sábado, 31 de dezembro de 2011

Receita de Ano Novo

Carlos Drummond de Andrade

"Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre."

Aos meus amigos de fé e irmãos camaradas um 2012 repleto de paz, alegria, saúde, trabalho, amigos, grana, coragem, lucidez e muito amor nos corações!! Que possamos estar mais juntos, mais alegres, mais saudáveis, mais íntegros e mais bonitos!!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Oração ao Tempo

Caetano Veloso

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Novos procedimentos para o CAU/BR

Em 31 de dezembro de 2010, após seis anos de tramitação legislativa e diversas audiências públicas realizadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, o Presidente da República sancionou a Lei nº 12.378/2010, que regulamenta o exercício da Arquitetura e Urbanismo, cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal - CAU/UFs.

A Lei 12.378/2010 delegou o gerenciamento do processo de transição e a organização do primeiro processo eleitoral do CAU à Coordenadoria Nacional das Câmaras Especializadas de Arquitetura do Sistema Confea/Creas - CCEArq, com a participação das entidades nacionais de arquitetos: IAB, FNA, AsBea, Abea e Abap.

As eleições aconteceram no prazo determinado pela Lei, em 26 de outubro de 2011, com a participação de mais de 56.000 arquitetos e urbanistas - cumprindo com êxito a determinação legal. Apesar de exitoso o processo eleitoral, a transição para a implantação do CAU nos Estados e no Distrito Federal, que deveria ter acontecido em 2011, ficou prejudicada em função das divergências de entendimentos entre o Sistema Confea/Creas e a Comissão formada pela CCEArq e as Entidades.

Nestes termos, a transição acontecerá a partir de agora, mediante o estabelecimento de acordos com os Creas, estimando-se que até junho de 2012 esteja concluída. As parcerias com os Creas incluirão a assinatura de convênios com os quais pretendemos reduzir eventuais incômodos para a Sociedade, para os arquitetos e para toda a cadeia produtiva iniciada com o projeto arquitetônico e suas especificações.

Até o presente momento estão previstos convênios entre o CAU e os Creas das seguintes Unidades da Federação: AC, AM, AP, CE, DF, GO, MA, MG, MS, PB, PE, PI, PR, RN, SC e SE. Nestas localidades a transição tardia ocorrerá mais tranquilamente, pois contará com o espírito público que sempre deveria orientar ações de interesse coletivo entre autarquias do Estado Brasileiro.

Não obstante as parcerias entre os CAU/UFs e diversos Creas, já serão progressivamente implantados em todas as Unidades da Federação os novos procedimentos de atuação em desenvolvimento para o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, conforme descritos abaixo.

NOVOS PROCEDIMENTOS

Em 22 de dezembro de 2011, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil iniciará a instalação dos novos instrumentos de relacionamento com os arquitetos e empresas de arquitetura via Internet, ativando o primeiro Módulo do Sistema de Comunicação e Informação do CAU - SICCAU.

Este Módulo Corporativo conterá funcionalidades básicas e estará disponível na rede mundial de computadores prestando os seguintes serviços:

1. Preenchimento de Registro de Responsabilidades Técnica - RRT de obra ou serviço (instrumento que substitui a tradicional ART, conforme determinação da Lei 12.378/2010);

2. Consulta de RRTs, dados pessoais, registros profissionais;

3. Solicitação de Certidões de Registro Profissional e de Quitação;

4. Solicitação de Certidão de Acervo Técnico - CAT sem atestado;

5. Visualização de dados resumidos e completos referentes às suas informações cadastrais.

Nota:

As Certidões de Registro e de Quitação para as empresas serão disponibilizadas apenas nos Estados de AL, AP, GO, MA, MG, PB, PI, PR, RN, RR, RS, SE - que correspondem aos Creas que enviaram os cadastros para os respectivos CAU/UFs. Tão logo os demais Creas enviem os cadastros das empresas de seus Estados, estes serviços serão prestados também às suas empresas.

Outros serviços e funcionalidades serão implantados gradativamente, em cronograma a ser publicado nos sítios dos CAU/UFs na Internet. O acesso ao Módulo Corporativo do SICCAU e às demais informações se dará através dos sítios provisórios dos CAU/UFs, pelos endereços "www.cauUF.org.br" - por exemplo: www.caurj.org.br, www.causp.org.br, www.causc.org.br, www.caupe.org.br e assim por diante.

Os arquitetos e urbanistas deverão acessar o SICCAU com os respectivos números de CPF e as empresas com o de CNPJ. A forma de obtenção dos serviços do SICCAU é auto-explicativa, não necessitando treinamento.

Nota: O banco de dados cadastral que alimentará o Módulo Corporativo do SICCAU será o mesmo utilizado no Processo Eleitoral do CAU, fornecido pelo Sistema Confea/Creas. Para superar eventuais desatualizações no banco de dados, o SICCAU solicitará que o profissional atualize seus dados, principalmente seu endereço eletrônico, pois será através dele que o SICCAU enviará a senha de acesso ao sistema para cada profissional arquiteto e urbanista.

Nesta oportunidade, solicitamos o especial apoio dos arquitetos atuantes no Brasil e sua compreensão para eventuais dificuldades que possam acontecer nesse período de transição, pois estaremos atentos para resolvê-las no menor espaço de tempo possível.

Brasília, em 17 de dezembro de 2012.
Haroldo Pinheiro Villar de Queiroz
Presidente Eleito do CAU/BR

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Ainda sobre honorários...

No sábado passado, publiquei um texto do Arquiteto Vilanova Artigas cujo conteúdo versava sobre a importância de se contratar um arquiteto e de se fazer uma boa e adequada contratação, considerando valores compatíveis com o escopo do trabalho. Não imaginei que este texto fosse ter tanta repercussão e fosse gerar tantos e-mails de colegas, também, indignados com a variação absurda de valores de honorários praticados inadvertidamente por arquitetos carentes de oportunidades profissionais e que, talvez por esta razão, se colocam diante de desafios perigosos e inadequadamente remunerados.

Num destes e-mails indignados veio esta frase, que descrevo abaixo, e que também ilustra com outras palavras os perigos de uma inadequada contratação. Então, aí vai:

"Dificilmente existirá alguma coisa neste mundo, que alguém não possa fazer um pouco pior e vender um pouco mais barato, e as pessoas que consideram preço somente, são suas merecidas vítimas."

John Ruskin – Escritor e crítico inglês (1819 – 1900)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

FauPucRS - TCCII

BANCAS FINAIS – 2011/2

Nos dias 5, 6, 7, 8 e 9 de dezembro a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PucRS estará apresentando em ato público os Trabalhos de Conclusão de Curso dos seus alunos. Serão 5 dias de apresentação e defesa dos trabalhos nos turnos da tarde e noite, sempre com início às 14h. Os trabalhos serão desenvolvidos na sala 215 do prédio 9 do Campus da PucRS na Avenida Ipiranga, 6681, Porto Alegre.

Todos os trabalhos poderão ser conferidos e analisados numa exposição que será montada amanhã, dia 29 de novembro (terça-feira), das 14h às 20h, no saguão da Faculdade de Arquitetura. Os trabalhos ficarão expostos até o dia 10 de dezembro.

A seguir a ordem de apresentação dos trabalhos e a nominata dos componentes das bancas avaliadoras por dia de apresentação:

05/12
SEGUNDA-FEIRA
Tarde e Noite

Alunos:
Aline Beatriz Cervo
Bruno Balbinot
Vanessa Vargas
Roberta Pereira Silva
Fernanda Vianna Machado
Aline Maria Sillos
Sarah Neves Cardoso

Componentes da Banca:
Udo Mohr
Ana Maria Godinho Germani (FauPucRS)
Paulo Ricardo Bregatto (FauPucRS)
José Carlos Barcellos Campos (FauPucRS)

06/12
TERÇA-FEIRA
Tarde e Noite

Alunos:
Carla Nicaretta Garcia
Desirre Agatha da Costa
Lis Lagoas de Paula
Pedro Henrique Massuco
Ana Paula da Fonseca
Gustavo Longaray Moraga
Laura Karam Cruz

Componentes da Banca:
Cesar Wagner (Ufrgs Unitec New Zealand)
Henrique Timoteo da Rocha (FauPucRS)
Paulo Ricardo Bregatto (FauPucRS)
José Carlos Barcellos Campos (FauPucRS)

07/12
QUARTA-FEIRA
Tarde e Noite

Alunos:
Marizete Ramos Miranda
Hélio Pedroso de Freitas
Tatiane Carneiro Nitschke
Renata Barônio Gaspar
Anna Júlia Monego
Clarice Selau Maggi
Gabriela Pegoraro

Componentes da Banca:
Tiago Holzman da Silva (3C Arquitetura)
Beatriz Regina Dorfman (FauPucRS)
Paulo Ricardo Bregatto (FauPucRS)
José Carlos Barcellos Campos (FauPucRS)

08/12
QUINTA-FEIRA
Tarde e Noite

Alunos:
Fernanda de Moraes Sá
Anaterra Nina Julia Delecolle
Cíntia Oreste Impérico
Isabel Fontes Macedo
Natália Maicá dos Santos
Juliana Repetto dos Santos
Lucindo Castoldi Júnior

Componentes da Banca:
Guilherme Essvein de Almeida (FauUlbra)
Ana Rosa Sulzbach Cé (FauPucRS)
Paulo Ricardo Bregatto (FauPucRS)
José Carlos Barcellos Campos (FauPucRS)

09/12
SEXTA-FEIRA
Tarde e Noite

Alunos:
Daniele Birck
Mabel Viana Peres
Sarah Thae Lieberknecht
Luise Schilling Becker
João Paulo Roehe
Eduardo Fernandes de Abreu
Luca Frasson
Matteo Gobbi

Componentes da Banca:
Pery da Silva Bennett (FauUlbra)
Rosana Beatriz Picoral Solano (FauPucRS)
Paulo Ricardo Bregatto (FauPucRS)
José Carlos Barcellos Campos (FauPucRS)

Observações:

- Todos os alunos deverão estar presentes em sala de aula (sala 215) às 13:30h no dia da abertura oficial das bancas para assinatura da ata de abertura. Nos demais dias, os alunos deverão estar presentes em sala de aula 15 minutos antes do início da primeira apresentação para assinatura da ata de participação do painel, portando todos os elementos que serão apresentados no trabalho.

- Cada aluno terá 15 minutos para apresentar seu trabalho e os membros da banca mais 40 minutos (10 minutos cada um) para as devidas considerações (55 minutos no total + 5 minutos para organização do material para a apresentação seguinte).

- O aluno deverá trazer a sua maquete somente no dia da sua apresentação.

sábado, 26 de novembro de 2011

Honorários profissionais

Recentemente participei de uma licitação de projeto amparada pela legislação que versa a contratação dos serviços de projeto de arquitetura pela modalidade do menor preço. Mesmo que esta prática e modalidade sejam amparadas por legislação específica, não posso deixar de expressar os absurdos que esta modalidade de contratação pode gerar no que tange a total disparidade entre os valores propostos pelos participantes e que permite que um profissional seja contratado com valores muito baixos e impraticáveis. Como toda a licitação, o objeto do contrato é claramente apresentado no termo de referência e, em consequência disto, o valor de referência é informado como um balizador para que as propostas possam orbitar, com maior ou menor flexibilidade, um valor possível de ser praticado.

Qual não foi a surpesa dos escritórios participantes desta licitação quando, na abertura das propostas, uma das equipes apresentou um valor muito abaixo das demais - quase a metade do valor fixado pelo termo de referência - que entre si demonstraram um sensato e competente equilíbrio em seus valores apresentados. Esta equipe que apresentou o menor preço foi contemplada com o contrato para o desenvolvimento do projeto, mesmo diante das manifestações embasadas em argumentos técnicos e orçamentários dos demais escritórios apontando a real dificuldade de executar o projeto, com o valor apresentado, considerando o escopo do termo de referência.

