segunda-feira, 27 de abril de 2009
Nós não somos assim...
Não posso negar - até pq está estampado no meu semblante - que estou experimentando um sentimento bom de alegria e esperança que desde muito tempo não experimentava.
Deixei meu carro no estacionamento coberto, que fica pouco distante do prédio da faculdade de arquitetura e urbanismo onde leciono, e vim lentamente caminhando pela calçada, curtindo este super dia de sol e a bela paisagem de outono do campus. Os passeios são cobertos por plátanos que nesta época do ano, com poucas folhas, refletem a luz do sol com um belo e raro colorido.
No caminho do estacionamento para o prédio da FauUlbra encontrei alguns colegas de trabalho e consegui sentir, não somente pelo teor das nossas conversas, mas também pelo sorriso de cada um, o alívio por estarmos diante de um novo tempo dentro desta universidade.
Na semana que passou foi divulgada a relação dos novos componentes da reitoria (ver postagem anterior) e, com ela, renovou-se nos corações dos professores, funcionários e alunos, o espírito de luta e esperança por dias melhores para esta grande universidade.
Não imaginei que teria a oportunidade de ver e viver esta necessária transição. Tardia, é claro! Mas antes tarde, do que nunca!!
Olhar para estes prédios e sentir que o processo de renovação, limpeza e desintoxicação foi iniciado, nos faz resgatar os nossos melhores projetos acadêmicos e de vida, sepultados ao longo do tempo pelo cansaço e pela falta de perspectiva imposta por uma reitoria que teve, durante sua longa gestão, outros focos e interesses bastante distantes da educação.
Durante o período de paralisação estive bastante próximo dos alunos, numa proposta de mobilização conjunta. Com eles fiz, nos dias das minhas disciplinas, um ciclo de reuniões para analisar, divulgar e entender melhor os fatos desta grave crise que se instalou na nossa universidade e que, num determinado momento, parecia não ter mais solução. Ao longo destas importantes reuniões e diante da falta de esperança explícita nos corações de muitos dos meus alunos, diante de tantas notícias ruins que cercaram a Ulbra, lhes disse: "meus amigos, ergam a cabeça e não percam a esperança. Não tenham vergonha de fazer parte desta universidade. Nós não somos assim!!"
De fato, olhando tudo que está agora sendo divulgado pela mídia e, principalmente, como eles estão sendo fartamente analisados, investigados e divulgados, deixando verter todas as graves irregularidades escondidas sob o manto de uma possível - embora pouco provável - "gestão temerária", reafirmo a minha fala daquelas reuniões: nós não somos assim!!
Mesmo que o processo seja lento, mesmo que muita coisa tenha a tendência a se dissipar na linha do tempo e da justiça, mesmo que muitos acreditem na falta de lembrança das pessoas, nós que sentimos na pele e vivemos estes fatos temos o direito de esperimentar o sentimento bom de esperança de que os responsáveis por toda esta crise, logo responderão pelos seus atos.
Estamos ainda mobilizados, é claro. O processo de renovação está apenas começando. Estamos também muito mais atentos. Mas o melhor de tudo é que estamos muito mais confiantes e atuantes neste processo de redefinição dos rumos para colocar esta universidade no lugar que sempre foi seu. A nossa universidade é a terceira maior do Brasil. Mas para nós, agora, ser grande significa ser, acima de tudo, honrada, moral e ética.
Os alunos estão chegando agora para o nosso primeiro encontro pós-paralização. Vejo-os, daqui do meu reservado, alegres, dispostos, confraternizando entre si como não via nos últimos tempos. Vejo um deles pegando um giz e escrevendo alguma coisa no quadro verde. Me arrepio e me emociono, neste instante. Ele escreveu olhando para mim: NÓS NÃO SOMOS ASSIM!! Escrito com letras bem grandes!!
Não existe outra forma melhor de iniciar uma aula do que assim desta maneira!!
Valeu!!
sábado, 25 de abril de 2009
Sobre a nova Ulbra
Tenho experimentado nestes últimos dias, desde a renúncia do antigo reitor, um sentimento bom de confiança nos dias que estão por vir. Sei que grande parte deste sentimento se dá por tudo aquilo que sei, vi e vivi na Ulbra ao longo destes tantos anos e pela consequente certeza de que, com eles no comando, não tínhamos mais para onde ir. Conheço poucos desta nova reitoria, mas os que eu conheço são dignos de confiança por serem profissionais sérios e por nunca terem se afstado do exercício da fé.
Perda de foco, diversidade de negócios, filantropias e isenções fiscais de toda a ordem, financiamentos, crescimento calcado no endividamento, formação de grandes fortunas, não cumprimento das obrigações trabalhistas, entre outros. Todos estes assuntos estão fartamente sendo debatidos, analisados e investigados. Mais cedo ou mais tarde, tudo aquilo - e todos aqueles - que não foi correto aparecerá. É só aguardar.
Vale destacar a participação ativa dos alunos nesta crise. Mobilizações, reuniões, debates, enfrentamentos e tudo aquilo que foi muito importante para demonstrar o descontentamento geral daqueles que acreditam na capacidade de transformação da sociedade em que vivemos a partir da educação.
Se alguns membros desta sociedade corrupta, que agora sai, preferiram consolidar o seu futuro a partir das fraudes e de grandes transferências de divisas para outros países, que eles sejam a exceção. A regra, nesta caso, é reconhecida através da transparência, da honradez e do caráter daqueles que sempre andaram na linha da ética e da moral. Parabéns aos professores, funcionários e, principalmente, aos alunos que enfrentaram com dignidade esta profunda crise.
