quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Verdade

Carlos Drummond de Andrade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta.
Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar.
Cada um optou conforme seu capricho,
sua ilusão,
sua miopia.



CORPO
Novos Poemas
Carlos Drummond de Andrade
Editora Record
Rio de Janeiro
1984

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Ausência

Carlos Drummond de Andrade

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada,
aconchegada nos meus braços,
que rio e danço
e invento exclamações alegres,
porque a ausência,
essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.



CORPO
Novos Poemas
Carlos Drummond de Andrade
Editora Record
Rio de Janeiro
1984

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Joe Cocker

John Robert Cocker
1944 – 2014



Foi na garagem da casa do meu amigo Renato, em Oásis do Sul, no verão de 1976, que ouvi pela primeira vez a voz vibrante e emocionada de Joe Cocker interpretando "With a Little Help from My Friends". Renatinho, como era chamado pelos amigos, trabalhava na vidraçaria do pai em Porto Alegre e era, naquela época, uma das únicas pessoas da turma da praia a ter grana suficiente para manter uma super aparelhagem de som (toca-discos, gravadores de rolo, amplificadores, enormes caixas de som, muitas luzes e um globo giratório espelhado), muitos discos de vinil com uma programação variada e atualizadíssima (long-plays e compactos), capazes de animar as nossas noites ao longo de muitos verões, e uma Caravan 76 novinha que nos conduzia – e transportava a aparelhagem – para muitos passeios animados pelo litoral quando íamos “colocar som” em alguma festinha particular. Sua aparelhagem de som era profissional e, por esta razão, frequentemente animava as “reuniões dançantes” no clube da nossa praia, a SAPOS (Sociedade Amigos da Praia Oásis do Sul). Passamos muitos verões juntos nos divertindo antes da vida adulta nos fazer atender outras demandas e nos conduzir por caminhos distintos. Infelizmente, perdemos o contato. Alguns verões atrás, passeando em Oásis do Sul, fui visitar a sua casa - que ficava ao lado da casa de um querido tio - e pude ver que ela já estava bem diferente, reformada e ampliada, mas permanecia ainda com a velha garagem no fundo do terreno, guardando os segredos das nossas impaciências juvenis e dos ótimos verões de um tempo que não volta mais.

Joe Cocker nasceu em Sheffield, Reino Unido, no dia 20 de maio de 1944. John Robert Cocker foi um dos maiores cantores britânicos de rock, influenciado no início da carreira pela "soul music". Começou sua carreira musical em sua cidade natal aos quinze anos de idade. Com o nome artístico de Vance Arnold tocou com The Avengers, depois Big Blues (1963) e Grease Band (1966). Seu primeiro grande sucesso foi a interpretação da antológica canção “With a Little Help from My Friends”, uma versão da música dos Beatles gravada com o guitarrista Jimmy Page (Led Zeppelin). Em 1969 aparece no Festival de Woodstock (15, 16 e 17 de agosto de 1969), com um show consagrador. Nas palavras dele: “...tivemos uma reação emocionante quando tocamos With a Little Help from My Friends. Foi como um sentido maravilhoso de comunicação. Era o último número do show, eu lembro, mas senti que finalmente tínhamos nos comunicado com alguém”. Nos shows, Cocker exibia uma intensidade física incrível enquanto cantava, com uma envolvente presença teatral no palco. No começo dos anos 70 ele teve problemas com drogas e álcool que acabaram atrapalhando sua carreira. Conseguiu, entretanto, se livrar das drogas e retornar aos palcos nos anos 80, conseguindo grande sucesso até os anos 90. Infelizmente morreu hoje aos 70 anos de idade, vítima de um câncer de pulmão em sua casa no Colorado, Crawford. Certamente, fará muita falta no cenário musical atual.

Discografia

With A Little Help From My Friends (1969)
Joe Cocker! (1969)
Mad Dogs & Englishmen (1970)
Joe Cocker (1972)
I Can Stand A Little Rain (1974)
Jamaica Say You Will (1975)
Stingray (1976)
Greatest Hits (1977)
Luxury You Can Afford (1978)
Sheffield Steel (1982)
Civilized Man (1984)
Cocker (1986)
Unchain My Heart (1987)
One Night Of Sin (1989)
Joe Cocker Live (1990)
Night Calls (1992)
The Best Of Joe Cocker (1993)
Have A Little Faith (1994)
The Long Voyage Home (1995)
Organic (1996)
Across From Midnight (1997)
Greatest Hits (1998)
No Ordinary World (1999)
Respect Yourself (2002)
Heart & Soul (2005)
Hymn for my soul (2007)
Hard Knocks (2010)
Fire It Up (2012)


With a Little Help From My Friends
Com Uma Pequena Ajuda De Meus Amigos

O que você pensaria se eu cantasse desafinado?
Você se levantaria e me abandonaria?
Me empreste suas orelhas e eu cantarei uma canção para você
E eu tentarei não cantar fora de tom

Oh, consigo com uma pequena ajuda de meus amigos
Eu me levanto com uma pequena ajuda de meus amigos
Tentarei com uma pequena ajuda de meus amigos

O que eu faço quando meu amor está longe
Te preocupa estar só?
Como eu me sinto ao final do dia?
Você está triste porque você está sozinho?
Não, eu consigo com uma pequena ajuda de meus amigos
Eu me levanto com uma pequena ajuda de meus amigos
Tentarei com uma pequena ajuda de meus amigos

Você precisa de alguém?
Eu preciso de alguém para amar
Pode ser qualquer um?
Eu quero alguém para amar

Você acredita em amor à primeira vista?
Sim, tenho certeza que isto acontece toda hora
O que vê você quando apaga a luz?
Eu não posso te contar, mas eu sei que é meu
Oh, consigo com uma pequena ajuda de meus amigos
Eu me levanto com uma pequena ajuda de meus amigos
Tentarei com uma pequena ajuda de meus amigos

Você precisa de alguém?
Eu preciso de alguém para amar
Pode ser qualquer um?
Eu quero alguém para amar

Oh, consigo com uma pequena ajuda de meus amigos
Tentarei com uma pequena ajuda de meus amigos
Oh, eu me ponho alto com uma pequena ajuda de meus amigos
Sim, eu consigo com uma pequena ajuda de meus amigos
Com uma pequena ajuda de meus amigos

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Dia Especial

16/12/2014

Nem todos os dias são perfeitos, nem todos os dias são alegres, nem todos os dias são tão ruins assim... Mas alguns dias são especiais. Ontem foi um destes dias especiais. Passei a tarde na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Ulbra, em Canoas, participando das Bancas Finais do Trabalho de Conclusão de Curso.

No trânsito, no caminho para Ulbra, fui lembrando da minha longa jornada naquela escola onde comecei como aluno e tive o privilégio de me tornar professor. Lá meu aprendizado foi duplo: aprendi os fundamentos do ofício da arquitetura e urbanismo e, também, da docência tendo a singular oportunidade de dividir a sala de aula com muitos dos meus professores, grandes mestres da arquitetura e fundadores da antiga Facau (Faculdade Canoense de Arquitetura e Urbanismo). Foram 28 anos de dedicação ininterrupta, 6 como aluno e 22 como professor. Entrei no vestibular de 1983 e sai somente em 2011, sendo naquela ocasião homenageado como paraninfo da turma de 2011/1. Que saudade!

Deixei o carro no estacionamento coberto e fui descendo a rampa a pé em direção ao prédio 14, onde funciona a Fau. Nossa... No caminho vi um filme bom passando diante dos meus olhos. Cheguei mais cedinho e fui visitar os lugares que eu gostava muito naquele Campus. A capela, ainda com seus murais artísticos inacabados, os corredores da biblioteca onde encontrei muitos dos livros nos quais estudei, a maquetaria – que agora está em novo lugar – os bares e quiosques onde nos reuníamos com os demais professores e diversos alunos para discutir as particularidades do nosso ofício na hora do recreio, a sala 330 (antiga sala do TCC, agora laboratório de matemática), o bar do laguinho – infelizmente fechado e abandonado, mas onde podemos curtir uma das mais lindas vistas do Campus ao entardecer – e a beleza dos plátanos, na longa avenida de acesso, que mudavam de formas e cores nas diversas estações do ano. Como esquecer daquele caminho coberto em direção à antiga maquetaria e ao bar do laguinho, lateralizado pelas laranjeiras que tornavam aquele passeio uma experiência de aromas inesquecíveis a anunciarem anualmente a chegada da primavera.



Encontrei muitos dos antigos professores dos diversos cursos da Ulbra, parceiros de luta no duro período em que, participando várias vezes da diretoria da Adulbra (Associação dos Docentes da Ulbra), tivemos que enfrentar a reitoria nas reuniões intermináveis para discutir os futuros da Universidade. Já naquela época distante intuíamos que alguma coisa não andava bem na administração geral.

Que alegria participar dos painéis onde os alunos apresentaram seus trabalhos. Fui coordenador do TCC na FauUlbra durante os 6 últimos anos de permanência e não pude deixar de me emocionar entrando na sala e vendo os trabalhos já preparados para apresentação e seus autores, alegres pela conclusão do curso, mas também aflitos pelo importante momento. Desde já meu abraço caloroso aos alunos que propiciaram com seus projetos as grandes discussões de ontem sobre os temas centrais da nossa profissão. À vocês meu respeito e admiração pelas teses levantadas e defendidas. São eles, Alice Pichinatti (Abrigo Municipal para Menores em Canoas), Gabriela Ely Werres (Casa do Estudante Universitário de Canoas), Fernanda Maciel (Análise e Reestruturação Urbana: Porto de Estrela), Gabriela Gonzáles (Midiateca Pública em Porto Alegre), Heriane Santos (Casa de Repouso para Idosos em Torres) e Tainara Zili (Edifício Corporativo em Canoas).

A tarde transcorreu tranquila e nem vimos o tempo passar. Ainda estou sob os alegres efeitos da emoção de ter estado lá. Portanto, vou neste breve textinho, agradecendo emocionado aos queridos amigos que me convidaram para participar deste evento e me recepcionaram tão bem. Super beijo para a Patrícia Nerbas (grande parceira e colaboradora da mudanças que promovemos no curso e, em especial, no TCC) e um abraço apertado no Guilherme Almeida (meu ex-aluno na FauPucRS e que, desde aquela época, demonstrava vocação latente para a docência). Mais uma vez, meus mais sinceros agradecimentos por esta oportunidade. Este convite veio em boa hora. Num momento de reflexões pessoais, trocas de direções e redefinição de novos rumos e desafios.

Ontem, no caminho de volta para casa, experimentando a emoção de ter estado lá, parei no Jardim do Lago e me vi viajando no tempo, nas lembranças e revisitando muitos acontecimentos marcantes. Exatamente ontem, dia 16/12/2014, completei vinte e seis anos de formado. É incrível como na lida diária, movidos pelas demandas e solicitações pontuais da vida, não percebemos a passagem do tempo. Ainda lembro do rosto de cada um dos meus colegas de atelier, das muitas festas, das noites intermináveis nos bares intermináveis da cidade, das viagens de estudos, da praia da Pinheira em SC sítio para os trabalhos de diplomação para todos os alunos daquele ano (1988), dos muitos encontros estudantis, do bar do IabRS, do nosso atelier de estudantes (eu, Pery, Juarez e Luizinho) – que virou ponto de encontro dos colegas da Fau – e que ficava em Porto Alegre, no segundo pavimento de um lindo e misterioso casarão antigo na Rua Marechal Floriano, quase esquina com a Rua Duque de Caxias, dos churrascos que fazíamos no antigo galpão de madeira num bosque dentro do Campus Canoas, das brincadeiras e jogos de bola nos corredores, das rivalidades esportivas que chegavam a transferir datas de provas e entregas de trabalhos nos dias dos grandes jogos, das rádios que escolhíamos quando virávamos as noites trabalhando e mandando músicas e recadinhos para os colegas através dos DJ’s, dos dias e noites em claro para execução dos nossos sonhos e ideais transformados em grandes projetos.