Não é o meu propósito fazer aqui uma crítica aos mecanismos legais que permitem este tipo de contratação. Certamente, outros colegas mais qualificados teriam melhores condições técnicas para fazê-la. Apenas lembrei muito deste fato quando, ao longo desta semana, recebi um e-mail de um colega de ofício reproduzindo este texto que abaixo publico e que descreve, com a contundência e precisão cirúrgica que sempre caracterizou o mestre Artigas, o valor de um bom projeto de arquitetura e a importância de fazer a contratação de forma adequada e justa.

Então, aí vai:

Carta ao cliente
João Batista Vilanova Artigas
São Paulo, julho de 1945

Confesso que não me assustei muito ao ler sua carta contando o resultado da conferência para autorização de um projeto para o São Lucas. Estas coisas acontecem sempre porque, por falta de costume, quem constrói, nem sempre avalia o plano de como deveria fazê-lo. Se eu insisto em aconselhá-lo mais uma vez para que consiga um arquiteto para dirigir os trabalhos de seu hospital, não é somente porque desejo muito trabalhar para um hospital modelo, mas porque, e principalmente porque, não posso crer que uma obra, da importância da sua, possa nascer sem estudo prévio. É vezo brasileiro fazer as coisas sem plano inicial perfeitamente elaborado; quando se pergunta sobre como ficarão estes e aqueles pormenores, a resposta é sempre a mesma: Ah! Isso depois, na hora, veremos.

Assim fazem-se as casas, os prédios, as cidades; nesse empirismo vive a lavoura, a indústria e o próprio governo. O planejamento, mercadoria altamente valorizada em todo mundo para qualquer realização, não encontrará entre nós o ambiente propício enquanto nós moços não nos capacitarmos da sua necessidade imprescindível. Poderia continuar conversando com você sobre a grande vantagem de planejar com antecedência, até amanhã, sem esgotar todos os argumentos e provavelmente terminaria por dizer que é até demonstração de patriotismo e inteligência. Mas com isso não convenceríamos ninguém; talvez muito mais vantajoso seria confinar a discussão entre os limites das vantagens particulares, individuais de aplicar o método. Então vejamos. A pergunta é sempre a mesma; -"que vantagem poderíamos ter em gastar CR$ 65.000,00 em um projeto somente? O projeto não é o prédio; muito pelo contrário, somente uma despesa a mais! Contratando a construção o projeto viria de graça, feito pelo próprio construtor e nós economizaríamos 5% sobre o valor do prédio. Com esses 5%, no caso de querermos gastá-lo, até poderíamos melhorar algumas condições do edifício; enriquecer alguns materiais etc..."

Garanto que os argumentos acima lhe foram expostos mais de uma vez. São os que sempre vejo empregados em ocasiões dessas e nunca mudam. São também os mais fáceis de rebater e os menos inteligentes.

Senão vejamos: "...O projeto sempre custa alguma coisa. O construtor que o fizer terá, sem dúvida que empregar engenheiros e desenhistas para isso. Terá de empregar gente para calcular concreto, para calcular aquecimento, eletricidade, etc... O construtor cobrará essa despesa do proprietário através da comissão para a construção. Tanto isso é verdade que, se você apresentar aos construtores um projeto completamente pronto, ele cobrará percentagem menor para a construção porque dirá, "não terei despesas no escritório". Suponhamos que a taxa de honorários para a construção seja de 10 a 12%, inclusive o projeto. Se você der o projeto, encontrará quem lhe faça por 6 ou 8%. Daí você conclui que o projeto que você pagou ao arquiteto 5%, já representa nessa ocasião somente 1% ou 2% a mais do que o preço geralmente previsto.

Mas eu desejo provar que o plano geral, feito com antecedência, é economia e não despesa. Então vamos continuar. Ninguém pode negar, nenhum construtor, nenhum cliente, que o projeto feito pelo técnico, contém em si uma previsão maior dos diversos detalhes do que o projeto rabiscado pelo construtor e verificado pelo proprietário. Faça uma experiência. Tome um plano que esteja em início de construção e pergunte a quem o dirige: por onde passam os canos de aquecimento? Por onde passam os canos de esgoto? O senhor vai fazer antes isso ou aquilo? Garanto que não sabem.

Responderão: "provavelmente passarão por aqui ou ali, farei isto ou aquilo antes. Se na ocasião de executar um serviço, verificar-se um contratempo qualquer, um cano que não pode passar porque tem uma porta, um esgoto vai ficar aparecendo no andar de baixo; o construtor resolve em função do problema, no momento. Ele dá voltas com o cano ou faz um forro falso para esconder o esgoto que iria aparecer em baixo. Entretanto se isso tivesse sido previsto, não precisaria de forro falso ou qualquer outra coisa. No papel, teria sido procurada e encontrada a solução mais econômica, para o caso, a mais bonita.

Consulte um construtor experimentado ou alguém que já tenha construído e todos serão unânimes em contar-lhe pequenas calamidades que apareceram. Eu já ouvi diversas vezes, por exemplo: "Quando colocamos as fundações no terreno nós vimos que o quarto ficaria enterrado. Então levantamos as fundações mais cinqüenta centímetros para dar certo. Por isso deu uma escada na entrada e ficou com um porão, etc... Se você calcular quanto mais caro ficou a imprevisão, você verá a vantagem de ter um projeto estudado. O arquiteto teria dado uma disposição diferente nos cômodos de maneira que o tal quarto não ficasse enterrado, sem ter que aumentar as fundações e assim economizaria o dinheiro com o qual se faria pagar.

Se o proprietário não ganhasse nada, ainda teria para si uma solução melhor e um motivo para valorizar seu imóvel. O construtor por exemplo não projetaria as instalações elétricas. Ele chamaria um instalador "prático" e o homem disporia a coisa à sua vontade. Usaria os canos que ele quisesse e os fios que achasse melhores. Bem curioso, não é ? Poucos entendem disso e ninguém iria fiscalizar o homem. Acontece, porém que os fios, quando são fios demais em relação à corrente que transportam, dão muitas perdas, e essas se traduzem em despesa mensal maior de energia para você durante os 50 ou 100 anos de funcionamento do hospital; assim você pagaria 100 vezes um bom projeto de distribuição de eletricidade. Estou apenas repetindo casos cotidianos.

Do funcionamento do hospital ainda mais, o construtor provavelmente não entende e nem terá tempo suficiente para estudar. Ele não é especializado em hospitais porque isto é Brasil e depois não estudam porque não é o seu métier. Ora, assim sendo, ele vai confiar em você. Você conhece hospitais já feitos e em funcionamento, como hospitais, não como construções. Os seus preconceitos, a respeito, o construtor repetirá com o dinheiro de seu bolso. As soluções que, para alguns casos que você viu, são soluções econômicas poderão constituir soluções caríssimas, no seu caso. Rematando, sua casa de saúde não teria o melhor aspecto porque faltou um artista.

Arquitetura, é construção e arte. Arte. Arte não tem livro de regulamento que ensine. Nasce dentro de cada um e desenvolve-se como conjunto de experiências. Procure um homem que possa das à sua casa de saúde, além das características de um hospital eficiente pelo perfeito planejamento das diversas sessões, um valor artístico indiscutível.

O valor artístico é um valor perene, enorme, inestimável. É um valor sem preço e sem desgaste. Pelo contrário, aumenta com os anos à proporção que os homens se educam para reconhecê-lo. O valor artístico subsiste até nas ruínas. Os anos correm e desgastam o material, enquanto valorizam o espiritual.

Com a consciência limpa termino minha proposta. Está em suas mãos a responsabilidade de decidir entre os caminhos. De um lado eu me coloco, não só, mas como representante dos arquitetos brasileiros, defendendo a economia, a ordem e acima de tudo, o futuro. De outro lado, o empirismo, a reação, a imprevisão.

Qualquer solução que você venha a dar não mudará as relações entre nós, nem sua opinião futura sobre o que acabo de escrever. Se o prédio for bom, bem projetado, bem planejado, por um bom arquiteto, você gostará, todos gostarão; se ele não prestar, se custar muito, se não funcionar, ser for feio ou sem personalidade, sem valor artístico, sem plano nenhum, o resultado será o mesmo. Em todos os dois casos você adquirirá experiência e acabará por trabalhar sempre do meu lado e com os meus argumentos. Nós venceremos sempre como eu queria demonstrar.

Pague pois o que eu pedi. É pouco em relação às vantagens futuras. Ou não pague, e as vantagens serão as mesmas, para a sociedade evidentemente, não para você.

Com um abraço afetuoso do amigo certo,

Vilanova Artigas
São Paulo, julho de 1945

Carta retirada do livro Vilanova Artigas Série Arquitetos Brasileiros, paginas 49, 51 e 52

terça-feira, 22 de novembro de 2011

CauRS - Posse dos Conselheiros

A posse dos membros do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (Cau/RS), com mandato até 31 de dezembro de 2014, será no dia 25 de novembro de 2011, às 18:30h no auditório da sede do Crea-RS, Rua Guilherme Alves, 1010 em Porto Alegre.

A posse se dará diante da Câmara Especializada de Arquitetura do Crea-RS, cujos Conselheiros Titulares serão convocados, conforme determina o Regulamento Eleitoral.

Data: 25 de novembro de 2011
Horário: 18:30h
Local: auditório da sede do Crea-RS

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Cau - Conselheiros Eleitos 2012/2014

Concluído o processo eleitoral para escolha dos conselheiros (federal e estaduais) que farão parte do Cau, divulgo a relação dos eleitos (titulares e suplentes) para o Rio Grande do Sul. Os nomes entre parênteses se referem aos conselheiros suplentes.

Rio Grande do Sul
10.330 eleitores
6.763 votantes

Chapa 1: 250 votos (3,70% dos votantes) - 1 vaga
Chapa 2: 733 votos (10,84% dos votantes) - 2 vagas
Chapa 3: 4645 votos (68,68% dos votantes) - 16 vagas
Chapa 4: 623 votos (9,21% dos votantes) - 2 vagas
Brancos: 256
Nulos: 256

Conselheiro Federal:

Cesar Dorfman (Gislaine Saibro)

Conselheiros Estaduais:

1 - Roberto Py Gomes Da Silveira (Marcos Antônio Leite Frandoloso)
2 - Alberto Fedosow Cabral (Marcio Gomes Lontra)
3 - Carlos Eduardo Mesquita Pedone (José Carlos Freitas Lemos)
4 - Luiz Antônio Machado Veríssimo (Eduardo Speggiorin)
5 - Carlos Alberto Sant'ana (Carmen Anita Hoffmann)
6 - Joaquim Eduardo Vidal Haas (Nelson Moraes Da Silva Rosa)
7 - Cláudio Fischer (Gabriel Cruz Grandó)
8 - Nino Roberto Schleder Machado (Tiago Holzmann Da Silva)
9 - Nirce Saffer Medvedovski (Geraldo Da Rocha Ozio)
10 - Maria Bernardete Sinhorelli De Oliveira (Marcio De Mendonça Lima Arioli)
11 - Cristina Duarte De Azevedo (Cláudia Rembowski Casaccia)
12 - Núvia Margot Menezes Jardim (Rafael Pavan Dos Passos)
13 - Sérgio Luiz Duarte Zimmermann (Daniela Marzola Fialho)
14 - Fernando Oltramari (Ricardo Bertoldo Lângaro)
15 - Paulo Iroquez Bertussi (Ednezer Rodrigues Flores)
16 - Paulo Ricardo Bregatto (Alexandre Couto Giorgi)
17 - Marcelo Petrucci Maia (Katie Pereira Macedo Lima)
18 - Alvino Jara (Raquel Rhodem Bresolin)
19 - Clarissa Monteiro Berny (Eduardo Viola Marty)
20 - Rosana Oppitz (Osório Afonso De Queiroz Júnior)
21 - Fausto Henrique Steffen (Rafael Weber)

domingo, 28 de agosto de 2011

Formatura - FauUlbra - 2011/1

Queridos amigos e colegas,

A solenidade de formatura de vocês na noite de ontem foi perfeita. A alegria que cada um sustentou no rosto, mesmo naqueles momentos delicados de muita emoção, foi contagiante. Fiquei ali observando cada um de vocês e lembrando de suas trajetórias. O mais legal de tudo, foi lembrar do empenho de vocês para superação das dificuldades e, principalmente, da tenacidade de mirar um objetivo e buscá-lo com a disposição que somente os vitoriosos possuem. Revisitar nosso convívio dentro do atelier, ao longo deste ano que passou, foi reviver momentos de muita alegria e satisfação que ficarão marcados para sempre no meu coração como aqueles que finalizaram, também, a minha participação docente na FauUlbra.

