Paulo Ricardo Bregatto: Arquitetura & Urbanismo

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Arquitetura & Urbanismo - Volume 2

Ontem a noite, às 19h, no saguão da faculdade de arquitetura e urbanismo da PucRS ocorreu, para a comunidade acadêmica da PucRS e convidados, o coquetel de lançamento do Volume 2 da série Arquitetura & Urbanismo: Posturas, tendências & Reflexões.

Trata-se de uma coletânea de textos que reúne o pensamento técnico e científico e as áreas de atuação profissional dos professores da FauPucRS. São 24 artigos, cuja diversidade expressa a vasta gama de conhecimentos, linhas de pesquisa e investigação científica desenvolvidas pelos vários autores e fomentadas pelo projeto pedagógico do curso.

Esta série "Arquitetura & Urbanismo: Posturas, tendências & Reflexões", será formada, de acordo com a proposta original, de 3 volumes, onde os assuntos não seguem uma linha editorial única. Este propósito se dá com o intuito de expressar a diversidade do pensamento dos autores e divulgar as suas várias linhas de investigação científica e de atuação profissional.

Nas capas destes 3 volumes o leitor encontrará uma manifestação divertida, feita pelos autores, que escolheram para cada volume uma das 3 cores básicas do sistema gráfico de impressão: azul (volume 1), amarelo (volume 2) e magenta (volume 3). Tão logo terminamos a produção do livro 2, já iniciamos o processo de gestação do livro 3. De fato, este mundo editorial, mesmo com suas dificuldades, é apaixonante e contagiante!!

Desta vez, para nossa grande alegria, o livro saiu editado pela Livraria do Arquiteto, grande parceira na viabilização deste novo empreendimento, entre outros.

Estaremos, também, fazendo o lançamento na Feira do Livro de Porto Alegre, no dia 1 de novembro (sábado), às 20:30h.

Boa leitura e até o volume 3!!

Arquitetura & Urbanismo:

Posturas, Tendências & Reflexões

Edição de Textos

Volume 2

Organizadores:

Mário dos Santos Ferreira

Paulo Ricardo Bregatto

Maria Beatriz Medeiros Kother

392 páginas

Livraria do Arquiteto - 2008

Tem artigos publicados neste livro os seguintes autores:

Ana Rosa Sulzbach Cé, Arnoldo Walter Doberstein, Beatriz Regina Dorfman, Maria Alice Dias, Marcos Pereira Diligenti, Flávio Escobar Nogueira da Gama, Günter Weimer, Inês Martina Lersch, Jairo José de Oliveira Andrade, José Carlos Marques, Leila Nesralla Mattar, Marcelo Martel, Márcio Rosa D'Avila, Maria Beatriz Medeiros Kother, Maria Dalila Bohrer, Maria Regina de Mattos, Mario dos Santos Ferreira, Paulo Ricardo Bregatto, Nara Helena Machado, Paulo Horn Regal, Paulo Renato Silveira Bicca, Paulo de Tarso da Silveira Müller, Raquel Rodrigues Lima, Renato Menegotto, Renato da Silva Solano, Rosana Picoral, Rosane Bauer e Sílvio José Jaeger Rocha.

Abaixo, descrevo a introdução do livro para compreensão da sua proposta editorial e conteúdo.

INTRODUÇÃO

O segundo volume da trilogia proposta para a coleção Posturas, Tendências & Reflexões, segue a linha editorial do primeiro volume publicado, em comemoração aos dez anos da FAUPUCRS. Aborda todas as sub-áreas de conhecimento e atuação do arquiteto do terceiro milênio. Apresenta temas pertinentes aos atuais cenários nacional e mundial como sustentabilidade e acessibilidade sob o enfoque da tecnologia, metodologia, história, estética e evolução urbana, dentre outros.

Há doze anos passados já constava no documento original do projeto acadêmico da FAUPUCRS o termo transdisciplinaridade, o qual representava o reconhecimento da necessidade de ações interativas da futura unidade com as demais áreas de conhecimento, na busca de um perfil de profissional egresso, adequado ao novo cenário que se anunciava.

