Torres)

Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto, Ms. (Coordenador do Atelier 2 da FauUlbra - Canoas)

Carlos Eduardo Chitão
14:00h às 14:30h
Biblioteca Pública do RGS


Patrícia Hommerding
14:35h às 15:05h
Centro de Cultura Irmãos Brochier


15:05h às 15:20h - INTERVALO (15 minutos)

Cíntia Brochado Lameira
15:25h às 15:55h
Museu da Água


Aline Schroeder
16:00h às 16:30h
Imperatriz Dona Leopoldina - Cultura Popular e Interação Social


16:30h às 17:20h - INTERVALO (15 minutos)

Cássio Henrique dos Santos
17:25h às 17:55h
Estação Metroviária Fenac


Luiz Henrique da Silva
18:00h às 18:30h
Museu de Arte Contemporânea do RGS


18:30h às 18:45h - INTERVALO (50 minutos)

Fernanda Jacques Dambros
18:50h às 19:20h
Praça José Lutzenberger


Michelle Barbosa Gaion
19:25h às 19:55h
Hotel Executivo

domingo, 30 de novembro de 2008

Por que ler os clássicos

Italo Calvino (1981)

1 - Os clássicos são aqueles livros dos quais, em geral, se ouve dizer: "Estou relendo..." e nunca "Estou lendo..."

Isso acontece pelo menos com aquelas pessoas que se consideram "grandes leitores"; não vale para a juventude, idade em que o encontro com o mundo e com os clássicos como parte do mudo vale exatamente enquanto primeiro encontro.

O prefixo reiterativo antes do verbo ler pode ser uma pequena hipocrisia por parte dos que se envergonham de admitir não ter lido um livro famoso. Para tranqüilizá-los, bastará observar que, por maiores que possam ser as leituras "de formação" de um indivíduo, resta sempre um número enorme de obras que ele não leu.

Quem leu tudo de Heródoto e de Tucídides levante a mão. E de Saint-Simon? E do cardeal de Retz? E também os grandes ciclos romanescos do Oitocentos são mais citados do que lidos. Na França, se começa a ler Balzac na escola, e pelo nümero de edições em circulação, se diria que continuam a lê-lo mesmo depois.

Mas na Itália, se fosse feita uma pesquisa, temo que Balzac apareceria nos últimos lugares. Os apaixonados por Dickens na Itália constituem uma restrita elite de pessoas que, quando se encontram, logo começam a falara de episódios e personagens como se fossem de amigos comuns.

Faz alguns anos, Michel Butor, lecionando nos Estados unidos, cansado de ouvir perguntas sobre Emile Zola, que jamais lera, decidiu ler todo o ciclo dos Rougon-Macquart. Descobriu que era totalmente diverso do que pensava: uma fabulosa genealogia mitológica e cosmogônica, que descreveu num belíssimo ensaio.

Isso confirma que ler pela primeira vez um grande livro na idade madura é um prazer extraordinário: diferente (mas não se pode dizer maior ou menor) se comparado a uma aleitura da juventude. A juventude comunica ao ato de ler como a qualquer outra experiência um sabor e uma importância particulares; ao passo que na maturidade apreciam-se (deveriam ser apreciados) muitos detalhes, níveis e significados a mais.

Podemos tentar então esta outra fórmula de definição:

2 - Dizem-se clássicos aqueles livros que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado; mas constituem uma riqueza não menor para quem se reserva a sorte de lê-los pela primeira vez nas melhores condições para apreciá-los.

De fato, as leituras da juventude podem ser pouco profícuas pela impaciência, distração, inexperiência das instruções para o uso, inexperiência da vida. Podem ser (talvez ao mesmo tempo) formativas no sentido de que dão uma forma às experiências futuras, fornecendo modelos, recipientes, termos de comparação, esquemas de classificação, escalas de valores, paradigmas de beleza: todas, coisas que continuam a valer mesmo que nos recordemos pouco ou nada do livro lido na juventude.

Relendo o livro na idade madura, acontece reencontrar aquelas constantes que já fazem parte de nossos mecanismos interiores e cuja origem havíamos esquecido. Existe uma força particular da obra que consegue fazer-se esquecer enquanto tal, mas que deixa sua semente.

A definição que dela podemos dar então será:

3 - Os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõem como inesquecíveis e também quando se ocultam nas dobvras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual.

Por isso, deveria existir um tempo na vida adulta dedicado a revisitar as leituras mais importantes da juventude. Se os livros permaneceram os mesmos (mas também eles mudam, à luz de uma perspectiva histórica diferente), nós com certeza mudamos, e o encontro é um acontecimento totalmente novo.

Portanto, usar o verbo ler ou o verbo reler não tem muita importância. De fato, poderíamos dizer:

4 - Toda releitura de um clássico é uma leitura de descoberta como a primeira.

5 - Toda primeria leitura de um clássico é na realidade uma releitura.

A definição 4 pode ser considerada corolário desta:

6 - Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer.

Ao passo que a definição 5 remete para uma formulação mais explicativa, como:

7 - Os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram (ou mais simplesmente na linguagem ou nos costumes).

Isso vale tanto para os clásicos antigos quanto para os modernos. Se leio a Odisséia, leio o texto de Homero, mas não posso esquecer tudo aquilo que as aventuras de Ulisses passaram a significar durante os séculos e não posso deixar de perguntar-me se tais significados estavam implícitos no texto ou se são incrustações, deformações ou dilatações.

Lendo Kafka, não posso deixar de comprovar ou de rechaçar a legitimidade do adjetivo kafkiano, que costumamos ouvir a cada quinze minutos, aplicado dentro e fora de contexto. Se leio Pais e Filhos de Turgueniev ou Os Possuídos de Dostoievski não posso deixar de pensar em como essas personagens continuaram a reencarnar-se até nossos dias.

A leitura de um clássico deve oferecer-nos alguma surpresa em relação à imagem que dele tinhamos. Por isso, nunca será demais recomendar a leitura direta dos textos originais, evitando o mais possível a bibliografia crítica, comentários, intepretações. A escola e a universidade deveriam servir para fazer entender que nenhum livro que fala de outro livro diz mais sobre o livro em questão; mas fazem de tudo para que se acredite no contrário.

