segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

16 de janeiro de 2010

Pelo que entendi a partir do belo discurso do Arq. Cleber, orador da turma de formando do curso de arquitetura e urbanismo da Ulbra, já temos compromisso festivo agendado para esta data e, também, para todos os demais terceiros sábados de janeiro de cada ano. Que legal!! Podem contar comigo!!

Meus queridos afilhados, a formatura de sábado estava ótima. Como lhes disse no meu discurso, para mim foi uma grande emoção ser o paraninfo desta turma e, portanto, estar ali junto de vocês, no mesmo auditório e no mesmo lugar onde foi a minha formatura, passados 20 longos anos!! Mais uma vez, muitíssimo obrigado pelo honroso convite para ser o padrinho desta turma. Emoções, como esta, guardamos para sempre no coração e nos alimentamos dela diante do cansaço das nossas jornadas acadêmicas ainda por vir!!

Valeu mesmo!!

Na sequência desta postagem coloco na íntegra o texto do meu discurso proferido no sábado!
Para vocês um super abraço fraternal e os votos de muito sucesso nesta próxima jornada!!
Contem sempre comigo e com a nossa escola!!

Discurso do Paraninfo
17 de janeiro de 2009
Auditório 220
Prédio 1
Campus Canoas

Componentes da mesa já citados.
Familiares e amigos aqui presentes.
Meus queridos colegas arquitetos e urbanistas:

Não conheço maior distinção acadêmica do que esta que vocês agora me proporcionam, me escolhendo para fazer uso desta importante tribuna para proferir as palavras de despedida, neste momento em que vocês finalizam uma etapa importante de suas vidas, trocando os desafios universitários pelas grandes demandas da vida profissional, me delegando esta honraria de ser o padrinho desta turma de novos profissionais da arquitetura e do urbanismo.

Minha alegria é dupla: primeiro, pelo grande carinho que tenho por esta turma, muito especial para mim, onde tive o privilégio de participar de inesquecíveis discussões arquitetônicas e, segundo, pela oportunidade de reviver fatos e emoções ainda tão presentes na minha memória.

Olhando-os daqui de onde estou, e vendo a alegria estampada em cada rosto, sinto e sei exatamente o que se passa dentro dos seus corações e mentes neste momento, pois há exatos 20 anos estive aqui neste auditório, sentado neste mesmo lugar que hoje vocês aí estão, pois como todos sabem, sou filho, também, desta casa. Aqui tenho estado, independente das grandes dificuldades, a serviço da nossa profissão, já ao longo de 26 anos - 6 como aluno e 20 como professor.

É incrível como, na lida diária, referenciados pelos acontecimentos, demandas e solicitações pontuais da vida, não percebemos a passagem do tempo. Ainda lembro do rosto de cada um dos meus colegas. Das brincadeiras nos corredores, dos dias e noites em claro na execução dos nossos sonhos e ideais transformados em grandes projetos. Lembro-me dos seus sonhos e dos seus grandes talentos, da vontade de vencer e transformar este mundo desigual...
Fico, então, me perguntando para onde foram os velhos e inseparáveis companheiros?
Olho em minha volta e vejo tanta coisa ainda por fazer!!! Muitos sonhos e pessoas ficaram pelo caminho... É engraçado como se propagam os sentimentos verdadeiros, mesmo com a distância e com a ação do tempo, eles não morrem... Não que vivam das lembranças ou dos fatos do passado. O passado é somente uma referência temporal. Se ainda sentimos uns aos outros, então ainda estamos no presente.

Mesmo quando a vida segue o seu rumo...

Sei que este honroso convite foi originado por aqueles sentimentos mútuos de simpatia, companheirismo, respeito e amizade, sempre tão presentes durante os anos que convivemos juntos nas disciplinas que cursamos, onde sempre movidos pelo sentimento de alegria e curiosidade sobre o mundo a nossa volta, buscávamos entender melhor, pela ótica do nosso ofício, o comportamento humano diante dos mais diversos espaços, assim como, buscávamos, também, participar sempre ativos da definição dos novos rumos para o ensino de arquitetura e o fortalecimento, sempre necessário, dos princípios da ética para o desenvolvimento da nossa profissão.

Não foram anos fáceis, eu bem sei!!

Quantas vezes, diante das dificuldades aparentemente insolúveis, nos debruçamos sobre os nossos medos, angústias e nos perguntamos se estávamos no rumo certo... Dúvidas, muitas fragilidades e aquele sentimento desconfortável de querer saber o que teríamos encontrado se tivéssemos escolhido um outro caminho...

Deste lugar que vocês se encontram e que sentaram ainda aspirantes, daqui alguns instantes, ao término desta cerimônia, se erguerão arquitetos e urbanistas e serão, portanto, os mais dignos herdeiros das valiosas qualidades e honrosas tradições do nosso ofício e, também, da grande tarefa de fortalecer, com o fruto do vosso trabalho, a cultura local e nacional de maneira ética e honesta, sempre tendo em vista as necessidades da sociedade em que vivemos.
Nosso desafio não é fácil!!

