segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Colega João de Barro

Aqui vai mais um textinho recém descoberto entre vários e velhos recortes de papel que eu tinha guardado numa pastinha, como lembranças e registros de tempos passados. Já comentei em postagem anterior que eu costumava colar na parede ao lado da minha mesa de desenho, no meu antigo escritório da Osvaldo Aranha, alguns textos interessantes que eu ia ganhando ou recortando. Naquela época não existiam os valiosos recursos digitais que nos permitem, como temos hoje, guardar tudo o que queremos num pequeno disquinho!! Também, este papel estava amarelado, com aquelas características marquinhas, nas pontas, das fitas adesivas ressequidas ao sol!! A cópia não era da melhor qualidade, como percebo, pois ao longo deste tempo em que ficou guardada (quem sabe mais de 10 anos) foi perdendo a cor e estava quase sumindo!! Ao menos, foi resgatada ainda no tempo de ser digitalizada. Sinal dos tempos atuais!!

Autor: Antonio Eires de Mello

Desde o começo dos tempos
Vem se estudando esta arte,
Com o fim de agasalhar-se
Que o homem edificou
E construiu com três pedras,
Dua paredes e um teto,
E ali nas mãos do arquiteto
A grande ciência brotou.

Aperfeiçoaram-se as técnicas
Ergueu-se a mastaba tipo massa
Pesada, rústica e sem graça,
Dois mil anos antes de Cristo,
Surgiu depois os Hipogeus, Pirâmides
E grandes Templos
Que mostravam bem o talento
Da arquitetura do Egito.

E a arte foi se alastrando
Do Oriente ao Ocidente
E até em outros continentes,
Chegou ao longo dos anos
Descobriu-se o cimento,
A cúpula, abóboda e coluna
E esta ciência é oriunda
Dos povos Gregos e Romanos.

A arquitetura é espaço
Volume e superfície
E peço que me acreditem
Na afirmação que aqui faço
Conheço um arquiteto
Que contrói casa de argila
E serve de abrigo à família
Do colega João de Barro.

E quantas noites passamos
Debruçados sobre a mesa
Réguas, papéis manteiga,
Canson, vegetal e metro
Hidrocor, graxa e nankim,
Para fazer plástica ou desenho
Sem descuidar no empenho
Desde o partido ao projeto.

Quanta saudade me invade
Quando me ponho a traçar
A arte de projetar
E as rimas destes meus versos
Hão de cruzar mil fronteiras
Levando o canto e abrigo
Aos brancos, pretos e índios
Que habitam este universo.

Às vezes, chego a pensar
No arquiteto do céu
Pra Ele tiro o chapéu
E num momento bem profundo
Eu peço de coração
Que fiscalize minhas obras
A Ele quero dar provas
Quando eu deixar este mundo.

Antonio Eires de Mello é natural de São Martinho. Formado em Arquitetura e Urbanismo. Foi Secretário de Obras do Município de Três Passos / RS, entre 1993 e 1996.