Existe uma inversão de valores muito difundida segundo a qual a introdução, o instrumental crítico, a bibliografia são usados como cortina de fumaça para esconder aquilo que o texto tem a dizer e que só pode dizer se o deixarmos falar sem intermediários que pretendam saber mais do que ele.
Podemos concluir que:

8 - Um clássico é uma obra que provoca incessantemente uma nuvem de discursos críticos sobre si, mas continuamente as repele para longe.

O clássico não necessariamente nos ensina algo que não sabíamos; às vezes descobrimos nele algo que sempre soubéramos (ou acreditávamos saber) mas desconhecíamos que ele o dissera primeiro (ou que de algum modo se liga a ele de maneira particular). E mesmo esta é uma surpresa que dá muita satisfação, como sempre dá a descoberta de um origem, de uma relação, de uma pertinência.

De tudo isso poderíamos derivar uma definição do tipo:

9 - Os clássicos são livros que, quanto mais pensamos conhecer por ouvir dizer, quando são lidos de fato mais se revelam novos, inesperados, inéditos.

Naturalmente isso ocorre quando um clássico "funciona" como tal, isto é, estabelece uma relação pesoal com quem o lê. Se a centelha não se dá, nada feito: s clássicos não são lidos por dever ou por respeito mas só por amor.

Exceto na escola: a escola deve fazer com que você conheça bem ou mal um certo número de clássicos dentre os quais (ou em relação aos quais) você poderá depois reconhecer os "seus" clássicos. A escola é obrigada a dar-lhe instrumentos para efetuar uma opção: mas as escolhas que contam são aquelas que ocorrem fora e depois de cada escola.

É só nas leituras desinteressadas que pode acontecer deparar-se com aquele que se torna o "seu" livro. Conheço um excelente historiador da arte, homem de inúmeras leituras e que, dentre todos os livros, concentrou sua preferência mais profunda no Documentos de Pick Wick e a propósito de tudo cita passagens provocantes do livro de Dickens e associa cada fato da vida com episódios pickwickianos. Pouco a pouco ele próprio, o universo, a verdadeira filosofia tomaram a forma do Documentos de Pickwick numa identificação absoluta.

Por esta via, chegamos a uma idéia de clássico muito elevada e exigente:

10 - Chama-se de clássico um livro que se configura como equivalente do universo, à semelhança dos antigos talismãs.

Com esta definição nos aproximamos da idéia de livro total, como sonhava Mallarmé. Mas um clássico pode estabelecer uma relação igualmente forte de oposição, de antítese. Tudo aquilo que Jean-Jacques Rousseau pensa e faz me agrada, mas tudo me instpira um irresistível desejo de contradizê-lo, de criticá-lo, de brigar com ele. Aí pesa a sua antipatia particular num plano temperamental, mas por isso seria melhor que o deixasse de lado; contudo não posso deixar de incluí-lo entre os meus autores.

Direi, portanto:

11 - O "seu" clássico é aquele que não pode ser-lhe indiferente e que serve para definir a você próprio em relação e talvez em contraste com ele.

Creio não ter necessidade de justificar-me se uso o termo clássico sem fazer distinções de antiguidade, de estilo, de autoridade. (Para a história de todas essas acepções do termo, consulte-se o exaustivo verbete "Clássico" de Franco Fortini na Enciclopédia Einaudi, vol. III).

Aquilo que distingue o clássico no discurso que estou fazendo talvez seja só um efeito de ressonância que vale tanto para um obra antiga quanto para uma moderna mas já com um lugar próprio numa continuidade cultural.

Poderíamos dizer:

12 - Um clássico é um livro que vem antes de outros clássicos; mas quem leu antes os outros e depois lê aquele, reconhece logo o seu lugar na genealogia.

A esta altura, não posso mais adiar o problema decisivo de como relacionar a leitura dos clássicos com todas as outras leituras que não sejam clássicas. Problema que se articula com perguntas como: "Por que ler os clássicos em vez de concentrar-nos em leituras que nos façam entender mais a fundo o nosso tempo?" e "Onde encontrar o tempo e a comodidade da mente para ler clássicos, esmagados que somos pela avalanche de papel impresso da atualidade?".

É claro aque se pode formular a hipótese de uma pessoa ffeliz que dedique o "tempo-leitura" de seus dias exclusivamente a ler Lucrécio, Luciano, Montaigne, Erasmo, Quevedo, Marlowe, o Discours de la méthode, Wilhem Meister, Coleridge, ruskin, Proust e Valéry, com algumas divagações para Murasaki ou para as sagas islandesas.

Tudo isso sem ter de fazer resenhas do último livro lançado nem publicações para o concurso de cátedra e nem trabalhos editoriasi sob contrato com prazos impossíveis. Essa pessoa bem-aventurada, para manter sua diata sem nenhuma contaminação, deveria abster-se de ler os jornais, não se deixar tentar nunca apelo último romance nem pela última pesquisa sociológica.

Seria preciso verificar quanto um rigor semelhante poderia ser justo e profícuo. O dia de hoje pode ser banal e mortificante, mas é sempre um ponto em que nos situamos para olhar para a frente ou para trás. Para poder ler os clássicos, temos de definir "de onde" eles estão sendo lidos, caso contrário tanto o livro quanto o leitor se perdem numa nuvem atemporal.

Assim, o rendimento máximo da leitura dos clássicos advém para aquele que sabe alaterná-la com a leitura de atualidades numa sábia dosagem. E isso não presume necessariamente uma equilibrada calma interior: pode ser também o fruto de um nervosismo impaciente, de uma insatisfação trepidante.

Talvez o ideal fosse captar a atualidade como o rumor do lado de fora da janela, que nos adverte dos engarrafamentos do trânsito e das mudanças do tempo, enquanto companhamos o discurso dos clássicos, que soa claro e articulado no interior da casa. Mas já é suficiente que a maioria perceba a presença dos clássicos como um reboar distante, fora do espaço invadido pelas atualidades como pela televisão a todo volume.

Acrescentemos então:

13 - É clássico aquilo que tende a relegar as atualidades à posição de barulho de fundo, mas ao mesmo tempo não pode prescindir desse barulho de fundo.