Os títulos integrantes do sumário demonstram, mais uma vez, a manutenção da postura proposta, agora sob o signo da transversalidade, termo sucedâneo da ótica da interação de conhecimentos, da visão holística necessários aos novos tempos.

Sabemos que neste vasto mundo editorial, os livros científicos ocupam uma pequena e restrita fatia de mercado, se comparados ao universo das grandes ficções. Por outro lado, sabemos também do dever acadêmico de divulgar nossa forma de pensar e agir.

Após a primeira experiência editorial, tem-se claro a função de uma publicação desta natureza: fonte de consulta acadêmica e divulgação do pensamento do nosso corpo docente acerca das ferramentas e teorias envolvidas no ensino e produção de arquitetura, dentro e fora de nossa Universidade. Vale lembrar que a trajetória para chegar até aqui e viabilizar esta segunda publicação, nos apresentou outras particularidades do complexo mundo das edições.

Manifestamos nosso agradecimento, ao corpo docente e funcionários da FAUPUCRS, por sua colaboração e engajamento em mais este empreendimento. Externamos nosso agradecimento especial à Direção, pelo ambiente propício à produção acadêmica e ao incentivo diário e à Livraria do Arquiteto, sempre ao lado de nossa comunidade, apostando nos empreendimentos editoriais das instituições de ensino do Estado. Esta obra é dedicada aos alunos da FAUPUCRS, gente com desejo e coragem de transformar o mundo.

Mario dos Santos Ferreira
Paulo Ricardo Bregatto
Maria Beatriz Medeiros Kother

Organizadores

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Frases & Poesias

Agora preciso de tua mão, não para que eu não tenha medo, mas para que tu não tenhas medo. Sei que acreditar em tudo isso será, no começo, a tua grande solidão. Mas chegará o instante em que me darás a mão, não mais por solidão, mas como eu agora: Por amor.

(Clarice Lispector)

Se as coisas são inatingíveis... ora!

Não é motivo para não querê-las...

Que tristes os caminhos, se não fora

A presença mágica das estrelas!

(Mário Quintana - Das Utopias)

Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.

(Fernando Pessoa - Mar Português)

Quando os cimos de nosso céu se juntarem, minha casa terá um teto.
(Paul Éluard)

Sossega, porque nada há que esperar, e por isso nada que desesperar também.
(Fernando Pessoa)

O custo de uma coisa é a quantidade de vida que se tem que dar em troca.
(Henry David Thoreau)

Lembrete: se procurar bem, você acaba encontrando não a explicação (duvidosa) da vida, mas a poesia (inexplicável) da vida.
(Carlos Drummond de Andrade)

A maior pressa é a que se faz devagar.
(João Simões Lopes Neto)

Alguns vão arquear a sobrancelha num misto de espanto e ironia, mas acredito em alguma forma de viver e conviver com menos violência e raiva, menos pobreza concreta e emocional, mais prazer que não seja suicida, mais alegria que não seja forçada, menos medicamentos para suportar a vida, mais crenças em coisas positivas. Em um equilíbrio entre silêncio e grito, para que a gente possa se comunicar sem expectativas nem ceticismos demasiados.
(Lya Luft - Múltiplas Escolhas)

Existe um tempo em que é preciso parar de sonhar e partir.
(Amyr Klink)

Quem tentar possuir uma flor, verá sua beleza murchando. Mas quem apenas olhar uma flor num campo, permanecerá para sempre com ela. Você nunca será minha e, por isso, terei você para sempre.
(Paulo Coelho)

A teoria sem a prática vira verbalismo, assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade.
(Paulo Freire)

O mundo quebra qualquer um, e depois muitos ficam fortalecidos nos pontos quebrados. Mas aqueles que não querem quebrar, a estes o mundo mata. Mata os muito bons e os muito finos e os muito corajosos: sem distinção. Se não fores nenhum desses, podes ter certeza de que ele também te matará, mas sem muita pressa.
(Ernest Hemingway)

Não é o desafio com que nos deparamos que determina quem somos e, principalmente, o que estamos nos tornando, mas a maneira como respondemos ao desafio.
(Henfil)