No caminho para casa fiquei pensando em como as horas seguintes daquela noite seriam importantes para cada um vocês, com seus sonhos e grandes expectativas. Desejei, em pensamento, uma noite ótima, no convívio com os amigos e familiares, muita lucidez na definição dos próximos desafios e o melhor caminho para olhar e seguir em frente.

Para mim foi uma honra imensurável conduzí-los naquele belo ritual de passagem. Mais uma vez, muito obrigado pela bela homenagem.
Contem sempre comigo!!

Discurso do Paraninfo

Componentes da mesa já citados.
Familiares e amigos aqui presentes nesta noite de muitas alegrias e festas.
Meus queridos colegas arquitetos e urbanistas

Foi com muita alegria e emoção que recebi o convite que vocês me fizeram para ser o paraninfo desta turma de jovens e bem preparados arquitetos e urbanistas. Sem dúvidas, não existe maior distinção acadêmica que um professor possa receber do que esta de ser o responsável, no dia da formatura, pela condução de cada um de vocês neste ritual de passagem da vida acadêmica para a vida profissional.

Nesta hora, minha alegria tem um duplo sentido.

Primeiro, pela grande e singular oportunidade que tive de estar com vocês ao longo deste último ano da faculdade onde, desde o ano que passou, no Atelier 1, estivemos juntos discutindo e formulando, a partir dos seus projetos, os rumos da nossa profissão e do ensino de arquitetura. Sem dúvidas, conviver com vocês, com seus sonhos e com seus desejos de transformar este mundo tão desigual, fortaleceu cada vez mais a minha convicção de que é, de fato, possível transformar a sociedade, tão desgastada dos seus valores éticos e morais, a partir das ações responsáveis de cada um. Este alegre e respeitoso convívio nos uniu ao redor de um objetivo comum: olhar o mundo que nos cerca pela lente da nossa profissão e da visão autoral e inovadora de cada projeto. No caso específico da turma de vocês, um mais um não são dois. São onze! Onze cabeças propondo e pensando em como as cidades poderiam ser bem melhores a partir da viabilização dos seus projetos de diplomação.

E, em segundo lugar, pelo fato de eu também estar fechando junto com vocês um ciclo muito importante em minha vida. Como vocês sabem, este semestre que passou foi o meu último na FauUlbra - Canoas. Aqui nesta escola fiquei 28 anos. 6 como aluno e 22 como professor. Uma longa, profícua e prazerosa jornada de muito estudo e muito trabalho, tendo sempre aquela alegria renovadora por estar participando da definição dos rumos da nossa profissão e, principalmente, da consolidação da formação de muitos alunos. Além de exercitar e consolidar os fundamentos da arquitetura e do urbanismo tive, ao longo deste período, a oportunidade singular de aprender com meus velhos e inesquecíveis mestres e amigos a arte e a sabedoria do ensinar.

Foram anos muito bons... Novos desafios se fazem presentes. Outras tantas jornadas e outros caminhos se abrem. Sei que a saudade desta casa vai bater, mais cedo ou mais tarde. Mas é para frente que se olha e se anda! Neste sentido, meus queridos afilhados, tenho muito a lhes agradecer! Vocês ficarão para sempre tatuados no meu coração, assim como a nossa amada escola que será nossa para sempre e sempre será a melhor referência das origens da nossa formação.

Sinto muito orgulho por ter participado de suas formações e por ver todos vocês com esta satisfação imensa estampada em seus rostos. Deste lugar que vocês se encontram - e que sentaram ainda aspirantes - ao término desta cerimônia, se erguerão arquitetos e urbanistas e serão, portanto, os mais dignos herdeiros das valiosas qualidades e honrosas tradições do nosso ofício. Mais do que isto, receberão, também, a grande e contínua tarefa de fortalecer e propagar, com o fruto do vosso trabalho, os ideais e a cultura arquitetônica local e nacional, sempre com ações honestas e colaborativas, tendo em vista as necessidades do mercado de trabalho e da sociedade em que vivemos.

Por esta razão, meus arquitetos, lhes proponho como última lição de casa o desafio de refletirem profundamente sobre algumas virtudes fundamentais que expressam valores morais, não somente para o exercício da nossa profissão, mas, principalmente, da nossa condição e obrigação primária como cidadãos, perante os nossos pares e perante a sociedade que lhes aguarda ansiosa, sedenta e carente dos resultados do vosso trabalho.

Para tal, escolhi as seguintes virtudes: senso ético, leveza, coragem e alegria.

A escolha destas virtudes e não de outras, não representa aqui um juízo de valor de quem escolhe umas em detrimento de outras. Apenas, na minha visão, as escolhidas são aquelas que, neste momento em que vocês se deparam com muitas transformações no campo pessoal e profissional, tornam-se as mais urgentes e devem, portanto, receber de cada um a devida atenção como forma de fortalecimento dos laços de união entre cada um de vocês e seus maiores ideais por vir.

Inicio pela ética, por ser ela uma virtude vital na produção da realidade social. O mundo atual, perturbado por criações humanas, requer mudanças urgentes. A capacidade humana de criar o artificial sem qualidade parece ter transcendido a nossa habilidade de coexistir com a natureza. A crise energética internacional e o desequilíbrio mundial do meio ambiente assumem patamares preocupantes, exigindo dos novos arquitetos e urbanistas atitudes inovadoras e sustentáveis.

O mercado de trabalho, com suas inumeráveis oportunidades, mas, também, com suas perigosas armadilhas, carece urgentemente de nova formatação, assim como, outras tantas oportunidades de trabalho, ainda adormecidas aguardando por nós, necessitam ser lapidadas com afinco, inovação e empreendedorismo. Para tal, o fortalecimento ético da nossa categoria passa pelo vosso necessário trabalho na política profissional, revisando e divulgando os princípios da moral e da ética, muitas vezes, deixados de lado na concorrência imposta pela urgência das decisões.

Todo homem possui um senso ético, uma espécie de "consciência moral", que nos permite, constantemente, avaliar e julgar nossas ações para sabermos se são boas ou más, justas ou injustas. Embora relacionadas com o agir individual, a ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo, com os outros, relações justas e aceitáveis e está alicerçada nas idéias de bem e virtude, enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência coletiva plena e feliz.

Neste momento em que vocês estão prestes a sair da nossa escola para enfrentar a vida profissional, torna-se necessário reconhecer que o futuro de cada um de vocês se funde com o futuro da sociedade em que estamos todos inseridos. A paz, a alegria, a felicidade, o sucesso e a segurança que, individualmente, queremos ter será sempre aquela que conseguirmos construir para todos.

Na seqüência lhes proponho uma reflexão sobre a importância da leveza. Nesta nova jornada, que hoje se inicia, é preciso aprender a ser leve diante dos próximos desafios que poderão parecer densos e intransponíveis como as pedras. As próximas escolhas, principalmente aquelas que apreciamos e escolhemos justamente pela aparente leveza, poderão se revelar, numa análise aprofundada e madura, de um peso insustentável.

É neste exato momento que temos que mudar o nosso ponto de observação. Não se trata, absolutamente, de fuga para o mundo dos sonhos ou para o irracional. Apenas temos que aprender a enxergar as coisas sob outra ótica, outra lógica inovadora, outros meios de conhecimento e outras formas de abordagem do problema. A leveza, neste caso, está muito mais associada à precisão e à determinação dos nossos atos, do que ao que é vago ou aleatório. Está mais relacionada ao reconhecimento da importância das causas do que da necessidade urgente de suportar as conseqüências.

Como sustentação para as virtudes anteriores vem a coragem. Portanto, desejo-lhes acima de tudo muita coragem, pois a coragem nos dá a base sólida para sabermos superar todas as dificuldades que virão por conseqüência das escolhas e dos próximos desafios. E as dificuldades virão... Assim sendo, desejo-lhes coragem para agüentar e durar, coragem para viver, coragem para suportar, para combater, para enfrentar, para chorar, para resistir, coragem para perseverar.

A coragem não se refere apenas ao futuro, à ameaça ou ao medo. Refere-se ao presente, e sempre está ligada à vontade, muito mais do que à esperança. Afinal, só esperamos o que não depende de nós. É por isto que a esperança, a meu ver, só é uma virtude para aqueles que aguardam imóveis a chegada de tudo, ao passo que a coragem é uma virtude para qualquer um. A coragem não é um saber, mas uma decisão. Não é uma opinião, mas uma atitude.

Por fim, e para tornar o caminho que hoje se inicia mais doce, devemos plantar e cultivar sempre a alegria. A alegria é o estado de saúde que devemos sempre buscar, mais que a própria felicidade, pois a alegria não é um estado de espírito como se supõe ser a felicidade, mas sim uma sensação. Alegria, coisa tão incerta como o vento que sopra lá fora, que tem dias que vem, dias que não vem, que às vezes é tão forte que vira tufão, outras parece apenas brisa suave, que pode vir do sul ou do norte, do leste ou do oeste, mas que vem, queiramos ou não, na hora ou do jeito que bem entender...

Mais uma vez muito obrigado por este convite! Para mim, foi um grande privilégio e uma honra imensurável caminhar com vocês até aqui!! Que esta saudade, que a partir de agora começa a povoar os nossos corações, lhes tragam sempre a doce lembrança dos momentos felizes em que estivemos juntos.

Muito sucesso nesta próxima jornada!
Muito obrigado!!

sábado, 6 de agosto de 2011

Formatura - FauPucRS - 2011/1

Queridos afilhados,

Acabo de chegar em casa após o término da bela cerimônia de formatura de vocês. A solenidade estava linda e vocês estavam mais lindos ainda e totalmente radiantes de tanta alegria. Foi contagiante vê-los com aquele brilho no olhar que só possuem aquelas pessoas predestinadas ao sucesso! Exatamente hoje nossa escola completa 15 anos de existência e vocês são a 21a. turma e, portanto, atestam a maioridade da proposta pedagógica da nossa escola. Então, ao mesmo tempo, estávamos debutando e atingindo a maioridade! Estou muito feliz por ter estado com vocês nesta tarde marcante de muitas alegrias e emoções! Lhes agradeço, mais uma vez, a homenagem prestada me escolhendo para ser o paraninfo e, em consequência disto, me permitindo lhes acompanhar neste importante ritual de passagem da vida acadêmica para a vida profissional.
Mais uma vez muito obrigado!
Contem sempre comigo!!

Discurso do Paraninfo

Componentes da mesa já citados.