14 - É clássico aquilo que persiste como rumor mesmo onde predomina a atualidade mais incompatível.

Resta o fato de que ler os clássicos parece estar em contradição com nosso ritmo de vida, que não conhece os tempos longos, o respiro do otium humanista; e também em contradição com o ecletismo da nossa cultura, que jamais saberia redigir um catálogo do classissismo que nos interessa.

Eram as condições que se realizavam plenamente para Leopardi, dada a sua vida no solar paterno, o culto da antiguidade grega e latina e a formidável biblioteca doada pelo pai Monaldo, incluindo a literatura italiana completa, mas a francesa, com exclusão dos romances e em geral das novidades editoriais, relegadas no máximo a um papel secundário, para conforto da irmã ("o teu Stendhal", escrevia a Paolina).

Mesmo suas enormes curiosidades científicas e históricas, Giacomo as satisfazia com textos que não eram nunca demasiado up-to-date: os costumes dos pássaros de Buffon, as múmias de federico Ruysch em Fontenelle, a viagem de Colombo em Robertson.Hoje, uma educação clássica como a do jovem Leopardi é impensável, e sobretudo a biblioteca do conde Monaldo, explodiu.

Os velhos títulos foram dizimados, mas os novos se multiplicaram, proliferando em todas as literaturas e culturas modernas. Só nos resta inventar para cada um de nós uma biblioteca ideal de nossos clássicos; e diria que ela deveria incluir uma metade de livros que já lemos e que contaram para nós, e outra de livros que pretendemos ler e pressupomos possam vir a contar.

Separando uma seção a ser preenchida pelas surpresas, as descobertas ocasionais.Verifico que Leopardi é o único nome da literatura italiana que citei. Efeito da explosão da biblioteca. Agora deveria reescrever todo o artigo, deixando bem claro que os clássicos servem para entender quem somos e aonde chegamos e por isso os italianos são indispensáveis justamente para serem confrontados com os estrangeiros, e os estrangeiros são indispensáveis exatamente para serem confrontados com os italianos.

Depois deveria reescrevê-lo ainda uma vez para que não se pense que os clássicos devem ser lidos porque "servem" para qualquer coisa. A única razão que se pode apresentar é que ler os clássicos é melhor do que não ler os clássicos.

E se alguém objetar que não vale a pena tanto esforço, citarei Cioran (não um clássico, pelo menos por enquanto, mas um pensador contemporâneo que só agora começa a ser traduzido na Itália): "Enquanto era preparada a cicuta, Sócrates estava aprendendo uma ária com a flauta. 'Para que lhe servirá?', perguntaram-lhe. 'Para aprender esta ária antes de morrer'".

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Guia para aplicação do código de ética

GUIA DO PROFISSIONAL DA ARQUITETURA PARA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE ÉTICA

1º - Interessar-se pelo bem público e com tal finalidade contribuir com seus conhecimentos, capacidade e experiência para melhor servir à humanidade.

Em conexão com o cumprimento deste artigo, deve o profissional:

a - Cooperar para o progresso da coletividade, trazendo seu concurso intelectual e material para as obras de cultura, ilustração técnica, ciência aplicada e investigação científica.

b - Despender o máximo de seus esforços no sentido de auxiliar a coletividade na compreensão correta dos aspectos técnicos e assuntos relativos à profissão e seu exercício.


c - Não se expressar publicamente sobre os assuntos técnicos sem estar devidamente capacitado para tal e, quando solicitado a emitir sua opinião, somente fazê-lo com conhecimento da finalidade da solicitação e se em benefício da coletividade.

2º - Considerar a profissão como alto título de honra e não praticar nem permitir a prática de atos que comprometam a sua dignidade.

Em conexão com o cumprimento deste artigo, deve o profissional:

a - Cooperar para o progresso da profissão, mediante o intercâmbio de informações sobre os seus conhecimentos e tirocínio, e contribuição de trabalho às associações de classe, escolas e órgãos de divulgação técnica e científica.

b - Prestigiar as Entidades de Classe, contribuindo, sempre que solicitado, para o sucesso das suas iniciativas em proveito da profissão, dos profissionais e da coletividade.

c - Não nomear nem contribuir para que se nomeiem pessoas que não tenham a necessária habilitação profissional para cargos rigorosamente técnicos.

d - Não se associar a qualquer empreendimento de caráter duvidoso ou que não se coadune com os princípios da ética.

e - Não aceitar tarefas para as quais não esteja preparado ou que não se ajustem às disposições vigentes, ou ainda que possam prestar-se a malícia ou dolo.

f - Não subscrever, não expedir, nem contribuir para que se expeçam títulos, diplomas, licenças ou atestados de idoneidade profissional, senão a pessoas que preencham os requisitos indispensáveis para exercer a profissão.

g - Realizar de maneira digna a publicidade que efetue de sua empresa ou atividade profissional, impedindo toda e qualquer manifestação que possa comprometer o conceito da sua profissão ou de colegas.

h - Não utilizar sua posição para obter vantagens pessoais, quando ocupar um cargo ou função em organização profissional.

3º - Não cometer ou contribuir para que se cometam injustiças contra colegas.

Em conexão com o cumprimento deste artigo, deve o profissional:

a - Não prejudicar, de maneira falsa ou maliciosa, direta ou indiretamente, a reputação, a situação ou atividade de um colega.

b - Não criticar de maneira desleal os trabalhos de outro profissional ou as determinações do que tenha atribuições superiores.

c - Não se interpor entre outros profissionais e seus clientes sem ser solicitada sua intervenção e, neste caso, evitar, na medida do possível, que se cometa injustiça.

4º - Não praticar qualquer ato que, direta ou indiretamente, possa prejudicar legítimos interesses de outros profissionais.