E, principalmente, lembro dos bons companheiros desta jornada...

Então fico me perguntando para onde foram os velhos e inseparáveis companheiros? Lembro dos seus sonhos e dos seus talentos, da vontade de vencer e transformar este mundo desigual. Lembro de tantas emoções boas, do juramento que fizemos de mãos dadas, às vésperas da formatura, numa noite de lua cheia no estacionamento da faculdade, ainda vestidos com a toga que tínhamos naquela noite experimentado, de que jamais nos separaríamos, por mais que a vida assim nos exigisse.

Onde estão os velhos companheiros?

Olho em minha volta e vejo tanta coisa ainda por fazer! Muitos sonhos e pessoas ficaram pelo caminho. É engraçado como se propagam os sentimentos verdadeiros, mesmo com a distância e com a ação do tempo, eles não morrem. Não que vivam das lembranças ou dos fatos do passado. O passado é somente uma referência temporal. Se ainda sentimos uns aos outros, então ainda estamos no presente. Mesmo quando a vida segue o seu rumo.

Mais uma vez, muito obrigado pelo carinho manifesto no convite para estar ontem com vocês naquela escola que ainda sinto minha! A alegria da tarde de ontem e a energia positiva desta geração de novos arquitetos ficarão para sempre tatuadas no meu coração!

Contem sempre comigo!

Força e Honra
Saudação Romana

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

As vantagens dos concursos para a contratação de projetos

Autor: André Pachioni Baeta
Data: 09/12/2014

A principal causa de insucesso na execução de obras públicas são os projetos deficientes, que vão originar toda sorte de irregularidades que se tem notícia no Brasil. Várias são as origens do problema, podendo-se citar a falta de planejamento dos órgãos contratantes, materializado no açodamento para a licitação da obra, bem como a carência de pessoal capacitado para analisar e receber os projetos contratados. Outro motivo é bem conhecido: a forma equivocada da contratação dos trabalhos de engenharia e de arquitetura, por essência serviços de natureza técnica profissional especializada.

Serviços de engenharia consultiva envolvem um esforço intelectual e criativo, o que desaconselha sua contratação mediante licitações do tipo “menor preço”. Nesse tipo de torneio são frequentemente observados mergulhos nos preços, de forma que o projeto provavelmente não será desenvolvido pela empresa mais qualificada e o contrato resultante poderá ser ajustado com preço inexequível para remunerar adequadamente um serviço de qualidade.

Da mesma forma, a adoção de licitações do tipo “técnica e preço” para a contratação de projetos, como indicado no art. 46 da Lei 8666/93, tem sido ineficaz para resolver a questão, conforme comprovam inúmeras licitações de diversos órgãos públicos. A despeito de o critério de julgamento utilizado em tais certames ser uma combinação de melhor técnica e preço, os projetos recebidos são tão ruins quanto os contratados por menor preço. Além disso, as licitações de técnica e preço são complexas e demoradas, sendo de difícil observância a exigência legal de estabelecimento de critérios objetivos para avaliação da nota técnica, o que induz os gestores a pontuarem as licitantes unicamente por sua experiência. Para que esse tipo de licitação seja realmente eficaz, deve necessariamente haver a valoração das soluções de projeto a serem empregadas, e não somente a pontuação individual das licitantes decorrente da experiência profissional das empresas ou de seus responsáveis técnicos, geralmente aferidas por meio de atestados técnicos.

A utilização de atestados técnicos não proporciona a valoração comparativa das vantagens técnicas das soluções existentes nas propostas dos licitantes, restringindo-se geralmente a quesitos de habilitação das empresas. Tal sistemática não estimula os projetistas a elaborarem propostas que resultem em real benefício técnico, na medida em que elas não serão valoradas por tal critério. Na prática, há apenas incentivo para que os particulares façam propostas economicamente mais vantajosas em relação aos concorrentes, o que desvirtua o processo de técnica e preço em uma licitação de menor preço.

A contratação integrada instituída pelo RDC, na prática, também não tem sido a solução. Ao utilizar anteprojetos com nível de definição precário, em vez de oferecer aos licitantes projetos básicos completos e consistentes, a Administração suprime informações imprescindíveis para avaliação de riscos e dos reais custos da obra, fato que trará problemas diversos na execução contratual. Além disso, está se colocando a raposa para tomar conta do galinheiro, pois há um conflito de interesses nesse regime de execução contratual, uma vez que o construtor assume o encargo da elaboração dos projetos, preferindo implantar soluções construtivas de menor custo, ao invés daquelas que assegurem maior durabilidade, qualidade e utilidade para o proprietário da obra. Como o preço a ser recebido pelo contratado é fixo, não há garantias de que o construtor, ao elaborar o projeto, irá necessariamente escolher as melhores soluções para o contratante da obra em detrimento dos seus lucros.

Posto o problema, é reconfortante verificar que sua resolução está na própria Lei 8666/93, estabelecendo que, ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os contratos para a prestação de serviços técnicos profissionais especializados deverão, preferencialmente, ser celebrados mediante a realização de concurso, com estipulação prévia de prêmio ou remuneração. Infelizmente, devido à falta de uma regulamentação apropriada dessa modalidade licitatória, são pouco comuns as contratações de projetos mediante concursos.

O concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes do instrumento convocatório ou regulamento, que indicará a qualificação exigida dos participantes, as condições de realização do concurso e os prêmios a serem concedidos e as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho.

A referida modalidade licitatória basicamente funciona a partir da definição do objeto e da definição preliminar de premiações e honorários. Os participantes submetem suas soluções (em nível de estudo preliminar ou de anteprojeto) para a obra idealizada. Uma comissão julgadora, composta a partir da indicação dos promotores e organizadores do concurso, seleciona o melhor projeto segundo os parâmetros estabelecidos no regulamento do certame. O autor do projeto premiado é então contratado para o desenvolvimento do projeto executivo.

A preferência pelos concursos não é uma particularidade da legislação brasileira, e sim uma tendência mundial. A XX Conferência Geral da UNESCO (1978) recomendou aos países membros a adoção dos concursos públicos como forma adequada de licitação para a obtenção dos projetos de arquitetura e urbanismo. A experiência internacional com concursos tem diversos exemplos marcantes, como os projetos da Casa Branca, em Washington, do edifício sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque e do Teatro da Ópera de Sydney. No Brasil, as sedes da Petrobrás no Rio de Janeiro e em Vitória, bem como a Terceira Ponte do Lago Sul, em Brasília, estão entre os exemplos mais conhecidos de utilização de concursos. Destaque-se que o próprio projeto urbanístico de Brasília foi escolhido por meio de concurso público.

Vejamos a seguir algumas vantagens do concurso:

1 - Com o concurso contrata-se o melhor projeto e não a melhor empresa

As licitações de melhor técnica e preço estão focadas na seleção de uma virtual “melhor empresa” projetista, o que não significa necessariamente em selecionar o melhor projeto. Não há nenhuma garantia da qualidade do projeto que será futuramente confeccionado. Há grande chance de se estar comprando gato por lebre, pois a Administração Pública contratará às cegas sem saber que projeto será recebido.

A lógica do concurso é diversa, centrada na seleção do melhor projeto e não na melhor empresa projetista. Por meio do concurso é possível visualizar e escolher a solução mais adequada para um problema específico, sendo a forma mais segura e econômica para a contratação de projetos de arquitetura, pois permite a avaliação e a escolha do serviço antes de sua aquisição.

2 - A Administração pública sabe qual é o projeto que está comprando

Assim, o concurso é a única modalidade licitatória de projetos em que o contratante tem pleno conhecimento da solução adotada antes de contratar e pagar pelo serviço. Ao receber as propostas, sua seleção se dará com base em desenhos conceituais, perspectivas, memoriais ou maquetes eletrônicas do futuro edifício, o que proporcionará uma visão clara do projeto que será futuramente desenvolvido.

O contratante avaliará as diversas propostas recebidas dos participantes do concurso, escolhendo aquela que é a mais adequada. E essa avaliação não precisa se restringir apenas aos aspectos estéticos de um projeto arquitetônico, podendo também existir outros critérios de avaliação das soluções técnicas, relacionadas com a qualidade, desempenho, produtividade, durabilidade, segurança, prazo de entrega, custo de execução, custo de manutenção, sustentabilidade ambiental ou outros benefícios objetivamente mensuráveis, a serem necessariamente considerados nos critérios de julgamento do certame.

3 - O projeto é entregue no prazo, sem aditivos e aumentos de custos

No Acórdão 2.230/2014 - 2ª Câmara, o TCU reconheceu a possibilidade de a licitação na modalidade concurso permitir a contratação dos vencedores para o desenvolvimento dos projetos executivos, mediante recebimento da respectiva remuneração. Assim, os participantes do concurso podem apresentar projetos conceituais ou anteprojetos que serão examinados pela banca examinadora e a empresa vencedora será contratada para desenvolver os projetos executivos de engenharia e de arquitetura por um valor pré-fixado no regulamento do concurso.

Não se está defendendo aqui que o vencedor do concurso seja posteriormente contratado, por inexigibilidade de licitação, para desenvolver os projetos executivos do empreendimento, pois o concurso já se constitui em uma modalidade licitatória autônoma e completa, sendo um critério de seleção suficiente e legalmente adequado para contratação de projetos. É uma modalidade de licitação com a finalidade de contratar a execução futura de serviço técnico profissional especializado, e não de adquirir produto ou serviço pronto e acabado. Assim, tendo havido a licitação na modalidade concurso, não há que se falar em contratação direta, sem licitação, para posterior desenvolvimento dos projetos complementares, pois a celebração do ajuste foi previamente precedida de licitação, no caso, de um concurso.

No concurso, trabalhos preliminares ou anteprojetos de arquitetura são selecionados, sendo o vencedor contratado para desenvolver os projetos definitivos e complementares. Nada impede que a Administração distribua prêmios aos demais classificados segundo a ordem e valores estabelecidos no regulamento, mas o vencedor receberá a remuneração correspondente à contratação dos serviços que prestará, também conforme as regras do edital regulador do concurso, devendo ser previsto um valor coerente com a complexidade do objeto a ser desenvolvido.

É possível também que o concurso seja divido em fases ou etapas de cunho classificatório e eliminatório. Assim, em uma primeira fase, seriam selecionados projetos conceituais de determinada obra. Os projetistas cujas propostas fossem classificadas nessa primeira fase seriam chamados a apresentar um anteprojeto de engenharia em uma segunda etapa. Também não se vislumbra nenhum óbice de cunho legal ou técnico para que o instrumento convocatório estabeleça valores de prêmios diferenciados e crescentes para as propostas selecionadas em cada uma das etapas do concurso.

O regulamento do concurso estabelecerá um prazo para apresentação das propostas, que não poderá ser inferior a 45 dias, nos termos da lei, bem como o prêmio ou a remuneração do autor da proposta selecionada. Poderá estabelecer também que o valor da remuneração seja diferido, conforme o vencedor do concurso seja contratado para desenvolver o detalhamento do projeto, nos prazos fixados no edital. Assim, não é cabível qualquer majoração no valor do prêmio por aditivos ou que a entrega da proposta seja postergada, pois implicará na desclassificação do seu autor.

Assim, considerando-se que, no momento da contratação, a vencedora do concurso já dispõe de um projeto conceitual ou de um anteprojeto com as principais soluções técnicas do empreendimento, há maiores garantias do recebimento de um projeto com a qualidade desejada, contendo todos os elementos especificados no instrumento convocatório, dentro do prazo estabelecido.

