quinta-feira, 18 de outubro de 2012

26 de Janeiro de 2013 - FauPucRS

Turma,

Hoje fui pego de surpresa (ótima surpresa!!) quando alguns colegas da comissão de formandos me comunicaram da escolha do meu nome para ser professor homenageado desta turma!! Vocês não imaginam a alegria que senti, estou sentindo e vou sentir por muito tempo. Vocês me conhecem bem e sabem que estou escrevendo este email com um sorriso de orelha a orelha!! Não existe maior distinção acadêmica que um professor possa receber do que este reconhecimento explícito nesta bela homenagem!

Este convite vem em boa hora, num momento de muitas reflexões sobre qualidade de ensino e formação profissional e, principalmente, sobre a responsabilidade das universidades neste processo. Ainda na semana que passou participei de um seminário em Floripa promovido pelo CauBR para discutir assuntos relacionados ao nosso ofício e às necessárias revisões que temos que fazer nas escolas de arquitetura e urbanismo para atender as necessidades atuais mais elementares do nosso povo.

Às vezes, tudo aquilo que "temos" que fazer, pela certeza e pelo conhecimento e experiência que temos no ofício, esbarra naquilo que "podemos" fazer, considerando as limitações institucionais que enfrentamos. Então, quando recebemos o carinho de uma homenagem como esta, as nossas convicções sobre que caminho seguir se fortalecem e sentimos uma energia redobrada para seguir em frente! Por esta razão e por outras tantas que sempre nos uniram ao longo da faculdade, o meu sincero agradecimento por esta homenagem! Levarei este carinho como um incentivo para o meu trabalho diário no Atelier de projeto!

Mais uma vez, muito obrigado!
Um beijo e um abraço carinhoso!
Valeu!!

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Casa Arrumada

Carlos Drummond de Andrade

Casa arrumada é assim:

Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas.

Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida.
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.

Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.

E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.

Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto.

Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos, netos, pros vizinhos.
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.

Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.

Arrume a sua casa todos os dias.
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela.
E reconhecer nela o seu lugar.

sábado, 18 de agosto de 2012

Formatura da FauPucRS - 2012/1

Queridos afilhados,

Acordei agora com aquele sentimento bom das lembranças de ontem, da linda cerimônia da formatura de vocês e da emoção e alegria contagiantes de cada um! A homenagem que vocês me prestaram, me escolhendo para ser o padrinho da turma, encheu meu coração de alegria e energia renovadas! Vocês estavam lindos e radiantes. E assim devem permanecer, sentindo muito orgulho no coração pela escola que estudaram, pelo curso que escolheram e pelos feitos ao longo da faculdade e, principalmente, daqui para frente, por toda a contribuição que darão para a arquitetura e para a qualificação dos espaços das nossas cidades.

Continuem lendo e estudando, sempre, mas não esqueçam que a arquitetura é um ofício e deve, portanto, expressar a validade e viabilidade da teoria no fazer diário da nossa profissão, na contribuição concreta dos nossos projetos e contruções, no assentar de cada tijolo. Nas palavras de Louis Kahn, "até mesmo um tijolo quer ser alguma coisa".

Voltei para casa ontem, depois das comemorações, com aquele sentimento bom de saudade que experimentamos apenas na presença alegre dos bons amigos e companheiros... Guardo um carinho especial por cada um de vocês! Apareçam sempre, com suas novas dúvidas e grandes conquistas, pois aquela escola sempre será de vocês!!

Mais uma vez muito obrigado pelo honroso convite! Este é um daqueles momentos que ficará gravado para sempre na minha memória e no meu coração!!
Um abraço e um beijo carinhoso!!
Contem sempre comigo!

Força e Honra
(Saudação Romana)

Discurso do Paraninfo
(Proferido em 17/08/2012 - 20:30h - Salão de Atos da PucRS)

Componentes da mesa já citados.
Familiares e amigos aqui presentes nesta noite de muitas alegrias.
Meus queridos colegas arquitetos e urbanistas:

Foi com muita alegria e emoção que recebi o honroso convite para ser o paraninfo desta turma de formandos. Não existe maior reconhecimento e distinção acadêmica que um professor possa receber do que esta homenagem para participar deste ritual de passagem, neste momento marcante das vidas de vocês, conduzindo-os dos afazeres da vida acadêmica para os encargos da vida profissional. Esta emoção se amplifica pela oportunidade de estar mais uma vez junto de vocês e, também, pela grande responsabilidade de apresentar à sociedade a 23ª turma de novos e bem preparados arquitetos e urbanistas da FauPucRS.