Familiares e amigos aqui presentes nesta tarde de muitas alegrias.
Meus queridos colegas arquitetos e urbanistas:

Foi com muita alegria e emoção que recebi esta grande honraria de ser o paraninfo desta turma de formandos. Não somente pela oportunidade de estar, mais uma vez, junto desta turma pela qual tenho um grande carinho, mas, principalmente, pela grande e singular oportunidade de apresentar à sociedade a 21ª turma de novos e bem preparados arquitetos e urbanistas da FauPucRS.

De fato, não existe maior distinção acadêmica que um professor possa receber do que o honroso convite para participar deste ritual de passagem, neste momento tão importante e marcante das vidas de vocês, conduzindo-os dos bancos escolares para os encargos da vida profissional.

Em meu coração, a emoção e a alegria desta homenagem encontram razão de existir, também, em outros dois fatos importantes.

O primeiro, pelo carinho que tenho por esta turma especial, onde tive o privilégio de fazer grandes amigos, desde a época, nem tão distante, do Projeto 4, com suas inesquecíveis viagens de estudos e seus, também, inesquecíveis 4 cortes de pele e 20 detalhes técnicos-construtivos. Sempre lembro das suas caras de espanto diante daqueles desafios que pareciam tão inatingíveis.

E o segundo, sem dúvidas, pela grande oportunidade de colocar em prática docente algumas idéias de renovação e transformação na condução do atelier, neste momento em que a nossa escola de arquitetura promove modificações importantes na sua estrutura de ensino, calcadas numa reflexão profunda e necessária do seu projeto pedagógico, me oportunizando, em conseqüência disto, reencontrá-los no final do curso para esta jornada acadêmica final na graduação.

Lembrar o nosso convívio sempre tão respeitoso, cordial e proveitoso significa para mim, neste instante, despertar novamente, ainda que por breves instantes, a chama de nossos calorosos e fraternais debates.

Sinto muito orgulho por ter participado de suas formações e por ver todos vocês com esta satisfação imensa estampada em seus rostos. Destes lugares que vocês se encontram - e que sentaram ainda aspirantes - ao término desta cerimônia, se erguerão arquitetos e urbanistas e serão, portanto, os mais dignos herdeiros das valiosas qualidades e honrosas tradições do nosso ofício. Mais do que isto, receberão, também, a grande e contínua tarefa de fortalecer e propagar, com o fruto do vosso trabalho, os ideais e a cultura arquitetônica local e nacional, sempre com ações éticas, honestas e colaborativas, tendo em vista as necessidades do mercado de trabalho e da sociedade em que vivemos.

Para chegar até aqui, uma longa jornada foi percorrida por cada um de vocês.
Não foram anos fáceis, eu bem sei...

Lembro da coragem de cada um na busca das idéias e das grandes invenções, da fragilidade dos corações diante da crítica aguda no atelier, das muitas dificuldades e, quase, intransponíveis barreiras; lembro, também, da tristeza imposta pelo exílio necessário do convívio social e familiar, já que não foram poucas as vezes em que, por exigência dos nossos tantos trabalhos, lhes obrigamos a ficar distantes de tudo aquilo e de todos aqueles que vocês tanto amam...

Lembro, ainda, do cansaço de cada corpo, do semblante exaurido de cada um nos dias de apresentação dos trabalhos, dos momentos nebulosos da véspera de uma entrega onde as tarefas pareciam não caber dentro da linha tênue do tempo.

E a vida passando, indiferente aos nossos apelos para que o tempo passasse mais lentamente, nos fazendo sentir, aflitos, que aquele momento não mais voltaria e que a vida não esperaria por nós... Quantas vezes vocês se perguntaram: Será que vale a pena?

Mas lembro, principalmente, da coragem de cada um diante das demandas de cada projeto, da alegria estampada em cada rosto pelas grandes descobertas, pela superação de mais um desafio, pela experiência mágica de uma invenção e pela oportunidade de estarmos ali, noite após noite, no calor dos verões que se estendiam ou nos implacáveis invernos, testando os nossos limites e fortalecendo cada vez mais as nossas convicções sobre a nossa profissão.

Juntos, aprendemos muito nesta longa caminhada...

A arquitetura, sempre lhes disse isto, além de um ofício, é uma filosofia de vida, pois tratando da espécie humana, das suas demandas e necessidades, dos seus espaços e do mundo que nos cerca, deixa pouca coisa sobrando sem a intervenção direta e sem a influência propositiva do arquiteto.

Através das janelas que olhamos, dos livros que lemos, das viagens que fazemos, no dia a dia do nosso lar, nos afazeres diários do nosso trabalho, nos utensílios que usamos, enfim, em tudo que nos cerca existe a influência transformadora da nossa profissão.

Por esta razão, entre outras tantas, somos uma profissão tão, e cada vez mais, viável e fundamental nos dias de hoje, principalmente quando reconhecemos tantas coisas por fazer neste mundo desigual que temos que mudar e que depende muito da nossa luta conjunta e do esforço tenaz de cada um.

Meus arquitetos, podem ter a certeza de que isto não é pouco!! Poucas profissões, de outras tantas áreas dos mais diversos saberes, oportunizam esta magia de interagir diretamente na vida das pessoas a partir do fruto maduro, inovador, empreendedor, ético e responsável do nosso ofício.

Nossa arquitetura tem sucesso e expressão mundiais justamente por apresentar aspectos plásticos e técnicos originais e inovadores, tipicamente brasileiros. Assim como no passado, ainda hoje, as maiores expressões internacionais da arquitetura e do urbanismo, demonstram interesse por nossos feitos e vem beber em nossa fonte. Esta herança arquitetônica, que vocês recebem agora, confirma na prática, que a construção de uma identidade nacional artística e técnica é alcançada na medida em que arte e técnica, de maneira harmonicamente conjugada, atendem as demandas locais e refletem as expressões culturais mais típicas do nosso povo e do nosso tempo.

Lembrem-se sempre disto: no exato momento em que construímos um novo edifício, estamos, com isto, alterando a paisagem a nossa volta, na maior parte das vezes por um tempo que supera a nossa própria existência. Portanto, meus arquitetos, os melhores resultados arquitetônicos serão aqueles que, generosamente, abrirão mão da monumental individualidade em nome da beleza coletiva.

Fazer arquitetura é, acima de tudo, construir e reconstruir a paisagem das nossas cidades em maior ou em menor escala. Nada na arquitetura é feio em si mesmo, apenas está no lugar errado ou feito do tamanho errado, pois a beleza é a filha dileta do relacionamento coerente entre as partes. A boa arquitetura, além de suas partes estarem em harmonia entre si, deve harmonizar-se fundamentalmente com o ambiente onde está, deve nos falar dos valores culturais significativos e das características de sua localidade e do seu tempo.

Meus arquitetos, neste momento em que vocês estão prestes a saírem da nossa escola para enfrentar a vida profissional, tão cheia de lutas e dificuldades, mas ao mesmo tempo, tão rica em alegrias e estímulos pelo trabalho criador, abre-se diante de vós um futuro brilhante e feliz, principalmente para aqueles que se derem conta que o seu futuro se funde com o futuro da sociedade em que estamos todos inseridos. O sucesso, a satisfação, o reconhecimento, a felicidade, a segurança e a paz que individualmente queremos ter será sempre aquela que conseguirmos construir para todos.

Mais uma vez muito obrigado por este convite! Para mim, foi um grande privilégio e uma honra imensurável caminhar com vocês até aqui!!

Que esta saudade, que a partir de agora começa a povoar os nossos corações, lhes tragam sempre a doce lembrança dos momentos felizes em que estivemos juntos e lhes tragam, também, a certeza de que esta escola sempre será de vocês e sempre estará com suas portas abertas para recebê-los com suas grandes vitórias, muitas alegrias e novas dúvidas.

Muito sucesso nesta próxima jornada!
Daqui para frente, força e honra!
Muito obrigado!!

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Atelier 2 – Bancas Finais – FauUlbra

Ocorrerão nos dias 12 e 13 de julho as bancas finais do Trabalho de Conclusão de Curso 2 da FauUlbra / Canoas. As apresentações dos trabalhos ocorrerão na sala 338, nos turnos da tarde e noite, sempre a partir das 14 horas. Serão 9 trabalhos apresentados, defendidos, analisados e discutidos ao longo dos dois dias. A participação é aberta ao público.

12/07
terça-feira

Componentes da banca:
Arqa. Isabela Fernandes Andrade
Profa. Arqa. Patrícia de Freitas Nerbas (FauUlbra)
Prof. Arq. Flávio Kiefer (FauUlbra)
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto (FauUlbra)

Alunos:
Cristiano da Rosa Colares
Sabrina da Cunha Romero
Rogério Silveira Santorum
Cristiane Ramos
Keyla Beatriz Bamberg

13/07
quarta-feira

Componentes da banca:
Arqa. Isabela Fernandes Andrade
Prof. Arq. Carlos Henrique Goldman (FauUlbra)
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto (FauUlbra)

Alunos:
Jéssica Fosá Silva
Ana Paula Canei
Jaqueline Azeredo da Rocha
Rafaela Balod Neves

terça-feira, 21 de junho de 2011

Bancas Finais - TCCII - FauPucRS

Ocorrerão nos dias 05, 06, 07 e 08 de julho as bancas finais do Trabalho de Conclusão de Curso II da FauPucRS. As apresentações dos trabalhos ocorrerão na sala 215, nos turnos da tarde e noite, sempre a partir das 14 horas. Serão 8 trabalhos apresentados, defendidos, analisados e discutidos em cada um dos dias. A participação é aberta ao público.

05/07
terça-feira

Componentes da banca:
Prof. Arq. Daniel Pitta Fischmann (FauUniRitter)
Prof. Arq. Luiz Alberto Sohni Aydos (FauPucRS)
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto (FauPucRS)
Prof. Arq. José Carlos Barcellos Campos (FauPucRS)

Alunos:
Gustavo Anschau Rick
Renata Pasin da Luz
Cassiana Librelotto Rubin
Daniel Danni
Daniela Haery Park
Aline Saute
João Paulo Roehe
Bárbara Ilha Ziolkowski

06/07
quarta-feira

Componentes da banca:
Arq. Luciano Andrades (Studio Paralelo)
Prof. Arq. Mario dos Santos Ferreira (FauPucRS)
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto (FauPucRS)
Prof. Arq. José Carlos Barcellos Campos (FauPucRS)

Alunos:
Rachel Moreira Pavan
Felipe da Silva Gutterres
Cíntia Ponzoni
Mônica Braun Burger
Renata Baronio Gaspar
Anna Luiza Gallicchio
Caroline Leal Prates
Jocassia Tonini

07/07
quinta-feira

Componentes da banca:
Prof. Arq. Leonardo Marques Hortêncio (FauUniRitter)
Profa. Arqa. Maria Alice Medeiros Dias (FauPucRS)
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto (FauPucRS)
Prof. Arq. José Carlos Barcellos Campos (FauPucRS)

Alunos:
Gabriela Calcanhotto Mengarda
Sarah Neves Cardoso
Gabriela da Siqueira
Fernanda de Moraes Sá
Caroline de Oliveira Scheid
Rafael Beier
Maurício Consiglio da Cunha
Joana Pires de Moraes

08/07
sexta-feira

Componentes da banca:
Prof. Arq. Hilton Albano Vieira Fagundes (Fau Unisinos, Unisc e Univates)
Prof. Arq. Maturino Salvador Santos da Luz (FauPucRS)
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto (FauPucRS)
Prof. Arq. José Carlos Barcellos Campos (FauPucRS)

Alunos:
Júlia Parise
Daniela Mello de Vargas
Rachel da Silva Beck
Jaqueline Scheidt
Priscilla Ribeiro Braccini
Claudine Gehrke Becker
Pedro Castiel da Rosa
Marcus Vinícius Santiago

Cada aluno terá 15 minutos para apresentar seu trabalho e os membros da banca mais 40 minutos (10 minutos cada um) para as devidas considerações (55 minutos no total + 5 minutos para organização do material para a apresentação seguinte).

sábado, 11 de junho de 2011

06 de Agosto de 2011

Queridos estudantes!