A Ulbra anunciou a composição da reitoria e do Comitê Gestor da Crise. A nova composição da reitoria da Ulbra foi apresentada em coletiva à imprensa na noite de ontem (sexta-feira, 24), pelo reitor Marcos Fernando Ziemer, eleito dia 17 de abril para ocupar o cargo em virtude da renúncia de Ruben Eugen Becker.
Além dos nomes aprovados pela comissão da Celsp, mantenedora da Ulbra, foi anunciado o Comitê Gestor da Crise, composto por José Luiz Duizith, gestor educacional e especialista em informática; Erivaldo de Brito, economista; Jonas Dietrich, advogado; e Augusto Ernesto Timm Neto, contabilista; e que será presidido por Ziemer.
A composição da reitoria é a seguinte:
Reitor: Marcos Fernando Ziemer
Vice-reitor: Valter Kuchenbecker, diretor administrativo da Fundação Ulbra e da editora da universidade.
Pró-reitor de Administração: Ricardo Müller, diretor administrativo da empresa Ferramentas Gerais, graduado em Administração pela Ulbra e pós-graduado em Administração Financeira pela Faculdade Porto Alegre de Ciências Administrativas.
Pró-reitor de Graduação: Ricardo Prates Macedo, reitor adjunto da gestão Becker e diretor do curso de Odontologia e da Área da Saúde e Bem-Estar Social da universidade.
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação: Erwin Francisco Tochtrop Júnior, atual coordenador dos cursos de Engenharia Agrícola e tecnólogo em Gestão Ambiental.
Pró-reitoria de Extensão: Ricardo Willy Rieth, professor de História e Teologia da Ulbra Canoas.
Aos antigos administradores que, certamente, não terão problemas financeiros até a quinta geração dos seus familiares fica o alerta do cheiro e da sujeira contidos neste dinheiro acumulado. Aos novos administradores fica o aviso de que todos estão alertas e mobilizados para não deixar mais a Ulbra seguir caminhos tortuosos. Continuamos cada vez mais alertas e mobilizados, mas estamos acenando ao novo reitor com a bandeira da esperança. Afinal, desde muito tempo, temos estado todos neste mesmo barco.
O problema nunca foi falta de foco. O horizonte sempre esteve lá no seu lugar, disponível para os homens de bom coração. Quando o barco se desvia, não é somente pela ação das marés e do vento, mas sim pela mão do timoneiro que descuidadamente ou intencionalmente leva o barco para onde quiser.
Força e honra
Saudação Romana
terça-feira, 21 de abril de 2009
Quarto dia
Hoje vamos fazer uma visita guiada ao Antiguo Puerto Madero (Calle Olga Cossetini, 771 - 2º piso), para assistir a palestra com os Arq. Rosendo Dominguez, Arq. Eduardo Albanese (Gerente Técnico) e Arq. Antônio Manuli (Gerente de Obras). Após a palestra faremos uma caminhada pelo Puerto Madero, Hotel Hilton (Arq. Mario Roberto Alvarez, Dique 3), armazéns readaptados, Ponte de la Mujer (Arq. Santiago Calatrava, Dique 3), PUCA, Edifício INC, Edifício Malecon (Arq. HOK International), Parque Micaela Bastidas (Arq. Marcelo Villa), entre outros. Temos um almoço programado às 13:00 horas no restaurante Siga la Vaca (Av. Alicia Moreau de Justo, 1714). Nosso almoço se extenderá somente até às 14:30 horas pois às 15:00 horas faremos uma visita ao Terminal Marítima de Pasajeros - BUQUEBUS. Este evento deverá se extender até às 17:30 horas.
Nosso voo está marcado para às 22:30 horas, portanto ainda teremos um tempinho para passear pela cidade e curtir um pouco mais desta terra que sempre nos recebe muito bem.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Fim do terceiro dia
Também nossa visita ao museu de maquetes foi sensacional. O aprendizado feito sobre o estudo e a produçao concreta dos alunos, que analisam e confeccionam uma maquete, é invejável e passível de uma análise mais criteriosa sobre o êxito desta experiência.
Depois do almoço fomos para as obras do Subte - Linha H, onde tivemos a oportunidade de assitir uma bela palestra com os técnicos do Subte sobre o Metrô de Buenos Aires. A primeira linha do Metro de Buenos Aires foi construída em 1913, quando a cidade tinha apenas 100.000 habitantes. Hoje, com 3,5 milhoes de habitantes o Subte atende grande parte da populaçao. Tivemos a oportunidade de experimentar as linhas e comprovar o conforto de andar para lá e para cá de um ponto ao outro da cidade. Visitamos também algumas estaçoes que ainda se encontram em construçao e, com isto, tivemos a grande oportunidade de ver o processo de construçao de uma bastante complexa. Nao posso deixar de citar o empenho do Eng. Marcelo Garibaldi, diretor de obras do Subte, sempre tao atencioso e carinhoso com todos nós e, principalmente, com as nossas dúvidas primárias sobre este tema. Para ele e seus técnicos todo o nosso carinho!!
Estamos bastante cansados. Dá para ver no semblante dos alunos o peso das nossas maratonas de viagem. Mas dá para ver, também, a satisfaçao deles por estarem participando desta experiência singular em suas vidas.
Nossa jornada termina amanha quando, entao, eles retornam para Porto Alegre. Mas isto é assunto para amanha!!
Terceiro dia
Entao, relembrando o nosso cronograma teremos pela manha: FADU – Ciudad Universitária – Pab. III, Museu de Maquetes (FADU), Taller de Miguel Angel Roca (Prof. Arq. Victor Villasuso – FADU), almoço no restaurante universitário da FADU. E no período da tarde: SUBTE Metrovias (subterrâneos), apresentação do Projeto da Línea H (projeto de ampliação do SUBTE de Buenos Aires, visita a obra da Línea H e visita as estações da linha (Estación Parque Patrícios e Estación Corrientes)
domingo, 19 de abril de 2009
Esta taça é nossa!!!
