Na sexta-feira que passou participei da formatura do curso de arquitetura e urbanismo da PucRS. Fato que me deixou muito emocionado, pois na condição de paraninfo da turma tive o privilégio de ver e ouvir ao longo da solenidade de formatura, além da alegria dos alunos, as homenagens que me prestaram relatando no discurso dos oradores, os fatos que motivaram minha escolha para tão honrosa missão.
A indicação para eu apadrinhar esta turma me trouxe muita alegria e me envolveu, ao longo deste semestre que passou, de uma emoção difícil de explicar, pois penso ser uma grande distinção acadêmica ser escolhido para proferir as palavras finais, num momento em que os alunos terminam uma etapa importante de suas vidas e dão início a outra, tão ou mais importante, indo na direção das demandas da vida profissional.
E diante disto, não posso negar que tudo o que ouvi deles, nas festas que fui ao longo do semestre (principalmente aquela festa na casa da Carlinha Krug, após a divulgação das notas, onde fui tomado de susto e de muita emoção pelas manifestações positivas feitas pelos alunos, em especial, pelo meu querido amigo Diego Tombini, entre outros), no texto do discurso dos oradores (Johanna e Diego) e nas recepções que fui ao término da formatura, tomou meu coração de muita emoção e surpresa na noite de sexta-feira.
O que mais me surpreendeu (e neste caso me alegrou muito) foi o reconhecimento, expresso nas palavras dos alunos, de coisas que fazemos naturalmente e sem sentir, ou quem sabe, sem reconhecer a dimensão exata do significado e valor daquilo que fazemos, ao longo dos afazeres diários no eteliê de projeto, diante das várias demandas da vida universitária. De fato, tenho por esta profissão (tanto de arquiteto e urbanista, quanto de professor universitário) um carinho e um amor imensuráveis que me fazem, às vezes, não fazer distinção entre uma e outra e que me fazem, também, com muita disposição e de maneira incondicional abrir espaços no meu dia-a-dia que muitas vezes eu nem tenho. Mas faço isto com vontade, com alegria, com entrega e com a certeza de que, fazendo isto, estou cumprindo a minha missão, fazendo o melhor para a formação de cada aluno e, por conseqüência disto, também para a própria profissão.
Portanto, meus queridos amigos e colegas, mais uma vez muito obrigado pela grande oportunidade de acompanhar vocês na noite da formatura e muito obrigado, também, por todas as manifestações de carinho e afeto que vocês me encaminharam ao longo deste semestre e nas motivadoras palavras que me foram ofertadas no texto do discurso dos oradores. Tomarei sempre estas homenagens como um grande incentivo para o meu trabalho diário no ateliê de projeto.
Um abraço apertado!
Contem sempre comigo!
Vocês estão tatuados no meu coração!!
DISCURSO DO PARANINFO
Componentes da mesa já citados,
Familiares e amigos aqui presentes,
Meus queridos colegas arquitetos e urbanistas:
Não conheço maior distinção acadêmica do que esta que vocês agora me proporcionam, me escolhendo para fazer uso desta tribuna para proferir algumas palavras de despedida, neste momento em que vocês finalizam uma etapa importante de suas vidas, trocando os desafios universitários pelas demandas da vida profissional, me outorgando esta honraria de ser o padrinho desta turma de jovens e muito bem preparados profissionais da arquitetura e do urbanismo.
Neste instante, diante desta homenagem, minha felicidade é dupla:
Primeiro, pelo grande carinho que tenho por esta turma, muito especial para mim, onde tive o privilégio de fazer grandes amigos (o que mais se leva desta vida, senão a benção de, além de fazer o nosso trabalho diário, ter a oportunidade de fazer amigos?) e segundo, pelo momento tão especial e simbólico em que nossa escola de arquitetura e urbanismo, às vésperas de completar 12 anos de existência, forma a sua 15ª turma e, cada vez mais, se implanta e se fortalece no competitivo cenário nacional.
