segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Arquitetura no século XXI

Sérgio Magalhães
Presidente do IAB

Neste 5 de outubro, comemoramos o Dia Mundial da Arquitetura, uma iniciativa da União Internacional de Arquitetos – UIA. Fundada em 1948, como representação dos arquitetos de todo o mundo, a UIA teve o IAB como um de seus 27 fundadores. Hoje, são 124 os países-membros. A entidade é consultora da ONU-UNESCO.

A Arquitetura Moderna foi um dos pilares da cultura do século XX. Agora, novas exigências se apresentam para a Arquitetura, seu papel se amplia, quando a população mundial é majoritariamente urbana.

Já não há dúvida sobre o papel do arquiteto na concepção e na condução dos processos de construção do espaço, seja o edilício, seja o urbano. São maiores nossas responsabilidades tanto no âmbito da cultura, como da lei ou no reconhecimento da sociedade. Explicitando o caráter unitário da profissão, a legislação brasileira passou a nos designar como “arquiteto e urbanista”.

O Projeto é o eixo estruturante de nossa profissão. É pelo Projeto que a pesquisa inovadora emerge para se consolidar no usufruto de todos. É no Projeto (em sua total abrangência – do objeto ao planejamento territorial) que melhor contribuímos para enfrentar as questões mais amplas do nosso tempo, como os desafios ambientais, a desigualdade social, o desenvolvimento e a própria vida social.

No Brasil que se urbanizou a passos de gigante, e que hoje tem quase 200 milhões de cidadãos urbanos, há um universo que carece da contribuição do arquiteto. Novas cidades, novos bairros; velhas cidades, velhos bairros – em todos eles o arquiteto tem papel indispensável.

Nesta geração, mesmo a população não crescendo mais (como afirmam os estudos demográficos), nosso parque habitacional crescerá, no mínimo, em 50% do existente, sobretudo para corresponder ao fenômeno sociológico da diminuição do tamanho médio da família (hoje, três pessoas ocupam um domicílio; daqui a poucos anos, serão duas pessoas por domicílio). Dos 65 milhões de domicílios de hoje, chegaremos perto de 100 milhões em pouco tempo.

Contudo, no Brasil, ainda a imensa maioria das edificações é erguida sem a nossa participação. As cidades deverão conter seu espraiamento para a universalização dos serviços públicos e qualificar-se o espaço urbano. O respeito às preexistências e o cuidado com o ambiente e o clima exigem revisão de atitude. Há um grande caminho a percorrer: uma ampla repactuação sobre a democratização do espaço brasileiro, que possa alcançar toda a cidadania, e onde o trabalho do arquiteto seja útil em todas as fases produtivas e para todas as pessoas.

É uma ação simultaneamente no âmbito da Política e da Doutrina Arquitetônica. É um esforço de todos nós, de nossas instituições profissionais e culturais. Mas, não sejamos modestos, não subestimemos o papel da arquitetura e da cultura: certamente, tal redirecionamento é um percurso indispensável para o desenvolvimento socioeconômico de nosso país e o bem-estar dos brasileiros.

Hoje, “Arquitetura, Construção e Clima” é o chamado da UIA na comemoração deste Dia Mundial da Arquitetura. Estes próximos cinco anos, em que estaremos preparando o 27º Congresso Mundial de Arquitetos, UIA 2020 RIO, uma conquista do Brasil, é tempo para ajudarmos à reflexão sobre Arquitetura, no interesse da profissão, da cultura e da sociedade.

Todos os Mundos.
Um só Mundo.
Arquitetura 21.
UIA 2020 RIO.

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