Credito este convite aos sentimentos mútuos de companheirismo, respeito e amizade, sempre presentes durante os anos que convivemos juntos nos ateliers que cursamos, onde, movidos pelo sentimento de curiosidade sobre o mundo a nossa volta, buscamos entender melhor o comportamento humano diante dos mais diversos espaços pela lente analítica, propositiva e transformadora do nosso ofício.

Ainda guardo carinhosamente na lembrança a imagem de cada um de vocês no início da faculdade, quando, naquele tempo distante, vocês ainda eram muito mais provocados pelas impaciências juvenis da adolescência do que pelas demandas propostas pela faculdade de arquitetura e urbanismo. Lembro das suas dúvidas, das conversas de bar e corredor, muito pertinentes a quem acaba de entrar num mundo novo, lembro dos seus medos e das suas angústias diante da escolha do ofício e do futuro, como se a dúvida e a expectativa do inesperado fossem características apenas da tenra idade.

O tempo foi passando e fomos nos encontrando numa disciplina aqui, noutra acolá, em intervalos mais ou menos regulares da grade curricular, que em alguns momentos parecia infinita. Nestes encontros, a minha maior alegria sempre foi acompanhar os seus crescimentos acadêmicos e pessoais. Até que nos encontramos novamente no finalzinho do curso no TCC. Lembro da nossa primeira aula do semestre e dos olhares assustados de vocês diante das demandas anunciadas naquele instante.

O semestre passou, trabalhamos bastante, convergimos e divergimos diante dos tantos debates nos dias de painel, vislumbramos uma cidade melhor pela ótica dos seus tantos projetos e na banca final os vi preparados, orgulhosos e seguros. Vocês são incapazes de imaginar a emoção que, nós professores, sentimos nesta hora. Naquele momento os vi maduros, adultos e profissionais. As dúvidas foram substituídas pelo dever de inovar, a dor e o cansaço foram transformados em energia para a vida, os medos serviram para balizar o caminho da ética e das virtudes, os receios deram lugar à coragem para propor e transgredir e o sonho se transformou no maior combustível na busca da realização profissional e pessoal que hoje está sendo coroada com muitos méritos.

Não foi fácil chegar até aqui... Lembro do esforço de cada um na construção das idéias, da fragilidade dos corações diante da crítica aguda no atelier, das dificuldades e, quase, intransponíveis barreiras técnicas, da tristeza diante do exílio do convívio social e familiar, já que não foram poucas as vezes em que, por exigência dos nossos tantos trabalhos, lhes obrigamos a ficar distantes de tudo e de todos aqueles que vocês tanto amam... Lembro, ainda, do cansaço de cada corpo, do semblante exaurido de cada um nos dias de apresentação dos trabalhos, dos momentos nebulosos da véspera de uma entrega onde as tarefas pareciam não caber dentro da linha tênue do tempo.

Mas, também, lembro da fibra de cada um diante dos desafios de cada projeto, da alegria estampada em cada rosto pelas grandes descobertas, pela superação de mais um desafio, pela experiência mágica de uma invenção e pela oportunidade de estarmos ali no atelier, no calor dos verões que se estendiam ou nos implacáveis invernos, testando os nossos limites e fortalecendo as nossas convicções sobre a nossa profissão.

A arquitetura é arte, ciência e ofício. Arte na medida em que ultrapassa seu papel de abrigo, quando supera a esfera prática e começa a dizer algo sobre o mundo e sobre os aspectos culturais de uma civilização. É ciência na medida em que se vincula aos processos e métodos científicos de proposição e análise do comportamento humano e das suas necessidades mais elementares, da produção eficiente no canteiro de obras, dos novos materiais e técnicas construtivas de baixo impacto ambiental. E é ofício, principalmente, pois a partir das nossas ações concretas diárias, transformamos o mundo que nos cerca e vivemos dignamente com o fruto ético do nosso trabalho.

O fazer arquitetônico se relaciona à noção de que o desenho das nossas edificações e cidades nos provoca emoções e nos fazem refletir sobre o que sentimos e sobre a relação direta deste sentimento com a qualidade dos espaços que produzimos. A arquitetura possui as mais diferentes manifestações nas diversas culturas, entretanto a natureza da nossa experiência sensorial diante de aspectos básicos como proporção, escala, textura, materiais, cor, luz e sombra, não varia tanto quanto as características estéticas desta ou daquela arquitetura.

