quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Dia Especial

16/12/2014

Nem todos os dias são perfeitos, nem todos os dias são alegres, nem todos os dias são tão ruins assim... Mas alguns dias são especiais. Ontem foi um destes dias especiais. Passei a tarde na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Ulbra, em Canoas, participando das Bancas Finais do Trabalho de Conclusão de Curso.

No trânsito, no caminho para Ulbra, fui lembrando da minha longa jornada naquela escola onde comecei como aluno e tive o privilégio de me tornar professor. Lá meu aprendizado foi duplo: aprendi os fundamentos do ofício da arquitetura e urbanismo e, também, da docência tendo a singular oportunidade de dividir a sala de aula com muitos dos meus professores, grandes mestres da arquitetura e fundadores da antiga Facau (Faculdade Canoense de Arquitetura e Urbanismo). Foram 28 anos de dedicação ininterrupta, 6 como aluno e 22 como professor. Entrei no vestibular de 1983 e sai somente em 2011, sendo naquela ocasião homenageado como paraninfo da turma de 2011/1. Que saudade!

Deixei o carro no estacionamento coberto e fui descendo a rampa a pé em direção ao prédio 14, onde funciona a Fau. Nossa... No caminho vi um filme bom passando diante dos meus olhos. Cheguei mais cedinho e fui visitar os lugares que eu gostava muito naquele Campus. A capela, ainda com seus murais artísticos inacabados, os corredores da biblioteca onde encontrei muitos dos livros nos quais estudei, a maquetaria – que agora está em novo lugar – os bares e quiosques onde nos reuníamos com os demais professores e diversos alunos para discutir as particularidades do nosso ofício na hora do recreio, a sala 330 (antiga sala do TCC, agora laboratório de matemática), o bar do laguinho – infelizmente fechado e abandonado, mas onde podemos curtir uma das mais lindas vistas do Campus ao entardecer – e a beleza dos plátanos, na longa avenida de acesso, que mudavam de formas e cores nas diversas estações do ano. Como esquecer daquele caminho coberto em direção à antiga maquetaria e ao bar do laguinho, lateralizado pelas laranjeiras que tornavam aquele passeio uma experiência de aromas inesquecíveis a anunciarem anualmente a chegada da primavera.



Encontrei muitos dos antigos professores dos diversos cursos da Ulbra, parceiros de luta no duro período em que, participando várias vezes da diretoria da Adulbra (Associação dos Docentes da Ulbra), tivemos que enfrentar a reitoria nas reuniões intermináveis para discutir os futuros da Universidade. Já naquela época distante intuíamos que alguma coisa não andava bem na administração geral.

Que alegria participar dos painéis onde os alunos apresentaram seus trabalhos. Fui coordenador do TCC na FauUlbra durante os 6 últimos anos de permanência e não pude deixar de me emocionar entrando na sala e vendo os trabalhos já preparados para apresentação e seus autores, alegres pela conclusão do curso, mas também aflitos pelo importante momento. Desde já meu abraço caloroso aos alunos que propiciaram com seus projetos as grandes discussões de ontem sobre os temas centrais da nossa profissão. À vocês meu respeito e admiração pelas teses levantadas e defendidas. São eles, Alice Pichinatti (Abrigo Municipal para Menores em Canoas), Gabriela Ely Werres (Casa do Estudante Universitário de Canoas), Fernanda Maciel (Análise e Reestruturação Urbana: Porto de Estrela), Gabriela Gonzáles (Midiateca Pública em Porto Alegre), Heriane Santos (Casa de Repouso para Idosos em Torres) e Tainara Zili (Edifício Corporativo em Canoas).

A tarde transcorreu tranquila e nem vimos o tempo passar. Ainda estou sob os alegres efeitos da emoção de ter estado lá. Portanto, vou neste breve textinho, agradecendo emocionado aos queridos amigos que me convidaram para participar deste evento e me recepcionaram tão bem. Super beijo para a Patrícia Nerbas (grande parceira e colaboradora da mudanças que promovemos no curso e, em especial, no TCC) e um abraço apertado no Guilherme Almeida (meu ex-aluno na FauPucRS e que, desde aquela época, demonstrava vocação latente para a docência). Mais uma vez, meus mais sinceros agradecimentos por esta oportunidade. Este convite veio em boa hora. Num momento de reflexões pessoais, trocas de direções e redefinição de novos rumos e desafios.