Foi com total alegria e emoção que recebi na semana que passou a grande honraria de ser o paraninfo desta turma de formandos da FauPucRS. Tenho certeza de que vocês conseguem perceber muito bem o tamanho da minha alegria, pelo tamanho do meu sorriso pelos corredores da nossa amada escola.

De fato, não existe maior distinção acadêmica que um professor possa receber do que esta honrosa incumbência de participar deste ritual de passagem, neste momento tão importante das vidas de vocês, conduzindo-os dos bancos escolares para os encargos da vida profissional.

A emoção e a alegria desta homenagem encontram razão de existir, também, em outros dois fatos importantes.

O primeiro, pelo carinho que tenho por esta turma especial, onde tive a oportunidade de fazer grandes amigos, desde a época, nem tão distante, do Projeto 4, com suas inesquecíveis viagens de estudos e seus, também, inesquecíveis 4 cortes de pele e 20 detalhes técnicos-construtivos. Sempre lembro das suas caras de espanto diante daqueles desafios que pareciam tão inatingíveis.

E o segundo, sem dúvidas, pela grande oportunidade de colocar em prática docente algumas idéias de renovação e transformação, neste momento em que a nossa escola de arquitetura promove modificações na sua estrutura de ensino, calcadas numa reflexão profunda e necessária do seu projeto pedagógico, me oportunizando, em conseqüência disto, reencontrá-los no final do curso para esta jornada acadêmica final na graduação.

Confesso que a saudade já está batendo!

Ontem tivemos a nossa última aula oficial do TCCII. Não sei se vocês se deram conta disto. Ao mesmo tempo que vi o olhar de espanto de cada um, diante dos novos desafios propostos pela aula de ontem, vi, também, despertar em cada um dos seus olhares a curiosidade e a coragem para achar um pouco mais de energia – sabe-se lá de onde – para superar estes desafios e chegar ao final do semestre, no dia da banca, com aquele orgulho e com aquele brilho no olhar que só encontramos naquelas pessoas predestinadas e capazes de transformar o mundo em que vivemos, a partir das particularidades mágicas do nosso ofício.

Ontem, quando vocês saíram da sala de aula eu fiquei lá sozinho, envolto pelos meus pensamentos, e desejando de coração que cada um de vocês encontre seus melhores e mais adequados caminhos na busca da satisfação e da alegria por esta conquista inigualável de se tornarem arquitetos e urbanistas e, em conseqüência disto, serem os precursores da transformação e requalificação dos espaços onde todos vivemos.

Podem ter a certeza de que isto não é pouco!! Poucas profissões, de outras áreas dos mais diversos saberes, oportunizam esta magia de interagir diretamente na vida das pessoas a partir do fruto maduro, ético e responsável do nosso ofício. Ainda hoje, passados 22 anos da minha formatura, sinto um orgulho muito grande da minha escola e da minha profissão.

No final da noite, indo para casa, senti o coração apertado relembrando os vários momentos que vivemos neste semestre. É engraçado como se propagam os sentimentos verdadeiros, mesmo com a distância e com a ação do tempo, eles não morrem... Não que vivam das lembranças ou dos fatos do passado. O passado é somente uma referência temporal. Se ainda sentimos uns aos outros, então, ainda estamos no presente. Mesmo quando a vida segue o seu rumo...

Mais uma vez, meus queridos afilhados, muito obrigado pelo carinho manifesto na homenagem que vocês me prestaram! Este carinho ficará para sempre tatuado no meu coração!! Sinto este momento renovador como se fosse novamente a minha formatura...

Contem sempre comigo!
Um beijo e o meu melhor abraço!!

"Força e Honra"
Saudação Romana

terça-feira, 31 de maio de 2011

27 de agosto de 2011

Turma,

Foi com muita alegria e emoção que recebi o convite que vocês me fizeram, na semana que passou, para ser o paraninfo desta turma de jovens e bem preparados arquitetos e urbanistas. Sem dúvidas, não existe maior distinção acadêmica que um professor possa receber do que esta. Ser o responsável, no dia da formatura, pela condução de cada um, nesta transição da vida acadêmica, para a vida profissional.

Nesta hora, minha alegria tem um duplo sentido.

Primeiro, pela grande e singular oportunidade que tive de estar com vocês ao longo deste último ano da faculdade onde, desde o ano que passou, no Atelier 1, estivemos juntos discutindo e formulando, a partir dos seus projetos, os rumos da nossa profissão e do ensino de arquitetura. Sem dúvidas, conviver com vocês, com seus sonhos e com seus desejos de transformar este mundo tão desigual, fortaleceu cada vez mais a minha convicção de que é, de fato, possível transformar este mundo tão desgastado dos seus valores éticos e morais a partir das ações responsáveis de cada um. Este alegre e respeitoso convívio nos uniu ao redor de um objetivo comum: olhar o mundo que nos cerca pela lente da nossa profissão e da visão autoral de cada projeto. No caso específico da turma de vocês, um mais dois não são três. São doze! Doze cabeças propondo e pensando em como as cidades poderiam ser bem melhores a partir da viabilização destes projetos de diplomação.

E, em segundo lugar, pelo fato de eu, também, estar fechando junto com vocês um ciclo muito importante em minha vida. Como vocês sabem, este é o meu último semestre na FauUlbra – Canoas. Nesta escola tenho estado há 28 anos. 6 como aluno e 22 como professor. Uma longa, profícua e prazerosa jornada de muito estudo e muito trabalho, tendo sempre aquela alegria renovadora por estar participando da definição dos rumos da nossa profissão e, principalmente, da consolidação da formação de muitos alunos. Além de exercitar e consolidar os fundamentos da arquitetura e do urbanismo tive, ao longo deste período, a oportunidade de aprender, com meus velhos e inesquecíveis mestres e amigos, a arte e a sabedoria do ensinar. Foram anos muito bons... Novos desafios se fazem presentes. Outras tantas jornadas e outros caminhos se abrem. Sei que a saudade desta casa vai bater, mais cedo ou mais tarde. Mas é para frente que se olha e se anda!

Portanto, meus queridos afilhados, tenho muito a lhes agradecer! Vocês ficarão para sempre tatuados no meu coração, assim como a nossa amada escola que será nossa para sempre. Mais uma vez, muito obrigado por esta honraria e por esta bela homenagem! Me sinto plenamente gratificado pela lembrança de vocês!

Um abraço e um beijo carinhoso do Dindo!

domingo, 8 de maio de 2011

Sistema FECOMÉRCIO RS, SESC e SENAC

A Coordenação do “CONCURSO SISTEMA FECOMÉRCIO RS, SESC E SENAC - Concurso Público Nacional de Arquitetura e Urbanismo para o Complexo do Sistema Fecomércio/RS, Sesc e Senac: Plano Diretor, Centro Administrativo, Centro de Convivência, Centro de Eventos e Centro Educacional, em Porto Alegre, RS”, divulga, conforme o item 4.3. do Edital do Concurso, os membros titulares e suplentes da Comissão Julgadora.

A Comissão Julgadora está constituída por 5 (cinco) membros titulares e 2 (dois) suplentes, sendo:

- 3 (três) Arquitetos e Urbanistas titulares indicados pelo Organizador – IAB/RS;
- 1 (um) Arquiteto e Urbanista titular indicado;
- 1 (um) Arquiteto e Urbanista titular indicado pela AsBEA/RS.
- 2 (dois) Arquitetos e Urbanistas suplentes indicados pelo IAB/RS.

Serão membros TITULARES da Comissão Julgadora:

ISIDORO SINGER (UY)
Arquiteto pela Facultad de Arquitectura de la Universidad de la Republica (1969), título revalidado pela UFRGS (1983). Sócio principal da “Isidoro Singer y Asociados” desde 1969. Atividade profissional no Uruguai, Brasil e Paraguai, em muitos casos associado com outros profissionais. Colaborador do escritório Laguarda - Low (Estados Unidos) para o desenvolvimento técnico de projetos. Desenvolve projeto e direção de obras de arquitetura nas áreas da habitação social, edificações e conjuntos edificados, casas, planos de desenvolvimento urbano, edificações industriais, teatros e outros. Entre os trabalhos mais relevantes estão: Conjunto Habitacional Ucovi (1972), o Complexo de Espetáculos Sodre (1988, 1º Prêmio em Concurso Nacional), Plano de Desenvolvimento Urbano do Buceo (1º e 2º planos) e algumas das edificações do mesmo (1995). O tema dos teatros foi desenvolvido em profundidade durante 22 anos, acompanhando as etapas de implantação do Complexo de Espetáculos Sodre e participando em diferentes Congressos. Professor de projetos de arquitetura entre 1971 a 1974 e entre 1984 a 1988 na Universidad de La República. Ex presidente da Comissão Permanente da Ciudad Vieja de Montevidéu. Com participação e premiação em vários concursos, também atuando como coordenador e/ou jurado. Indicado pelo IAB/RS.



ROGÉRIO MALINSKY (RS)
Arquiteto e urbanista UFGRS, com distinção, (1967); Pós Graduação em Planejamento Urbano, Universidade de Edinburgo, Escócia (1973); Estágio em Planejamento de Lazer e Turismo, Scet - Internacional, Paris (1974); Professor da UFRGS de 1980 a 2010. Experiência na área de urbanismo, paisagismo e planejamento, com diversos projetos de praças e espaços públicos em Porto Alegre, co-autor do Parque Marinha do Brasil, coordenador dos projetos Urbanos no III Pólo Petroquímico (1976/82), coordenador de diversos projetos: Porto Seco de Porto Alegre; Sistema de Espaços Abertos de Porto Alegre; Expansão da Cidade de Montenegro; Centro Histórico e expansão da cidade de Triunfo; Acordo entre o Governo Francês, Caixa Econômica Federal e Prefeitura de Porto Alegre, para reabilitação de moradias (2003); “Marina Pública e Píer Dado Bier”; Caminhos dos Parques e Ciclovia (2004) e Plano Diretor de São Gerônimo, RS (2006). Indicado pelo IAB/RS.

PAULO RICARDO BREGATTO (RS)
Arquiteto e urbanista (ULBRA/1988), especialista em Planejamento Urbano e Habitacional (ULBRA/1989), Mestre em Arquitetura (PROPAR-UFRGS/1996), professor Adjunto do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) desde 1989, professor titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter) desde 1990, professor assistente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) desde 1999 e professor do curso de pós-graduação em Expressão Gráfica da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). É membro do conselho fiscal do IAB-RS (biênio 2010/2011). Desenvolve prática privada no escritório BREGATTO Arquitetos Ltda. com participação e premiação em concursos públicos de arquitetura e urbanismo (Centro 24 Horas de Porto Alegre, Corredor Cultural de Porto Alegre e Porto dos Casais). Indicado pelo IAB/RS.