O tempo tem passos largos e carrega tantos dezembros que não sobram horas para caminhar sobre as conchas. É impossível alcançar os pássaros tatuados no céu. Tudo é tão rápido e fugaz.
(Linney J. Palma)

Se almejamos algum tipo de liberdade - seja o que for que isso queira dizer para cada um -, é preciso arriscar: trazer estes nossos enganos até o chão da realidade, remover suas máscaras e sua mística, e escolher, com audácia se for preciso, que portas vamos abrir ou ignorar.
(Lya Luft - Múltiplas Escolhas)

Quando nada parece ajudar,
eu vou e olho o cortador de
pedras, martelando sua rocha
talvez cem vezes sem que
nenhuma só rachadura apareça.
No entando, na centésima
primeira martelada a pedra se
abre em duas, e eu sei que não
foi aquela a que conseguiu, mas
todas as que vieram antes.
(Jacob Riis)

Ó doce espontânea terra
quantas vezes os dedos
amorosos de sôfregos filósofos
te apalparam e beliscaram,
o polegar maroto da ciência
explorou tua beleza.
Quantas vezes as religiões te
tomaram sobre os joelhos ossudos
espremendo-te nos braços e
malhando-te para que
concebesses Deuses.
Mas fiel ao leito
incomparável da morte,
teu ritmo amante,
tu só lhes responde com a
primavera.
(E. E. Cummings)

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
(Fernando Pessoa)

Palavra de arquiteto

O desenho como linguagem para a arte, para a ciência e para a técnica, é um instrumento de conhecimento que estimula a exploração do universo construído e imaginário.
(Edith Derdyk)

Quando o arquiteto coloca o lápis sobre o papel, ele está fazendo mais que projetar um edifício. Ele está descrevendo sua sociedade para si próprio e para o futuro.
(Eugene Raskin)

Desde que deixou a caverna, e talvez antes mesmo, o homem começou a fabricar seus abrigos. Simples palhoças e tendas, no início; depois, sólidas casas de madeira, adobe e pedra. Através dos séculos, milhões de prédios vem sendo construídos e hoje a face da terra mostra-se, quase toda ela, salpicada por uma quantidade imensa de tetos. Contudo, apesar de serem contados aos milhões, são bem poucos aqueles edifícios que se destacam e que, por suas qualidades e características, se revelam capazes de atrair a atenção de estudiosos da arquitetura.
(Edgar Albuquerque Graeff)

O arquiteto tem três formas de expressar suas idéias – em especial as relativas à arquitetura – e de comunicá-las aos demais: a linguagem natural, a linguagem gráfica e a linguagem arquitetônica. A primeira corresponde ao que habitualmente entendemos como sendo suas teorias; a segunda tem a ver com seus desenhos e a terceira faz referência às suas obras.
(Jorge Sainz)

Não podemos, entretanto, esquecer que o projeto arquitetônico não é ainda arquitetura, mas apenas um conjunto de símbolos com os quais tentamos fixar e comunicar nossa intenção arquitetônica. Plantas, cortes, elevações, detalhes, perspectivas, não são mais que anotações convencionais, abstrações parciais e não autônomas de uma imagem que tentamos concretizar através do projeto.
(Vittorio Gregotti)

Muitos arquitetos hão de se sentir encabulados em face da habilidade com que as abelhas constroem suas colmeias. Porém, o que desde o início distingue o mais inepto dos arquitetos da mais eficiente das abelhas, é que o arquiteto constrói a célula na sua cabeça antes de construí-la na cera.
(Karl Marx)

Todo canto numa casa, todo canto num quarto, todo espaço reduzido onde gostamos, de nos agachar, de nos voltarmos sobre nós mesmos é, para a imaginação, uma solidão. O canto é um refúgio que nos assegura um primeiro valor do ser: a imobilidade.
(Gaston Bachelard)