Ontem, no caminho de volta para casa, experimentando a emoção de ter estado lá, parei no Jardim do Lago e me vi viajando no tempo, nas lembranças e revisitando muitos acontecimentos marcantes. Exatamente ontem, dia 16/12/2014, completei vinte e seis anos de formado. É incrível como na lida diária, movidos pelas demandas e solicitações pontuais da vida, não percebemos a passagem do tempo. Ainda lembro do rosto de cada um dos meus colegas de atelier, das muitas festas, das noites intermináveis nos bares intermináveis da cidade, das viagens de estudos, da praia da Pinheira em SC sítio para os trabalhos de diplomação para todos os alunos daquele ano (1988), dos muitos encontros estudantis, do bar do IabRS, do nosso atelier de estudantes (eu, Pery, Juarez e Luizinho) – que virou ponto de encontro dos colegas da Fau – e que ficava em Porto Alegre, no segundo pavimento de um lindo e misterioso casarão antigo na Rua Marechal Floriano, quase esquina com a Rua Duque de Caxias, dos churrascos que fazíamos no antigo galpão de madeira num bosque dentro do Campus Canoas, das brincadeiras e jogos de bola nos corredores, das rivalidades esportivas que chegavam a transferir datas de provas e entregas de trabalhos nos dias dos grandes jogos, das rádios que escolhíamos quando virávamos as noites trabalhando e mandando músicas e recadinhos para os colegas através dos DJ’s, dos dias e noites em claro para execução dos nossos sonhos e ideais transformados em grandes projetos.



E, principalmente, lembro dos bons companheiros desta jornada...

Então fico me perguntando para onde foram os velhos e inseparáveis companheiros? Lembro dos seus sonhos e dos seus talentos, da vontade de vencer e transformar este mundo desigual. Lembro de tantas emoções boas, do juramento que fizemos de mãos dadas, às vésperas da formatura, numa noite de lua cheia no estacionamento da faculdade, ainda vestidos com a toga que tínhamos naquela noite experimentado, de que jamais nos separaríamos, por mais que a vida assim nos exigisse.

Onde estão os velhos companheiros?

Olho em minha volta e vejo tanta coisa ainda por fazer! Muitos sonhos e pessoas ficaram pelo caminho. É engraçado como se propagam os sentimentos verdadeiros, mesmo com a distância e com a ação do tempo, eles não morrem. Não que vivam das lembranças ou dos fatos do passado. O passado é somente uma referência temporal. Se ainda sentimos uns aos outros, então ainda estamos no presente. Mesmo quando a vida segue o seu rumo.

Mais uma vez, muito obrigado pelo carinho manifesto no convite para estar ontem com vocês naquela escola que ainda sinto minha! A alegria da tarde de ontem e a energia positiva desta geração de novos arquitetos ficarão para sempre tatuadas no meu coração!

Contem sempre comigo!

Força e Honra
Saudação Romana

4 comentários:

Regis F. Silva disse...

Legal Bregatto!!, realmente o tempo passa voando, saudades de nosso atelier de TCC.
Grande Abraço!!!!

Anônimo disse...

Muito obrigada professor. Fico feliz de ter participado deste teu dia, que acabou se tornando nosso! Agradeço pelo carinho com que o senhor acolheu à mim e aos meus colegas, fazendo deste momento tão tenso uma grande aula de arquitetura. Desejo muitas alegrias ao senhor e que realize todos seus sonhos, e se estes já foram alcançados, que se mantenham em seu sucesso. Muita criatividade para o ano que segue, também!
Atenciosamente, Fernanda Maciel.

Paulo Ricardo Bregatto disse...

Querido amigo Regis, que alegria receber notícias tuas! Pois é... O tempo passa! Foi muito legal rever a nossa escola! Espero que você esteja super bem! Um abraco fraterno!

Paulo Ricardo Bregatto disse...

Oi Fernanda! Obrigado pelas palavras carinhosas sobre a minha parcipação nas bancas do TCC da Ulbra. Pena que na correria não deu tempo para eu conversar com a turma. Quem sabe noutra oportunidade! Muito sucesso para você! Um abraço fraterno!