EDSON JORGE ELITO (SP)
Arquiteto FAU Universidade Mackenzie, São Paulo, 1971. Sócio do escritório Elito Arquitetos Associados desde 1998. Professor licenciado da FAU Universidade Braz Cubas, Mogi das Cruzes, SP. Diretor Financeiro da Direção Nacional do IAB, gestões 1989/91 e 2006/07. Conselheiro do COSU do IAB de 1989 a 2007. Ex‐Secretário Geral e Ex Vice-presidente do IAB/SP. Principais projetos: Teatro Oficina, co-autoria com Lina Bo Bardi; Teatro do Colégio
Santa Cruz, co-autoria com J.C. Serroni e Gustavo Lanfranchi; Programa Habitacional Paraisópolis, co-autoria com Joana Fernandes Elito e Cristiane Otsuka Takiy; SESC Santo Amaro, co-autoria com Joana Fernandes Elito e Cristiane Otsuka Takiy; Restauro e Ampliação da Escola Municipal de Astrofísica co-autoria com Joana Fernandes Elito e Cristiane Otsuka Takiy; Programa Habitacional Guarapiranga, SP, co-autoria com Abrahão Sanovicz, João Honório de Mello Filho e Marcos Carrilho. Principais prêmios: Medalha de Ouro na Quadrienal de Praga, 1999, Projetos do Teatro Oficina e Teatro do Colégio Santa Cruz; Prêmio Edifícios Culturais – Teatro da Premiação IABSP 2002 – Teatro do Colégio Santa Cruz; Prêmio Destaque Melhores da Arquitetura – 2010, Escola Municipal de Astrofísica; Prêmio Mundial Habitat Social y Desarrollo da Bienal de Arquitetura de Quito – 2010, Programa Habitacional Paraisópolis. Indicado pelo Sistema Fecomércio / RS.

ANALINO ZORZI (RS)
Arquiteto e urbanista , Unisinos, 1976. Pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior, em 1985 pela ULBRA. Conselheiro do CREA-RS entre 1983 e 1986, Coordenador Câmara Arquitetura 84/85 e vice-presidente do CREA-RS em 1985. Ex Professor da ULBRA, UFRGS e UniRitter. Atua profissionalmente na execução de obras desde 1976, com destaque para projetos e obras de restauro. Atualmente é responsável técnico pela empresa KROMA -Incorporação de Construções Ltda. Atualmente é diretor do ICOMOS/RS e associado ao ICOMOS/BR e tem destacada atuação na defesa do patrimônio cultural de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Conselheiro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano Ambiental da Prefeitura Municipal de Porto Alegre (2008 / 2009). Conselheiro do IAB-RS (2008/2010). Indicado pela AsBEA/RS.

Serão membros SUPLENTES da Comissão Julgadora:

ANA ROSA SULZBACH CÉ (RS)
Arquiteta e Urbanista (Ritter dos Reis, 1981). Especialização em Urbanismo / Desenho Urbano (Propur/UFRGS 1985). Mestrado em Desenho Urbano - Joint Centre for Urban Design - Oxford Polytechnic (Inglaterra, 1990). Arquiteta da Prefeitura Municipal de Porto Alegre – SMOV / Divisão de Urbanização 1978 - 1987. Profª. Substituta no Departamento de Urbanismo da Faculdade de Arquitetura UFRGS 1996 - 1997. Profª. Adjunta da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUCRS desde 1997. Membro do Conselho Estadual do Instituto de Arquitetos do Brasil / RS - 2008 / 2009 e 2010 / 2011. Indicada pelo IAB/RS.


CRISTIAN MAURÍCIO RIVEROS ILLANES (RS)
Arquiteto e urbanista, UFRGS (2001). Doutorando no Programa de Arquitetura da Universidad de Bio Bio, Chile. Atualmente faz parte do corpo docente da Universidade Luterana do Brasil, nos campi de Torres e Canoas. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Sustentabilidade na Construção, atuando principalmente nos seguintes temas: projeto, meio ambiente, arquitetura vernacular, conforto ambiental, bioclimatismo, permacultura e patrimônio histórico. Atua também como profissional autônomo. Indicado pelo IAB/RS.

Porto Alegre, 06 de maio de 2011.

Comissão Organizadora – Coordenação do ConcursoInstituto de Arquitetos do Brasil
Departamento do Rio Grande do Sul

sábado, 26 de março de 2011

CAU - CreaRS

Transcrevo para divulgação o documento lido pelo colega Arq. David Bondar na última plenária do CREA sobre a Lei do CAU e a atual situação do CREA-RS. Leiam e divulguem!!

MANIFESTAÇÃO DA CÂMARA DE ARQUITETURA
Esclarecimentos referentes à Lei do CAU e à atual situação do CREA-RS
Sessão Plenária Ordinária Nº 1.689
18 de março de 2011

Sr. Presidente,
Caros colegas conselheiros,

A Câmara de Arquitetura do CREA-RS, em nome dos arquitetos gaúchos, agradece a oportunidade de realizar esta manifestação ao plenário do CREA-RS com o objetivo de esclarecer diversas questões referentes à criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo pela Lei Federal 12.378/2010, sancionada pelo então presidente Lula, em 31 de dezembro passado.

Inicialmente, queremos registrar a postura do presidente eng. civil Luiz Alcides Capoani que, mesmo não sendo favorável ao CAU, sempre tratou esta questão com respeito e com a responsabilidade que seu cargo exige. Porém, recentemente tem realizado manifestações, publicadas na Revista do CREA-RS, que não condizem com a realidade dos fatos e tem insistido em atribuir aos arquitetos e ao CAU muitos problemas que são estruturais do Sistema.

Esta postura não é construtiva e pode gerar um ambiente desfavorável à transição e, principalmente, podem causar desnecessário desconforto entre as diversas categorias profissionais abrigadas neste conselho.

A luta dos arquitetos pelo seu conselho próprio tem origem em 1958, antes ainda da Lei 5194. Recentemente, o ano de 1998 é o ponto de partida para uma nova tentativa, quando as cinco entidades nacionais dos arquitetos constituíram-se em Colégio Brasileiro de Arquitetos e passaram a atuar em conjunto: Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas – FNA, a Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo – ABEA; a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas – ABAP; a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura – ASBEA e o Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB.

Após um longo período de discussões, o Colégio Brasileiro de Arquitetos concluiu, em 2002, um anteprojeto de lei que foi encaminhado para o Congresso Nacional em 2003 e apresentado pelo Senador José Sarney. O Projeto de Lei 4747 foi aprovado no Senado, foi encaminhado à Câmara onde sofreu alterações, que obrigaram a uma nova aprovação no Senado, que se deu em 2007. Em dezembro deste mesmo ano, o presidente Lula veta o projeto, alegando que a iniciativa de tal matéria – criação de conselho profissional – é inconstitucional por ser de competência exclusiva do Executivo e não do Legislativo. Porém, em seu texto de justificativa de veto reconhece o mérito e a necessidade de criação do CAU, e determina à Casa Civil da Presidência da República a redação de um novo PL com o mesmo teor para reenvio ao Congresso.

O novo Projeto de Lei criando o CAU foi enviado ao Congresso em dezembro de 2008, mesmo ano em que o próprio Confea realizou pesquisa que apontou que 74,1% dos arquitetos brasileiros eram favoráveis á criação do CAU. Durante dois anos o PL 4413 tramitou em 3 Comissões da Câmara Federal, sendo aprovado em todas elas por unanimidade ou, no máximo, com um voto contrário. Foram realizadas diversas audiências públicas oficiais do Congresso, reuniões e seminários de discussão em todo o Brasil, patrocinadas pelas entidades nacionais e por associações locais de arquitetos. Após a aprovação na Câmara, o PL seguiu para o Senado que, por tratar-se de matéria conhecida, também aprovou por unanimidade. Finalmente, e como um de seus últimos atos como Presidente da República, em 31 de dezembro de 2010, o presidente Lula sanciona a “Lei Nº 12.378, que Regulamenta o exercício da Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal - CAUs; e dá outras providências”.

Portanto, quando os atuais dirigentes do Sistema, inclusive, recentemente, e infelizmente, nosso presidente, afirmam que esta Lei foi “aprovada da noite para o dia”, estão, em realidade, procurando justificar a atitude do Confea e dos CREAs que, durante todos estes anos, negaram-se a discutir a real possibilidade de saída dos arquitetos para simplesmente colocarem-se contra e, até mesmo, quando convidados à participação e manifestação pela própria Casa Civil, como ocorreu em 2008, sempre preferiram adotar posição unilateral contrária ao PL e ao diálogo, escolhendo deliberadamente o caminho da indiferença e do boicote ao processo.

Por outro lado, nossa manifestação é explícita no sentido de deixar claro que os problemas atuais do CREA são de total responsabilidade do próprio sistema. A tentativa de atribuir aos arquitetos e à nova Lei os supostos “graves resultados negativos” que o CREA sofrerá em curto prazo apenas refletem, inequivocamente, a falta de planejamento do sistema para esta possibilidade. O Sistema hoje está voltado para si mesmo, defende a si mesmo muito antes de defender as profissões do chamado “setor tecnológico” e mesmo a sociedade.

Esperamos que, em breve, esta “crise” atribuída à criação do CAU seja identificada como o ponto de inflexão do atual Sistema rumo a sua modernização e atualização, à requalificação de sua vinculação com o mundo profissional, ao enxugamento de sua máquina administrativa, à racionalidade operacional para concentrar-se nos objetivos principais, que são a fiscalização do exercício profissional e a defesa da sociedade. Constatamos gratificados, pelas últimas pautas do Conselho Federal, que tais discussões já estão ocorrendo, e que o próprio presidente do Confea, eng. Civil Marcos Túlio de Melo, antes soberbo em suas convicções, tem manifestado que o Sistema deve espelhar-se no exemplo dos arquitetos.

Após tantos anos de discussão, a Lei do CAU apresenta muitos avanços para o Conselho de Arquitetura e Urbanismo se comparados com a nossa atual condição.

A escolha dos conselheiros do CAU, nacional e nos regionais, será por eleição direta com voto obrigatório de todos os profissionais, sendo que o CAU será realmente federativo, visto que contará com um representante eleito por cada unidade da federação. No nosso atual Sistema o voto é facultativo, as votações são inexpressivas, e os arquitetos contam com apenas 4 Conselheiros Federais.

Os valores de anuidades e as taxas de Registro de Responsabilidade Técnica (RRT) estão adequadamente descritas e registradas em Lei. Nosso CREA sofre com ações volumosas de reembolso de anuidades e taxas cobradas, reconhecimento, de forma ilegal.

As atribuições profissionais, atividades e campos de atuação dos arquitetos a partir da implantação do CAU serão EXATAMENTE as mesmas de hoje. O Art. 2º da Lei 12.378/2010 é uma transcrição direta do Anexo da Resolução 1.010/2005 do CONFEA. A diferença, que hoje é alvo de discussão no Sistema, é que os arquitetos agora têm suas atribuições registradas em texto de Lei.

Por outro lado, o artigo que determinava a divisão do patrimônio do atual Sistema foi vetado pelo então Presidente Lula. Como uma parcela importante deste patrimônio foi construída pelos arquitetos como parte do Sistema, segue a nossa ação no Congresso pela derrubada deste veto.
Muito, também, sempre se especulou sobre a sustentabilidade do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, o que felizmente está superado diante da realidade do volume de recursos de origem exclusiva dos arquitetos que ora vem sendo depositados em contas específicas nos CREAs. Para surpresa de alguns, hoje, a discussão está centrada na sustentabilidade financeira, e mesmo política, do atual Sistema.

A Lei determina que, até a posse do Presidente e dos Conselheiros do CAU/BR, apenas os artigos 56 e 57 estão em vigor. Estes artigos fazem referência ao período de eleição e transição que está sendo gerenciado pelas Câmaras de Arquitetura com a participação das entidades nacionais. Até que entrem os demais artigos em vigor estaremos aqui no CREA, dando prosseguimento às tarefas cotidianas deste conselho e trabalhando com muito afinco na organização do CAU, preparando a primeira eleição, elaborando regimentos e normativas, reunindo dados e documentos. Em 2011, portanto, ainda somos parte do Sistema, o que não deveria ser visto como novidade, considerando o tempo em que projeto de lei esteve em discussão, oportunizando seu conhecimento e sujeito à manifestação por todas as partes.