Em conexão com o cumprimento deste artigo, deve o profissional:

a - Não se aproveitar nem concorrer para que se aproveitem de idéias, planos ou projetos de autoria de outros profissionais, sem a necessária citação ou autorização expressa.

b - Não injuriar outro profissional, nem criticar de maneira desprimorosa sua atuação ou a de entidade de classe.

c - Não substituir profissional em trabalho já iniciado, sem seu conhecimento prévio.

d - Não solicitar nem pleitear cargo desempenhado por outro profissional.

e - Não procurar suplantar outro profissional depois de ter este tomado providências para a obtenção de emprego ou serviço.

f - Não tentar obter emprego ou serviço à base de menores salários ou honorários, nem pelo desmerecimento da capacidade alheia.

g - Não rever ou corrigir o trabalho de outro profissional, salvo com o consentimento deste e sempre após o término de suas funções.

h - Não intervir num projeto em detrimento de outros profissionais que já tenham atuado ativamente em sua elaboração, tendo presentes os preceitos legais vigentes.

5º - Não solicitar nem submeter propostas contendo condições que constituam competição de preços por serviços profissionais.

Em conexão com o cumprimento deste artigo, deve o profissional:

a - Não competir por meio de reduções de remuneração ou qualquer outra forma de concessão.

b - Não propor serviços por redução de preços, após haver conhecido propostas de outros profissionais.

c - Manter-se atualizado quanto a tabelas de honorários, salários e dados de custo recomendados pelos Órgãos de Classe competentes e adotá-los como base para serviços profissionais.

6º - Atuar dentro da melhor técnica e do mais elevado espírito público, devendo quando Consultor, limitar seus pareceres às matérias específicas que tenham sido objeto da consulta.

Em conexão com o cumprimento deste artigo, deve o profissional:

a - Na qualidade de consultor, perito ou árbitro independente, agir com absoluta imparcialidade e não levar em conta nenhuma consideração de ordem pessoal.

b - Quando servir em julgamento, perícia ou comissão técnica, somente expressar a sua opinião se baseada em conhecimentos adequados e convicção honesta.

c - Não atuar como consultor sem o conhecimento dos profissionais encarregados diretamente dos serviços.

d - Se atuar como consultor em outro país, observar as normas nele vigentes sobre conduta profissional.

e - Por serviços prestados em outro país, não utilizar nenhum processo de promoção, publicidade ou divulgação diverso do que for admitido pelas normas do referido país.

7º - Exercer o trabalho profissional com lealdade, dedicação e honestidade para com seus clientes e empregadores ou chefes, e com o espírito de justiça e eqüidade para com os contratantes e empreiteiros.

Em conexão com o cumprimento deste artigo, deve o profissional:

a - Considerar como confidencial toda informação técnica, financeira ou de outra natureza, que obtenha sobre os interesses de seu cliente ou empregador.

b - Receber somente de uma única fonte honorários ou compensações pelo mesmo serviço prestado, salvo se, para proceder de modo diverso, tiver havido consentimento de todas as partes interessadas.

c - Não receber de empreiteiros, fornecedores ou de entidades relacionadas com a transação em causa, comissões, descontos, serviços ou outro favorecimento, nem apresentar qualquer proposta nesse sentido.

d - Prevenir seu empregador, colega interessado ou cliente das conseqüências que possam advir do não acolhimento de parecer ou projeto de sua autoria.

e - Não praticar quaisquer atos que possam comprometer a confiança que lhe é depositada pelo seu cliente ou empregador.

8º - Ter sempre em vista o bem-estar e o progresso funcional dos seus empregados ou subordinados e tratá-los com retidão, justiça e humanidade.

Em conexão com o cumprimento deste artigo, deve o profissional:

a - Facilitar e estimular a atividade funcional de seus empregados, não criando obstáculos aos seus anseios de promoção e melhoria.

b - Defender o princípio de fixar para seus subordinados ou empregados, sem distinção, salários adequados à responsabilidade, à eficiência e ao grau de perfeição do serviço que executam.

c - Reconhecer e respeitar os direitos de seus empregados ou subordinados no que concerne às liberdades civis, individuais, políticas, religiosas, de pensamento e de associação.

d - Não utilizar sua condição de empregador ou chefe para desrespeitar a dignidade de subordinado seu, nem para induzir um profissional a infringir qualquer dispositivo deste Código.

9º - Colocar-se a par da legislação que rege o exercício profissional da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia, visando a cumpri-la corretamente e colaborar para sua atualização e aperfeiçoamento.

Em conexão com o cumprimento deste artigo, deve o profissional:

a - Manter-se em dia com a legislação vigente e procurar difundi-la, afim de que seja prestigiado e defendido o legítimo exercício da profissão.

b - Procurar colaborar com os órgãos incumbidos da aplicação da lei de regulamentação do exercício profissional e promover, pelo seu voto nas entidades de classe, a melhor composição daqueles órgãos.

c - Ter sempre presente que as infrações deste Código de Ética serão julgadas pelas Câmaras Especializadas instituídas nos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CREAs - cabendo recurso para os referidos Conselhos Regionais e, em última instância, para o CONFEA - Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - conforme dispõe a legislação vigente.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Código de Ética do Arquiteto

O assunto predominante do mês de novembro foi a Ética. E a razão disto é clara e evidente. Basta olhar como estamos terminando o ano e fazer uma retrospectiva de tudo o que aconteceu no cenário nacional e regional.

Quando os valores que regem as relações humanas são transgredidos descaradamente em prol de interesses nada transparentes, torna-se necessário visitar e revisitar este tema. Então, para fechar a série sobre ética trago agora o código de ética da profissão de arquiteto.

Quando outras bandeiras institucionais já não são suficientes para manter o equilíbrio entre as relações humanas e profissionais, temos que lembrar, sempre, que diante de um signo maior deveremos, mais cedo, ou mais tarde, prestar contas.

Então vamos lá:

CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO ARQUITETO
Instituído pela Resolução nº 205 de 30 de setembro de 1971, emanada do CONFEA, na forma prevista na letra "n" do artigo 27 da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966.

SÃO DEVERES DOS PROFISSIONAIS DA ARQUITETURA:

1º - Interessar-se pelo bem público e com tal finalidade contribuir com seus conhecimentos, capacidade e experiência para melhor servir à humanidade.

2º - Considerar a profissão como alto título de honra e não praticar nem permitir a prática de atos que comprometam a sua dignidade.

3º - Não cometer ou contribuir para que se cometam injustiças contra colegas.