Para completar a minha felicidade, recebi uma mensagem da Narinha dizendo que, somente no primeiro tempo, o meu time - glorioso Sport Club Internacional - tocou 7 x 0 no Caxias. Nao fosse esta oportunidade fantástica de estar aqui com os alunos neste super passeio, eu estaria no estádio, já sem voz e feliz da vida com mais esta importante conquista do meu timao!!
Segundo dia
A temperatura está próxima dos 20 graus centígrados. O céu amanheceu nublado mas a previsao do tempo indica que teremos sol!
sábado, 18 de abril de 2009
Fim do primeiro dia...
Fomos ao Congresso Nacional, Praça de Maio, Casa Rosada, Catedral e o Cabildo. Também visitamos o Pateo de La Plaza - um pequeno lugar intra-quarteirao que sempre nos surpreende pela qualidade dos seus espaços e pela movimentaçao de pessoas - e andamos pela Calle Florida de ponta a ponta (bares, livrarias, lojas, cafés entre outras boas ofertas). Fizemos este passeio de maneira a flexibilizar o roteiro para os alunos, oportunizando-lhes a possibilidade de fazer o passeio nos mais variados tempos de acordo com o grau de interesse bastante variado da turma. Mesmo que o foco desta viagem de estudos seja a arquitetura e o urbanismo, pensamos ser importante este contato preliminar com a diversidade da cultura local. Nosso ponto de encontro foi a Torre dos Ingleses, às 17:30 horas. Dali partimos para a Recoleta. Nosso propósito era finalizar o roteiro no Hard Rock Café BA, mas nao foi possível, de improviso, acomodar 60 pessoas naquele espaço. Por outro lado, nao foi difícil encontrar outro lugar entre tantas e variadas boas ofertas. Confraternizamos, brindamos, jantamos e retornamos para o hotel.
A turma está bem animada. Nem parece que eles chegaram hoje após enfrentarem uma viagem de 21 horas. Subiram todos para os quartos para os preparativos da noite de hoje. Esta será sua primeira noite de festas - fora do roteiro da viagem - nesta cidade. A programaçao, pelo que escutamos dos alunos, será bem diversificada. A concentraçao para as festas desta noite vai acontecer nos quartos 507 e 508. Já vimos alguns movimentos estratégicos dos alunos no sentido de planejar os preparativos e buscar os ingredientes para mais este encontro festivo pré-noitada.
Certamente tudo correrá muito bem, pois já deu para sentir a dinâmica positiva desta animada e entrosada turma. Nossa maior expectativa agora é torcer para que amanha todos estejam novamente em prontidao, às 7:00 horas para o café da manha e para mais uma super jornada de passeios.
Agora a noite esfriou um pouquinho. O céu está bastante estrelado, anunciando um ótimo dia para amanha!!
Boa festa e muito juízo!!
Chegada dos alunos
Foram 21 horas de viagem, contando, é claro, com as 6 paradas ao longo do trajeto e com a paradinha estratégica para passar (pagar para passar!!!) pela alfândega. O saguao do hotel está completamente tomado pelos alunos. Sao 76 alunos, com o sono ainda comprometido pela longa viagem, querendo saber do seu quarto. Ainda assim o astral està alto! O entusiasmo diante da oportunidade de estarmos juntos diante de uma cidade nova, para muitos, é contagiante.
Marcamos no saguao do hotel, às 11:30 horas, com todos para a saída e para o início da nossas longas caminhadas. Na primeira parte do passeio vamos olhar os aspectos históricos da cidade e pontos turístico consagrados, oportunizando para aqueles que estao na cidade pela primeira vez uma vista de cartao posta da cidade de buenos aires.
A temperatura subiu um pouquinho mais, devemos estar agora com 25 graus centígrados, e o sol começou a aparecer. Pelo que podemos ver por entre os prèdios, certamente, teremos um belo dia de sol e calor!!
Chegada
Nosso hotel (Apart Hotel & Spa Congreso - Av. Bartolomé Mitre) é bastante bom, principalmente considerando nossa proposta de turismo cultural barato. Chegamos no hotel já passava das 23:30 horas. Deixamos as coisas no quarto e saímos pela cidade. Fomos até o tradicional Café Tortoni, que por sinal, carece de alguma manutençao (nao achei o til do teclado). A cidade inteira carece de alguma manutençao. O lixo pelas calçadas minimiza a beleza desta cidade. Que pena que estamos a encontrando assim!!
Voltamos para o hotel e encontramos um bom restaurante especializado em empanadas. Todas muito bonitas e realmente muito boas. Quase ao lado do hotel existe uma confeitaria - que estava fechada naquele horário - que vamos ver se conseguimos visitá-la hoje, pois sua vitrine era realmente convidativa.
A temperatura esteve muito boa ontem, mas o céu e o vento úmido já devam os indícios de uma possível chuva que, de fato, veio ao longo da madrugada. Acordamos hoje com chuva. Nao está frio (22 graus centígrados) e a previsao do tempo indica que amanha já teremos sol novamente!! Que bom, pois nossos passeios, quase todos de rua, tendem a ficar mais bonitos com a precença do sol.
Nossos alunos saìram de Porto Alegre ontem às 13 horas. Devem, em breve, estarem chegando aqui no hotel. Já estamos de prontidao aguardando-os para o primeiro dia de nossa super jornada de passeio pela cidade.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
Paralisação
Ontem a noite finalizamos o ciclo de reuniões nas disciplinas de Atelier 1 (tarde e noite) e Atelier 2 (tarde e noite) com o propósito de apresentar aos alunos os fatos e as razões que levaram a categoria dos professores da Ulbra, por intermédio do Sinpro-RS, a optar pela paralisação por tempo indeterminado das atividades acadêmicas.
