segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Ecologia

Uma estratégia para a sobrevivência

Ainda não estava na faculdade quando este livro chegou as minhas mãos. O ano era 1981, ano da segunda edição no Brasil. A primeira edição brasileira é de 1974 e nos Estados Unidos foi lançado em 1972. Portanto, 37 anos nos separam do seu lançamento. Certamente não foi a primeira obra sobre o assunto, fato que o coloca mais ainda num passado distante.


Ecologia
Uma estratégia para a sobrevivência
Anne Chisholm
Zahar Editores
Rio de Janeiro – 1981
222 páginas

Faço esta breve digressão para colocar na linha do tempo este assunto tão em moda, embora pouco entendido, e que tem sido discutido com uma superficialidade assustadora. Quando começamos a ver instituições financeiras, distribuidores de combustíveis, transportadores transatlânticos, exploradores aeroespaciais, entre outros, alicerçando suas campanhas de marketing sobre o termo ‘sustentabilidade’ e ‘eco qualquer coisa’, é um perigoso sinal de alerta.

Desde muito tempo, um grupo de cientistas – os Ecologistas – subitamente passou a ser considerado o salvador em potencial e a última esperança do homem moderno, nas palavras do Dr. Norman Moore, um dos cientistas citados neste livro.

“A princípio o nosso trabalho dizia respeito à preservação de algumas espécies, animais ou vegetais, ameaçadas de extinção. Mas, agora, verificamos que é própria humanidade a quem estamos salvando.”

Este livro foi visto na época como uma das primeiras tentativas sérias no sentido de conscientizar o homem a respeito de um problema da maior importância – dito no texto original daqueles tempos: a preservação do ambiente e, consequentemente, de toda a espécie humana.

Nas palavras da própria Anne Chisholm, na introdução do livro:

“Da mesma forma que muita gente, eu ouvi a palavra Ecologia pela primira vez no outono de 1969. Isto foi pouco antes da série anual das Conferências Reith que a BBC anunciava, a serem dadas pelo ecologista Dr. Frank Fraser Darling. Na minha qualidade de jornalista, fui encarregada de fazer a cobertura e escrever sobre o conferencista. Procurei a palavra no dicionário e verifiquei que se tratava da ciência do inter-relacionamento dos organismos vivos com o seu meio ambiente.

Foi então que, de repente, descobri um novo interesse. A ecologia, segundo parecia, era a ciência que estava em condições de interpretar os fragmentos de provas que nos mostravam haver algo errado com o mundo. Havia pássaros mortos, óleo no mar, lavouras envenenadas e explosão demográfica. Naquela altura, a ecologia me aparecia como uma idéia abstrata, mas especialmente agradável. O seu significado era que havia uma interligação entre todas as coisas. O que me interessou mais do qualquer outra coisa não foi o real conteúdo da ecologia e sim o que ela trazia em sua mensagem. Ali estavam uma nova moralidade e uma estratégia para a sobrevivência da humanidade, englobadas num só corpo.”

O livro tem 18 capítulos onde neles podemos extrair quatro níveis de abordagem sobre o assunto. O primeiro se refere aos problemas subjacentes à nossa ansiedade em relação ao meio ambiente a partir da apresentação do pensamento de pessoas – que não são ecologistas – mas cujas idéias contribuíram para o desenvolvimento da Ecologia. O segundo nível de abordagem trata dos cientistas que estão efetivamente pondo em práticas tais idéias, nas suas atividades diárias. O terceiro dedica-se ao trabalho de alguns ativistas que estão empregando seu tempo e sua energia na difícil tarefa de conscientizar o público para tão grave problema. E, finalmente, o quarto nível de abordagem apresenta as idéias concretas de alguns cientistas, cujo trabalho mostra um caminho a ser seguido.

Gosto dos livros antigos que tratam dos assuntos atuais, pois eles trazem a essência verdadeira destes assuntos, sem o vício dos editoriais jornalísticos ou das urgência impostas pelas decisões de gerentes de marketing pouco informados. Trata-se, portanto, de uma obra ainda de grande relevância para quantos se interessam e se preocupam com assunto extraordinariamente variado, complexo e crucial – a Ecologia – mas de importância indiscutível e vital para a Humanidade.

Em breve, noutra postagem, vou retornar para este assunto e, especificamente, para esta obra para analisar o pensamento de Lewis Mumford, filósofo e escritor norte-americano, cuja obra esta estreitamente ligada à arquitetura, ao planejamento urbano, à história e forma das cidades e que abre as discussões sobre o tema no primeiro capítulo deste livro.

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