4º - Não praticar qualquer ato que, direta ou indiretamente, possa prejudicar legítimos interesses de outros profissionais.

5º - Não solicitar nem submeter propostas contendo condições que constituam competição de preços por serviços profissionais.

- Atuar dentro da melhor técnica e do mais elevado espírito público, devendo, quando Consultor, limitar seus pareceres às matérias específicas que tenham sido objeto da consulta.

7º - Exercer o trabalho profissional com lealdade, dedicação e honestidade para com seus clientes e empregadores e chefes, e com o espírito de justiça e eqüidade para com os contratantes e empreiteiros.

8º - Ter sempre em vista o bem-estar e o progresso funcional dos seus empregados ou subordinados e tratá-los com retidão, justiça e humanidade.


9º - Colocar-se a par da legislação que rege o exercício profissional da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia, visando a cumpri-la corretamente e colaborar para sua atualização e aperfeiçoamento.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Roda Viva

Chico Burque

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...

A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...

A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...

No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...(4x)

domingo, 16 de novembro de 2008

Canção da despedida

Geraldo Vandré

Já vou embora, mas sei que vou voltar
Amor não chora, se eu volto é pra ficar
Amor não chora, que a hora é de deixar
O amor de agora, pra sempre ele ficar
Eu quis ficar aqui, mas não podia
O meu caminho a ti, não conduzia
Um rei mal coroado,
Não queria
O amor em seu reinado
Pois sabia
Não ia ser amado
Amor não chora, eu volto um dia
O rei velho e cansado já morria
Perdido em seu reinado
Sem Maria
Quando eu me despedia
No meu canto lhe dizia
Já vou embora, mas sei que vou voltar
Amor não chora, se eu volto é pra ficar
Amor não chora, que a hora é de deixar
O amor de agora, pra sempre ele ficar

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

As cidades invisíveis

Italo Calvino

O viajante veneziano Marco Polo descreve para o imperador Kublai Khan as cidades que visitara. O desejo de Khan é montar o império perfeito a partir dos relatos que ouve. São lugares imaginários, sempre com nome de mulher Pentesiléia, Cecília, Leônia. Os relatos curtos são agrupados por blocos: as cidades e a memória, as cidades delgadas, as cidades e as trocas, as cidades e os mortos, as cidades e o céu.

Síntese

No século 13, após uma viagem que teria durado 30 meses, o mercador veneziano Marco Polo chegou às portas do Extremo Oriente e conheceu a capital do imenso império de Kublai Khan: Cambaluc, atual Pequim. Lá o jovem Marco permaneceu por 17 anos, desempenhando importantes funções diplomáticas na corte do Grande Khan. Isso é o que está registrado nos compêndios de história.

Em As Cidades Invisíveis (1972), Italo Calvino extrapola os fatos possíveis e imagina um diálogo fantástico entre "o maior viajante de todos os tempos" e o famoso imperador dos tártaros. Melancólico por não poder ver com os próprios olhos toda a extensão dos seus domínios, Kublai Khan faz de Marco Polo o seu telescópio, o instrumento que irá franquear-lhe as maravilhas de seu império.

Polo então começa a descrever minuciosamente 55 cidades por onde teria passado, agrupadas numa série de 11 temas: "as cidades e a memória", "as cidades e o céu", "as cidades e o mortos" etc. As visões, projetadas numa rigorosa arte combinatória, bebem de muitas fontes, desde as Mil e Uma Noites até as megalópoles que vemos no cinema. O resultado é um livro extraordinário e indefinível.

Em nenhuma outra obra Italo Calvino levou tão longe os valores que considerava fundamentais à sobrevivência da "espécie literária": leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade e consistência. O leitor verá que é impossível não se perder nessas cidades, como é impossível não se enredar nessas teias de palavras.

Trechos do livro
Capítulo 1

Não se sabe se Kublai Khan acredita em tudo o que diz Marco Polo quando este lhe descreve as cidades visitadas em suas missões diplomáticas, mas o imperador dos tártaros certamente continua a ouvir o jovem veneziano com maior curiosidade e atenção do que a qualquer outro de seus enviados ou exploradores.

Existe um momento na vida dos imperadores que se segue ao orgulho pela imensa amplitude dos territórios que conquistamos, à melancolia e ao alívio de saber que em breve desistiremos de conhecê-los e compreendê-los, uma sensação de vazio que surge ao calar da noite com o odor dos elefantes após a chuva e das cinzas de sândalo que se resfriam nos braseiros, uma vertigem que faz estremecer os rios e as montanhas historiadas nos fulvos dorsos dos planisférios, enrolando um depois do outro os despachos que anunciam o aniquilamento dos últimos exércitos inimigos de derrota em derrota, e abrindo o lacre dos sinetes de reis dos quais nunca se ouviu falar e que imploram a proteção das nossas armadas avançadas em troca de impostos anuais de metais preciosos, peles curtidas e cascos de tartarugas: é o desesperado momento em que se descobre que este império, que nos parecia a soma de todas as maravilhas, é um esfacelo sem fim e sem forma, que a sua corrupção é gangrenosa demais para ser remediada pelo nosso cetro, que o triunfo sobre os soberanos adversários nos fez herdeiros de suas prolongadas ruínas. Somente nos relatórios de Marco Polo, Kublai Khan conseguia discernir, através das muralhas e das torres destinadas a desmoronar, a filigrana de um desenho tão fino ao ponto de evitar as mordidas dos cupins.

As cidades e a memória - 1

Partindo dali e caminhando por três dias em direção ao levante, encontra-se Diomira, cidade com sessenta cúpulas de prata, estátuas de bronze de todos os deuses, ruas lajeadas de estanho, um teatro de cristal, um galo de ouro que canta todas as manhãs no alto de uma torre. Todas essas belezas o viajante já conhece por tê-las visto em outras cidades. Mas a peculiaridade desta é que quem chega numa noite de setembro, quando os dias se tornam mais curtos e as lâmpadas multicoloridas se acendem juntas nas portas das tabernas, e de um terraço ouve-se a voz de uma mulher que grita: uh!, é levado a invejar aqueles que imaginam ter vivido uma noite igual a esta e que na ocasião se sentiram felizes.