A obra arquitetônica deve corresponder a vínculos e requisitos múltiplos que podem ser resumidos em três grandes categorias: estática, funcionalidade e economia. A satisfação destes vínculos, a sua harmonização com a ideia estética fundamental, ou, dizendo melhor, o fazer com que eles se tornem termos de linguagem e meios expressivos dela, constitui a verdadeira essência do problema arquitetônico e uma das causas principais da grandeza e dificuldade da arquitetura.
(Pier Luigi Nervi)

Em nossa memória se depositam, por estratos sucessivos, mil estilhaços de imagens, semelhantes a um depósito de lixo, onde é cada vez menos provável que uma delas adquira relevo. Estamos correndo o perigo de perder uma faculdade humana fundamental: a capacidade de pôr em foco visões de olhos fechados, de fazer brotar cores e formas de uns alinhamentos de caracteres alfabéticos negros sobre uma página branca, de pensar por imagens.
(Italo Calvino)

A engenharia seria a construção de manufaturados que circunscrevem espaços destinados a promoverem funções práticas (um galinheiro, um hangar, uma casa feia). A arquitetura, ao contrário, consistiria em articular espaços, os quais também podem permitir funções práticas, mas são, antes de tudo, avaliados por sua auto-reflexividade estética.
(Umberto Eco)

O projeto é a invenção de um objeto por meio de outro, que o precede no tempo.
(Alfonso Corona Martínez)

A arquitetura é uma disciplina muito difícil. É preciso ser bom construtor, bom artista, bom sociólogo e bom historiador. Muitas coisas boas, ao mesmo tempo e na mesma pessoa.
(Renzo Piano)

Não gosto das casas novas, porque as casas novas não tem fantasmas. E, quando digo fantasmas, não quero dizer essas assombrações vulgares que andam por aí. É não-sei-quê de mais sutil. Nessas velhas, velhas casas, como em nós, a presença invisível da alma.
(Mário Miranda Quintana)

Toda elaboração gráfica, pertencente a qualquer fase do processo de projeto arquitetônico, reflete as qualidades de claridade, de exatidão, de geometrização e de construtibilidade implícitas em toda concepção arquitetônica, sendo que em medida variável e sempre maior quanto mais se aproxima da fase executiva da obra.
(Carlo Scarpa)

A arte da construção nasce de um germe pré-existente; nada vem do nada. O tipo é uma espécie de cerne em torno do qual, e de acordo com ele, são ordenadas todas as variações de que um objeto é suscetível.
(Quatremère de Quincy)

A beleza tem duas origens: uma natural e outra por costume. A natural provém da geometria e consiste na uniformidade, isto é, na igualdade e proporção. A beleza por costume é produzida pelo uso, do mesmo modo que a familiaridade engendra amor por coisas que não são belas em si mesmas.
(Colin Rowe)

É espalhando a tinta que se descobre o espírito da matéria, sua própria medida. A mão pensa e segue o pensamento da matéria, a integração entre a matéria e a criação, uma conduzindo a outra, o lado direito nos levando ao fascinante mundo da abstração, o real invisível.
(Diniz Álvaro Machado)

Não há obra de arte sem a alegria que reina na elaboração, independentemente do tema, seja ele trágico, cruel ou feio. A alegria repousa no silêncio, no sentimento de comunhão eterna que está na origem da arte.
(Louis Isadore Kahn)

Um projeto de arquitetura, a rigor, nunca está concluído, porque sempre há algo que pode ser melhorado. A tendência do autor seria de alterá-lo continuamente, num processo sem fim, em busca do resultado perfeito. Isso só não ocorre porque restrições de ordem prática, tais como prazo e custo, além de um certo enfado momentâneo do arquiteto diante do projeto, ou a certeza de que as lições então aprendidas poderão ser aplicadas no próximo trabalho, o impedem de continuar aprimorando a solução encontrada.
(João Rodolfo Stroeter)

O que é a arquitetura? Defini-la-ei, do mesmo modo como fez Vitrúvio, como a arte de edificar? Não. Há nesta definição um erro grosseiro. Vitruvio toma o efeito pela causa. É preciso, primeiramente, conceber para efetuar. Nossos primeiros pais só construíram suas cabanas após haver concebido sua imagem. Essa produção do espírito, essa criação, é o que constitui a arquitetura, a qual, em conseqüência, podemos definir como a arte de produzir e levar à perfeição qualquer edifício.
(Etienne-Louis Boullée)