Os professores da Ulbra, como tive a oportunidade de relatar para vcs nestes dias, estão passando por um momento muito delicado, sem receber regularmente seus salários desde agosto do ano passado. Ainda assim, ao longo deste tempo, os professores nunca se negaram a dar aos gestores da universidade todo o crédito de confiança necessário para a construção de um planejamento estratégico sério e transparente que objetivasse a saída definitiva desta grave crise que infelizmente envolveu a nossa universidade.
Infelizmente, não temos tido do alto comando o retorno e as informações capazes de nos manter unidos em torno destas dificuldades e da total falta de perspectivas concretas de normalização desta grave situação.
Mesmo diante desta crise, das grandes dificuldades e dos seus vários desdobramentos, sai ontem a noite da Ulbra com o coração um pouco mais aliviado. Não vinha dormindo direito movido por um sentimento de compromisso que tenho com cada um de vcs diante deste momento tão especial que todos estão, às vésperas da conclusão do seu curso. Então, vim ontem no caminho para casa refletindo sobre os fatos, lembrando da fala de cada um de vcs e pensando muito sobre o resultado das nossas reuniões e sobre o futuro por vir. Vê-los firmes e fortes, entendendo a gravidade da crise e apoiando os professores neste momento difícil me fez revisitar as razões que me fazem ainda permanecer nesta escola. Como todos sabem, tenho muito orgulho de ser filho desta casa, assim como tenho muito orgulho de estar nela durante todo este tempo. São 26 anos de investimento incondicional em nome da arquitetura. 6 como aluno e 20 como professor.
Mesmo que esta "gestão temerosa" tenha nos colocado diante da fragilidade de ter um timoneiro que perdeu o rumo do horizonte, temos que erguer a cabeça e falar bem alto: NÓS NÃO SOMOS ASSIM!! Nós acreditamos na força da arquitetura como agente fundamental e transformador da sociedade em que estamos todos inseridos, portanto, não temos que ter vergonha e baixar a cabeça. Ao contrário disto, temos que evidenciar cada vez mais as qualidades que temos enquanto curso, enquanto amantes incondicionais da arquitetura e, principalmente, enquanto pessoas que acreditam na solidez e na qualidade do seu trabalho e na força das suas ações transformadoras de paz e honestidade.
Estar com vcs ao longo destes dias de mobilização e reuniões me fez sentir a energia positiva contida na indignação de cada um. Estar com vcs fez o meu peito se encher de renovada energia e esperança diante da nebulosidade do caminho que ainda temos que percorrer juntos. Muito obrigado pela solidariedade e parceria que tem caracterizado a nossa relação ao longo deste tempo que temos estado juntos em nome de um objetivo comum: o estudo da arquitetura!!
Para mim tem sido um grande privilégio caminhar ao lado de vcs!
Estou com vcs até o final desta jornada, seja onde ela nos levar!!
Vamos nos manter unidos!!
Contem sempre comigo!!
Força & Honra
Saudação Romana
domingo, 12 de abril de 2009
Páscoa
Na Páscoa, não!! Lembro com muito carinho da minha infância e das brincadeiras de correr pela casa na busca dos ninhos escondidos pelo coelho. Minha família, sempre antes de dormir, deixava uma frestinha em alguma janela da nossa casa com o propósito de deixar uma entrada livre para o coelho que sempre chegava junto com a madrugada.
Mesmo quando tentávamos resistir ao sono e ficar acordados até tarde - que naquela época nunca ia além da meia-noite - o cansaço sempre nos vencia. Mas a recompensa sempre vinha!! Bastava amanhecer para que as brincadeiras tivessem início. Dedinhos de talco por toda a casa e ovinhos espalhados por todos os lados, nos dando várias pistas sobre onde encontrar os ninhos.
Depois ficávamos o dia inteiro com aquela cestinha no braço, tendo o maior cuidado para ver se todos os nossos chocolates ainda estavam lá!! Ganhávamos tanta coisa que lembro de ficar comendo chocolates por muitas semanas!!
Bons tempos!! Bons tempos...
A Páscoa é uma festa cristã que celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Depois de morrer na cruz, seu corpo foi colocado em um sepulcro, onde ali permaneceu, até sua ressurreição, quando seu espírito e seu corpo foram reunificados. É o dia santo mais importante da religião cristã, quando as pessoas vão às igrejas e participam de cerimônias religiosas.
Muitos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais pagãos da primavera. Outros vêm da celebração do Pessach, ou Passover, a Páscoa judaica. É uma das mais importantes festas do calendário judaico, que é celebrada por 8 dias e comemora o êxodo dos israelitas do Egito durante o reinado do faraó Ramsés II, da escravidão para a liberdade. Um ritual de passagem, assim como a ‘passagem’ de Cristo, da morte para a vida.
No português, como em muitas outras línguas, a palavra Páscoa origina-se do hebraico Pessach. Os espanhóis chamam a festa de Pascua, os italianos de Pasqua e os franceses de Pâques.
A festa tradicional associa a imagem do coelho, um símbolo de fertilidade, e aos ovos dados de presente (pintados com cores brilhantes, representando a luz solar). A origem do símbolo do coelho vem do fato de que os coelhos são notáveis por sua capacidade de reprodução. Como a Páscoa é ressurreição, é renascimento, nada melhor do que coelhos, para simbolizar a fertilidade!
O dia da Páscoa é o primeiro domingo depois da Lua Cheia que ocorre no dia ou depois de 21 março (a data do equinócio). Entretanto, a data da Lua Cheia não é a real, mas a definida nas Tabelas Eclesiásticas. A igreja, para obter consistência na data da Páscoa decidiu, no Conselho de Nicea em 325 d.C, definir a Páscoa relacionada a uma Lua imaginária - conhecida como a ‘lua eclesiástica’.