As cidades e a memória - 2

O homem que cavalga longamente por terrenos selváticos sente o desejo de uma cidade. Finalmente, chega a Isidora, cidade onde os palácios têm escadas em caracol incrustadas de caracóis marinhos, onde se fabricam à perfeição binóculos e violinos, onde quando um estrangeiro está incerto entre duas mulheres sempre encontra uma terceira, onde as brigas de galo se degeneram em lutas sanguinosas entre os apostadores. Ele pensava em todas essas coisas quando desejava uma cidade. Isidora, portanto, é a cidade de seus sonhos: com uma diferença. A cidade sonhada o possuía jovem; em Isidora, chega em idade avançada. Na praça, há o murinho dos velhos que vêem a juventude passar; ele está sentado ao lado deles. Os desejos agora são recordações.

As cidades e o desejo - 1

Da cidade de Dorotéia, pode-se falar de duas maneiras: dizer que quatro torres de alumínio erguem-se de suas muralhas flanqueando sete portas com pontes levadiças que transpõem o fosso cuja água verde alimenta quatro canais que atravessam a cidade e a dividem em nove bairros, cada qual com trezentas casas e setecentas chaminés; e, levando-se em conta que as moças núbeis de um bairro se casam com jovens dos outros bairros e que as suas famílias trocam as mercadorias exclusivas que possuem: bergamotas, ovas de esturjão, astrolábios, ametistas, fazer cálculos a partir desses dados até obter todas as informações a respeito da cidade no passado no presente no futuro; ou então dizer, como fez o cameleiro que me conduziu até ali: "Cheguei aqui na minha juventude, uma manhã; muita gente caminhava rapidamente pelas ruas em direção ao mercado, as mulheres tinham lindos dentes e olhavam nos olhos, três soldados tocavam clarim num palco, em todos os lugares ali em torno rodas giravam e desfraldavam-se escritas coloridas. Antes disso, não conhecia nada além do deserto e das trilhas das caravanas. Aquela manhã em Dorotéia senti que não havia bem que não pudesse esperar da vida. Nos anos seguintes meus olhos voltaram a contemplar as extensões do deserto e as trilhas das caravanas; mas agora sei que esta é apenas uma das muitas estradas que naquela manhã se abriam para mim em Dorotéia".

As cidades e a memória - 3

Inutilmente, magnânimo Kublai, tentarei descrever a cidade de Zaíra dos altos bastiões. Poderia falar de quantos degraus são feitas as ruas em forma de escada, da circunferência dos arcos dos pórticos, de quais lâminas de zinco são recobertos os tetos; mas sei que seria o mesmo que não dizer nada. A cidade não é feita disso, mas das relações entre as medidas de seu espaço e os acontecimentos do passado: a distância do solo até um lampião e os pés pendentes de um usurpador enforcado; o fio esticado do lampião à balaustrada em frente e os festões que empavesavam o percurso do cortejo nupcial da rainha; a altura daquela balaustrada e o salto do adúltero que foge de madrugada; a inclinação de um canal que escoa a água das chuvas e o passo majestoso de um gato que se introduz numa janela; a linha de tiro da canhoneira que surge inesperadamente atrás do cabo e a bomba que destrói o canal; os rasgos nas redes de pesca e os três velhos remendando as redes que, sentados no molhe, contam pela milésima vez a história da canhoneira do usurpador, que dizem ser o filho ilegítimo da rainha, abandonado de cueiro ali sobre o molhe.

A cidade se embebe como uma esponja dessa onda que reflui das recordações e se dilata. Uma descrição de Zaíra como é atualmente deveria conter todo o passado de Zaíra. Mas a cidade não conta o seu passado, ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas, nas grades das janelas, nos corrimãos das escadas, nas antenas dos pára-raios, nos mastros das bandeiras, cada segmento riscado por arranhões, serradelas, entalhes, esfoladuras.

As cidades e o desejo - 2

A três dias de distância, caminhando em direção ao sul, encontra-se Anastácia, cidade banhada por canais concêntricos e sobrevoada por pipas. Eu deveria enumerar as mercadorias que aqui se compram a preços vantajosos: ágata ônix crisópraso e outras variedades de calcedônia; deveria louvar a carne do faisão dourado que aqui se cozinha na lenha seca da cerejeira e se salpica com muito orégano; falar das mulheres que vi tomar banho no tanque de um jardim e que às vezes convidam - diz-se - o viajante a despir-se com elas e persegui-las dentro da água. Mas com essas notícias não falaria da verdadeira essência da cidade: porque, enquanto a descrição de Anastácia desperta uma série de desejos que deverão ser reprimidos, quem se encontra uma manhã no centro de Anastácia será circundado por desejos que se despertam simultaneamente.

A cidade aparece como um todo no qual nenhum desejo é desperdiçado e do qual você faz parte, e, uma vez que aqui se goza tudo o que não se goza em outros lugares, não resta nada além de residir nesse desejo e se satisfazer. Anastácia, cidade enganosa, tem um poder, que às vezes se diz maligno e outras vezes benigno: se você trabalha oito horas por dia como minerador de ágatas ônix crisóprasos, a fadiga que dá forma aos seus desejos toma dos desejos a sua forma, e você acha que está se divertindo em Anastácia quando não passa de seu escravo.

As cidades e os símbolos - 1

Caminha-se por vários dias entre árvores e pedras. Raramente o olhar se fixa numa coisa, e, quando isso acontece, ela é reconhecida pelo símbolo de alguma outra coisa: a pegada na areia indica a passagem de um tigre; o pântano anuncia uma veia de água; a flor do hibisco, o fim do inverno. O resto é mudo e intercambiável - árvores e pedras são apenas aquilo que são.