Penso que este honroso convite foi originado por aqueles sentimentos mútuos de parceria, companheirismo, simpatia e amizade, sempre tão presentes durante os anos que convivemos juntos dentro do ateliê nas disciplinas que cursamos, nos corredores, nas muitas festas, nas fundamentais e inesquecíveis viagens de estudos, onde sempre movidos pelo sentimento de alegria e curiosidade sobre o mundo a nossa volta, buscávamos entender melhor, pela ótica do nosso ofício, o comportamento humano diante dos mais diversos espaços, assim como, buscávamos, também, participar sempre ativos da definição dos novos rumos para o ensino de arquitetura e o fortalecimento, sempre necessário, dos princípios da ética para o desenvolvimento da nossa profissão.
Lembrar disto significa para mim consolidar na linha do tempo a importância de todos os nossos fraternais momentos dentro desta escola. Guardo na memória e no coração os fatos e momentos de efervescência criativa no ateliê e, também, nas mesas dos bares, quando o horário regular da aula não se mostrava suficiente para esgotar nossas curiosidades e angústias sobre as grandes questões da nossa profissão.
Quantos projetos de arquitetura e, principalmente, sonhos e projetos de vida esboçamos e resolvemos juntos em toalhas de mesa e guardanapos de papel?
Ao longo deste semestre, contagiado pela alegria de vocês, me dei conta que vinte anos já se passaram desde a minha formatura... Parece que foi ontem!!! É incrível como, na lida diária, referenciados pelos acontecimentos e solicitações pontuais da vida e da nossa profissão, não percebemos a passagem do tempo. E nossas vidas, meus colegas, são sempre uma sucessão de rituais de passagem...
Nascemos, crescemos, fazemos escolhas, amadurecemos... São os grandes momentos que a vida nos oferece para estarmos diante dos nossos desafios – aqueles que estão reservados para nós e, principalmente, aqueles que assumimos por vontade própria. São os momentos para estarmos diante da nossa capacidade de entender, enfrentar, revolver e superar definitivamente cada um destes desafios.
Desviar ou desistir deles significa, na maior parte das vezes, perder estas oportunidades de crescimento e amadurecimento e querer trilhar somente o caminho das coisas fáceis e das verdades absolutas é, também, visitar o terreno dos fracos, daqueles que vieram à vida sem a força da alma, sem uma missão a cumprir e sem o desejo das grandes descobertas e conquistas.
Mas, às vezes, não basta apenas se deixar levar pela superficial vaidade e pelo cumprimento burocrático destas tarefas e decisões. Aceitar um desafio – e, por conseqüência, fazer por merecer as emoções deste ritual de passagem – não é somente executar estas tarefas. É preciso fazê-lo com dedicação, com entusiasmo, fazê-lo com amor no coração, pois sabemos bem que poucas são as coisas, nesta vida, que fazemos bem sem a doce e necessária presença do amor...
Não são poucas as vezes em que, diante das dificuldades aparentemente insolúveis, nos debruçamos sobre as nossas angústias e nos perguntamos se estamos no rumo certo... Dúvidas, alguns medos, incertezas, muitas fragilidades e aquele sentimento desconfortável de querer saber o que teríamos encontrado se tivéssemos escolhido um outro caminho...
São as páginas que diariamente viramos. Nossa vida é um livro de páginas brancas que cabe a cada um de nós preenchê-lo. E é nesta hora que temos que mostrar toda a nossa fibra, mostrar ao que viemos e do que somos capazes, assumir de fato e definitivamente a nossa maior missão que é construir, com ações colaborativas, ética e paz de espírito a vida e o futuro que queremos ter.
Às vezes é preciso parar, respirar fundo, refletir sobre os erros, assumir algumas perdas, reorganizar os momentos difíceis, esvaziar a cabeça e realimentar o coração com pensamentos leves e doces, para, então, poder vibrar com energia infinita diante das nossas grandes vitórias.
Deste lugar que vocês se encontram e que sentaram ainda aspirantes, daqui alguns instantes, ao término desta cerimônia, se erguerão arquitetos e urbanistas e serão, portanto, os mais dignos herdeiros das valiosas qualidades e honrosas tradições do nosso ofício e, também, da grande tarefa de fortalecer, com o fruto do vosso trabalho, a cultura local e nacional e a tradição da intelectualidade brasileira, de maneira ética e honesta, sempre tendo em vista os interesses e necessidades mais gerais da sociedade em que vivemos.