Fazer arquitetura e urbanismo é, acima de tudo, construir e reconstruir a paisagem das nossas cidades em maior ou em menor escala. A arquitetura, além da harmonia de suas partes, deve harmonizar-se com o ambiente onde está, deve nos falar dos valores culturais do seu povo, de sua localidade e do seu tempo. Sempre que construímos um novo edifício, estamos, com isto, alterando a paisagem a nossa volta, na maior parte das vezes por um tempo que supera a nossa própria existência. Portanto, os melhores resultados serão aqueles que abrirão mão da monumental individualidade em nome da beleza coletiva e da construção de uma cidade melhor para se viver.

Somente estes motivos já bastam para reconhecer a importância do nosso ofício, pois a arquitetura faz parte do nosso dia a dia, revelando-se mesmo quando não a buscamos ou quando preferimos não tomar conhecimento dela. Ela pode ser monumental, espetacular, extravagante, de grife, vernacular, silenciosa ou anônima, basta abrirmos os olhos, tocarmos suas texturas, ouvirmos os seus sons... Ela estará ali a nos espreitar e a nos exigir algum tipo de reação e emoção diante dela. Podem ter a certeza de que isto não é pouco!! Poucas profissões, de outras tantas áreas dos mais diversos saberes, oportunizam esta magia de interagir na vida das pessoas a partir do fruto maduro, inovador, empreendedor, ético e responsável do nosso ofício.

Cabe ainda, nesta reta final, convocá-los para o exercício de refletirem sobre algumas qualidades fundamentais para o profissional do século XXI: inovar, empreender e intuir.

Inovar, não somente naquilo que caracteriza o fruto concreto do nosso trabalho (novas formas, espaços, materiais e técnicas), mas, fundamentalmente, nas relações humanas. Na forma como entendemos as necessidades dos nossos clientes e daqueles que carecem do nosso trabalho, independentemente das classes sociais.

Na forma como nos preocupamos, ética e moralmente, com o desenvolvimento sadio da nossa profissão. Na forma como nos preocupamos com os nossos irmãos de ofício, como nos preocupamos com este colega que agora está sentado ao nosso lado. Daqui para frente, as suas vidas poderão continuar sendo realmente um caminhar coletivo e colaborativo, calcado sobre a base sólida da ajuda mútua, desconstruindo a ilusória idéia de que as redes sociais digitais assumiriam este papel em nossas vidas.

Na seqüência, conclamo-os à importância do empreender, pois o nosso ofício requer coragem para analisar, refletir e questionar a qualidade dos espaços das nossas construções e cidades. Requer a coragem de transgredir algumas regras, processos e práticas ditas “comuns” e transformar, mostrando às pessoas o quanto somos, de fato, os agentes desta transformação. O quanto podemos aproximar as pessoas entorno de uma idéia, de um investimento, de uma realização. Para tal, é preciso arriscar, sair da zona de conforto e do lugar comum. Pouca arquitetura, ou quase nada, fazemos travados pelo medo de delegar, associar idéias e pessoas, arriscar, transgredir e transformar.

Neste sentido, intuir se torna necessário. Intuir, pois não serão raras as vezes em que vocês estarão diante de pessoas que, mesmo sem produzir absolutamente nada relevante, terão o poder de decidir sobre o rumo e sobre a viabilidade de uma idéia, colocando barreiras para os seus desenvolvimentos. Não esqueçam que muitos dos grandes feitos da humanidade nasceram de uma atitude visionária e pró-ativa de pessoas que tiveram a coragem de acreditar na força das idéias e foram em frente, transpuseram as barreiras, transgrediram as regras e mostraram o quanto é possível viver melhor quando abrimos mão de atitudes conservadoras que travam o crescimento e o processo evolutivo do saber e do fazer arquitetônicos.

Portanto meus queridos, vão à vida. Sejam bons projetistas, sejam bons construtores, sejam, de fato, arquitetos e urbanistas! Um mundo de novos desafios e oportunidades os aguarda lá fora a partir desta próxima segunda-feira!! Nós continuaremos aqui, acompanhando e torcendo pelas vitórias de cada um!! Retornem sempre, pois esta escola sempre será de vocês!!

Para mim, foi um grande privilégio e uma honra imensurável caminhar com vocês até aqui!!
Contem sempre comigo!
Muito obrigado!!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Bancas do TCCII - FauPucRS

Hoje terá início o processo de avaliação final dos trabalhos de conclusão de curso da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PucRS. As apresentações ocorrerão nos dias 05, 06, 09, 10 e 11 de julho na sala 215 do prédio 9 do Campus Porto Alegre. As apresentações dos trabalhos iniciam às 14h com previsão de uma hora de duração cada. As bancas são abertas ao público!!