O todo de um edifício não é, e nem pode ser, outra coisa senão o resultado da montagem e da combinação de partes mais ou menos numerosas; não se pode montar, combinar, senão aquilo de que se pode dispor. Para poder compor o todo de um edifício qualquer, deve-se, antes de tudo, adquirir um perfeito conhecimento de todas as partes que podem entrar na composição de todos os edifícios.
(Jean-Nicholas-Louis Durand)

A estrutura é como o esqueleto da obra. Outras partes da construção podem ser agregadas mas a forma e a estrutura são irmãs e não podem ser pensadas separadamente. Tem que haver um só ato de criação para as duas coisas.
(Eladio Dieste)

A composição não se ensina, ela não se aprende a não ser através dos ensaios múltiplos, dos exemplos e dos conselhos, e da experiência própria se sobrepondo à experiência alheia.
(Julien Guadet)

Mas antes de prosseguir, não serei inconveniente se explicar quem é aquele a quem me permito chamar de arquiteto: pois não será um carpinteiro nem um marceneiro que eu equipararei aos mais capacitados mestres em outras ciências; o trabalhador manual nada mais é que um instrumento do arquiteto. Chamarei de arquiteto aquele que, através de acurados e maravilhosos, arte e método, é capaz, com o pensamento e a invenção, de conceber e, com execução, de realizar todas estas obras as quais, por intermédio do movimento de grandes massas, e da conjunção e reunião dos corpos, podem, com a maior beleza, se adaptar ao uso do gênero humano; e, para estar apto a fazê-lo, ele deverá ter um pleno conhecimento das mais nobres e mais curiosas ciências. Assim deve ser o arquiteto.
(Leon Battista Alberti)

Na verdade nenhum arquiteto pode deixar de utilizar o trabalho dos arquitetos que o precederam; por mais que ele se esforce por ser original, a maior parte do seu trabalho existirá em alguma tradição.
(Hassan Fathy)

Entre as múltiplas virtudes de Chuang-Tsê estava a habilidade para desenhar. O rei pediu-lhe que desenhasse um caranguejo. Chuang-Tsê disse que para fazê-lo precisaria de cinco anos e uma casa com doze empregados. Passados cinco anos, não havia sequer começado o desenho. “Preciso de outros cinco anos”, disse Chuang-Tsê. O rei concordou. Ao completar-se o décimo ano, Chuang-Tsê pegou o pincel e num instante, com um único gesto, desenhou um caranguejo, o mais perfeito caranguejo que jamais se viu.
(História chinesa)

O caráter essencial da arquitetura – o que a distingue das outras atividades artísticas – está no fato de agir com um vocabulário tridimensional que inclui o homem. A pintura atua sobre duas dimensões, a despeito de poder sugerir três ou quatro delas. A escultura atua sobre três dimensões, mas o homem fica de fora, desligado, olhando do exterior as três dimensões. Por sua vez a arquitetura é como uma grande escultura escavada, em cujo interior o homem penetra e caminha.
(Bruno Zevi)

Para definir o caráter arquitetônico de um tipo de edifício não é suficiente, como julgam alguns arquitetos, encontrar a justa correspondência entre a função e a forma. É preciso que esta correspondência se revele através de uma solução arquitetônica excelente, mas excelente ao ponto de ser imitada por muitos arquitetos durante muito tempo. A imitação produzirá a repetição necessária para que o elemento adquira popularidade e sua forma seja aceita pelo público como forma característica de determinado tipo de edifício. Quem decide, em última instância, sobre o caráter arquitetônico nos edifícios é a relação que se estabelece entre as formas e a cultura dos homens. A forma funciona neste fenômeno como linguagem e uma linguagem só existe de fato quando é inteligível pela sociedade humana.
(Edgar Albuquerque Graeff)