É preciso que se destaque que, para que os arquitetos obtenham o resultado necessário frente ao empreendimento que têm pela frente para instalar o CAU no prazo que lhes é concedido, os procedimentos legais e operacionais necessários ao cumprimento dos referidos artigos da Lei, em vigor, devem ser imediatamente colocados em prática.

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo é uma autarquia federal com finalidades claras e aprovado em Lei Federal. Não é uma entidade de arquitetos. Não representa independência profissional. O CAU representa autonomia na fiscalização e na gestão plena de todos os assuntos relativos ao exercício da profissão do Arquiteto e Urbanista.

Nossas profissões, ali fora no mercado de trabalho, seguirão unidas e parceiras. Arquitetos e engenheiros civis, eletricistas, mecânicos, etc., seguirão sendo parceiros profissionais, sócios, colaboradores, co-responsáveis por projetos e obras nas áreas de suas competências e atribuições e seguirão trabalhando juntos no desenvolvimento das cidades e da sociedade. Apenas teremos conselhos profissionais diferentes, assim como acontece na área da saúde com médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos em saúde, que trabalham em conjunto, mas com conselhos profissionais independentes.

Assim como hoje cabe aos Arquitetos e Urbanistas a materialização do seu Conselho Profissional, cabe aos senhores a responsabilidade de adaptar-se aos desafios de fiscalizar as profissões da área tecnológica considerando os paradigmas já colocados pela nossa saída, mas, em especial, os gerados pelo próprio modelo estabelecido pelo atual Sistema.

Não há como prever se os arquitetos terão resultado positivo imediato à instalação do CAU. O nosso CREA-RS tem 76 anos, ou seja, não se constrói um Conselho de uma hora para outra. A Lei aprovada, no entanto, concede aos arquitetos o instrumento básico necessário para que estes construam o seu conselho de forma a atender às expectativas almejadas por tantos anos de lutas e que o resultado de tudo isso, efetivamente, retorne na forma de mais reconhecimento e valorização da Arquitetura por parte da sociedade.

O CAU não admite mais conjecturas. Agora é Lei e a lei deve ser cumprida.
Solicitamos que esta manifestação seja registrada, na íntegra, na ata desta sessão plenária.
Muito obrigado!

CEARQ-RS

18 de março de 2011

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Dica de leitura

Lobão
50 anos a mil
Lobão e Cláudio Tognolli
Editora Nova Fronteira Participações S.A.
Rio de Janeiro RJ Brasil
Brochura 15 x 23 cm
596 páginas
Sempre escolho um livro para ler naquele período entre o natal e o ano novo. Considerando que nesta época do ano a maioria das pessoas, na minha área profissional, desacelera suas demandas e exigências, canalizando as suas energias para as festas de final de ano, eu aproveito esta pequena trégua para dar uma paradinha nos trabalhos do escritório e me dedico a fazer coisas que não cabem dentro do meu tempo ao longo do ano. Não viajo nesta época do ano, pois prefiro a tranqüilidade e o aconchego da casa e, principalmente, da cidade que fica super acessível considerando que a maioria das pessoas se bandeou para o litoral ou para a serra. Ver vários filmes ao longo das madrugadas, dormir até mais tarde no outro dia, caminhadas mais longas, almoços saudáveis e sem a correria do dia-a-dia, muitos banhos de piscina e algumas horas controladas de sol, passeios descontraídos nas praças do bairro, muitas brincadeiras com o meu filho Pedro e leituras que, obrigatoriamente, não sejam de arquitetura.

Isto é quase um ritual. Cabe destacar, para os leitores mais desavisados, que não existe na convicção descrita acima, nenhuma aversão às leituras referentes ao meu amado ofício. Ao contrário disto, tenho uma biblioteca de arquitetura, parte em minha casa e parte em meu escritório, que é de provocar inveja em muitas escolas de arquitetura. Apenas me permito variar, mudando drasticamente o rumo das leituras nesta época do ano.

Já estava um pouco preocupado com a chegada do final do ano e pelo fato de não ter escolhido ainda que livro ler. Tem vezes que eu compro o livro ao longo do ano já com o destino certo de abrir e ler a sua primeira página apenas no dia 26 de dezembro, que por sinal é a data de aniversário da minha saudosa amiga Maria Alzira Jobim. Então me deparo com a aquela capa, muito bem produzida, trazendo aquele olhar sisudo e penetrante do Sr. João Luiz Woerdenbag Filho, vulgo Lobão. Não tive dúvidas, entrei na livraria e arrematei o último exemplar - da própria vitrine - e de lambuja levei, também, o DVD Acústico MTV. Pedi para embrulhar para presente, em pacotes separados, e entreguei com nota fiscal da loja e tudo para a minha mãe, que sempre me pede para eu comprar o meu próprio presente de Natal depois me reembolsando do valor pago! Isto é muito divertido e sempre foi motivo de muitas risadas na hora de abrir os presentes!!

O livro é muito bom, bem escrito e muito bem produzido. São 596 páginas de muitas aventuras, altos e baixos, vários rituais de passagens, muitos combates, alegrias e tristezas, inúmeras reinvenções de si mesmo e uma descrição histórica dos fatos dos anos 70, 80 e 90, não somente musicais, digna de uma atenção especial dos historiadores.

50 anos a mil é a autobiografia dos primeiros 50 anos de vida do músico Lobão, que conta neste belo livro ilustrado a sua heróica trajetória no cenário do Rock brasileiro. Os acontecimentos mais importantes desses primeiros 50 anos de uma vida vivida em alta velocidade, com muito entusiasmo, criatividade, sede de aventura e uma capacidade ilimitada de renascimento e de reinvenção.

Lobão já foi chamado de tudo e recebeu os mais variados diagnósticos. Mas poucos sabem o que realmente ele é. Sua vida tem ares de psicodrama, sem deixar de ser cômico, surpreendente e elucidativo. Polêmicas e histórias mal contadas são passadas a limpo pelo próprio músico. Amizades com grandes nomes da MPB e do Rock nacional, encontros inesquecíveis com Nelson Gonçalves e Elza Soares, entre muitas descobertas, parcerias, drogas, prisões, brigas e muitos amores.

Em paralelo – universo paralelo – às fartas e bem escritas descrições referentes a sua trajetória artística, o texto se ancora em fatos sociais, políticos e econômicos dos conturbados anos 70, profícuos anos 80 e paranóicos anos 90, nos permitindo entender, sob a ótica do autor, várias situações nebulosas deste passado recente do Rock brasileiro, com uma transparência elucidativa e, ao mesmo tempo, desconfortável diante de tanto descortinamento de falcatruas travestidas de falsas verdades. E no meio disto tudo descobrimos uma história de amor louca, insólita, demasiadamente humana, de uma coragem singular, imprevisível e improvável, mas bem real.

O livro trás os fatos de forma contundente, desde as idéias musicais, possivelmente, plagiadas por outros colegas, passando pela situação ultrajante de bode expiatório no caso das prisões por porte de drogas, até a pirataria oficial descarada da indústria fonográfica brasileira, entre outros fatos agudos e boicotes que são de alarmar. Tudo isto contado com a irreverência criativa do músico e com a correta manutenção do léxico e da sintaxe peculiares e autorais de Lobão, fato muito importante para a manutenção da originalidade, fluidez e ritmo do livro.

Outra questão que eu achei genial na leitura são as páginas que reúnem, ao final de cada capítulo, uma espécie de retrospectiva jornalística trazendo as notícias que estamparam a mídia nos vários períodos da sua trajetória artística.

Li o livro todo nestes poucos dias de final de ano. Sempre gostei muito da abordagem musical original e inovadora de Lobão. Mesmo tendo aquela sensação de tê-lo na lista dos artistas preferidos, não posso deixar de relatar que não tinha a menor idéia de alguns dos fatos descritos por ele ao longo do texto. Neste sentido, a leitura prazerosa dos fatos e narrativas referentes à sua vida – que mais ou menos coincide na linha do tempo com a minha geração – andou de mãos dadas com a curiosidade de descobrir muitos fatos que permaneceram, por muito tempo, nebulosos no meu entendimento e outros tantos que eu nem imagina descobrir. Não se trata, portanto, de um resgate nostálgico de um passado longínquo, morto e enterrado, mas de uma história cheia de vida, de intensidade, de coragem, de revelações que ajudam a compreender o passado, projetando luzes criativas para o futuro.

Curti do início ao fim. A leitura valeu da primeira à última pagina. Este é um daqueles livros que você vai lendo com entusiasmo e prazer mas, ao mesmo tempo, poupando algumas páginas para retardar a angústia certeira do final da leitura. Após ler a última página fiquei naquele bom silêncio reflexivo, procurando para mim mesmo uma palavra que sintetizasse a trajetória artística do músico Lobão e após alguns minutos encontro convictamente a palavra ATITUDE.

Atitude para oferecer ao seu público fiel a segunda parte desta história com mais 50 anos de rock and roll da melhor qualidade, pois como ele mesmo profetiza ao final do livro: “...afinal de contas, o melhor ainda está por vir.”

domingo, 16 de janeiro de 2011

Formatura - FauUlbra / Canoas

Turma,

A cerimônia de formatura ocorrida ontem estava linda e emocionante. Foi contagiante vê-los com aquela alegria inconfundível estampada nos rostos, assim como foi, também, emocionante ver aquela entrada triunfal, aos sons de várias e mixadas buzinas e muitas luzes, tendo a música Tropa de Elite como trilha sonora!! É isso aí aspiras, levantem a cabeça, estufem o peito e tenham muito orgulho pois agora vocês são Arquitetos e Urbanistas!! Vocês estavam lindos!!

Lhes agradeço de coração a bela distinção acadêmica que vocês me prestaram, me escolhendo para ser professor homenageado desta turma. Levarei, em especial, esta honraria sempre guardada no coração como um incentivo para o meu trabalho diário no atelier.

A arquitetura, sempre lhes disse isto, é, também, uma filosofia de vida, pois tratando da espécie humana, dos seus espaços e do mundo que os cerca, deixa pouca coisa sem a intervenção direta e sem a influência necessária do arquiteto. A arquitetura está nas próprias origens da humanidade, sendo o produto imediato do instinto humano. A arquitetura é, portanto, ciência e ofício. Ciência, na exata medida em que nos permite, a partir da pesquisa aplicada, conhecer e investigar as necessidades e demandas reais da sociedade e do mercado em que estamos inseridos. E é ofício, pois, a partir dele, participamos ativamente da vida das pessoas, seja na pequena escala habitacional da célula da família ou na escala das grandes edificações e intervenções urbanas.

Por esta razão, meus arquitetos, entre outras tantas, somos uma profissão tão, e cada vez mais, viável e fundamental nos dias de hoje, principalmente quando reconhecemos tantas coisas por fazer neste mundo desigual que temos que mudar e que depende muito das nossas atitudes e da nossa luta conjunta.

Não foram anos fáceis, eu bem sei...

Lembro da coragem de cada um na busca das idéias e das grandes invenções, da fragilidade dos corações diante das muitas dificuldades e, quase, intransponíveis barreiras. Lembro da tristeza imposta pelo exílio necessário do convívio social e familiar, já que não foram poucas as vezes que, por exigência dos nossos tantos e infindáveis trabalhos, nos obrigamos a ficar distantes de tudo aquilo e de todos aqueles que muito amamos...

E a vida passando, indiferente aos nossos apelos para que o tempo passasse mais devagar, nos fazendo sentir, aflitos, que aquele momento não mais voltaria e que ela não esperaria por nós... Quantas vezes, na solidão de um único ponto de luz acesso sobre a mesa de trabalho, nas madrugadas infindáveis, esta pergunta foi formulada por vocês: Será que vale a pena?