4 - Há aumento de competitividade entre as empresas projetistas

A Lei 8.666/93 dispõe que, nos casos de concurso, poderá ser dispensada, no todo ou em parte, a documentação referente à qualificação técnica, à habilitação jurídica, à qualificação econômico-financeira e à regularidade fiscal e trabalhista. Tal disposição é plenamente coerente com a filosofia dessa modalidade de licitação, pois a Administração só pagará o prêmio ou a remuneração para o(s) melhor(es) projeto(s), após o seu recebimento, o que torna absolutamente inútil a exigência de toda a documentação que costuma ser exigida em uma típica concorrência, destinada a assegurar o futuro cumprimento das obrigações pela licitante.

Tal fato proporciona o ingresso de outros interessados na disputa, que não poderiam fazê-lo quando utilizadas as demais modalidades de licitação, por não disporem de toda a documentação necessária, em especial, de atestados de qualificação técnica.

Em alguns dos exemplos pesquisados, foram verificados dezenas de participantes nos concursos. No concurso para o projeto da Estação Antártica Comandante Ferraz, a competição teve 109 equipes inscritas e 74 trabalhos entregues. Trata-se, portanto, de modalidade licitatória democrática, que permite a participação ampla e irrestrita de profissionais.

Enfatize-se que o aumento da competitividade é salutar para o contratante, pois as empresas estão competindo em termos de soluções técnicas e não em termos de menor preço, o que maximiza as possibilidades de a Administração receber um projeto mais inovador, pois muitos profissionais estarão debruçados sobre um mesmo tema e, posteriormente, haverá contratação com honorários compatíveis com o objeto a ser entregue, sem a possibilidade de mergulho nos preços.

5 - O melhor projeto é selecionado por especialistas na área

Nos concursos, é praxe que a comissão de licitação seja auxiliada por uma espécie de banca ou comissão especial integrada por pessoas de notório conhecimento da matéria. Os integrantes da banca podem ser servidores do próprio órgão contratante, caso este disponha de pessoal qualificado para tal atribuição, ou podem ser contratados engenheiros experientes, arquitetos renomados, professores universitários ou outros profissionais aptos para integrar a comissão julgadora. Resolve-se, assim, a crônica deficiência de estrutura de diversos órgãos que não dispõem de profissionais habilitados tecnicamente para analisar e receber os projetos contratados, o que invariavelmente resulta na aceitação de projetos deficientes e incompletos.

A banca do concurso irá auxiliar a Administração contratante a elaborar os termos do regulamento do concurso, estabelecendo critérios de julgamento e produzindo outros documentos complementares e, posteriormente, atuará na seleção das melhores propostas segundo os critérios previamente estabelecidos.

É desejável ainda que a banca seja multidisciplinar, composta tanto por arquitetos quanto por engenheiros de diversas especialidades, com o intuito de avaliar as soluções estéticas, funcionais, estruturais e de instalações da edificação, inclusive os custos de construção, operação e manutenção da solução projetada, os quais devem ser seriamente considerados como um quesito de julgamento.

6 - Há isonomia e impessoalidade na seleção do melhor projeto

Os concursos conferem maior transparência e lisura à contratação de serviços técnicos, democratizando o acesso ao trabalho, na medida em que o julgamento feito pelo corpo de jurados com notório saber é realizado preservando-se o anonimato dos trabalhos, sem nenhuma identificação dos seus autores. É comum que o regulamento estabeleça que as propostas sejam entregues em envelopes lacrados, sem nenhuma marca, carimbo ou identificação dos autores dos projetos, sob pena de desclassificação. Dessa forma, a banca do concurso fará a análise das propostas sem saber quem são os seus autores, evitando-se, portanto, o direcionamento da licitação ou de qualquer tipo de favorecimento para determinada licitante.

Conclusão

Portanto, a Lei 8.666/93 é uma legislação favorável aos concursos, faltando regulamentá-la de forma apropriada. Sugere-se ainda que o PLS 559, atualmente em tramitação no Senado Federal, que objetiva instituir nova lei de licitações e contratos da Administração Pública, priorize a contratação de projetos mediante concursos.

(Artigo originalmente publicado na edição de dezembro da revista Infraestrutura Urbana)

André Pachioni Baeta é engenheiro e exerce o cargo de Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União, atuando na fiscalização e controle de obras públicas. É autor dos livros “Orçamento e Controle de Preços de Obras Públicas” e “RDC – Regime Diferenciado de Contrataçãos Públicas – Aplicado às Licitações e Contratos de Obras Públicas”, publicado pela Editora Pini.

Fonte: http://www.iab.org.br/artigos/vantagens-dos-concursos-para-contratacao-de-projetos

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Sobre o Bem e o Mal

Ao longo deste ano transcrevi alguns textos do livro O Profeta (Khalil Gibran), que supunha perdido e que achei durante a mudança do meu escritório para a nova sede, e ainda me surpreendo com a repercussão positiva deles. Naquela ocasião relatei minha impressão de que estes textos, escritos como fábulas e com palavras simples, tinham o poder de sintetizar os sentimentos recorrentes das pessoas, evidenciando o senso comum sobre assuntos e emoções do cotidiano, nos fazendo ver e entender que, de certa forma, passamos todos por situações muito semelhantes ao longo da nossa vida.

Nesta semana, como contribuição de uma leitora, recebi por e-mail mais um texto deste livro que discorre sobre o bem e o mal, que transcrevo a seguir. No e-mail ela externa uma preocupação - com a qual me associo - sobre o antagonismo das emoções diante de fatos que contradizem a nossa forma de pensar e as ações das pessoas diante disto. Coincidência, ou não, escrevi sobre isto num artigo para a Zero-Hora (ZH, 26/11/2014, página 22). Esta polarização - que nos categoriza discriminadamente - entre pretos e brancos, reacionários ou reformistas, pobres e ricos, bons ou maus, traz na síntese destas emoções acaloradas a realidade de que estamos cada vez mais intolerantes com as diferenças e com as ações e opiniões que vão na contra-mão da forma como vemos o mundo e vivemos as nossas vidas.

De certa forma, existe uma boa dose de individualismo nesta forma de pensar que nos faz achar que se as coisas não são como as desejamos, elas são imperfeitas e, portanto, passíveis de julgamentos. Em consequência disto, a punição do "outro" passa a ser a ação corretiva e conciliadora das frustrações de quem defensivamente pensa assim. A falsa idéia de que "o inferno são os outros", tem levado muita gente boa a se perder na construção dos seus sonhos e desejos. E ela termina muito bem o seu delicado e-mail nos chamando à razão para olharmos as coisas - fatos e pessoas - como elas são e não como os nossos ilusórios desejos idealizadores gostariam que elas fossem, nos lembrando da necessária lucidez e do sensato equilíbrio diante das pedras do caminho e da tolerância que temos que ter diante das diferenças e dos erros. O erro, como sabemos, é sempre relativo, é o registro das possibilidades e está disponível para qualquer um experimentar, refletir, crescer e superar.

Sobre o Bem e o Mal

E um dos anciãos da cidade disse: Fala-nos do Bem e do Mal. E ele respondeu: Do bem dentro de vós, eu posso falar, mas não do mal. Pois o que é o mal além do bem torturado por sua própria fome e sede? Em verdade, quando o bem está com fome, busca alimento mesmo nas cavernas escuras, e quando tem sede, bebe até mesmo das águas paradas.

Quando sois bons, sois inteiros. Mas quando não sois inteiros, não sois maus. Pois uma casa dividida não é um esconderijo de ladrões; é apenas uma casa dividida. E um barco sem leme pode navegar sem rumo entre perigosos rochedos, mas não afundar.

Sois bons quando buscais dar de vós mesmos. Mas não sois maus quando buscais obter para vós mesmos. Pois quando lutais para ganhar, sois apenas uma raiz ligada à terra que suga no teu seio. Certamente os frutos não podem dizer à raiz: “Seja como eu, maduro, completo e sempre generoso da vossa abundância”. Pois para o fruto, dar é uma necessidade, como receber é a necessidade para a raiz.

Sois bons quando estais totalmente conscientes em vosso discurso, mas não sois maus quando dormis, enquanto vossas línguas tropeçam sem sentido. E mesmo o discurso hesitante pode fortalecer uma língua fraca.

Sois bons quando caminhais para o vosso objetivo com passos firmes e corajosos. Mas não sois maus quando andais mancando. Mesmo aqueles que mancam não andam para trás. Mas vós, que sois fortes e ligeiros, não mancai na frente dos mancos, julgando que isto é bondade.

Sois bons de incontáveis formas, e não sois maus quando não sois bons, estais apenas atrasados e com preguiça. É uma pena que as lebres não possam ensinar a velocidade às tartarugas.

Em vossa aspiração pelo vosso ser gigante está a bondade; e esta aspiração está em todos vós. Porém, em alguns de vós, esta aspiração é uma torrente correndo vigorosamente para o mar, levando os segredos das montanhas e as canções da floresta. E em outros, é um riacho calmo, que se perde em curvas, se dobra e demora para chegar à praia. Mas que aquele que aspira muito diga para aquele que aspira pouco: "Por que és vagaroso e hesitante?" Pois apenas os verdadeiramente bons não perguntam aos desnudos: "Onde estão tuas vestes?" e aos que não tem lar, "O que aconteceu com a tua casa?"



O Profeta
Khalil Gibran
L&PM Pocket 222
Primeira edição
Páginas 82-85
Abril de 2001

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Vazio pós-eleições

Ontem vi com muita alegria e satisfação o artigo que escrevi no final de semana passado, sendo publicado pelo jornal Zero-Hora. A ideia do texto surgiu da provocação que recebi por e-mail do meu grande amigo Luis Emilson Leiria, gaúcho que mora na Bahia há muitos anos, dos diálogos sobre cidadania que tenho mantido com meus ótimos alunos de Ateliê de Arquitetura III na FauPucRS e das leituras que tenho feito sobre o radicalismo das opiniões com relação à polaridade nas eleições e ao resultado das urnas, em especial da discriminação geográfica que, a partir do zoneamento territorial expresso pelas estatísticas, nos dividiu imaginariamente em norte e sul.

Mandei uma minuta do texto para a redação do jornal que imediatamente respondeu solicitando que eu formatasse a ideia num artigo. Por natural limitação de espaço no jornal, a versão original teve que ser revisada e reduzida num saudável exercício de síntese textual que muito me fez bem. Assim como na vida, fazer uma síntese requer atitude e desprendimento emocional para olhar a situação com o necessário distanciamento crítico capaz de ver as coisas como elas são e não como gostaríamos que elas fossem. Depois de muito vai e vem, corta e recorta consegui reduzir o texto. O que publico a seguir é o recorte da matéria que saiu na página 22 da ZH de ontem (26/11/2014) e a versão completa do texto antes da síntese. Desde já agradeço as inúmeras manifestações de carinho oriundas da identificação dos leitores para com o conteúdo do texto. Mesmo sabendo que um jornal é um potente instrumento de informação e divulgação de ideias, não imaginava que o texto fosse ir tão longe e ter tanta repercussão como teve. Valeu a experiência.



Vazio pós-eleições
Versão completa do texto

Passado um mês das eleições estamos presenciando – como em todas as paixões – picos agudos de amor e ódio com relação ao resultado das urnas. As mais diversas formas de manifestação das emoções estão aflorando nas redes sociais digitais, mesas de bares, salas de aulas, entre outros lugares onde a liberdade de expressão se faz presente. Uma verdadeira avalanche de ironias, comentários e piadas – a maioria carregada de preconceito e uma grande dose de mau gosto – sobre o zoneamento político e territorial expresso pelos dados extraídos das urnas, sobrepostos ao mapa do Brasil, nos dividindo imaginariamente entre norte e sul.
Protegidos pelo anonimato covarde que alimenta a impunidade, estes críticos de ocasião tendenciosamente não se dão conta de que todas as regiões do país foram, em maior ou em menor grau, responsáveis pela eleição de um candidato em detrimento do outro. Neste sentido, a “maioria” expressa pelo dado estatístico põe um véu sobre aquela “minoria” também responsável pelo resultado final, independente do zoneamento geográfico.