05/07
QUINTA-FEIRA
Tarde e Noite

Alunos:
Diogo Erdmann Valls
Eduarda de Campos Loss
Sabrina da Rosa Heinen
Paula Carolina Immich
Lorena Weber Teixeira
Juliana da Cunha Carvalho

Banca de Avaliação:
Daniela Viaro Copetti (FauURI)
Silvio Rocha (FauPucRS)
Paulo Ricardo Bregatto (FauPucRS)

06/07
SEXTA-FEIRA
Tarde e Noite

Alunos:
Fernanda da Silva Vidal
Gustavo Christofoli Rödel
Rafael Gregory Birk
Carolina Rocca
Rossana Zanetti
Taynara Gehlen Gallo

Banca de Avaliação:
Ada Raquel Schwartz (FauUnifin)
Cibele Vieira Figueira (FauPucRS)
José Carlos Campos (FauPucRS)

09/07
SEGUNDA-FEIRA
Tarde e Noite

Alunos:
Fernanda Cavanus Foppa
Katiuscia Carbonel da Rosa
Paulo Roberto Burtet Filho
Andressa de Oliveira Venturini
Cristina Cruz Ogliari

Banca de Avaliação:
Marcos Bueno (FauUlbra)
Henrique Rocha (FauPucRS)
Paulo Ricardo Bregatto (FauPucRS)

10/07
TERÇA-FEIRA
Tarde e Noite

Alunos:
Bethânia Rauber Talhetti
Débora Rodrigues Loreto
Jóice Gonçalves Kuhnen
Bethânia Rauber Talhetti
Débora Rodrigues Loreto
Jóice Gonçalves Kuhnen

Banca de Avaliação:
Cassandra Coradin (FauUniRitter)
Prof. Arq. Renato Menegotto (FauPucRS)
José Carlos Campos (FauPucRS)

11/07
QUARTA-FEIRA
Tarde e Noite

Alunos:
Cristina de Andrade
Thais Romanini
Carolina Lahutte Vieira
Amanda Silva Martins

Banca de Avaliação:
João Gallo Almeida (FauUfrgs)
Carlos Alberto Hübner (FauPucRS)
Paulo Ricardo Bregatto (FauPucRS)
José Carlos Campos (FauPucRS)

terça-feira, 29 de maio de 2012

17 de agosto de 2012 - FauPucRS

Queridos alunos,

Foi com muita alegria e emoção que recebi na tarde de sexta-feira o honroso convite para ser o paraninfo da turma de vocês, neste importante ritual de passagem da vida acadêmica para a vida profissional. Sem dúvidas, não existe maior distinção universitária para um professor do que esta bela homenagem que vocês estão me prestando! Confesso que ainda estou sob o efeito da agradável surpresa e alegria deste convite! A tremedeira já passou, mas o sorriso está de orelha a orelha! E vai ficar assim por muito tempo!

Para mim este semestre tem sido um tempo de balanço de vida, muitas reflexões pessoais e profissionais e um tempo para a definição de novos desafios e correções de rota! A vida acadêmica é repleta de ótimas emoções, oportunidades e prazeres, como a chance de participar ativamente da formação de novos profissionais e, em consequência disto, continuamente fazer novos e inesquecíveis amigos! Mas, também, nos deparamos com muitos impasses e suas inevitáveis frustrações, como estarmos diante das coisas que queremos fazer, por desejo, prazer, ideal, iniciativa, convicção e certeza, esbarrando nas coisas que podemos fazer, por dificuldades, barreiras e muitas limitações institucionais.

Neste sentido, esta homenagem vem em ótima hora, agindo como uma carga rápida, capaz de oxigenar o peito sem deixar esmorecer alguns ideais relacionados à educação! Ainda ecoam no meu coração as belas palavras de reconhecimento que vocês proferiram hoje na hora do convite. Eu estava precisando ouví-las. Tomarei cada uma delas como um grande incentivo para o meu trabalho diário no atelier.

Mais uma vez, muito obrigado! Um abraço e um beijo fraternal em cada um, desejando muito sucesso nesta reta final!
Contem sempre comigo!!!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Prêmio bim.bon casa brasil

Divulgação do resultado prêmio bim.bon casa brasil

Foram recebidos 56 projetos de todas as regiões do Brasil, 30 na categoria estudante e 26 na categoria profissional. A grande maioria dos projetos apresentou orçamento básico, o que foi considerado um avanço relevante em relação à prática comum em concursos e projetos de arquitetura.

A comissão julgadora se reuniu em março de 2012, em Belo Horizonte, e elegeu um premiado em cada categoria. Dada a grande quantidade de propostas de boa qualidade, foram dadas 4 menções honrosas na categoria estudantes e 5 menções honrosas na categoria profissionais.