Sempre gostei da pradaria instintivamente, pela sua grande simplicidade; as árvores, as flores, o próprio céu, que formavam um contraste surpreendente. Vi que na pradaria uma altura pequena parecia muito maior; cada pormenor tornava-se mais importante, tudo se tornava menos largo. Tinha a ideia de que os planos horizontais nos edifícios pertenciam ao solo. E comecei a aplicar esta ideia.
(Frank Lloyd Wright)

A arquitetura não é simplesmente uma arte, mais ou menos bem executada: é uma manifestação social. Se quisermos saber porque algumas coisas são o que são em nossa arquitetura, é necessário que olhemos para o povo, pois os edifícios no seu conjunto são uma imagem do povo como um todo, embora especificamente eles sejam a imagem individual daqueles aos quais, constituindo uma classe, o público delegou e proporcionou poderes para construir. Isto posto, o estudo crítico da arquitetura nada mais é, na realidade, que o estudo das condições sociais que a produzem.
(Louis Sullivan)

O desenho é como um ritual primitivo de magia. Quem desenha os detalhes de alguma coisa, parece acreditar ser capaz de ganhar poderes misteriosos sobre ela.
(Diniz Álvaro Machado)

Logicamente, é graças à casa que um grande número de nossas lembranças estão guardadas, e quando a casa se complica um pouco, quando tem um porão e um sótão, cantos e corredores, nossas lembranças têm refúgios cada vez mais bem caracterizados. A eles regressamos durante toda a vida, em nossos devaneios. Neste teatro do passado que é a memória, o cenário mantém os personagens em seu papel dominante. Em seus mil alvéolos, o espaço retém o tempo comprimido. É essa a função do espaço.
(Gaston Bachelard)

Tornar a arquitetura mais humana significa criar uma arquitetura melhor, o que, por sua vez, implica um funcionalismo muito mais amplo do que aquele com bases exclusivamente técnicas. Este objetivo só pode ser alcançado por métodos arquitetônicos – pela criação e combinação de coisas diferentes, de tal modo que elas possam oferecer ao ser humano uma vida extremamente harmoniosa.
(Alvar Aalto)

Construímos pelo mesmo motivo que escrevemos: para registrar o que é importante para nós.
(Alain de Botton)

Partido, na arquitetura, é o nome que se dá à consequência formal de uma série de determinantes, tais como o programa do edifício, a conformação topográfica do terreno, a orientação, o sistema estrutural adotado, as condições locais, a verba disponível, as condições das posturas que regulamentam as construções e, principalmente, a intenção plástica do arquiteto.
(Eduardo Corona)

O rabisco não é nada, o risco – o traço – é tudo. O risco tem carga, é desenho com uma determinada intenção – é o design. É por isto que os antigos empregavam a palavra risco no sentido de projeto. Trêmulo ou forme, esta carga é o que importa. Portinari costumava das como exemplo a assinatura, feita com esforço, pelo analfabeto (risco), comparada com o simples fingimento de uma assinatura (rabisco). Risco é desenho não quando quer compreender ou significar, mas fazer, construir.
(Lúcio Costa)

É mais importante ensinar um método de raciocínio do que meras habilidades. Deve ser um processo contínuo, que se desenvolva concentricamente, como os anéis de uma árvore. O ciclo de tarefas deveria permanecer global em todas as fases da educação, não ser dividido em partes isoladas, e aumentar gradativamente de intensidade e profundidade em todos os campos ao mesmo tempo. Desde o princípio a compreensão do relacionamento orgânico de todos os domínios de saber e experiência é da maior importância; só então a totalidade do aspecto conjunto fará sentido na representação do estudante. Se ele parte do geral para o particular, e não do oposto, apreenderá facilmente todas as outras minúcias e as ordenará no lugar a que pertencerem.
(Walter Gropius)

Pensar em arquitetura é pensar em mudar.
(Demétrio Ribeiro)

A arquitetura consiste em objetos concretos que delimitam espaços a fim de permitir que funcione: descer, subir, entrar, sair, abrigar-se das intempéries, reunir-se, dormir, comer, rezar, celebrar acontecimento, incutir reverência.
(Umberto Eco)