Mais do que expressar com este antagonismo de emoções as preferências ideológicas ou convicções partidárias, o que temos acompanhado é uma verdadeira demonstração de rancores oriundos muito mais de um conjunto de frustrações pessoais acumuladas do que pelas expectativas de melhoria de qualidade de vida, desejáveis diante da força do voto. Este posicionamento irado, preconceituoso e revoltoso de muitos – que em nada representa força ou capacidade lúcida de expressar um pensamento ou um desejo de mudança – trouxe como alerta de perigo para todos nós uma ideia messiânica distorcida de que a felicidade plena e absoluta viria muito mais com a derrota de quem não gostamos do que com a vitória daquele – ou daquela – em quem votamos pela proposta que acreditamos ser a melhor para o nosso país.

Como todo radicalismo, acabamos por experimentar este sentimento desconfortável de discriminação geográfica, como se algumas regiões fossem mais ou menos responsáveis pelo nosso destino político para os próximos quatro anos. Com a ternura e afetividade das grandes discussões ideológicas ou com o punho cerrado da revolução, ideias divergentes tendem sempre a ocasionar divisões e conflitos de opiniões. Saudáveis divisões e conflitos. Pior seria ficarmos todos apáticos diante do cenário político atual, suas causas e consequências. Não se trata, portanto, da busca ideal da verdade absoluta, pois neste sentido, ambos os lados, mesmo divididos por diferenças ideológicas abissais, buscam a mesma coisa: transformação. E esta transformação se faz com diálogo, tolerância e negociação. Não com negociatas. Não vendendo o país ou o entregando como garantia de pagamento por algo que não conhecemos, que não necessitamos ou que venha a comprometer a vida das próximas gerações.

Já vivemos momentos históricos de aguda repressão de ideias. O que não foi bom. Hoje vivemos um momento acrítico de total liberdade e irresponsabilidade de expressão – inclusive dos candidatos que soltaram o verbo e os adjetivos, uns contra os outros, tentando pateticamente travestir os diálogos superficiais com ilusórias e falsas cordialidades. O que também não foi nada bom. Quando nos lembramos da rasteira e superficial discussão dos candidatos, nos falsos e pueris debates, na apresentação incoerente de propostas – e até mesmo na ausência delas – para o nosso futuro e, principalmente, quando nos libertamos do radicalismo das paixões pelos candidatos, o que sentimos, na verdade, é um grande vazio. Vazio das ausências. Vazio da falta de esperança. Vazio da intolerância. Vazio da falta de respeito e ética. Vazio da moral, divulgada em rede nacional e internacional e vendida a peso de ouro pelos jornais, emissoras de rádio, televisão e internet.

Estamos com as mãos vazias. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. O lado bom deste último pleito – e tudo tem um lado bom – é reconhecer que há uma grande inquietação por parte dos eleitores. Um resgate de um sentido vigilante de alerta sobre os fatos vividos e sobre as ações por vir. A discussão política volta a ser praticada no melhor exercício da cidadania, principalmente pelos jovens que tem se dado conta da necessidade de possuírem uma causa reformadora pela qual lutar. Ninguém aguenta mais as ações irresponsáveis e ocultas daqueles que nos representam por força do voto. Neste sentido, vamos nos dando conta de que não podemos esperar somente por uma reforma da sociedade que venha deles. Apenas deles.

Sem ser pessimista, mas com uma boa dose de realismo, perderemos mais quatro anos, e depois mais quatro e mais quatro e mais quatro, independentemente de quem sejam os nossos governantes. Enquanto não houver uma reforma ética e moral do cidadão como célula mater da sociedade, enquanto não houver uma reflexão profunda e uma revisão de caráter e personalidade de cada um de nós, continuaremos tendo estas pessoas como os nossos representantes. De certa forma, como dizem os sociólogos, os nossos governantes são um recorte da sociedade. Um recorte daquilo que somos, de como agimos e de como pensamos. Neste sentido, penso que a tão sonhada mudança da sociedade virá apenas com a transformação das nossas ações éticas e morais. Um tijolo de cada vez. Fortalecendo as fundações do futuro que queremos para nós e para os nossos filhos, como as construções que conhecemos tão bem.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Fau PucRS - TCCII | Bancas Finais

Terão início no próximo dia 01/12 as bancas de apresentação dos Trabalhos de Conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo da FauPucRS. Entre os dias 01/12 e 09/12, nos diversos turnos, serão apresentados 47 trabalhos com os mais diversos temas nas áreas de arquitetura, paisagismo e urbanismo. As bancas são abertas ao público e ocorrerão na sala 215 do prédio 9 (FauPucRS). Em paralelo ao desenvolvimento das bancas os visitantes terão a oportunidade de ver os 47 trabalhos expostos no saguão da faculdade.
Não percam!!

Cronograma das atividades:

01/12
SEGUNDA-FEIRA

14:00h - Abertura oficial | Pró-Reitora de Graduação | Diretor da Fau | Chefes de Departamento

Componentes das Bancas
Profa. Arqa. Ana Elísia Costa (Ufrgs)
Prof. Arq. Renato G. G. Menegotto
Prof. Arq. Daniel Pitta Fischmann
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto

Alunos
14:30h - FELIPE PORFIRO DE OLIVEIRA
15:30h - MARIANA DREYER FERNANDES
16:30h - MATHEUS SIMON DOS SANTOS
18:00h - EMILI DOS SANTOS PERALTA
19:00h - GUILHERME SILVA RODRIGUES
20:00h - MATHEUS FREITAS BENFICA

02/12
TERÇA-FEIRA

Componentes das Bancas
Profa. Arqa. Patrícia de F. Nerbas (Unisinos)
Profa. Arqa. Maria Dalila Bohrer
Prof. Arq. Daniel Pitta Fischmann
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto

Alunos
14:00h - GUILHERMO DEXHEIMER GIL
15:00h - BRUNO NARDINO LENZI
16:00h - PRISCILA CARVALHO DA SILVA
18:00h - ADRIANA AUGUSTO NEVES
19:00h - EMANUELE CRISTINA SULZBACH
20:00h - TALIANE ENGROFF

03/12
QUARTA-FEIRA

Componentes das Bancas
Prof. Arq. Enaldo Nunes Marques (Ulbra)
Prof. Arq. Cláudio Mainieri de Ugalde
Prof. Arq. Daniel Pitta Fischmann
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto

Alunos
14:00h - CATHERINE MOSCHEM CAPELLARI
15:00h - GIULIANA XAVIER BARBIERI
16:00h - TATIANA DOS SANTOS
18:00h - GEOVANA MARTINEZ GIFFONI
19:00h - TAYRA WAGNER ZUCCHETTI
20:00h - ROBERTA DOS SANTOS MONTEIRO

04/12
QUINTA –FEIRA

Componentes das Bancas
Prof. Arq. Nino Roberto Machado (IMED)
Prof. Arq. Mario dos Santos Ferreira
Prof. Arq. Daniel Pitta Fischmann
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto

Alunos
14:00h - ALICE KARAM CRUZ
15:00h - MARIA EDUARDA C. DE O. FREITAS
16:00h - MATHEUS POLICARPO CORREIA
18:00h - ANA HELENA DREISSIG
19:00h - GABRIELA CAMARA GHISLENI
20:00h - RAFAELA GALVAGNI
21:00h - WILLIAM POSTAL PIOVESAN
22:00h - MAIARA DE OLIVEIRA FRANCISCO

05/12
SEXTA-FEIRA

Componentes das Bancas
Prof. Arq. Roberto Passos Nehme (IPA)
Profa. Arqa. Ana Rosa Sulzbach Cé
Prof. Arq. Daniel Pitta Fischmann
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto

Alunos
14:00h - ALEX RONALDO DE O. PEDRETTI
15:00h - ERICA DANIEL VITALI
16:00h - FRANCIELLE TAVARES RIVA
18:00h - ALANA CANTU KUNZ
19:00h - HELENA OLIVEIRA DA SILVA
20:00h - PEDRO ARTHUR CAMARA

08/12
SEGUNDA-FEIRA

Componentes das Bancas
Profa. Arqa. Ana Carolina Pellegrini (Ufrgs)
Prof. Arq. Eduardo Pizzato (UniRitter)
Profa. Arqa. Maria Alice Medeiros Dias
Prof. Arq. Daniel Pitta Fischmann
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto

Alunos
9:00h - CLAUDIA GARCIA GONZALEZ
10:00h - FLAVIA MARIN
11:00h - LUIZA MORAES BOENI
14:00h - AMANDA DE MEDEIROS ROSA
15:00h - DIENNEFER R. P. OSTROWSKI
16:00h - MICHELI DA SILVEIRA
18:00h - ERNANI MAXIMO F E SOUZA
19:00h - JOSIANE ROCHA FERRO
20:00h - CAROLINA GOMES GUIMARAES

09/12
TERÇA-FEIRA

Componentes das Bancas
Prof. Arq. Luiz Antônio M. Verísimo (UfPel)
Profa. Arqa. Leila Nesralla Mattar
Prof. Arq. Daniel Pitta Fischmann
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto

Alunos
14:00h - ANGELA CRISTINA O DA COSTA
15:00h - ANTONIO RICARDO DONELLI JR
16:00h - DANIELLE GUARDA
18:00h - GIOVANA VIER MUNHOZ
19:00h - LIZANDRA MACHADO MOREIRA
20:00h - MARIANA CASTRO DE ANDRADE

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Fundação Iberê Camargo

Turma,

Amanhã teremos mais uma saída de campo da disciplina de Expressão e Representação III (quarta-feira | FauPucRS) objetivando dar sequência aos exercícios práticos de desenho de observação nas ruas e lugares de Porto Alegre. Desta vez nosso destino será a Fundação Iberê Camargo. Esta saída de campo vai ser bem legal pois teremos a oportunidade de conhecer a mostra que hoje será organizada em comemoração aos 100 anos de nascimento do artista gaúcho Iberê Camargo. A mostra Iberê Camargo: século XXI abre para convidados hoje (18/11) e amanhã já estará aberta ao público em geral.
Não percam!!



FauPucRS
Expressão e Representação III
Desenho de Observação
19/11, das 14h às 16:30h
Fundação Iberê Camargo
Av. Padre Cacique, 2000
Bairro Cristal - Porto Alegre

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Hidráulica do Moinhos de Vento

Turma,

Amanhã teremos mais uma saída de campo da disciplina de Expressão e Representação III (terça-feira | FauPucRS) para o desenho de observação. Nosso destino será o Dmae - Hidráulica do Moinhos de Vento. Para quem não conhece fica na esquina entre as Ruas 24 de Outubro e Rua Dr. Vale.
Não percam!!



Desenho de Observação
Dmae - Hidráulica do Moinhos de Vento
Rua 24 de Outubro, esquina Rua Dr. Vale
18/11, das 16h às 19h

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Eleições no CauRS - Chapa 2

Chapa CONSOLIDANDO
Um Conselho dos Arquitetos e Urbanistas

Colega,

A Chapa 2, Consolidando um Conselho de Arquitetos e Urbanistas, representa a unidade das maiores entidades da classe no Rio Grande do Sul. Juntos, buscamos os avanços necessários para a consolidação de um conselho no qual as atribuições de fiscalização e o registro profissional sejam meios para a valorização profissional e para a promoção da arquitetura na sociedade.

Hoje o CAU/RS já é realidade. Construído com lideranças das entidades, conta com sede própria e utiliza meios inovadores e eficientes. Assim, os profissionais do Estado são atendidos no dia a dia da atuação. É um exemplo para os demais conselhos profissionais do Brasil.