O prêmio bim.bon casa brasil foi realizado pelo bim.bon e pelo iab mg, e acontecerá anualmente, com a proposta de fomentar a discussão da habitação de qualidade aliada à racionalização construtiva e financeira.

COMISSÃO JULGADORA
Demetre Anastassakis
Maria Elisa Baptista
Roberto Caldeira Jr. – Diretor de Habitação do IAB-MG
Sotter Gouveia – CEF GIDUR/BH


PREMIAÇÃO ESTUDANTES

Casa pátio em Mogi das Cruzes
Ronaldo Amaro
Orientador: Elvis José Vieira
PARECER: A proposta trabalha a habitação de forma adequada do ponto de vista do edifício e de sua inserção. O projeto permite uma possibilidade de ampliação sem a geração de custos iniciais, a partir do aproveitamento das lajes-terraços para futuras ampliações. A proposta de dispor quarto e banho no térreo soluciona a questão da acessibilidade exigida pelo MCMV, ainda que o banheiro possua problemas de layout, facilmente adequáveis. A possibilidade de geração de pátios internos gera uma nova espacialidade bastante rica. O fato de não existir uma preocupação em propor soluções construtivas alternativas é compensada pela boa qualidade da arquitetura.


MENÇÕES HONROSAS ESTUDANTES

Conjunto habitacional em Juiz de Fora
Eduardo Fontainha Henriques, Leonardo Sanches
Orientador: Frederico Halfeld
PARECER: Boa solução arquitetônica associada a uma leitura madura do local de inserção e seus condicionantes. A proposta tipológica de duplex inviabiliza as exigências atuais do MCMV de acessibilidade em todas as unidades, ainda que o projeto contemple um número de unidades para pessoas deficientes. O pátio central comum a todas as unidades valoriza o conjunto, assim como a possibilidade de área privativa para cada unidade.


ADN Nucleobases
Rodrigo Waihiwe
Orientador: Fabricio Fontenelle
PARECER: Especulação de técnicas abordada em praticamente em todas as fases construtivas são o destaque desta proposta. Bom manejo de custos mesclando a base de dados do Bim.bon com orçamento das demais etapas de obra não previstas pelo plugin. A adoção de uma tipologia acessível específica vai contra as exigências atuais do MCMV para acessibilidade em todas as unidades.


Módulo social
Edgar Steffens, Pedro Arthur Camara, Gustavo Einloft, Rodrigo Petersen
Orientador: Paulo Ricardo Bregatto (FauPucRS)
PARECER: A proposta de um módulo básico a ser utilizado tanto como unidade individual como moradia coletiva foi bem pensada, permitindo um arranjo conforme condições diversas de terreno, ainda que os autores não apresentem este tipo de implantação no trabalho. Ao custo apresentado utilizando o Bim.bon será acrescido o valor da estrutura metálica, sistema estrutural proposto, que pode tornar o projeto um pouco oneroso para o MCMV.


Casa Engajada
Larissa Ricardo do Amaral Lopes, Paulo Gustavo de Araújo Perini, Robson Martins Leão
Orientador: Camilo Vladimir de Lima Amaral
PARECER: O trabalho apresenta uma racionalização construtiva associada a uma boa organização espacial. A possibilidade de arranjos dos ambientes é bastante variada, ainda que a proposta obrigue a construção de lajes antes da própria ampliação, o que onera o custo final da obra. A solução da planta em duplex prejudica a acessibilidade do projeto. Bom manejo dos recursos de orçamento.


PREMIAÇÃO PROFISSIONAIS

Vila em Rio das Pedras
Luiz Marino Kuller
PARECER: A proposta apresentada, dentro das exigências do MCMV, apresenta um projeto muito “replicável” por ser um programa muito solicitado, e consegue resolver 2 moradias geminadas rebatidas em um lote, muito comum nas cidades brasileiras. Devido ao fato de ser flexível, permite não só enfrentar seus problemas, como embora seja replicável, o é em doses incrementais, aos pouquinhos, em terrenos diferentes, o que permite que o arquiteto possa empreender, o que de qualquer modo só dá pra acontecer utilizando tecnologia convencional. O trabalho explora de forma consistente o uso do Bim.bon associado a composições complementares de orçamento, dentro dos limites do MCMV. 


MENÇÕES HONROSAS PROFISSIONAIS

Casa 3³
Frederico Andre Rabelo
PARECER: Proposta com bom domínio de tecnologia em perfil leve, associada ao uso do tijolo de solo-cimento como componente hidráulico. Boa especulação construtiva e espacial, como a ampliação da área de varanda através. O uso de revestimento de vedação em telha metálica encontra restrição de uso pela CEF, mas vale como especulação tecnológica. Bom manejo dos custos através do Bim.bon, incluindo os itens personalizados.