Finalmente, a viagem conduz à cidade de Tamara. Penetra-se por ruas cheias de placas que pendem das paredes. Os olhos não vêem coisas mas figuras de coisas que significam outras coisas: o torquês indica a casa do tira-dentes; o jarro, a taberna; as alabardas, o corpo de guarda; a balança, a quitanda. Estátuas e escudos reproduzem imagens de leões delfins torres estrelas: símbolo de que alguma coisa - sabe-se lá o quê - tem como símbolo um leão ou delfim ou torre ou estrela. Outros símbolos advertem aquilo que é proibido em algum lugar - entrar na viela com carroças, urinar atrás do quiosque, pescar com vara na ponte --e aquilo que é permitido-- dar de beber às zebras, jogar bocha, incinerar o cadáver dos parentes. Na porta dos templos, vêem-se as estátuas dos deuses, cada qual representado com seus atributos: a cornucópia, a ampulheta, a medusa, pelos quais os fiéis podem reconhecê-los e dirigir-lhes a oração adequada.

Se um edifício não contém nenhuma insígnia ou figura, a sua forma e o lugar que ocupa na organização da cidade bastam para indicar a sua função: o palácio real, a prisão, a casa da moeda, a escola pitagórica, o bordel. Mesmo as mercadorias que os vendedores expõem em suas bancas valem não por si próprias mas como símbolos de outras coisas: a tira bordada para a testa significa elegância; a liteira dourada, poder; os volumes de Averróis, sabedoria; a pulseira para o tornozelo, voluptuosidade. O olhar percorre as ruas como se fossem páginas escritas: a cidade diz tudo o que você deve pensar, faz você repetir o discurso, e, enquanto você acredita estar visitando Tamara, não faz nada além de registrar os nomes com os quais ela define a si própria e todas as suas partes.

Como é realmente a cidade sob esse carregado invólucro de símbolos, o que contém e o que esconde, ao se sair de Tamara é impossível saber. Do lado de fora, a terra estende-se vazia até o horizonte, abre-se o céu onde correm as nuvens. Nas formas que o acaso e o vento dão às nuvens, o homem se propõe a reconhecer figuras: veleiro, mão, elefante...

As cidades e a memória - 4

Ao se transporem seis rios e três cadeias de montanhas, surge Zora, cidade que quem viu uma vez nunca mais consegue esquecer. Mas não porque deixe, como outras cidades memoráveis, uma imagem extraordinária nas recordações. Zora tem a propriedade de permanecer na memória ponto por ponto, na sucessão das ruas e das casas ao longo das ruas e das portas e janelas das casas, apesar de não demonstrar particular beleza ou raridade. O seu segredo é o modo pelo qual o olhar percorre as figuras que se sucedem como uma partitura musical da qual não se pode modificar ou deslocar nenhuma nota.

Quem sabe de cor como é feita Zora, à noite, quando não consegue dormir, imagina caminhar por suas ruas e recorda a seqüência em que se sucedem o relógio de ramos, a tenda listrada do barbeiro, o esguicho de nove borrifos, a torre de vidro do astrônomo, o quiosque do vendedor de melancias, a estátua do eremita e do leão, o banho turco, o café da esquina, a travessa que leva ao porto.

Essa cidade que não se elimina da cabeça é como uma armadura ou um retículo em cujos espaços cada um pode colocar as coisas que deseja recordar: nomes de homens ilustres, virtudes, números, classificações vegetais e minerais, datas de batalhas, constelações, partes do discurso. Entre cada noção e cada ponto do itinerário pode-se estabelecer uma relação de afinidades ou de contrastes que sirva de evocação à memória. De modo que os homens mais sábios do mundo são os que conhecem Zora de cor.

Mas foi inútil a minha viagem para visitar a cidade: obrigada a permanecer imóvel e imutável para facilitar a memorização, Zora definhou, desfez-se e sumiu. Foi esquecida pelo mundo.

As cidades e o desejo - 3

Há duas maneiras de se alcançar Despina: de navio ou de camelo. A cidade se apresenta de forma diferente para quem chega por terra ou por mar.

O cameleiro que vê despontar no horizonte do planalto os pináculos dos arranha-céus, as antenas de radar, os sobressaltos das birutas brancas e vermelhas, a fumaça das chaminés, imagina um navio; sabe que é uma cidade, mas a imagina como uma embarcação que pode afastá-lo do deserto, um veleiro que esteja para zarpar, com o vento que enche as suas velas ainda não completamente soltas, ou um navio a vapor com a caldeira que vibra na carena de ferro, e imagina todos os portos, as mercadorias ultramarinas que os guindastes descarregam nos cais, as tabernas em que tripulações de diferentes bandeiras quebram garrafas na cabeça umas das outras, as janelas térreas iluminadas, cada uma com uma mulher que se penteia.

Na neblina costeira, o marinheiro distingue a forma da corcunda de um camelo, de uma sela bordada de franjas refulgentes entre duas corcundas malhadas que avançam balançando; sabe que é uma cidade, mas a imagina como um camelo de cuja albarda pendem odres e alforjes de fruta cristalizada, vinho de tâmaras, folhas de tabaco, e vê-se ao comando de uma longa caravana que o afasta do deserto do mar rumo a um oásis de água doce à sombra cerrada das palmeiras, rumo a palácios de espessas paredes caiadas, de pátios azulejados onde as bailarinas dançam descalças e movem os braços para dentro e para fora do véu.

Cada cidade recebe a forma do deserto a que se opõe; é assim que o cameleiro e o marinheiro vêem Despina, cidade de confim entre dois desertos.

As cidades e os símbolos - 2

Da cidade de Zirma, os viajantes retornam com memórias bastante diferentes: um negro cego que grita na multidão, um louco debruçado na cornija de um arranha-céu, uma moça que passeia com um puma na coleira. Na realidade, muitos dos cegos que batem as bengalas nas calçadas de Zirma são negros, em cada arranha-céu há alguém que enlouquece, todos os loucos passam horas nas cornijas, não há puma que não seja criado pelo capricho de uma moça. A cidade é redundante: repete-se para fixar alguma imagem na mente.

Também retorno de Zirma: minha memória contém dirigíveis que voam em todas as direções à altura das janelas, ruas de lojas em que se desenham tatuagens na pele dos marinheiros, trens subterrâneos apinhados de mulheres obesas entregues ao mormaço. Meus companheiros de viagem, por sua vez, juram ter visto somente um dirigível flutuar entre os pináculos da cidade, somente um tatuador dispor agulhas e tintas e desenhos perfurados sobre a sua mesa, somente uma mulher-canhão ventilar-se sobre a plataforma de um vagão. A memória é redundante: repete os símbolos para que a cidade comece a existir.