Mas queremos mais. Queremos um CAU/RS que, com as entidades, seja protagonista na defesa da profissão e na divulgação da importância da arquitetura e urbanismo para a sociedade, avançando no processo de atuação do Conselho no interior.

No dia 5 de novembro, vote Chapa 2. Contamos contigo para consolidar o Conselho que os Arquitetos e Urbanistas merecem e que a sociedade precisa. Veja a nossa plataforma!
Consolidando um Conselho de Arquitetos e Urbanistas

Plano de trabalho:

1. Promoção da arquitetura e urbanismo
a) Consolidação das atribuições profissionais
b) Estímulo às entidades de arquitetura e urbanismo
c) Ações em todo o estado
d) Campanhas de comunicação

2. Gestão
a) Aprimoramento permanente do SICCAU (Sistema de Informação e Comunicação do CAU)
b) Planejamento e gestão técnicos
c) Transparência

3. Fiscalização como meio, com uso de tecnologia
a) Ações orientativas e preventivas
b) Parcerias e termos de cooperação técnica
c) Participação ativa dos profissionais
d) Ações sobre o exercício ilegal

4. Prática profissional
a) Código de ética e disciplina, tabela de honorários, direito autoral e assistência técnica
b) Promoção, com as entidades, da formação de educação continuada
c) Incremento da carreira de estado

5. Formação
a) Aproximação com as instituições de ensino superior
b) Relacionamento com os acadêmicos
c) Ética

Membros Federais

1 – GISLAINE VARGAS SAIBRO (Titular)

Diplomada na UFRGS em 1984. Atua em Arquitetura de Interiores há 25 anos, em que é responsável pelos projetos e pela execução de suas obras no RS, em SP e no RJ. Ex-presidente e diretora da AAI Brasil/RS; diretora de comunicação do SAERGS; organizadora do Guia de Orientação Profissional da AAI; colaboradora da cartilha ‘Contrate um Arquiteto e Urbanista’ do SAERGS; docente convidada do Curso de Pós-Graduação em Arquitetura de Interiores do IMEP; conselheira federal suplente do CAU/BR.

1 – CARLOS ALBERTO SANT’ANA (Suplente)

Formado na FA/UFRGS, especializando-se em Engenharia de Segurança do Trabalho na Escola de Engenharia da UFRGS. Servidor da Secretaria Municipal de Cultura/EPAHC de Porto Alegre. Integrou a Câmara de Arquitetura do CREA/RS (2006-2010) e a Diretoria do IAB-RS (2002-2010), foi presidente da entidade (2007-2010) e ativo no processo de aprovação da lei que criou o CAU. Eleito (2011) Conselheiro Titular do CAU/RS, é Coordenador da Comissão de Organização e Administração e membro do Conselho Diretor.

Membros Estaduais

2 – ROBERTO PY GOMES DA SILVEIRA (Titular)

Graduado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRGS em 1960, com especialização no Instituto Politécnico Milão, em 1961, e na UFRGS, em 1968. Arquiteto da divisão de Urbanismo da Prefeitura de Porto Alegre. Professor da FA/UFRGS, onde foi diretor entre 1988 e 1991. Foi vice-presidente da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura (ABEA) entre 1985 a 1987, Conselheiro do CONFEA, de 1986 a 1992, e diretor do IPHAE de 1991 a 1992. É sócio do SAERGS e do IAB/RS e o atual Presidente CAU/RS.

2 – Celia Ferraz de Souza (Suplente)

Mestre em Planejamento Urbano e Regional e doutora em Arquitetura e Urbanismo. Professora na UFRGS, na FA e no PROPUR. Pesquisa História da Cidade e do Urbanismo. Publicou: Porto Alegre e sua Evolução, Imagens Urbanas e O Plano Geral de Melhoramentos de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Contrastes Regionais e Formações Urbanas. Participou de livros da rede como Urbanismo no Brasil 1895-1965, Diálogos: Urbanismo na Era Vargas. Pesquisadora do Ano 2000, pela FAPERGS e Arquiteto do Ano, pelo SAERGS.

3 – JOAQUIM EDUARDO VIDAL HAAS (Titular)

Graduado em 1975 pela FAU/Unisinos, pós-graduado em Gestão de Projetos. Foi professor de Projeto na FAU/Unisinos. Foi vice-presidente e presidente da AsBEA/RS. É conselheiro do CAU/RS e membro do Conselho Deliberativo da AsBEA/RS. Associado ao arquiteto e urbanista Jorge de Jesus, contabilizam 550 prédios, com mais de 2,4 milhões de m2 de área projetada. Além de terem projetos premiados nacionalmente. Haas tem diversos artigos publicados sobre arquitetura e a profissão de arquiteto.

3 – Pedro Gabriel Simch de Castro (Suplente)

É sócio diretor do escritório Pedro Gabriel & Bonini Arquitetura-PGBA. Com 28 anos de atuação, a empresa é focada nos mercados corporativo e imobiliário. Com projetos nos estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Amazonas, possui 10 projetos premiados em concursos nacionais de arquitetura. Possui trabalhos divulgados em diversas publicações de caráter nacional, entre elas as revistas Projeto-Design, Finestra Brasil, Arquitetura e Urbanismo(A&U), Office Design/Arquishow e Anuário da AsBEA/RS.

4 – CLOVIS ILGENFRITZ DA SILVA (Titular)

Formado na FA/UFRGS. Nos anos 70, foi professor da FA/UFRGS e Conselheiro do CREA/RS.Atua em arquitetura industrial, hospitalar, habitação social, planejamento e plano diretor.Fundador do SAERGS, Secretário do Planejamento de Porto Alegre, Secretário de Estado de Coordenação e Planejamento do RS.Propos a lei que cria a Assistência Técnica à Moradia.Prêmios pelo SAERGS(2003), pela FNA(2008), etc. É Diretor Financeiro e de Relações de Mercado da Eletrobrás CGTEE, membro do Conselho Superior do IAB.

4 – MARCELO GRIBOV BRINCKMANN (Suplente)

Arquiteto e Urbanista, formado pela PUCRS em 2010. MBA em Gestão de Projetos, FGV 2013. Diretor Financeiro IAB-RS (2012-2013). Conselheiro Suplente do CP CAU/RS pelo IAB-RS de 2013, até o momento. Atualmente é Secretário Geral do IAB-RS (2014-2016). Desenvolve prática profissional privada na Empresa Brinckmann – incorporações e construções.

5 – RÔMULO PLENTZ GIRALT (Titular)

Graduado em Arquitetura e Urbanismo (1989), Especialista em Engenharia Civil (1994) e Mestre em Planejamento Urbano e Regional (2006) pela UFRGS. Doutorando em Engenharia Civil na UFSC. Atualmente é Professor Assistente do Departamento de Arquitetura e Coordenador do Laboratório de Conforto Ambiental da Faculdade de Arquitetura da UFRGS – LabCon. Foi Conselheiro Suplente representante do IAB-RS no CREA-RS de 2007 a 2011 e Membro do Conselho Diretor do IAB-RS de 2006 a 2009.

5 – VINICIUS VIEIRA DE SOUZA (Suplente)

Artista visual, arquiteto e urbanista, UFRGS(2009). É vice-presidente do IAB-RS, presidente da Associação dos Escultores do RS – AEERGS, vice-presidente do Conselho Estadual de Cultura – CEC RS e sócio-proprietário do escritório Eixo Z Arquitetura. Como artista, tem se dedicado à execução de obras de arte em espaços públicos de Porto Alegre, como a Pegada Africana, na Praça da Alfândega, além de obras no campus da UFRGS, no bairro Bom Jesus, na UFCSPA e no Parque Farroupilha.

6 – ALBERTO FEDOSOW CABRAL (Titular)

Arquiteto e urbanista formado pela UFRGS em 1968, com diversos cursos de extensão em pré-fabricação, administração de obras e construção sustentável. Palestrante em eventos de arquitetura sustentável e arquitetura nos trópicos. Projetos na área residencial, corporativa e industrial e presta consultoria em processos construtivos. Atual vice-presidente da AsBEA e vice-presidente do CAU/RS.

6 – JORGE DECKEN DEBIAGI (Suplente)

Formado em Arquitetura em 1966 e Pós-Graduado em Urbanismo em 1970 pela UFRGS. Titular da Debiagi Arquitetos desde 1973, reuni em seu currículo projetos de mobilidade urbana, comerciais, residenciais, entre outros. Foi Secretário de Estado na Secretaria do Planejamento Territorial e Obras/RS, 1991/94. Presidente do IAB/RS, 1974. Presidente da ASBEA-RS, 1995/96. Vice-presidente da ASBEA-RS, 2004/12. Membro do CMDUA, Porto Alegre. CAU/RS A0443-0.

7 – SILVIA MONTEIRO BARAKAT (Titular)

Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Unisinos – 1995; 19 anos de experiência em Arquitetura: Arquitetura de Interiores, Execução de Obras, aprovação e regularização de projetos. Presidente da AAI Brasil/RS – Associação de Arquitetos de Interiores do Brasil/RS. Atual coordenadora do Fórum das Entidades de Arquitetura no RS e participante do Colegiado Permanente das Entidades – CP CAU/RS, representando a AAI Brasil/RS.

7 – CRISTINA GIOCONDA BASTOS LANGER (Suplente)

Graduada na FAU/UNISINOS e Pós-Graduada – Curso de Especialização em Arquitetura Comercial – Ênfase em Interiores. Instrutora e consultora do SEBRAE na área de arquitetura comercial desde 2002 com mais de 100 projetos em empresas em todo RS. Trabalha com Arquitetura Comercial desde 1986, projetou e executou dezenas de lojas, escritórios e consultórios. Responsável pelo projeto do novo conceito dos restaurantes da rede Petiskeira. Presidente e vice-presidente da AAI Brasil/RS(2004-2010).

8 – MARCELO PETRUCCI MAIA (Titular)

Formado pela Ulbra/Canoas em 2001, atua na área de projeto e execução de edificações em Guaiba/RS. Conselheiro Titular do CAU/RS, gestão 2012/2014. Em 2012, participou da Comissão de Exercício Profissional do CAU/RS e do Grupo de Trabalho para elaboração do Regimento Interno do Conselho. Em 2013 integrou a Comissão de Ética e Disciplina do CAU/RS, assumindo a Coordenação. Diretor da atual gestão do SAERGS 2014/2016, responsável pela Diretoria de Formação Técnica, Ensino e Pesquisa.

8 – Eduardo Speggiorin (Suplente)

Formado pela UFRGS em 1987, é arquiteto e urbanista concursado da Caixa Econômica Federal, atuando, desde 1992, nas áreas de avaliações de imóveis, patrimônio, financiamento habitacional e financiamento a entes públicos. Atualmente ocupa a Coordenação de Normas e Padrões Técnicos da Gerência de Governo Porto Alegre. É conselheiro suplente da atual gestão do CAU/RS.

9 – MARCIO GOMES LONTRA (Titular)

Graduado UFPEL. MBA-Meio Ambiente e Arquitetura Bioclimática, UPM(Espanha). Integrou as Secretarias de Coordenação e Planejamento e Transportes na Prefeitura de Rio Grande; o IAB-RS (Núcleo da Cidade do Rio Grande e Conselho Superior), o CREA-RS. É conselheiro suplente do CAU/RS, conselheiro estadual do IAB; membro do Conselho Municipal do Meio Ambiente, do Conselho do Plano Diretor Participativo e do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico da cidade do Rio Grande. Atua na Lontra Arquitetura.