Habitação de interesse social
Caroline Luisa Santos Teixeira
PARECER: Muito boa proposta enquanto especulação do processo de industrialização da moradia, com o design de kits para serviço. A espacialização produzida por tais possibilidades se mostra bastante interessante. Os vazios surgidos desta organização, no entanto, encarecem o custo final da obra. A forma de inserção do projeto em terrenos diversos também é bastante rica em possibilidades, ainda que o trabalho mostre uma implantação em sua solução mais simplificada: em um terreno plano.


CASA 3×4 : retrato do brasil
Adriano Mattos Corrêa, Ivie Zappellini
PARECER: Bom desenvolvimento do trabalho sob o ponto de vista da arquitetura bioclimática. A organização espacial em módulos verticais impede a construção parcial proposta, se observadas as exigências do programa mínimo estabelecidas pelo MCMV. Não há a proposição de inserção em um conjunto, o que seria o desenvolvimento interessante. Por outro lado, a especulação construtiva é bastante interessante, com o uso de estrutura de portes de iluminação pública e estrutura metálica em perfil leve. Bom domínio do orçamento, incluindo itens personalizados.


Conjunto habitacional de interesse social sustentável
Bruno Souza do Nascimento Sitta
PARECER: Interessante especulação espacial, com grande variedade de tipologias baseadas no arranjo dos módulos propostos. A utilização de módulos hidráulicos também favorece a distribuição dos layouts. Estes arranjos proporcionam uma espacialidade externa que pode ser bem rica quando terrenos de maiores dimensões. No entanto, a volumetria não apresenta a mesma riqueza demonstrada em planta. A proposta não avança no orçamento, o que impede uma melhor avaliação do custo da unidade (ou módulos). Ainda assim, vale como especulação projetual.


Conjunto Apóstolo Pedro
Beatriz Weber Fideles, Pedro Kiyoshi Camargo Nakamura
PARECER: trabalho bastante maduro do ponto de vista da apropriação do terreno, com preocupações relevantes em relação à ocupação do solo edificado e das áreas não construídas. Bom entendimento das exigências estabelecidas pelo MCMV, ainda que o projeto não apresente uma planta de pavimento com as condições de circulação vertical, mas sim das tipologias isoladas. Uso de soluções construtivas convencionais que poderiam ser mais investigadas.


Fonte: www.bim.bon.com.br/blog/

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A Arte de Calar

Abade Dinouart

Foi no livro Palomar do Italo Calvino que eu encontrei esta pérola de sabedoria sobre a importância do silêncio. É do texto intitulado “Palomar em Sociedade – Do morder a língua”, do livro acima citado, que transcrevo este parágrafo revelador sobre a arte de calar, mais difícil ainda do que a arte de dizer:

“Na verdade, mesmo o silêncio pode ser considerado um discurso, enquanto refutação ao uso que os outros fazem da palavra; mas o sentido deste silêncio-discurso está nas suas interrupções, ou seja, naquilo que de tanto em tanto se diz e que dá um sentido àquilo que se cala.”

Trago este assunto como introdução ao livro que sugiro para leitura de beira de praia. Trata-se de um pequeno livro intitulado A Arte de Calar de autoria do Abade Dinouart, com apresentação de Jean-Jacques Courtine e Claudine Haroche, lançado pela Editora Martins Fontes em 2002.



A Arte de Calar
Abade Dinouart
Editora Martins Fontes
São Paulo, 2002
Isbn 85-336-1366-0
80 páginas

O tratado de Dinouart (Joseph Antoine Toussaint Dinouart), escrito em 1771, convida o leitor a fazer um conjunto de reflexões e indagações sobre a função do silêncio nos vários setores da vida. Muito mais do que preconizar o silêncio absoluto, ou uma mística de um mundo enclausurado no silêncio, A Arte de Calar é, na verdade, uma arte de falar, um outro capítulo da retórica. Não se trata de uma arte de fazer silêncio, e sim, muito mais, de uma arte de fazer alguma coisa ao outro pelo silêncio. Nas palavras de Dinouart “...o sábio mantém um silêncio expressivo, que se torna uma lição para os imprudentes e um castigo para os culpados”.