Lembro, ainda, do cansaço de cada corpo, do semblante exaurido e apreensivo de cada um nos dias de painel e apresentação dos trabalhos, dos momentos nebulosos onde as tarefas pareciam não caber dentro da linha tênue do tempo e, também, da tristeza diante de uma crítica, por vezes, mais contundente, embora necessária. Mas lembro, principalmente, e me parece que isto é que deve ser exaltado neste momento, da alegria estampada em cada rosto pelas grandes descobertas, pela superação de mais um desafio, pelo acerto diante da tão esperada solução viável, pela experiência mágica de uma invenção e pela oportunidade de estarmos ali, noite após noite, no calor dos verões que se estendiam ou nos implacáveis invernos, testando os nossos limites e fortalecendo cada vez mais as nossas convicções sobre a profissão e, através dela, participando da construção de um mundo melhor para todos.

É claro que vale a pena!!

Juntos, aprendemos muito nesta longa caminhada.

O tempo passou e chegamos ao fim de mais uma longa jornada. Outros tantos desafios gerados pelas demandas profissionais deverão ser assumidos. Fiquei muito feliz por ter tido a oportunidade de conviver com vocês, nesta reta final. Guardo cada um no meu coração. Lhes desejo muita sorte e muito sucesso nesta nova fase das suas vidas. Fazendo uso de algumas palavras do belo discurso de ontem, proferidas pela querida paraninfa, Profa. Arqa. Patrícia de Freitas Nerbas, “...se nos encontramos nesta vida é por que ainda vamos nos encontrar...”. Então, fica no ar aquele gostoso desejo e a certeza de estar com vocês novamente!


Contem sempre comigo!!
Um super beijo e um super abraço, já com saudade!!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Formatura - FauPucRS

Turma,

Acabo de chegar em casa após aquela maravilhosa cerimônia da formatura de vocês. Todos puderam notar a minha alegria incontida diante da bela homenagem que vocês me prestaram, me escolhendo para ser o paraninfo desta 20ª turma da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PucRS.

Não existe homenagem mais importante do que receber esta bela distinção acadêmica. Lhes agradeço do fundo do coração a oportunidade de conduzi-los neste ritual de passagem da vida acadêmica para a realidade das demandas da vida profissional. Devo lhes dizer que esta homenagem veio em boa hora. Num momento de muitas reflexões pessoais e profissionais e trocas de direção!!

Ao longo da cerimônio pude ver, nos olhos de cada um, a alegria da superação por terem alcançado tão nobre conquista. Vocês merecem!! Lembro de cada um de vocês nas disciplinas que cursamos e gurado com muito carinho a parceria, amizade e respeito que sempre caracterizaram os nossos calorosos embates e discussões sobre a arquitetura.

Valeu!! Tomarei as belas palavras que vocês proferiram e dirigiram para mim, no discurso dos oradores, como um grande incentivo diário para as minhas atividades no atelier de projeto!! Levarei na lembrança os alegres momentos que sempre caracterizaram os nossos encontros!! Retornem sempre para nossa escola, pois ela será sempre seu maior porto seguro e aquele lugar onde vocês sempre encontrarão um ambiente propício para a comemoração das suas grandes vitórias!!

Para todos, muita paz, alegria, coragem, saúde, amigos, trabalho, grana e muito amor nos corações!! Super abraço e um beijo carinhoso do Dindo!!

Discurso do Paraninfo

Componentes da mesa já citados.
Familiares e amigos aqui presentes nesta tarde quente de muitas alegrias e festas.
Meus queridos colegas arquitetos e urbanistas:

Desde o momento em que recebi o convite para ser o paraninfo, a alegria tomou conta do meu coração. Não somente pela oportunidade de estar, mais uma vez, junto desta turma pela qual tenho um grande carinho e onde fiz grandes amigos mas, principalmente, pela grande e singular oportunidade de apresentar à sociedade, nestes 14 anos de existência da nossa escola, a 20ª turma de novos e bem preparados arquitetos e urbanistas.

Sei que este honroso convite foi originado por aqueles sentimentos mútuos de companheirismo, amizade e respeito, sempre presentes durante os anos que convivemos juntos nas disciplinas que cursamos, no bar da nossa escola, nas muitas festas, nas inesquecíveis viagens de estudos, onde sempre movidos pelo sentimento de curiosidade sobre o mundo a nossa volta, buscávamos entender, pela ótica do nosso ofício, o comportamento humano diante dos mais diversos espaços, bem como, buscávamos participar sempre ativos da definição dos novos rumos para o ensino de arquitetura e o fortalecimento dos princípios da ética para o desenvolvimento da nossa profissão.

Sinto muito orgulho por ter participado de suas formações e por ver todos vocês com esta satisfação imensa estampada em seus rostos. Deste lugar que vocês se encontram - e que sentaram ainda aspirantes - ao término desta cerimônia, se erguerão arquitetos e urbanistas e serão, portanto, os mais dignos herdeiros das valiosas qualidades e honrosas tradições do nosso ofício. Mais do que isto, receberão, também, a grande e contínua tarefa de fortalecer e propagar, com o fruto do vosso trabalho, os ideais e a cultura arquitetônica local e nacional, sempre com ações honestas e colaborativas, tendo em vista as necessidades do mercado de trabalho e da sociedade em que vivemos.

Por esta razão, meus arquitetos, lhes proponho como última lição de casa o desafio de refletirem profundamente sobre algumas virtudes fundamentais que expressem valores morais, não somente para o exercício da nossa profissão, mas, principalmente, da nossa condição e obrigação primária como cidadãos, perante os nossos pares e perante a sociedade que lhes aguarda ansiosa, sedenta e carente dos resultados do vosso trabalho.

O resgate e o conhecimento dos valores morais, cada vez mais necessários, agem como um polidor da alma. Um saber viver de si para consigo, uma etiqueta de vida interior, um código de nossos deveres, pois bem sabemos que é praticando as ações justas que nos tornamos justos e é praticando as ações corajosas que nos tornamos corajosos.

Para tal, escolhi as seguintes virtudes: senso ético, leveza, coragem e alegria.

A escolha destas e não de outras, não representa aqui um juízo de valor de quem escolhe umas em detrimento de outras que para alguns possam ser mais importantes. Apenas, na minha visão, as escolhidas são aquelas que, neste momento em que vocês se deparam com muitas transformações no campo pessoal e profissional, tornam-se as mais urgentes e devem, portanto, receber de cada um de vocês a devida atenção como forma de fortalecimento dos laços de união entre cada um de vocês e seus maiores ideais por vir.

Inicio pela ética, por ser ela uma virtude vital na produção da realidade social. O mundo atual, perturbado por criações humanas, requer mudanças urgentes. A capacidade humana de criar o artificial sem qualidade parece ter transcendido a nossa habilidade de coexistir com a natureza. A crise energética internacional e o desequilíbrio mundial do meio ambiente assumem patamares preocupantes, exigindo dos novos arquitetos e urbanistas atitudes inovadoras e sustentáveis.

O mercado de trabalho, com suas inumeráveis oportunidades, mas, também, com suas perigosas armadilhas, carece urgentemente de nova formatação, assim como, outras tantas oportunidades de trabalho, ainda adormecidas aguardando por nós, necessitam ser lapidadas com afinco, inovação e empreendedorismo. Para tal, o fortalecimento ético da nossa categoria passa pelo vosso necessário trabalho na política profissional, principalmente, agora que conquistamos o tão sonhado CAU - nosso Conselho de Arquitetura e Urbanismo - revisando e divulgando os princípios da moral e da ética, muitas vezes, deixados de lado na concorrência imposta pela urgência das decisões.

Todo homem possui um senso ético, uma espécie de "consciência moral", que nos permite, constantemente, avaliar e julgar nossas ações para sabermos se são boas ou más, justas ou injustas. Por mais flexíveis que sejamos, sempre vão existir comportamentos humanos classificáveis sob a ótica do certo e errado.

Embora relacionadas com o agir individual, a ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo, com os outros, relações justas e aceitáveis e está alicerçada nas idéias de bem e virtude, enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência coletiva plena e feliz.

Neste momento em que vocês estão prestes a sair da nossa escola para enfrentar a vida profissional, torna-se necessário reconhecer que o futuro de cada um de vocês se funde com o futuro da sociedade em que estamos todos inseridos. A paz, a alegria, a felicidade, o sucesso e a segurança que, individualmente, queremos ter será sempre aquela que conseguirmos construir para todos.

Na seqüência lhes proponho uma reflexão sobre a importância da leveza. Nesta nova jornada, que hoje se inicia, é preciso aprender a ser leve diante dos próximos desafios que poderão parecer densos e intransponíveis como as pedras. As próximas escolhas, principalmente aquelas que apreciamos e escolhemos justamente pela aparente leveza, poderão se revelar, numa análise aprofundada e madura, de um peso insustentável.

É neste exato momento que temos que mudar de ponto de observação. Não se trata, absolutamente, de fuga para o mundo dos sonhos ou para o irracional. Apenas temos que aprender a enxergar as coisas sob outra ótica, outra lógica, outros meios de conhecimento e outras formas de abordagem do problema. A leveza, neste caso, está muito mais associada à precisão e à determinação dos nossos atos, do que ao que é vago ou aleatório. Está mais relacionada ao reconhecimento da importância das causas do que da necessidade urgente de suportar as conseqüências.

Por esta razão é preciso saber ser leve como o pássaro. Leve como o pássaro e não como a pluma. Como o pássaro altivo que segue seu extinto, livre no ar, na busca autônoma das direções a seguir, ao contrário da frágil pluma que dependerá sempre da direção de uma brisa, para poder planar, por mais leve que seja, mas que não é nunca determinada pelo seu próprio desejo.

Como sustentação para as virtudes anteriores vem a coragem. Portanto, desejo-lhes acima de tudo muita coragem, pois a coragem nos dá a base sólida para sabermos superar todas as dificuldades que virão por conseqüência das escolhas e dos próximos desafios.

Pois as dificuldades virão...

Assim sendo, desejo-lhes coragem para agüentar e durar, coragem para viver, coragem para suportar, para combater, para enfrentar, para chorar, para resistir, coragem para perseverar. A coragem não se refere apenas ao futuro, ao medo ou à ameaça. Refere-se, também, ao presente, e sempre está ligada à vontade, muito mais do que à esperança. Afinal, só esperamos o que não depende de nós, só queremos o que depende de nós. É por isto que a esperança, a meu ver, só é uma virtude para aqueles que aguardam imóveis a chegada de tudo, ao passo que a coragem é uma virtude para qualquer um. A coragem não é um saber, mas uma decisão. Não é uma opinião, mas uma atitude.

Por fim, e para tornar o caminho que hoje se inicia mais doce, devemos plantar e cultivar sempre a alegria. A alegria é o estado de saúde que devemos sempre buscar, mais que a própria felicidade, pois a alegria não é um estado de espírito como se supõe ser a felicidade, mas sim uma sensação. Alegria, coisa tão incerta como o vento que sopra lá fora, que tem dias que vem, dias que não vem, que às vezes é tão forte que vira tufão, outras parece apenas brisa suave, que pode vir do sul ou do norte, do leste ou do oeste, mas que vem, queiramos ou não, na hora ou do jeito que bem entender...

Mais uma vez muito obrigado por este convite!
Para mim, foi um grande privilégio e uma honra imensurável caminhar com vocês até aqui!!

Que esta saudade, que a partir de agora começa a povoar os nossos corações, lhes tragam sempre a doce lembrança dos momentos felizes em que estivemos juntos e lhes tragam, também, a certeza de que esta escola sempre será de vocês e sempre estará com suas portas abertas para recebê-los com suas grandes vitórias, muitas alegrias e novas dúvidas.

Muito sucesso nesta próxima jornada!
Daqui para frente, força e honra!
Muito obrigado!!