9 – EFREU BRIGNOL QUINTANA (Suplente)

Arquiteto e urbanista pelo UniRitter – 2004, Mestre em Planejamento Urbano e Regional pelo PROPUR/UFRGS – 2013. De 2005 a 2009 atuou como sócio do escritório 4D Arquitetura, em Porto Alegre. Foi analista do FNDE, em Brasília. Atualmente é professor no Curso de Arquitetura e Urbanismo da ULBRA, Campus Torres, onde coordena o Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo. Sempre esteve ligado ao IAB-RS, tendo participado da sua comissão de urbanismo.

10 – MÁRCIO DE MENDONÇA LIMA ARIOLI (Titular)

Residente e natural de Bento Gonçalves, formado pela UniRitter em 2002, Porto Alegre, com especialização em Arquiteturas Genéticas – UIC, Barcelona em 2006; experiência profissional na Prefeitura Municipal de BG em 2003 e 2004 e, como arquiteto autônomo. Presidente da AEARV – Associação dos Engenheiros e Arquitetos da Região dos Vinhedos em 2009, conselheiro suplente CREA/RS, atualmente é conselheiro suplente do CAU/RS, vice-presidente do Núcleo do IAB-RS – Vinhedos da Serra Gaúcha.

10 – LETÍCIA ZANESCO (Suplente)

Residente e natural de Bento Gonçalves, formada pela Unisinos em 2002, São Leopoldo, atualmente cursando MBA Gestão de Escritórios de Arquitetura, FGV, Porto Alegre. Sócia diretora da empresa Zanesco Galeazzi Arquitetura, de Bento Gonçalves, desde 2009. Suplente de secretaria da Associação dos Engenheiros e Arquitetos da Região dos Vinhedos (AEARV) desde 2009 e Diretora do Viva Bento da Câmara de Indústria e Comércio (CIC) de Bento Gonçalves na gestão 2014/2016.

11 – HERMES DE ASSIS PURICELLI (Titular)

Graduado na FA/UFRGS(1978), com especialização em Desenho Urbano pelo PROPUR-FA/UFRGS(1988). Funcionário da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, atua na área do Planejamento Urbano na SPM, desde 1975. Ocupou os cargos de Supervisor do Desenvolvimento Urbano(1993/1994) e de Supervisor do Planejamento Urbano(1995-96). Foi presidente do SAERGS (1983-1986) e tesoureiro da FNA(1986-1989).

11 – JULIANA BETEMPS VAZ DA SILVA (Suplente)

Diplomada na UFPel(2001). Coordenadora da Secretaria de Planejamento de Carlos Barbosa (2002). Secretária de Planejamento de Carlos Barbosa(2002-2004). Trabalha na Prefeitura Municipal de São Pedro da Serra(desde 2011). Proprietária do escritório Juliana Betemps Arquitetura e Design em Carlos Barbosa (desde 2004). Integra a diretoria do SAERGS e o Conselho Fiscal da FNA. Atua nas áreas de interiores, projeto e execução arquitetônicos e de restauro.

12 – ORITZ ADRIANO ADAMS DE CAMPOS (Titular)

Arquiteto e urbanista pela UFRGS – 2009, vice-presidente do SAERGS 2011/2013, conselheiro estadual IAB-RS 2012/2013. É diretor da Regional Sul da Federação Nacional dos Arquitetos – FNA e membro do Conselho Superior IAB-RS. Atua na área de gestão/consultoria em compatibilização de projetos, acompanhamento e fiscalização de obra. Como agente de fiscalização na PMPA, desenvolve atividades com utilização de SIG em Gestão Territorial e sistemas online de visualização de dados geoespaciais.

12 – NINO ROBERTO SCHLEDER MACHADO (Suplente)

Formado na FAU/UFRGS em 1968, Mestre em Arquitetura em 2006. Atua em edificações residenciais, comerciais e institucionais na empresa NR Arquitetos. Foi conselheiro do CREA-RS, do IAB-RS e atualmente é conselheiro do CAU/RS. Professor e atual coordenador da área de Projeto Arquitetônico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UPF.

13 – LUIZ ANTONIO MACHADO VERISSIMO (Titular)

Formado na UFRGS.Professor e Especialista em Metodologia e Projetos de Desenvolvimento Urbano(IBAM/RJ).Especialista em Diseño de Interiores(USAL/Espanha).Secretário de Planejamento e Urbanismo da Prefeitura de Pelotas(69-71).Escola Técnica Federal de Pelotas(69-71).Diretor e coordenador de Curso da FAURB/UFPEL(72); coordenador de Curso da UCPEL(74-2011);Professor da FURG,(75-2006).Arquiteto da Prefeitura de Rio Grande(75-77).Proprietário do Arquitetura e Urbanismo Veríssimo Arquitetos(desde 69).

13 – LUIZ BRASIL FIORI (Suplente)

Graduado na USU/RJ(1984). Artista autodidata,passagem em Escola de Belas Artes(Erechim), Ateliê Livre da Prefeitura de Porto Alegre e Parque Laje no RJ. Fundador do Núcleo do IAB José Albano Volkmer, em Erechim Conselheiro estadual do IAB-RS. Em Erechim, participou de diversos conselhos. Fundador do Movimento Artistas Plásticos de Erechim. Proprietário de Studios Luiz Fior -Arquitetura e Artes Visuais, atua em projetos diferentes de prédios, casas, paisagismo, interiores e exteriores,etc.

14 – CARLOS EDUARDO MESQUITA PEDONE (Titular)

Pedone possui graduação pela UFRGS (1982) e mestrado pelo PROPAR/UFRGS (2002). Professor titular da Universidade de Caxias do Sul, Assessor Técnico da Aglomeração Urbana do Nordeste do RS, Conselheiro Titular do CAU/RS e Coordenador da Comissão de Exercício Profissional do CAU/RS, Diretor da Royal Arquitetura Ltda., Presidente do Conselho do Plano Diretor de Caxias do Sul, arquiteto e urbanista junto à Divisão de Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural da Prefeitura de Caxias do Sul.

14 – RAFAEL ARTICO (Suplente)

Arquiteto e urbanista, UFRGS 2001. MBA em Gestão de Negócios Imobiliários e da Construção Civil, FGV 2010. Professor de Projeto na FSG – Faculdade da Serra Gaúcha. Sócio dos escritórios ARCCO Arquitetura (associado ASBEA e Sinduscon), em Caxias do Sul, e UMA Arquitetura, em Porto Alegre. Integra o Núcleo do IAB-RS de Caxias do Sul. Atua nas áreas de projeto, execução e incorporação de projetos arquitetônicos e urbanísticos.

15 – Rinaldo Ferreira Barbosa (Titular)

Graduado na FA/UFRGS. Especialista em Arquitetura de Interiores pelo UniRitter (2001).Mestre em Arquitetura pelo PROPAR/UFRGS(2005). Na Feevale, foi docente da FAU (2007-2013)e coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo e do Curso Superior em Tecnologia de Construção de Edifícios.É professor e coordena o Curso de Arquitetura e Urbanismo(IPA/POA). É professor da graduação e pós-graduação (UniRitter). Vice-diretor de Formação Técnica, Estudos e Pesquisa-SAERGS.

15 – MARIA TEREZA FORTINI ALBANO (Suplente)

Mestre em Planejamento Urbano e Regional, especialista em Desenho Urbano e em Planejamento Urbano(UFRGS).Atuou na SPM(79-2012) e na SMU de POA. Participou de equipes relacionadas ao 1º PDDU, integrou(95-2000) a Coordenação Técnica da equipe que elaborou o PDDUA. Foi professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UNISC(2008-2012). Nas gestões 2012/2013 e 2014/2016 é conselheira do Conselho Estadual e coordenadora da Comissão Cidades do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento RS.

16 – HUGO GOMES BLOIS FILHO (Titular)

Graduado na UNISINOS – 1983; especialista em Arquitetura Habitacional, PROPAR-UFRGS -1985 e, em Urbanismo, ULBRA – 1989; mestre em Arquitetura, 1999 e doutorando do PROPAR-UFRGS. Iniciou carreira de docente nos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Agrícola e Desenho Industrial junto à ULBRA-Canoas. Foi professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da URCAMP – Bagé. Atualmente é docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSM, Santa Maria, desde 1993.

16 – IZABELE COLUSSO (Suplente)

Mestre e doutoranda pelo Propur/UFRGS (2007), diplomada pela UFSM em 2005. Atualmente, é docente do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNISINOS e coordenadora da Especialização CIDADES – Gestão Estratégica do Território Urbano. Tem experiência na área de Planejamento Urbano e Regional, tendo sido responsável técnica pela elaboração de diversos Planos Diretores Municipais, de Habitação e de Mobilidade Urbana, como sócia diretora da Plural Consultoria em Planejamento Territorial.

17 – ALEXANDRE COUTO GIORGI (Titular)

Arquiteto e Urbanista formado pela FAU/PUCRS (2003).Conselheiro Suplente do CAU/RS. Natural de Santa Maria, radicado em Uruguaiana. Em 2007, após trabalhar e seguir estudos avançados na UFRGS, retorna à Uruguaiana, onde atua como profissional autônomo e para revisão e conclusão do novo Plano Diretor de Desenvolvimento. 1° lugar–Prêmio IAB/2003; Diretor de Habitação/Planejamento da PMU/2008-2012; Inspetor do CREA/RS por dois mandatos; Presidente da ASENG–Assoc. Eng. e Arq. de Uruguaiana/2011-2012.

17 – GERALDO DA ROCHA OZIO (Suplente)

Diplomado pela FAU/UFRGS – 1989. Especializado em Avaliações e Perícias de Engenharia, UFRGS – 2001. Vice-presidente do IBAPE/RS 2013/2014. Diretor de Inspeção Predial do IBAPE/RS 2011/2012. Conselheiro Suplente do CAU/RS. Atua nas áreas de Avaliações de Imóveis e Empreendimentos de Base Imobiliária, Perícias Judiciais, Inspeção de Estádios Desportivos e em Inspeção Predial.

18 – FERNANDO MARTINS BRENTANO (Titular)

Arquiteto e Urbanista pela FAU/UFRGS, 1981. MBA em Gestão Empresarial para Arquitetos – Fundação Getúlio Vargas, 2010. Tem escritório próprio desde 1983. Sócio diretor da Moraes Brentano Arquitetura desde 2001.
Atua em projetos residenciais, corporativos, institucionais e industriais; e execução de obras de pequeno porte. Conselheiro do Instituto Urbano Ambiental; vice-presidente da AsBEA-RS e coordenador do GT- BIM da AsBEA-RS desde 2010.

18 – EDGAR SIRANGELO DO VALLE (Suplente)

Formado na FA/UFRGS.Como bolsista Fulbright: University of Texas–Austin Texas.Graduou-se em Inglês pela Michigan University.Mestrado, sob a orientação de Mies Van Der Rohe no Illinois Institute of Technology.Atuou como arquiteto no Chicago Civic Center Architects, USA.Professor na FA/UFRGS e Escola de Engenharia da PUCR/GS. Atuou em mais de 600 projetos no RS, SC, PR e Miami USA.É diretor da Valle Arquitetos. Foi presidente da AAMARGS. Aquarelista, expôs no estado, na Austria (Linz) e New York.

19 – PAULO RICARDO BREGATTO (Titular)

Arquiteto e urbanista (Ulbra – 1988), Especialista em Planejamento Urbano e habitacional (Ulbra -1989), Mestre em Arquitetura (Propar/UFRGS – 1996), professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC/RS, conselheiro titular do CAU/RS, desenvolve prática privada no escritório BREGATTO Arquitetos Ltda.

19 – PAULO HENRIQUE CESARINO CARDOSO SOARES (Suplente)

Graduado em 1988. Conselheiro no CREA-RS como representante do IAB-RS, de 1989 a 1992. 1° vice-presidente do IAB – RS – 1992/ 1993, 3° vice-presidente do IAB – RS. Supervisor de Edificações e Controle – SECON da Secretaria de Obras de Porto Alegre no período de 2001 a 2004. Ocupou diversos cargos públicos no Governo Estadual, Câmara Municipal de Porto Alegre e nas Prefeituras de São Leopoldo e da Capital. Sócio das empresas SOARES & SCHOLZ Arquitetura e Urbanismo e ASPS Negócios Imobiliários.