Neste sentido, o rosto fala pela língua e, para calar, não basta fechar a boca. Porque não haveria nisto nenhuma diferença entre o homem e os animais. O silêncio do homem deve significar, pois A Arte de Calar é, certamente, uma paradoxal arte de falar. É uma eloqüência muda. Sua obra insere-se na tradição de uma retórica do corpo: A Arte de Calar é uma arte e uma disciplina do corpo, uma contribuição a uma parte fundamental da retórica: a ação oratória.

É claro que o silêncio, por si só, no rosto de alguns representa o vazio, tanto quanto a fala exagerada e vaidosa é a linguagem dos idiotas. Trata-se, portanto, da busca do equilíbrio estratégico entre o calar, falar e, principalmente, ter o que dizer. Não se trata, portanto, de um falar para si, mas um fazer-se entender. Não se trata da submissão verbal mas fundamentalmente, do conhecimento tácito das relações diretas entre conteúdo, quem fala e quem ouve. Neste sentido, temos que ter muito cuidado, pois o silêncio de quem ouve pode não ser atenção e absorção de conteúdo, pode ser pena e comiseração.

Isto posto, o interessante no tratado de Dinouart, é lembrar que o silêncio é um componente fundamental da eloqüência. É lembrar, também, que não se pode compreender o conteúdo de um discurso somente a partir da densidade verbal que ele é capaz de desenvolver. Trata-se, portanto, de exercitar a sabedoria da síntese e do equilíbrio, descartando o falso saber da densidade verbal, valorizando a frase correta e o discurso da pausa e do silêncio. Sem dúvidas, não é uma tarefa fácil. Principalmente, para os falsos oradores que abusam das palavras ou para aqueles que diante da oportunidade da fala, falam para si mesmos, sem o eco do entendimento de quem os ouve. O falar para si é o exercício do pensar, portanto, não necessita de um interlocutor. Ter um interlocutor e, portanto, falar para os outros, parte do princípio do ter o que dizer. Em síntese, trata-se da existência de uma ética do silêncio na palavra e na escrita, para aqueles que se perdem pela língua e pela pena.

Para Dinouart:

“Só se deve deixar de calar quando se tem algo a dizer que valha mais do que o silêncio, pois o primeiro grau da sabedoria é saber calar; o segundo, saber falar pouco e moderar-se no discurso; o terceiro é saber falar muito sem falar mal e sem falar demais.”

A superioridade do silêncio sobre a palavra, na conduta ordinária da vida, funda-se, assim, num ideal de autoconservação que extrai seus recursos da imobilidade e que vê na palavra um risco. O homem nunca é tão dono de si mesmo quanto no silêncio: fora dele, parece derramar-se, por assim dizer, para fora si e dissipar-se pelo discurso, de modo que ele pertence menos a si mesmo do que aos outros. Em A Arte de Calar lê-se a crença em uma perda de substância corporal, quando porventura a língua se solta. O perigo da palavra é levar o homem a não mais se pertencer, a perder a posse de si mesmo. Neste sentido, o silêncio torna-se uma virtude. Não há excesso a temer no silêncio – ao contrário da palavra – pois o nada é menos afetado pela categoria do demais. Mais vale passar por não ser um gênio de primeira grandeza, permanecendo frequentemente em silêncio, do que por louco, abandonando-se à comichão de falar demais.

E Dinouart segue inflamamando quando afirma que:

“O Silêncio é necessário em muitas ocasiões, mas é preciso sempre ser sincero; podem-se reter alguns pensamentos, mas não se deve camuflar nenhum. Há maneiras de calar sem fechar o coração; de ser discreto sem ser sombrio e taciturno; de ocultar algumas verdades sem as cobrir de mentiras.”

Claro que é preciso que se diga que o imperativo do silêncio de que o livro trata responde a um ideal psicológico dominado pelo autocontrole e por um modelo de conduta social governada pela prudência necessária para se viver bem e em segurança no século XVII, uma preocupação constante e permanente que habita os manuais de civilidade e os tratados de conveniência e polidez daquele período.

A Arte de Calar, publicada em 1771 é um ato político, um apelo à ordem, no sentido mais forte do termo e participa, assim, da resposta ao desenvolvimento das forças políticas e das correntes filosóficas que, na metade do século XVIII, contestam a autoridade da Igreja, ao mesmo tempo que a vida social e a investigação científica escapam do enfeudamento religioso. A ascensão do individualismo rompe a dominação dos valores tradicionais. Torna-se necessário defender a Igreja e reduzir ao silêncio aqueles que a atacam e, neste sentido, o texto resgata o poder perdido de fazer-calar, uma espécie de “reforma geral dos escritores”, mais ou menos como exterminar em um país os envenenadores.

