sábado, 16 de julho de 2016

Coordenação Modular - Economia e Gestão - Parte 4

4 – Economia e Gestão

Segundo o dito popular, há na construção civil um desperdício de aproximadamente 30% dos investimentos, entre quebra e uso inadequado dos materiais de construção numa obra. Quando a construção das edificações é feita em série, como no caso das habitações de caráter social, este índice cai e fica entre 15% e 20%. Estes indicadores, se cientificamente comprovados, seriam altíssimos e inaceitáveis, pois a cada 5 edificações estaríamos perdendo recursos suficientes para se construir uma outra.

Entretanto, estes dados referentes às perdas na construção civil são contestados por estudos que os julgam superestimados ou sem base científica. Para melhor compreensão da combinação de fatores que influenciam na formação do indicador do desperdício é preciso reconhecer o conceito de perda e suas variações. De acordo com Carlos Formoso:

“O conceito de perdas na construção civil é, com frequência, associado unicamente aos desperdícios de materiais. No entanto, as perdas estendem-se além deste conceito e devem ser entendidas como qualquer ineficiência que se reflita no uso de equipamentos, materiais, mão de obra e capital em quantidades superiores àquelas necessárias à produção da edificação. Neste caso, as perdas englobam tanto a ocorrência de desperdícios de materiais quanto a execução de tarefas desnecessárias que geram custos adicionais e não agregam valor. Tais perdas são consequência de um processo de baixa qualidade, que traz como resultado não só uma elevação de custos, mas também um produto final de qualidade deficiente.”

Além destes fatores capazes de influenciar na formulação do índice de desperdício no canteiro de obras podemos citar, também, a não utilização de projetos arquitetônicos e complementares racionalizados, compra de terrenos inadequados aos programas, implantação irracional do canteiro de obras e a desgastante e burocrática fase de aprovação dos projetos nos órgãos competentes.

Todavia, superestimados na casa dos 30%, estes índices que refletem as perdas na construção civil, frente ao estado do Rio Grande do Sul, que possui um déficit habitacional significativo, e o delicado momento sócio, político e econômico do nosso país, demonstra um quadro no mínimo preocupante.

É, portanto, papel da arquitetura a partir dos seus principais agentes, tais como, indústria da construção civil, departamentos de pesquisa das Universidades e instituições de certificação normativa, buscar caminhos e alternativas que nos conduza a um nível de racionalidade na gestão dos projetos, construção e seus resíduos, buscando reduzir as perdas a níveis toleráveis. Tudo isso sem prejuízos da qualidade estética, plástica e na habitabilidade das construções buscando, com isto, almejar a erradicação do déficit habitacional em nosso estado.

A produção em série proporciona, por si só, um investimento menor devido a repetitividade nos sistemas e processos de construção, ainda mais se as perdas forem realmente menores e previsíveis. Portanto, um investimento maior em planejamento e projeto vai oportunizar a viabilização de uma construção otimizada e sustentável.

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