Nossa arquitetura, num passado recente, alcançou sucesso e expressão mundiais justamente por apresentar aspectos plásticos e técnicos originais e inovadores, genuinamente brasileiros. Assim como no passado, ainda hoje, as maiores expressões mundiais da arquitetura e do urbanismo, demonstram interesse por nossos feitos e vem beber em nossa fonte.

Como arquitetos e urbanistas temos que ser incansáveis para investigar e conhecer as origens dos nossos valores artísticos e culturais e, nutridos destas origens e do avanço técnico do mundo contemporâneo, contribuir para a criação de soluções arquitetônicas originais que continuem a nos distinguir universalmente. Além disto, meus arquitetos, temos que ter em mente que estas conquistas, acima de tudo, não devem nos afastar do conhecimento da realidade social e econômica do país em que vivemos, onde as grandes concentrações monetárias ainda nos caracterizam como um país de grande desigualdade social.

A crise energética internacional e o desequilíbrio mundial do meio ambiente assumem patamares preocupantes, exigindo dos arquitetos e urbanistas atitudes inovadoras e sustentáveis. O mercado de trabalho atual, com suas inumeráveis oportunidades, mas, também, com suas perigosas armadilhas, carece urgentemente de nova formatação, assim como, outras tantas oportunidades de trabalho, ainda adormecidas aguardando por nós, necessitam ser lapidadas com afinco, inovação e empreendedorismo.

Para tal, o fortalecimento ético da nossa categoria passa, também, e isto é importante que se diga, pelo vosso necessário trabalho na política profissional, revisando e divulgando os princípios da moral e da ética, tantas vezes, deixados de lado na concorrência imposta pela urgência das decisões.

A ética é uma característica inerente a toda ação humana e, por esta razão, é um elemento vital na produção da realidade social.
Todo homem possui um senso ético, uma espécie de "consciência moral", estando constantemente avaliando e julgando suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas. Existem sempre comportamentos humanos classificáveis sob a ótica do certo e errado, do bem e do mal. Embora relacionadas com o agir individual, essas classificações sempre têm relação com as matrizes culturais que prevalecem em determinadas sociedades e contextos históricos.

Portanto, a ética está relacionada à opção, ao desejo de realizar a vida, mantendo com os outros relações justas e aceitáveis e está fundamentada nas idéias de bem e virtude, enquanto valores perseguidos por todo ser humano e cujo alcance se traduz numa existência plena e feliz.

Meus arquitetos, estas constatações do mundo como está, com muitos valores éticos e morais esquecidos, transformados e sucateados, não nos devem levar ao comodismo de quem acha que nada pode ser feito, mas a estimular cada vez mais a nossa atividade criativa e reformista. O progresso de uma nação e o fortalecimento dos valores éticos de uma profissão, não são frutos do acaso, mas do resultado dos esforços corajosos e constantes dos seus filhos. Seremos amanhã, o somatório dos nossos esforços conjuntos de ontem e de hoje.

Trata-se, portanto, meus caros colegas, de encontrar um caminho que, em parte, nos afaste das posições confortáveis e acadêmicas, que muitas vezes temos assumido, para nos colocar como precursores deste processo de construção de um mundo melhor, pela ótica da nossa profissão.

Neste momento em que vocês estão prestes a sair da nossa escola para enfrentar a vida profissional, torna-se necessário reconhecer que o futuro de cada um de vocês se funde com o futuro da sociedade em que estamos todos inseridos. A alegria, a felicidade, o sucesso, a segurança e a paz que, individualmente, queremos ter será sempre aquela que conseguirmos construir para todos.

Desejo-lhes nesta próxima jornada que hoje se inicia muito sucesso, mas acima de tudo muita coragem, pois a coragem nos dá a base sólida para sabermos superar todas estas dificuldades.

Coragem para durar e aguentar, coragem para viver, coragem para suportar, para combater, para enfrentar, para resistir, para perseverar. A coragem não se refere apenas ao futuro, ao medo ou à ameaça. Refere-se, também, ao presente, e sempre está ligada à vontade, muito mais do que à esperança. Afinal, só esperamos o que não depende de nós, só queremos o que depende de nós. É por isto que a esperança, ao meu ver, só é uma virtude para aqueles que aguardam imóveis a chegada de tudo, ao passo que a coragem é uma virtude para qualquer um. A coragem não é um saber, mas uma decisão. Não é uma opinião, mas um ato.

Mais uma vez muito obrigado por este convite!!! Tomarei, para sempre, esta honrosa distinção como um grande incentivo para o meu trabalho diário dentro do ateliê. Para mim, foi um grande privilégio e uma honra imensurável conduzi-los até aqui!!

Muito sucesso nesta próxima jornada!
Contem sempre com esta escola!!
Muito obrigado!!!

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