A Quarta-Feira de Cinzas ocorre 46 dias antes da Páscoa, e portanto a Terça-Feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa. Esse é o período da quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas.
Com esta definição, a data da Páscoa pode ser determinada sem grande conhecimento astronômico. Mas a seqüência de datas varia de ano para ano, sendo no mínimo em 22 de março e no máximo em 24 de abril, transformando a Páscoa numa festa ‘móvel’.
Lembro estes fatos para comentar o quanto tudo nesta vida segue ciclos de repetição!! O Pedrinho passou a semana inteira andando pela casa achando os chocolatinhos que deixávamos para ele. Todos os dias ele faz a continha nos dedos e me pergunta quanto falta para chegar a Páscoa!! Ele está bastante preocupado e não deixa de me lembrar que temos que abrir uma frestinha numa janela. Mas diz isto com um ar um tanto preocupado, pensando em como o coelho escalará a parede externa do edifício até a nossa janela no quinto andar... Bem, deixemos o coelho com os seus problemas!! Ele já está bocejando pela casa e logo-logo o cansaço vai derrotá-lo, também. Então, teremos tempo para arrumar a festinha para quando ele acordar logo mais pela amanhã!!
Meus queridos amigos, lhes desejo uma ótima Páscoa para vocês e seus familiares.
Muita paz, alegria, saúde, renascimento, sonhos, amor e muitas alegres brincadeiras!!
sábado, 11 de abril de 2009
Buenos Aires - roteiro de viagem
FAUPUCRS e FAUFRGS
Arquitetura de Sistemas de Transportes de Passageiros
De acordo com o prometido na postagem anterior, estou publicando agora o roteiro preliminar da nossa viagem de estudos para Buenos Aires. Como podemos ver, a viagem vai ser bem produtiva!!
17/04 (sexta-feira)
12:00h – Encontro do grupo e preparação para embarque / local: posto Ipiranga em frente à SMOV (Av. Borges de Medeiros)
13:00h – Saída para Buenos Aires
18/04 (Sábado)
09:00h – Chegada em Buenos Aires no hotel para check-in (Apart Hotel & SPA Congreso) – telefone (5411) 4954.8410 e fax (5411) 4911.6060
www.apartcongresso.com.br / info@apartcongreso.com.ar
11:00h – Congreso Nacional (Av. Callao), livrarias e sebos (Av. Corrientes), Livraria Ateneu (Calle Santa Fé, 1800), visita ao Paseo de la Plaza (Av. Corrientes)
13:00h – Almoço – Paseo de la Plaza (Av. Corrientes)
14:00h – Passeio pelo centro histórico
15:00h – Caminhada pelo centro de Buenos Aires, Av. Corrientes, Obelisco, Calle Lavalle, Calle Florida, Galerias Pacífico (Arq.Pfeifer & Zurdo), Av. Córdoba esquina Calle Florida, Banca Nazionale del Lavoro (Arq. Mario Botta – Calle Florida, 40), Lloysd Bank (Arq Clorindo Testa – Calle Reconquista, 101 esquina Calle Bartolomé Mitre)
18:00h – Happy Hour no Café Tortoni (Av. de Mayo, 829)
20:00h – Retorno para o hotel
21:00 h – Noite livre (sugestão: Bairro Palermo Soho – Bares & Restaurantes)
19/04 (Domingo)
07:30h – Café da manhã no hotel
08:30h – Passeio cultural
09:30h – Visita ao Bairro la Boca (caminhada), La Bombonera (Estádio do Boca Juniors)
10:30h – Feira de San Telmo
11:30h – Visita ao Museu Constantini – MALBA (Arqs. Alfredo Tapia, Martin Fourcade e Gaston Atelman – Av. Figueroa Alcorta, 3415)
13:30h – Almoço no Shopping Paseo Alcorta
15:00h – Visita ao Xul Solar (Arq. Pablo Tómas Beita – Calle Laprida, 1212)
16:00h – Visita a Biblioteca Nacional (Arq. Clorindo Testa – Calle Aguero, 2502)
17:00h – Bairro Recoleta – Centro Cultural Recoleta (Arq. Clorindo Testa – Av. Puyrredon / Azcuénca), Hard Rock Café, Buenos Aires Design Center
19:00h – Retorno para o hotel
21:00h – Noite livre (sugestão: Bairro Recoleta – Bares & Restaurantes)
20/04 (Segunda–feira)
07:30h – Café da manhã no hotel
08:30h – Saída do hotel para a FADU – Ciudad Universitária – Pab. III
09:30 h – Chegada a FADU
10:30h – Museu de Maquetes (FADU)
11:30h – Taller de Miguel Angel Roca (Prof. Arq. Victor Villasuso – FADU)
13:00h – Almoço no restaurante universitário da FADU
14:00h – SUBTE Metrovias (subterrâneos)
14:30h – Apresentação do Projeto da Línea H (projeto de ampliação do SUBTE de Buenos Aires
15:30h – Visita a obra da Línea H
16:30h – Visita as estações da linha (Estación Parque Patrícios e Estación Corrientes)
19:00h – Happy Hour (livre)
20:00h – Retorno para o hotel
21:00h – Noite livre (sugestão: Bairro Palermo Soho – Bares & Restaurantes)
21/04 (Terça-feira)
08:00h – Café da manhã e Check Out no hotal
09:00h – visita guiada ao Antiguo Puerto Madero (Calle Olga Cossetini, 771 - 2º piso), palestra do Arq. Rosendo Dominguez e com Gerente Técnico - Arq. Eduardo Albanese e Gerente de Obras - Arq. Antônio Manuli
10:00h – visita ao Terminal Marítima de Pasajeros - BUQUEBUS
10:30h – Caminhada pelo Puerto Madero, Hotel Hilton (Arq. Mario Roberto Alvarez, Dique 3), armazéns readaptados, Ponte de la Mujer (Arq. Santiago Calatrava, Dique 3), PUCA, Edifício INC, Edifício Malecon (Arq. HOK International), Parque Micaela Bastidas (Arq. Marcelo Villa)
13:00h – Almoço no Restaurante Siga la Vaca (Av. Alicia Moreau de Justo, 1714)
15:00h – Livraria Ateneu (compras – Calle Santa Fé, 1800)
16:00h – Shopping Paseo Alcorta – MALBA (compras)
17:00h – Embarque e saída de Buenos Aires
22/03 (Quarta-feira)
12:00h – Chegada em Porto Alegre (Posto Ipiranga em frente a SMOV)
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Buenos Aires 2009
As disciplinas de Projeto de Edificação IV da FauPucRS e Projeto 5 da FauUfrgs desenvolvem propostas pedagógicas semelhantes, o que nos propicia, de tempos em tempos, estas experiências didático-pedagógicas em conjunto. E é sempre uma grande curtição!!