20 – CICERO ALVAREZ (Titular)

Arquiteto e Urbanista UFRGS-2001. Mestre pelo PROPAR/UFRGS-2008. É docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo do IPA, Diretor de Relações Sindicais e Institucionais do SAERGS, 1º vice-presidente da FNA, conselheiro no ConCidades do RS, conselheiro Estadual do IAB-RS e secretário da Comissão de Estudo de Elaboração de Projetos, Representação Gráfica e Atividades Técnicas de Arquitetura da ABNT. Ex- presidente do SAERGS e do Conselho Estadual de Cultura do RS.

20 – GUILHERME OSTERKAMP (Suplente)

Arquiteto e urbanista formado pela Universidade Feevale – 2012. Atua desde 2003, trabalhando na Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo e na Universidade Feevale. Mestrando em Teoria, História e Crítica da Arquitetura, pelo Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura PROPAR/UFRGS. Atualmente desenvolve estágio – docência na Faculdade de Arquitetura da UFRGS. Sócio do IAB/RS e atual vice-diretor de Comunicação do Sindicato dos Arquitetos no Estado do Rio Grande do Sul – SAERGS.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Posição do IAB sobre as eleições no CAU

Data: 17/10/2014
Departamento: Nacional

Os arquitetos e urbanistas do país terão a importante tarefa de eleger, no dia 5 de novembro, os novos conselheiros federais e estaduais do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR). Conforme definido na 146ª Reunião do Cosu, realizada em Brasília, a Direção Nacional do IAB publicou documento em que recomenda a todos os seus departamentos e a todos os colegas arquitetos o máximo empenho na participação das próximas eleições do CAU/BR.

No documento, assinado pelo presidente do IAB, Sérgio Magalhães, e pela secretária geral, Fabiana Izaga, o IAB defende a composição de um conselho com profissionais comprometidos com as melhores práticas profissionais, com a valorização do projeto e com obras bem conduzidas. E que sejam éticos, com reconhecimento público sobre sua vida profissional.

“Precisamos oferecer o nosso apoio e cuidar para que o CAU se fortaleça em defesa da profissão e da sociedade brasileira – e que não se burocratize, não se volte para si mesmo”, diz a carta do IAB.

Confira a carta na íntegra e logo após, as chapas apoiadas pelos presidentes dos Departamentos do IAB.

"Prezados colegas arquitetos e urbanistas,

No dia 05 de novembro teremos as eleições para renovação dos mandatos de conselheiros do CAU BR e dos CAUs dos Estados.

O IAB, a quase centenária entidade de representação dos arquitetos brasileiros, por mais de cinco décadas defendeu que os arquitetos e urbanistas tivessem um Conselho próprio de regulação da profissão. Foi uma luta difícil, a que se associaram as demais entidades da arquitetura e do urbanismo – finalmente vitoriosa em 2010. O nosso CAU hoje é uma realidade.

Vencido este primeiro triênio, o IAB constata que os colegas que nos antecederam estavam certíssimos em defender a nossa independência do sistema CREA/CONFEA. O trabalho realizado, embora ainda no começo, já dá seus frutos positivos. É possível vislumbrar a recuperação de nossa profissão, degradada durante tanto tempo, desprestigiados que foram os instrumentos centrais de sua organização, como a atividade de projeto e a direção de obra.

Mas, agora, com o Conselho implantado em todo o país, outra fase se apresenta a exigir a nossa atenção. Assim, o IAB, na última reunião de seu Conselho Superior, realizada em agosto, em Brasília, deliberou recomendar a todos os seus Departamentos e a todos os colegas arquitetos e urbanistas o máximo de empenho na participação das próximas eleições.

Precisamos oferecer o nosso apoio e cuidar para que o CAU se fortaleça em defesa da profissão e da sociedade brasileira – e que não se burocratize, não se volte para si mesmo.

Ao CAU BRASIL cabe a promoção das regras que organizam a profissão. Ter regras claras que reposicionem a atividade do arquiteto perante a sociedade e o mercado de trabalho é tarefa essencial do CAU BR.

No Conselho do CAU BR cada Estado participa com um Conselheiro Federal e um Suplente. É desse Conselho que emanam as normas para a profissão.

O IAB defende que a composição do CAU BR se dê com colegas comprometidos com as melhores práticas profissionais: com a valorização do projeto, com obras bem conduzidas, que sejam éticos, com reconhecimento público sobre sua vida profissional. É a nossa própria profissão que está em jogo.

Os CAUs dos Estados têm como papel precípuo fiscalizar o exercício da profissão e fazer cumprir as determinações do CAU BR.

É no âmbito do CAU dos Estados que os recursos financeiros mais elevados circulam. Precisamos ter um constante acompanhamento e construir sistemas de auditagem para que malfeitos não venham a compor o nosso Conselho. Tampouco que as “diárias” e as “mordomias” passem a representar salários indiretos para os Conselheiros. Por isso, somos contra a “profissionalização” dos conselheiros.

Defendemos a participação de colegas com efetiva prática profissional – aqueles que sabem as dificuldades do dia a dia do arquiteto e não se deixam envolver com facilidades que a renda garantida das RRTs e das anuidades eventualmente pode sugerir.

Quem tem que ser profissional no CAU são os funcionários – não são os Conselheiros!

Assim, o IAB renova a todos os colegas arquitetos e urbanistas brasileiros o seu ideário propositivo e independente que o caracteriza ao longo de sua história quase centenária, onde se incluem:

- a valorização da prática profissional em todas as suas modalidades: do arquiteto dono de seu escritório, do arquiteto empregado na empresa privada, do arquiteto autônomo, do arquiteto funcionário público, do arquiteto professor, do arquiteto projetista, do arquiteto construtor, do arquiteto consultor.

- a defesa de Projetos Completos – sem fatiamento: O projeto de arquitetura e de urbanismo é autoral, não pode ser fatiado entre empresas ou profissionais sem a prévia autorização do seu autor. Toda obra pública somente deve ser licitada a partir do Projeto Completo.

- a defesa de Concursos Públicos de Projetos. Reafirmando a tradição de 90 anos de luta do IAB em defesa do Concurso Público, por ser uma modalidade democrática de contratação do projeto e que objetiva a melhor qualidade, sem privilégio ao preço, bem como dá oportunidade aos jovens arquitetos de participarem do mercado de trabalho em melhores condições.

- defesa da implementação da lei da Assistência Técnica, para que os arquitetos possam trabalhar melhorando as condições de habitabilidade da moradia popular.

Reconhecemos o árduo caminho percorrido para a criação do CAU, fruto do empenho de gerações de colegas organizados em nossas entidades profissionais, primeiro com o IAB e, depois, com a FNA, a ABEA, a AsBEA e a ABAP.

Afirmamos que é essencial que o CAU paute sua atuação em relação franca e aberta com essas entidades de representação dos arquitetos e urbanistas. Queremos um CAU sintonizado com a profissão.

Assim, é com convicção que recomendamos aos colegas arquitetos e urbanistas de todo o país seu empenho para que estas eleições sejam oportunidade de ampliação da conquista que os arquitetos brasileiros alcançaram com a constituição de nosso Conselho de Arquitetura e Urbanismo.

Cordialmente,

Arquiteto Sérgio Magalhães, presidente
Arquiteta Fabiana Izaga, secretária-geral"


http://www.iab.org.br/noticias/posicao-do-iab-sobre-eleicoes-no-cau

Eleições do CAU

IAB divulga pontos chaves das eleições do CAU/BR e CAU/UF

Data: 17/10/2014
Departamento: Nacional

Pontos chaves das eleições do CAU

1. A escolha do Conselheiro Federal e seu suplente

Ao CAU BRASIL cabe a promoção das regras que organizam a profissão. Ter regras claras que reposicionem a atividade do arquiteto perante a sociedade e o mercado de trabalho é tarefa essencial do CAU BR para o fortalecimento da arquitetura e do urbanismo.

No Conselho do CAU/BR, cada Estado participa com um Conselheiro Federal e um Suplente. É desse Conselho que emanam as normas para a profissão. O IAB defende que a composição do CAU/BR se dê com colegas comprometidos com as melhores práticas profissionais: com a valorização do projeto, com obras bem conduzidas, que sejam éticos, com reconhecimento público sobre sua vida profissional. É a nossa própria profissão que está em jogo. No caso de haver mais de uma chapa às eleições, o Conselheiro Federal e seu suplente eleitos são os que foram indicados pela chapa que teve maior número de votos – não é exigida maioria absoluta.

2. A escolha dos Conselheiros Estaduais

Os Conselhos Estaduais – os CAUs dos Estados – tem como papel precípuo fiscalizar o exercício da profissão e implementar as decisões emanadas do CAU/BR. Tão importante quanto essa tarefa é o cuidado para que o CAU permaneça no rumo idealizado, não se burocratize, não se torne um novo CREA.

É no âmbito do CAU dos Estados que os recursos financeiros mais elevados circulam. Precisamos ter um constante acompanhamento e construir sistemas de auditagem para que os malfeitos não venham a compor o nosso Conselho. Tampouco que as “diárias” e as “mordomias” passem a representar salários indiretos para os Conselheiros. Por isso, somos contra a “profissionalização” dos conselheiros,

Defendemos a participação de colegas com efetiva prática profissional – aqueles que sabem as dificuldades do dia a dia do arquiteto e não se deixam envolver com facilidades que a renda garantida das RRTs e das anuidades eventualmente pode sugerir. Quem tem que ser profissional no CAU são os funcionários – não são os Conselheiros! Os conselheiros estaduais também são eleitos por chapa. No caso de haver mais de uma chapa, a composição do Conselho é proporcional ao número de votos que cada chapa recebeu.

domingo, 13 de julho de 2014

Sobre a Razão e a Paixão

E a sacerdotisa falou novamente e disse: Fala-nos da Razão e da Paixão. E ele respondeu, dizendo: Vossa alma é, muitas vezes, um campo de batalha, no qual vossa razão e vosso julgamento entram em guerra contra vossa paixão e vosso desejo. Se eu pudesse seria, seria o pacificador da vossa alma. Se eu pudesse, transformaria a discórdia e a rivalidade dos vossos elementos em unidade e melodia. Mas como poderia, a não ser que vós mesmos também sejais o pacificador, ou, os amantes de todos os vossos elementos?

Vossa razão e vossa paixão são o leme e as velas da vossa alma navegadora. Se as vossas velas ou o vosso leme estiverem quebrados, podereis apenas ser sacudidos e sem rumo, ou até mesmo ficar presos em uma calmaria no mar interior. Pois a razão, governando sozinha, é uma força que confina; e a paixão, sem cuidado, é uma chama que queima até se destruir. Portanto, deixai que vossa alma exalte vossa razão até a altura da paixão, para que ela possa cantar; e que a vossa paixão seja dirigida pela razão, para que vossa paixão possa viver a sua própria ressureição diária, e como a fênix, ressurja de suas próprias cinzas.

Gostaria que considerásseis vosso julgamento e vosso desejo como dois hóspedes amados em vossa casa. Certamente, não venerais mais um hóspede do que o outro, pois aquele que respeita um mais que o outro perde o amor e a fé em ambos. Entre as colinas, quando vos sentardes à sombra fresca dos brancos álamos, compartilhando da paz e da serenidade dos campos distantes – deixais que vosso coração diga em silêncio: “Deus descansa na razão”. E quando vier a tempestade, e o poderoso vento sacudir a floresta, e o raio e o trovão proclamarem a majestade do céu – deixai que vosso coração diga em adoração: “Deus move-se com paixão”. E como sois um sopro da esfera de Deus, e uma folha na floresta de Deus, também deveis descansar na razão e mover-vos na paixão.