As cidades delgadas - 1

Presume-se que Isaura, cidade dos mil poços, esteja situada em cima de um profundo lago subterrâneo. A cidade se estendeu exclusivamente até os lugares em que os habitantes conseguiram extrair água escavando na terra longos buracos verticais: o seu perímetro verdejante reproduz o das margens escuras do lago submerso, uma paisagem invisível condiciona a paisagem visível, tudo o que se move à luz do sol é impelido pelas ondas enclausuradas que quebram sob o céu calcário das rochas.

Em conseqüência disso, Isaura apresenta duas religiões diferentes. Os deuses da cidade, segundo alguns, vivem nas profundidades, no lago negro que nutre as veias subterrâneas. Segundo outros, os deuses vivem nos baldes que, erguidos pelas cordas, surgem nos parapeitos dos poços, nas roldanas que giram, nos alcatruzes das noras, nas alavancas das bombas, nas pás dos moinhos de vento que puxam a água das escavações, nas torres de andaimes que sustentam a perfuração das sondas, nos reservatórios suspensos por andas no alto dos edifícios, nos estreitos arcos dos aquedutos, em todas as colunas de água, tubos verticais, tranquetas, registros, até alcançar os cataventos acima dos andaimes de Isaura, cidade que se move para o alto.

Enviados para inspecionar as províncias mais remotas, os mensageiros e os arrecadadores de impostos do Grande Khan retornavam pontualmente ao palácio real de Kemenfu e aos jardins de magnólias em cuja sombra Kublai passeava enquanto ouvia os seus longos relatos. Os embaixadores eram persas armênios sírios coptas turcomanos; o imperador é aquele que é estrangeiro para cada um de seus súditos e somente por meio de olhos e ouvidos estrangeiros o império podia manifestar a sua existência para Kublai. Em línguas incompreensíveis para o Khan, os mensageiros referiam notícias ouvidas em línguas que lhes eram incompreensíveis: desse opaco espessor sonoro emergiam as cifras arrecadadas pelo fisco imperial, os nomes e os patronímicos dos funcionários depostos e decapitados, as dimensões dos canais de irrigação que os rios magros nutriam em tempos de seca. Mas, quando o relatório era feito pelo jovem veneziano, entre o imperador e ele estabelecia-se uma comunicação diferente.

Recém-chegado e ignorando completamente as línguas do Levante, Marco Polo não podia se exprimir de outra maneira senão com gestos, saltos, gritos de maravilha e de horror, latidos e vozes de animais, ou com objetos que ia extraindo dos alforjes: plumas de avestruz, zarabatanas e quartzos, que dispunha diante de si como peças de xadrez. Ao retornar das missões designadas por Kublai, o engenhoso estrangeiro improvisava pantomimas que o soberano precisava interpretar: uma cidade era assinalada pelo salto de um peixe que escapava do bico de um cormorão para cair numa rede, outra cidade por um homem nu que atravessava o fogo sem se queimar, uma terceira por um crânio que mordia entre os dentes verdes de mofo uma pérola alva e redonda. O Grande Khan decifrava os símbolos, porém a relação entre estes e os lugares visitados restava incerta: nunca sabia se Marco queria representar uma aventura ocorrida durante a viagem, uma façanha do fundador da cidade, a profecia de um astrólogo, um rébus ou uma charada para indicar um nome. Mas, fosse evidente ou obscuro, tudo o que Marco mostrava tinha o poder dos emblemas, que uma vez vistos não podem ser esquecidos ou confundidos. Na mente do Khan, o império correspondia a um deserto de dados lábeis e intercambiáveis, como grãos de areia que formavam, para cada cidade e província, as figuras evocadas pelos logogrifos do veneziano.

Com o passar das estações e das missões diplomáticas, Marco adestrou-se na língua tártara e em muitos idiomas de nações e dialetos de tribos. As suas eram as narrativas mais precisas e minuciosas que o Grande Khan podia desejar, e não havia questão ou curiosidade à qual não respondessem. Contudo, cada notícia a respeito de um lugar trazia à mente do imperador o primeiro gesto ou objeto com o qual o lugar fora apresentado por Marco. O novo dado ganhava um sentido daquele emblema e ao mesmo tempo acrescentava um novo sentido ao emblema. O império, pensou Kublai, talvez não passe de um zodíaco de fantasmas da mente.

- Quando conhecer todos os emblemas - perguntou a Marco -, conseguirei possuir o meu império, finalmente?

E o veneziano:

- Não creio: nesse dia, Vossa Alteza será um emblema entre os emblemas.

ITALO CALVINO

O escritor Italo Calvino nasceu em 1923, em Cuba, por onde seus pais, cientistas italianos, estavam de passagem. Sua infância foi em San Remo, na Itália. Em 1941, matricula-se na Faculdade de Agronomia de Turim; mas abandona os estudos ao engajar-se na Resistência Italiana contra o exército nazista. Ao final da guerra, Calvino vai morar em Turim, onde se doutora em letras com uma tese sobre Joseph Conrad.
Em 1947, lança seu primeiro livro, inspirado em sua participação na Resistência. Passa a trabalhar para o jornal comunista L'Unità e, depois, na editora Einaudi. Só a partir dos anos 1950 Calvino começaria a escrever as obras que o tornaram famoso internacionalmente. Seus primeiros grandes sucessos são O Visconde Partido ao Meio (1952), O Barão nas Árvores (1957) e O Cavaleiro Inexistente (1959).

Em 1956, Calvino se desliga do Partido Comunista. Em 1972, publica Cidades Invisíveis. Se um Viajante numa Noite de Inverno, de 1979, explora com ironia a relação do leitor com a obra literária. Palomar é de 1983. Traduzidos para inúmeras línguas, os três têm lugar de destaque no repertório da literatura pós-moderna da Europa.

Calvino morreu em 1985, consagrado como um dos mais importantes escritores italianos do século 20. Entre seus muitos outros livros incluem-se Seis Propostas para o Próximo Milênio, Amores Difíceis e O Castelo dos Destinos Cruzados.

Folha de São Paulo