A obra reflete assim, à sua maneira, a ruptura entre religião e moral que se produziu gradualmente ao longo dos séculos XVII e XVIII. É a substituição do sistema que fazia das crenças religiosas o quadro de referência das práticas comuns, por uma ética social que passa a formular uma ordem das práticas sociais.

Mas nada disto obscurece a importância da obra. Pelo contrário, torna-a atual, principalmente, diante de tantos textos e discursos vazios. Nos faz refletir sobre a eficiência das nossas interlocuções e nos remete ao mundo da síntese que faz uso do silêncio e transforma-o, quando corretamente aplicado, no melhor de todos os discursos.

Diferentes Espécies de Silêncio
Capítulo II

1 – O silêncio é prudente quando se sabe calar oportunamente, conforme o tempo e o lugar em que se está no mundo e conforme a consideração que se deve ter para com pessoas com quem se é obrigado a tratar e a viver.

2 – O silêncio é artificioso, quando só calamos para surpreender, seja desconcentrando os que nos declaram seus sentimentos, sem lhes dar a conhecer os nossos, seja tirando proveito do que ouvimos e observamos, só querendo responder por modos enganadores.

3 – O silêncio complacente é uma aplicação não somente em escutar, sem contradizer, aqueles a quem desejamos agradar, mas ainda em lhes mostrar o prazer que temos com sua conversa ou com sua conduta; de maneira que os olhares, os gestos, tudo supra a falta da palavra, para aplaudi-los.

4 – O silêncio zombador é uma reserva maligna e afetada, a não ser interrompida, sobre as coisas desprovidas de sentido ou inconsideradas, as bobagens que ouvimos falar ou que vemos fazer, para gozar do prazer secreto que têm aqueles que se deixam enganar ao imaginar que os aprovamos e os admiramos.

5 – Há um silêncio espirituoso quando se percebe no rosto de uma pessoa que não diz nada um certo ar aberto, agradável, animado e capaz de dar a entender, sem o recurso à palavra, os sentimentos que quer dar a conhecer.

6 – Há, ao contrário, um silêncio estúpido quando, com a língua imóvel e o espírito insensível, o homem parece inteiramente abismado numa profunda taciturnidade que nada significa.

7 – O silêncio de aprovação consiste no consentimento que damos ao que vemos e ao que ouvimos, seja contentando-nos em lhe dar uma atenção favorável, que indica a importância que lhe atribuímos, seja testemunhando, por alguns sinais exteriores, que o julgamos razoável e o aprovamos.

8 – É um silêncio de desprezo não nos dignarmos a responder àqueles que nos falam ou que esperam que nos declaremos a respeito do que nos falam e olhar com frieza e arrogância tudo o que vem deles.

9 – O silêncio de humos é o de um homem cujas paixões só se animam seguindo a disposição ou a agitação de ânimo que o domina e de que dependem a situação de seu espírito e o funcionamento de seus sentidos; que considera bem ou mal aquilo que ouve, segundo a física desempenhe bem ou mal as suas funções, que só abre a boca para fazer piadas ou para dizer coisas desagradáveis ou inoportunas.

10 – O silêncio político é aquele de um homem prudente, que se poupa, que se conduz com circunspecção, que nem sempre se abre, que não diz tudo o que pensa, que nem sempre explica sua conduta e seus desígnios; que, sem trair os direitos da verdade, nem sempre responde claramente, para não se deixar revelar.

Então, fica aí a sugestão de leitura de beira de praia!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Anuidade do CauRS

Caro Profissional, o valor da sua anuidade 2012 é R$ 369,39. Você poderá pagá-lo através de parcela única, sendo concedido um desconto de 10% (R$ 36,94), ficando o valor total de R$ 332,45 com o vencimento para 31 de janeiro de 2012.

Caso seja do seu interesse, o valor da sua anuidade 2012 poderá ser parcelada, sem desconto, em 03 (três) parcelas iguais de R$ 123,13, ficando os seus vencimentos para 31/01/2012, 29/02/2012 e 31/03/2012.

Observações:

- Profissionais com menos de dois anos de formado ou com 30 anos ou mais de formatura terão 50% (cinquenta por cento) de desconto.
- Profissionais com 35 anos ou mais de contribuição terão 90% de desconto.
- Profissionais com 40 anos ou mais de contribuição ficarão isentos do pagamento de sua anuidade.

Caso os seus dados cadastrais não sejam condizentes com o exposto na referida Lei, e o valor não esteja correto, favor comunicar imediatamente ao CAU através do telefone 0800 88 30113 ou pelo e-mail dev@caubr.org.br.

Dados extraídos do site do CAU: http://www.caubr.org.br/