Neste semestre estamos trabalhando com o tema do Terminal Hidroviário de Porto Alegre, a ser implantado no sítio onde hoje se encontra o armazém B3 do Cais Mauá. A idéia partiu de investigar as necessárias alterações no sistema de transporte público de Porto Alegre, tendo em vista a possibilidade de a cidade ser uma das sedes da Copa do Mundo FIFA de 2014.
Tradicionalmente trabalhamos, nesta disciplina, com a idéia de tratar de assuntos cuja demanda real seja de fácil identificação, oportunizando assim o trabalho concreto em cima de um tema real, com cliente real, colocando o aluno em contato com os temas que estão sendo pautados pelas necessidades reais da cidade.
A disciplina de Projeto 5 da FauUfrgs vai também nesta mesma direção. A facilidade que temos em trabalhar desta maneira conjugada se dá, em grande parte, pela participação do Prof. Arq. Luis Carlos Macchi Silva nestas duas disciplinas, sem dúvidas um grande entusiasta destas viagens.
Nosso roteiro sempre é bastante extenso, principalmente considerando que temos poucos dias para ver tantos lugares de interesse. Geralmente nosso roteiro compreende de 12 a 14 horas de passeios diários e ininterruptos, que é para fazer o dia render. Nossa disciplina já tem um histórico bem positivo de boas viagens de estudos e, certamente, esta também será bem legal!!
Numa próxima postagem vou publicar o nosso roteiro para conhecimento daqueles que não conseguiram vaga desta vez!! Tudo bem, pois outras tantas virão!!
O homem e a natureza
Nasr é uma autoridade reconhecida em estudos relativos ao Islã, seja na doutrina esotérica ou na religiosa, seja na arte, na história ou nos costumes do povo islâmico. É decisivo, além disso, o fato de conhecer muito bem a fisionomia mental dos orientais e dos ocidentais modernos e estabelecer pontes e laços que permitam a mútua compreensão. Seu livro 'O Homem e a Natureza' é ainda nos dias atuais um lastro fundamental para a compreensão das raízes profundas que determinaram o mundo contemporâneo.
Este pequeno e precioso volume foi publicado pela primeira vez em 1968. Em 1977 foi traduzido e editado no Brasil pela Zahar Editores e desde a década de 80 esta edição encontra-se esgotada, sendo alvo apenas dos curiosos e persistentes reviradores de sebos.
Esta edição em português chegou às minhas mãos em 1985, pelo que vejo na data ao lado da minha assinatura, na primeira página do livro. Nesta época eu estava cursando o terceiro ano da faculdade de arquitetura e urbanismo e lembro das primeiras discussões verdadeiramente alarmantes sobre a crise energética internacional e os efeitos devastadores, na natureza, do consumo desenfreado de energia pelos países desenvolvidos.
Também, nesta época, eu fazia parte da seleta equipe de técnicos do escritório do célebre Engenheiro Fúlvio Celso Petracco, reconhecido internacionalmente pelo seu amplo engajamento nas questões relativas à economia de energia. Certamente, foi por intermédio dele que tive acesso a este livro. Ele tinha uma obstinação profissional contagiante. Lembro com muito carinho quando ele chegava em nossas mesas, sempre nos finais das tardes de sexta-feira e silenciosamente largava sobre elas livros dos mais diversos assuntos, nos provocando a ter uma variada e constante atualização científica e literária.
Costumes, culturas, cinema, astronomia, física, química, matemática, filosofia, história, entre outros tantos assuntos que faziam parte do seu vasto conhecimento e de sua invejável biblioteca. Com o desafio dos livros vinha sempre a provocação para que na manhã dos sábados participássemos dos calorosos e divertidos debates internos sobre o conteúdo dos livros.
Que época maravilhosa da minha vida!!
Por muito tempo este pequeno livro esteve perdido, entre outros tantos que permaneceram encaixotados, desde quando saí da casa da minha família para casar. Para minha surpresa e felicidade reencontrei-o quando fiz minha mudança para a casa nova no final do ano passado e, por curiosidade, resolvi abrir aquelas velhas caixas que moraram comigo fechadas e pacientes ao longo dos 10 anos passados na minha moradia anterior.
Então, vai aqui mais uma dica de leitura, dentro daquele propósito de resgatar algumas obras de importância que tratam do equilíbrio do meio-ambiente e da ecologia.

