quarta-feira, 13 de julho de 2016

Coordenação Modular - Economia e Gestão - Parte 1

Modular Coordination – Economics and Management

Resumo

O objetivo central deste artigo é discorrer sobre a importância e a aplicação da Coordenação Modular nos processos de projeto e construção com vias a reconhecer os seus impactos e aspectos macro-econômicos. Neste sentido surge a necessidade de discorrer sobre a racionalização dos processos construtivos e materiais de construção, objetivando, através da gestão otimizada dos canteiros de obras e de um sistema de dimensionamento universalizado, reconhecer, padronizar e preservar as características individuais e originais de cada um destes materiais. A Coordenação Modular, que parte do princípio da industrialização e da repetição múltipla de componentes cuja diversidade controlada e regrada, vai regular os padrões de organização e adequação no projeto e racionalizar os processos da construção evitando desperdícios de materiais e gerando uma economia final significativa de materiais e mão-de-obra, comprovando que isto é possível sem o sombreamento da criatividade do Arquiteto.

Palavras Chave: coordenação modular, gestão do projeto e da obra, economia da construção.

Abstract

The main purpose of this article is to discuss the importance and application of Modular Coordination in the design and construction processes by recognizing their impacts and macro-economic aspects. In this regard, there is a need to discuss the rationalization of the construction processes and building materials, aiming, through optimized management of construction sites and a universalized scale, to recognize, standardize and preserve the individual and unique characteristics of each of these materials. Modular Coordination, which parts from the industrialization and multiple repetition of components, whose controlled and regulated diversity will regulate the organization and it's adequacy standards in the design and streamline the construction process, can avoid material waste and generate a significant material and labor cost reduction, proving it's possibility without undermining the architect's creativity.

Keywords: modular coordination, project management, work management, construction economics


1 - Evidências Sobre o Problema

O homem vive num certo meio físico natural e a resposta do organismo humano aos estímulos do ambiente determina o comportamento do indivíduo à procura de sua sobrevivência e bem-estar. Quando o homem não consegue os bens da natureza ele mesmo os cria. Produção é, portanto, o ato de criar ou aumentar a utilidade de bens destinados a satisfazer as necessidades humanas e produtos são os efeitos desses atos.

O desenvolvimento social e econômico do mundo contemporâneo se caracteriza pela rápida expansão dos meios de produção. Diante desta velocidade do crescimento, a produção artesanal necessita ser substituída pela produção industrial em massa. Portanto, no que tange à demanda por novas construções, é papel da arquitetura definir e sistematizar o espaço construído atendendo as necessidades humanas. O atendimento destas necessidades atribui a cada programa arquitetônico funções para as quais a arquitetura caracteriza e organiza seus espaços por meio de invólucros, representado pela edificação. O objeto arquitetônico é, portanto, um produto na medida em que satisfaz as necessidades humanas de abrigo.

Seja qual for o programa arquitetônico, teremos sempre um sistema constituído de funções, espaços e invólucros, cujas partes são funcionalmente especializadas, cujo comportamento é conhecido e cujas interrelações são controladas. A forma geral do invólucro é determinada, em princípio, pelas demandas especializadas de uso definidas pelo programa e materializada na forma de espaço. Este espaço não é contudo uma entidade geométrica abstrata mas um novo ambiente destinado a abrigar funções especializadas e é papel deste invólucro protegê-lo das ações do meio externo, tornando-o funcionalmente habitável, esteticamente contemporâneo e economicamente viável.

Prescindindo da estética e da função a que se destina, um espaço deve possuir determinadas condições de habitabilidade representadas por requisitos de segurança, higiene e conforto. O atendimento destes três requisitos transforma o espaço organizado (perceptível) em espaço qualificado (tangível), onde o objeto arquitetônico – abstraindo as questões estilísticas – é visto como sendo a soma dos espaços organizados, especializados e qualificados. Transformar estes espaços, em princípio amorfos, em espaços organizados para determinadas funções humanas, é produzir, assim como é, transformar matéria prima bruta em edificações habitáveis. Isto posto, configuram-se duas fases na arquitetura como produção: uma abstrata de organização e qualificação do espaço e outra concreta de realização da edificação.

O crescimento das cidades e a consequente demanda por novas edificações, pressiona a indústria da construção que, não estando preparada para crescer no mesmo ritmo, inflaciona a economia e o mercado da construção fazendo com que os preços da construção aumentem impulsionados pela lei natural da oferta e da procura. Esta falta de preparo da indústria da construção, caracterizada por processos de produção ultrapassados, artesanais e sistemas de gestão de pessoas e canteiro de obras antiquados, com custos operacionais altos, faz com que sua capacidade de produção seja inferior às demandas do mercado.
Na ânsia descontrolada e não sistematizada de atender a demanda crescente, e diante da necessidade econômica de manutenção de mercado, a indústria da construção civil se vê pressionada a reproduzir modelos estéticos desgastados, modismos estilísticos ultrapassados, sem os cuidados básicos com os aspectos de linguagem, composição, caráter, lugar e habitabilidade. Alia-se a isto a falta de investimento em novas formas de gestão de pessoas, produção e processos, produzindo e oferecendo ao mercado edificações de baixa qualidade arquitetônica e nada sustentáveis.

Racionalização das edificações, pré-fabricação, construções industrializadas, entre outras, são temas que refletem os esforços necessários da indústria da construção civil e das Universidades para por em marcha este processo lento e gradual para reverter a lógica de planejamento, projeto e obra para as novas construções. Principalmente, quando consideramos que vivemos atualmente numa economia de escassez de recursos que prima pela necessidade de eficiência energética, gestão de resíduos e aspectos de eco-eficiência nas novas edificações.

É neste cenário que surge a necessidade emergente de estudos aprofundados em sistemas modulares capazes de oferecer à indústria da construção civil algumas vantagens basilares tais como, coordenação dimensional, limitação de variações, normalização, pré-fabricação e industrialização.

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