O Profeta
Khalil Gibran
L&PM Pocket 222
Primeira edição
Páginas 66-68
Abril de 2001

sábado, 12 de julho de 2014

Desenho Jurássico

O presidente do IAB-RS, Tiago Holzmann da Silva recebeu no dia 5 de julho na sede da entidade os arquitetos e professores universitários Diniz Machado, José Lourenço Degani, Paulo Ricardo Bregatto e Achylles Costa Neto. O encontro selou a parceria para a promoção do Curso de Formação em Desenho à Mão Livre, carinhosamente intitulado de Desenho Jurássico.

O curso irá ocorrer entre os dias 13 de agosto a 22 de novembro de 2014, na Sede do IAB-RS, finalizando a programação com a exposição dos trabalhos dos alunos. A atividade faz parte do Programa de Formação Continuada lançado este ano pelo Departamento de Cursos do IAB-RS.



Confira a programação de conteúdos para o curso:

Desenho Colaborativo
Desenho de Observação
Desenho Híbrido
Hidrocor, Lápis de Cor e Aquarela
Desenho Técnico (Grafite em papel Manteiga)
Desenho Técnico (Nanquim em papel Vegetal)
Exposição dos trabalhos

Fiquem de olho no site do IabRS para maiores informações.
www.iabrs.org.br

sexta-feira, 11 de julho de 2014

A chegada do barco

Não imaginava que reeditar estes textos, do livro O Profeta de Khalil Gibran, fossem causar tanta repercussão entre os leitores deste blog. Tenho recebido muitas manifestações por email enfatizando a atualidade e lucidez deste pequeno livro, breves relatos sobre as metáforas contidas nos textos e as comparações com experiências reais de vida, bem como, solicitações de maiores informações e explicações sobre a origem dos textos. Não conheço, tanto do livro, quanto do autor, muito mais do que tenho publicado aqui. Como falei numa postagem anterior, este livro foi presente de uma amiga querida quando, naquela época, fiz para ela o projeto de uma casa, e voltei a encontrá-lo, supostamente perdido entre caixas de livros abertas com o advento da minha mudança de escritório.

A curiosidade explicitada nos e-mails que tenho recebido tem despertado em mim, também, a curiosidade de reler estes textos, todos relacionados ao cotidiano das pessoas que habitaram a cidade de Orfalese e que, quando da sua partida para sua terra natal pediram que discorresse sobre os fatos da vida real presenciados por ele naquele exílio.

O mais legal das fábulas e metáforas do livro é a facilidade com que podemos associar o conteúdo dos textos às coisas e fatos do nosso dia a dia. Talvez, por esta razão, tenho recebido tantas manifestações carinhosas e emocionantes sobre estas postagens. Para melhor entendimento dos textos publico agora na sequência o texto introdutório do livro que ajuda a contextualizar a obra.

Mustafá, o eleito e o amado, no crepúsculo de seus dias, havia esperado doze anos, na cidade de Orfalese, por seu barco, que deveria voltar e levá-lo de volta à ilha onde nascera. E no décimo segundo ano, ao sétimo dia do Ielool, o mês da colheita, subiu a colina, longe dos muros da cidade, e olhou para o mar; viu o seu barco chegando com a neblina. Então, os portões do seu coração abriram-se e sua alegria voou até o mar. Ele fechou os olhos e rezou no silêncio de sua alma.

Mas quando descia a colina, foi tomado de tristeza, e pensou com seu coração: Como partirei em paz e sem sofrimento? Não, não deixarei esta cidade sem uma ferida na alma. Longos foram os dias de dor que passei dentre seus muros, e longas foram as noites de solidão; e quem pode abandonar esta dor e esta solidão sem arrependimento?

São demasiados os fragmentos do espírito que espalhei por estas ruas e demasiadas são as crianças de meu afeto que caminham nuas por estas colinas, e não posso abandoná-los sem culpa e sem dor. Não é uma peça de roupa que jogo fora hoje, mas uma pele que rasgo com minhas próprias mãos. Também não é um pensamento que deixo para trás, mas um coração adocicado pela fome e pela sede.

Porém, não posso me demorar mais.

O mar, que chama todas as coisas, me chama e devo embarcar. Pois ficar, apesar das horas que queimam na noite, é congelar e cristalizar e ficar preso a um molde. De bom grado, levaria comigo tudo o que existe aqui. Mas como poderia? Uma voz não pode levar a língua e os lábios que lhe deram asas. Deve buscar o éter sozinha. E sozinha e sem o seu ninho deve a águia voar através do sol.

Ao chegar ao sopé da colina, voltou-se mais uma vez para o mar e viu seu barco aproximar-se do cais e, na proa, os marinheiros, os homens de sua própria terra. Sua alma gritou para eles, e ele disse: Filhos de minha mãe ancestral, cavaleiros das marés, vocês navegaram tanto por meus sonhos e agora chegam em meu despertar, que é meu sonho mais profundo. Estou pronto para partir, e minha ansiedade, de velas abertas espera o vento. Apenas mais um momento respirarei este ar parado, apenas mais um outro olhar amoroso lançado para trás, e então estarei entre vocês, um homem do mar entre homens do mar. E tu, amplo mar, mãe adormecida, que, por si só, és paz e liberdade para o rio e para o riacho, apenas outra curva este riacho fará, apenas outro murmúrio nesta senda, e então virei a ti, uma infinita gota para um infinito oceano.

E, enquanto andava, viu de longe homens e mulheres deixando seus campos e seus vinhedos, correndo para os portões da cidade. E ouviu suas vozes chamando seu nome, e gritando de campo a campo, contando uns aos outros da chegada do seu barco.

E ele disse para si mesmo: Será o dia da partida o dia do encontro? E será dito que meu crepúsculo era na verdade a minha aurora? E o que darei àquele que deixou seu arado no meio do trabalho, ou àquele que parou a roda da prensa de vinho? Meu coração se tornará uma árvore carregada de frutas para que eu possa colhê-las e dá-las a eles? E meus desejos fluirão como uma fonte para que eu possa encher seus cálices? Serei uma harpa para que a mão do poderoso possa me tocar, ou uma flauta para que seu hálito possa passar através de mim? Sou um explorador de silêncios, e que tesouros encontrei nos silêncios que eu possa contar com confiança? Se este é meu dia de colheita, em que campos semeei a semente e em quais memoráveis?

Se esta é realmente é a hora de levantar minha lanterna, não será a minha chama que vai queimar dentro dela. Levantarei minha lanterna vazia e na escuridão. E o guardião da noite a encherá de óleo e a acenderá. Ele expressou isso com palavras. Mas muitas permaneceram em seu coração. Porque ele não podia falar de seu mais profundo segredo. E quando entrou na cidade, todos vieram encontrá-lo, e gritavam para ele a uma só voz.

E os anciãos da cidade deram um passo à frente e disseram: Não nos abandona, Tu foste o meio dia em nossos crepúsculos, e tua juventude nos deu sonhos para sonhar. Tu não és um estranho entre nós, nem um hóspede, mas nosso filho e nosso amado. Que nossos olhos ainda não sofram de fome por teu rosto.

E os sacerdotes e sacerdotisas disseram a ele: Que as ondas do mar não nos separem agora, e que os anos que passaste em nosso meio não se tornem memória. Tu caminhaste entre nós como um espírito, e tua sombra tem disso uma luz para nossos rostos. Nós te amamos muito. Mas nosso amor era mudo, e com véus ele foi velado. Mas agora ele grita para ti, e será revelado frente a ti.

E sempre foi assim, o amor não conhece a sua própria profundidade até a hora da separação.

E os outros vieram e suplicaram. Mas ele não respondeu. Apenas baixou a cabeça; e aquelas que estavam próximos viram as lágrimas caindo sobre seu peito. E ele e o povo foram para a grande praça em frente ao templo. E lá saiu do santuário uma mulher chamada Altamira. E ela era uma profetisa. E ele a olhou com extremo carinho, pois foi ela quem primeiro o procurou e acreditou nele quando havia chegado na cidade há apenas um dia.

E ela o saudou dizendo: Profeta de Deus, em busca do supremo, há muito buscas teu barco a distância. E agora que teu barco chegou, deves partir. Profunda é a tua saudade da terra de tuas memórias e da residência dos teus maiores desejos; e nosso amor não vai te prender nem nossas necessidades vão te prender. Porém, pedimos que antes que nos deixes, que fales para nós e nos contes a tua verdade. E nós a contaremos a nossos filhos, e ela não perecerá. E tua solidão, observaste nossos dias; em tua percepção, escutaste o choro e o riso de nosso sono. Agora, portanto, conta-nos tudo o que te foi mostrado do que existe entre o nascimento e a morte.

E ele respondeu: Povo de Orfalese, o que eu posso falar exceto do que ainda está se movendo dentro de vossas almas?



O Profeta
Khalil Gibran
L&PM Pocket 222
Primeira edição
Páginas 13-21
Abril de 2001

domingo, 6 de julho de 2014

Sobre o Amor

Disse, então, Almitra: Fala-nos do Amor. E ele levantou a cabeça e olhou para as pessoas e o silêncio caiu sobre eles.

E com uma voz poderosa ele disse:

Quando o amor vos chamar, segui-o, apesar do seu caminho ser duro e íngreme. E quando suas asas voz envolverem, abraçai-o. Apesar da espada escondida entre suas penas poder ferir-vos. E quando ele falar convosco, acreditai nele. Apesar de sua voz poder esfacelar vossos sonhos como o vento norte arruína o jardim.

Pois mesmo quando o amor vos coroa, ele vos crucifica. Mesmo sendo para o vosso crescimento, ele também vos poda. Mesmo quando ele chega à vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que tremem ao sol. Ele também desce até vossas raízes e abala a vossa ligação com a terra. Como feixes de milho, ele vos une a si próprio. Ele vos ceifa para desnudar-vos. Ele retira vossas espigas. Ele vos mói até ficardes brancos. Ele vos amassa até ficardes moldáveis. E depois ele vos designa ao seu fogo sagrado, para que vós vos torneis o pão sagrado do sagrado festim de Deus.

Todas estas coisas o amor fará convosco até que conheçais os segredos dos vossos corações, e, através deste conhecimento, vos torneis fragmentos do coração da Vida.

Mas se, por medo, buscardes apenas a paz do amor e o prazer do amor, é melhor que cubrais a vossa nudez e que passeis da eira do amor para o mundo sem estações, onde rireis, mas não todo o vosso riso, e chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.

O amor não dá nada além de si mesmo e não toma nada além de si mesmos. O amor não possui e nem é possuído, pois o amor é suficiente ao amor.

Quando vós amais, não deveis dizer: “Deus está no meu coração”, mas sim “Estou no coração de Deus”. E não pensai que podeis dirigir o curso do amor, pois o amor, se achar que mereceis, dirige o vosso curso. O amor não tem outro desejo além de satisfazer a si mesmo.

Mas se vós amais e precisais ter desejos, que sejam estes os vossos desejos:

Derreter e ser como um riacho que corre e canta sua melodia para a noite. Conhecer a dor do carinho demasiado. Ser ferido pela própria compreensão do amor. E sangrar por vossa própria vontade e com alegria. Acordar ao amanhecer com o coração leve e agradecer por mais um dia de amor. Descansar ao meio dia e meditar sobre o êxtase do amor. Voltar para casa ao entardecer com gratidão. E então dormir com uma prece ao bem amado em vosso coração e uma canção de louvor em vossos lábios.



O Profeta
Khalil Gibran
L&PM Pocket 222
Primeira edição
Páginas 22-25
Abril de 2001