Sayyed Hossein Nasr
Zahar Editores
Coleção Espírito e Matéria
Rio de Janeiro – 1977
139 páginas
Os capítulos deste livro se baseiam em quatro conferências proferidas na Universidade de Chicago durante o mês de maio de 1966, fazendo parte de uma série de conferências anuais que têm lugar nessa Universidade sob o patrocínio da Fundação Rockefeller. O objetivo destas conferências era investigar, no mais amplo sentido, os problemas colocados à paz e à própria vida humana pelas várias aplicações da ciência moderna.
Nasr examina, neste livro, as raízes profundas do preocupante desequilíbrio entre o homem contemporâneo e a natureza. Já em 1968 os sintomas já eram visíveis e as causas não apenas se mantiveram mas se intensificaram, produzindo um ciclo de catástrofes que evolui em progressão geométrica, apontando inevitavelmente para uma provável catástrofe ambiental no planeta Terra.
São investigadas inicialmente as circunstâncias do advento do cristianismo e o alto preço pago no enfrentamento do panteísmo e naturalismo, então reinantes, em favor do restabelecimento (o termo ‘religião’ designa o resgate de uma ligação perdida) do elo Terra-Céu. Prossegue magistralmente sua exposição examinando momentos decisivos - religiosos, filosóficos econômicos e políticos - através dos séculos e que contribuíram para a grave situação mundial hoje reinante.
O alto valor intelectual deste pequeno e importante livro reside, muito acima do conjunto de informações, na coerência da narrativa, visão abrangente e encadeamento lógico irrepreensível de causas e efeitos.
Mais de quarenta anos já se passaram desde que este livro foi escrito. Durante esse período, a consciência da grande crise ecológica, que foi prevista neste trabalho, subitamente despertou na mente do homem ocidental. Na América, em certas partes da Europa e também no Japão foram dedicados dias especiais à salvação da Terra. Florestas foram derrubadas para produzir o papel necessário para se escrever a respeito dos vários aspectos da crise ecológica.
E, por fim, em 1972, em Estocolmo, teve lugar uma importante conferência internacional, resultando na criação de um órgão especial para estudar e aplicar meios de preservação do meio ambiente.
Não há dúvida de que as várias dimensões dos problemas que a crise ecológica colocou diante do homem tornaram-se muito mais bem conhecidas durante este período e de que se criou entre as pessoas uma maior conscientização no que diz respeito aos malefícios causados pelo homem moderno em sua lida com o ambiente natural, do qual depende de forma tão direta.
Essa preocupação é observada no número de livros e revistas dedicados a esse assunto, nos currículos criados em várias universidades para ensinar e treinar especialistas para enfrentar os problemas do meio ambiente, na fundação de órgãos nacionais e internacionais para supervisionar a utilização do meio ambiente, em grupos estabelecidos para aproximar os mais destacados cientistas e 'pensadores', a fim de que ponderem sobre o futuro do homem, e mesmo nas tentativas de se criar um novo tipo de tecnologia, chamada 'branda', 'intermediária' ou 'limitada', para atenuar os efeitos das indústrias pesadas sobre o meio ambiente.
Mas apesar de todos estes movimentos, a gravidade da crise ecológica e o perigo iminente que constitui para a vida humana permanecem irredutíveis. De certa forma, todos estes esforços parecem não ter alcançado o âmago do problema, pois com a menor das pressões econômicas externas, como esta provocada pela constante e crescente crise energética mundial, são sempre as leis recentemente promulgadas sobre o meio ambiente que são modificadas, em lugar da modificação dos modos de vida, que são os principais responsáveis pelas crises que o homem está enfrentando nos dias de hoje.
É por esta razão que este livro ainda tenha uma mensagem para aqueles que continuam interessados na busca de uma solução real para as difíceis condições do homem moderno, especialmente quando refletidas em sua total desarmonia com o ambiente natural. Nas páginas que se seguem, o autor procurou descobrir as raízes da crise ecológica através do exame da história da ciência no Ocidente, e buscando mesmo atribuir um novo papel a esta disciplina acadêmica. Nas décadas passadas, algum esforço foi feito neste sentido, mas de dimensão insignificante, tendo-se em vista a urgência e atualidade do problema.
Trata-se, portanto, de analisar não os principais 'avanços' da ciência, mas os motivos que puseram o homem em uma situação tão desesperadora diante do desenvolvimento e aplicação da ciência ocidental.
O livro propõe, também, a redescoberta das cosmologias tradicionais das culturas orientais como meio de obter uma nova visão do universo natural e seu significado. Isto também ocorreu, em escala notável, nos anos que se passaram, mas nem sempre de forma significativa ou saudável. Surgiram excelentes traduções e exposições novas de fontes tradicionais autênticas, referindo-se ao simbolismo das formas naturais e das várias cosmologias tradicionais. Mas, no cômputo geral, a enxurrada de material sobre estes assuntos entrou na arena da vida do homem moderno trajada com as vestes do ocultismo e conduzindo a onda dos movimentos pseudo-religiosos, aos quais se associa grande parte deste tipo de material.
Por fim, nas páginas que se seguem, o autor afirma claramente que a crise ecológica é apenas uma exteriorização de um ‘mal-estar’ interno e que não pode ser resolvida sem um renascimento espiritual do homem ocidental. Este tema foi intensamente abordado por Theodore Roszak em seu livro ‘Where the Wasteland Ends’ e ocasionalmente em outros trabalhos, mas não fosse pelos expoentes das doutrinas tradicionais como Frithjof Schuon, Titus Burckhardt, Marco Pallis e Martin Lings, cujos trabalhos são citados com freqüência neste livro, as forças para uma genuína renovação dentro das tradições religiosas no Ocidente não teriam avançado de forma apreciável.
Na realidade, foram as forças que desejaram repetir os erros do modernismo, dentro da própria estrutura das doutrinas e ritos religiosos, que ganharam ascendência, forçando as pessoas de pensamento elaborado a buscar em outras paragens os ensinamentos tradicionais genuínos.