A arquitetura poderia ser uma discussão criativa do ser humano com a zona espacial que o circunda, com o mundo exterior como um todo espacial, conforme as dimensões da natureza autêntica. Nele não se pode fazer referência exclusivamente ao homem como ser corpóreo, como se tem acreditado com freqüência, mas também há de se proceder necessariamente conforme as características constitutivas do intelecto humano, segundo a constituição espiritual do mesmo modo que a corpórea. E como resultado se terá a base comum, a lei da existência do espaço, pela qual o homem e o mundo estão feitos um para o outro, e precisamente nisto consiste o valor objetivo e subjetivo de sua criação.
(August Schmarsow)

Sempre que a tecnologia atinge sua realização plena, ela transcende a si mesma como arquitetura. É verdade que a arquitetura depende de fatos, mas seu verdadeiro campo de atividade é a esfera do significado.
(Ludwig Mies Van Der Rohe)

O pintor pinta com os olhos, não com as mãos. O que quer que ele veja, se o vir com clareza, será capaz de pintar. O ato da pintura exige, talvez, muito e cuidado e esforço, mas não mais agilidade muscular do que o artista necessita para escrever seu próprio nome. O importante é ver com clareza.
(Maurice Grosser)

A origem da arquitetura não é a cabana primitiva, a caverna ou a mítica casa de Adão no paraíso. Antes de transformar um suporte numa coluna e um telhado num tímpano, antes de colocar pedra sobre pedra, o homem colocou uma pedra no chão com a finalidade de identificar um lugar no meio do universo desconhecido, para que assim pudesse conhecê-lo bem e modificá-lo.
(Vittorio Gregotti)

A beleza depende de quatro condições: a integridade (integritas), a totalidade (perfectio), a simetria (proportio) e o fulgor (claritas). Por integridade, entende-se que um objeto deve ser completo, auto-suficiente, não vinculado a nada nem dependente a nada. Por totalidade, compreende-se que cada pormenor é indispensável, sendo impossível suprimir um sem destruir o todo. A simetria é a correspondência entre as partes e o fulgor, enfim, é a qualidade que faz com que o objeto não seja como os outros, o que destina o objeto à unicidade. É a integridade dotada de desígnio.
(São Tomás de Aquino)

Publicações

Documentos de Arquitetura - Traços&Pontos de Vista - Paulo Ricardo Bregatto (Organizador) - Editora da Ulbra - Julho de 2005 - ISBN 85-7528-148-8 - 240 páginas
Arquitetura & Urbanismo: Posturas, Tendências & Reflexões | Volume 1 | Edição de textos comemorativos aos 10 anos da FauPucRS | 1996-2006 | Maria Beatriz Medeiros Kother, Mario dos Santos Ferreira e Paulo Ricardo Bregatto (Organizadores) | Editora Universitária da PucRS | Julho de 2006 | ISBN 85-7430-585-5 | 390 páginas
Arquitetura & Urbanismo: Posturas, Tendências & Reflexões | Volume 2 | Mario dos Santos Ferreira, Paulo Ricardo Bregatto e Maria Beatriz Medeiros Kother (Organizadores) | Editora da Livraria do Arquiteto | Outubro de 2008 | ISBN 978-85-60085-04-0 | 392 páginas
Arquitetura & Urbanismo: Posturas, Tendências & Reflexões | Volume 3 | e-Book | Edição Comemorativa aos 20 anos da FauPucRS | Paulo Ricardo Bregatto, Maria Beatriz Medeiros Kother e Mario dos Santos Ferreira (Organizadores) | Editora Universitária da PucRS | Setembro de 2017 | ISBN 978-85-397-1006-5 | 302 páginas
Arquitetura & Urbanismo: Posturas, Tendências & Reflexões | Volume 3 | Edição Impressa | Edição Comemorativa aos 20 anos da FauPucRS | Paulo Ricardo Bregatto, Maria Beatriz Medeiros Kother e Mario dos Santos Ferreira (Organizadores) | Editora Universitária da PucRS | Setembro de 2017 | ISBN 978-85-397-1005-8 | 248 páginas

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Arquitetura & Urbanismo - Volume 2

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