Ao final do livro o autor ainda expressa a sua esperança no homem. No fato de que, enquanto aumenta a crise criada pelo esquecimento por parte do homem de quem ele realmente é, e na medida em que caem, um por um, os ídolos de sua própria confecção, ele comece uma verdadeira reforma de si mesmo, que sempre significa um renascimento espiritual, e através deste renascimento alcance uma nova harmonia com o universo da natureza que se estende a sua volta.
De outra forma, é inútil esperar uma harmonia com esta grande teofania, que é a natureza virgem, enquanto permanecermos em esquecimento e indiferentes à origem dessa teofania, tanto além da natureza quanto no âmago da existência do homem.
Nas suas palavras:
"Que as páginas deste livro sejam um modesto auxílio em chamar a atenção para as raízes dos problemas cujos sinais externos muitos já distinguem, raízes que se inserem profundamente no coração endurecido e na mente obliterada do homem moderno, cujo destino, não obstante, o chama a realizar seu papel de vice-gerente de Deus na terra e protetor da ordem natural, e de testemunha da verdade de que 'Omnis natura Deo lognitus' (a natureza toda fala de Deus)".
A tese apresentada neste livro é simplesmente a seguinte: embora a ciência seja legítima por si só, o papel e a função desta e sua aplicação se tornaram ilegítimos e mesmo perigosos devido à falta de uma forma mais elevada de conhecimento, no qual a ciência pudesse ser integrada, e à destruição dos valores sagrados e espirituais da natureza.
Para remediar esta situação o conhecimento metafísico pertinente à natureza tem de ser revivido e a qualidade sagrada da mesma ser-lhe novamente conferida. Para consecução deste fim, a história e a filosofia da ciência têm de ser reinvestigadas em relação à teologia cristã e à filosofia tradicional da natureza que existiram durante grande parte da história européia.
A própria doutrina cristã deveria ser ampliada para incluir uma doutrina que diga respeito ao significado espiritual da natureza, e isto com o auxílio das tradições metafísicas e religiosas do Oriente, onde tais doutrinas ainda estão vivas.
Estas tradições não seriam tanto a origem de um novo conhecimento, mas um auxílio à anamnese, à lembrança de ensinamentos do Cristianismo, esquecidos agora em sua grande maioria. O resultado seria conferir-se, mais uma vez, uma qualidade sagrada à natureza, fornecendo uma nova base para as ciências, sem negar seu valor ou legitimidade dentro de seu próprio domínio.
Seria a própria antítese do movimento corrente nos dias de hoje sob o nome de 'teologia secular'. Não significaria secularizar a teologia, mas conferir um significado sagrado e teológico àquilo que o homem moderno considera ser o mais secular de todos os domínios, a saber, a ciência.
quinta-feira, 9 de abril de 2009
Aos alunos da FauUlbra
Certamente vcs já tomaram conhecimento da decisão da última assembléia geral dos professores, ocorrida na terça-feira (07/04/2009), que deliberou em favor da paralisação, por tempo indeterminado, das atividades acadêmicas.
Os professores da Ulbra estão passando por um momento muito delicado, sem receber regularmente seus salários desde agosto do ano passado. Como é do conhecimento de vcs, várias folhas de pagamento não foram creditadas aos professores (salários totais ou parciais de dezembro, janeiro, férias e março, além do 13 salário).
Ainda assim, ao longo deste tempo, honrosamente os professores tem dado a reitoria os votos de confiança e todo o crédito necessário para construção de um planejamento estratégico que objetive a saída definitiva da instituição desta grave crise financeira que infelizmente envolveu a nossa universidade.
Mesmo assim, mais uma vez, a universidade, diante destas dificuldades, não conseguiu cumprir com os acordos feitos com os professores nos colocando nesta situação difícil de ter que decidir em favor da paralisação.
Os motivos para esta crise são muitos, ditos pelas várias partes envolvidas. Desde a contingência da economia mundial até a gestão temerosa diante da perda do foco principal do ensino e diversificação empresarial. As informações sobre este assunto são fartas na mídia e estão disponíveis para todos que quiserem conhecer as várias e contraditórias versões para este fato lastimável.
Estou a 26 anos nesta instituição (6 como aluno e 20 como professor) e nunca tinha visto nada igual. O pior desta crise, além da ausência dos salários, é a total falta de informação e atenção dirigida aos professores e funcionários por parte da reitoria. As poucas notícias que nos chegam, institucionalmente, não colocam luzes sobre o entendimento da crise: suas verdadeiras origens e as estratégias concretas para sua extinção.
Diante disto e do compromisso pessoal que tenhos com vcs, quero fazer uma reunião urgente na próxima segunda-feira (13 de abril) e terça-feira (14 de abril), com os alunos do Atelier 1 e 2, para que possamos juntos discutir este assunto e achar uma saída para esta situação, principalmente, considerando que temos pela frente datas muito importantes das nossas vidas (agosto e dezembro de 2009): formatura de vcs.
Peço-lhes encarecidamente que não faltem esta reunião que acontecerá nos dias e turnos em que o aluno está regulamente matriculado.
Peço-lhes tb, encarecidamente, que acompanhem o desenrolar desta dolorosa crise pelos jornais e sites especializados. Maiores informações sobre o histórico da crise vcs podem acompanhar no site do Sinpro-RS no link abaixo.
http://www.sinpro-rs.org.br/ulbra/index.asp
Aguardo vcs na próxima semana para nossa importante reunião geral!
Muito obrigado pela parceria e comprensão neste momento difícil para todos nós!!
Meu forte abraço com os votos de uma Feliz Páscoa para vcs e seus familiares!!!
No final das contas, não devemos nos esquecer que Páscoa significa renascimento...