Nossa arquitetura, num passado recente, alcançou sucesso e expressão mundiais justamente por apresentar aspectos plásticos e técnicos originais e inovadores, caracteristicamente brasileiros. Assim como no passado, ainda hoje, as maiores expressões internacionais da arquitetura e do urbanismo, demonstram interesse por nossos feitos e vem beber em nossa fonte.
Esta herança arquitetônica, que vocês recebem agora, confirma na prática, que a construção de uma identidade nacional artística e técnica é alcançado na medida em que arte e técnica atendem as demandas locais e refletem as expressões mais típicas do nosso povo.
Nosso desafio não é fácil. Como arquitetos e urbanistas temos que ser incansáveis para investigar e conhecer as origens dos nossos valores artísticos e, nutridos destas origens e do avanço técnico do mundo contemporâneo, contribuir para a criação de soluções arquitetônicas originais que continuem a nos distinguir universalmente e que nos afastem, definitivamente, do uso acrítico de uma linguagem internacional e da falta de crítica histórica que reedita antigos estilos e os vende como uma nova forma de viver!!!
Além disto, meus arquitetos, temos que ter em mente que estas conquistas, acima de tudo, não devem nos afastar do conhecimento da realidade social e econômica do país em que vivemos, onde as grandes concentrações monetárias ainda nos caracterizam como país rico de povo economicamente pobre.
No quadro da arquitetura e do urbanismo e de todas as outras atividades técnicas e artísticas, nos defrontamos sempre com a contradição básica imposta por este desequilíbrio social: somos um país rico, de imensas dimensões e possibilidades, mas cujo povo, em grande parte, ainda vive em condições ingratas e desumanas de grande atraso e carecendo do vosso trabalho.
O mercado de trabalho atual, com suas inumeráveis oportunidades, mas, também, com suas perigosas armadilhas, carece de nova formatação, assim como, outras tantas oportunidades de trabalho, ainda adormecidas aguardando por nós, necessitam ser lapidadas com afinco, inovação e empreendedorismo. A crise energética internacional e o desequilíbrio mundial do meio ambiente assumem patamares preocupantes, exigindo dos arquitetos e urbanistas atitudes inovadoras e sustentáveis. Para tal, o fortalecimento ético da nossa categoria passa, também, pelo vosso necessário trabalho na política profissional, revisando e divulgando os princípios da moral e da ética, muitas vezes, deixados de lado na concorrência imposta pela urgência das decisões.
Meus arquitetos, estas constatações do mundo como está, com muitos valores éticos e morais esquecidos, transformados e sucateados, não nos devem levar ao comodismo de quem acha que nada pode ser feito, mas a estimular cada vez mais a nossa atividade criativa e reformista. O progresso de uma nação não é fruto do acaso, mas do resultado dos esforços corajosos e constantes dos seus filhos, portanto, é importante reconhecer a força transformadora do nosso talento e o quanto a nossa capacidade é ilimitada. Seremos amanhã, o somatório dos nossos esforços conjuntos de ontem e de hoje.
Trata-se, portanto, meus caros colegas, de encontrar um caminho que, em parte, nos afaste das posições confortáveis e acadêmicas, que muitas vezes temos assumido, para nos colocar como precursores deste processo de construção de um mundo melhor, pela ótica da nossa profissão. Neste momento em que vocês estão prestes a sair da nossa escola para enfrentar a vida profissional, torna-se necessário reconhecer que o futuro de cada um de vocês se funde com o futuro da sociedade em que estamos todos inseridos. A alegria, a felicidade, o sucesso, a segurança e a paz que, individualmente, queremos ter será sempre aquela que conseguirmos construir para todos.
Desejo-lhes nesta próxima jornada que hoje se inicia muito sucesso, mas acima de tudo muita coragem, pois a coragem nos dá a base sólida para sabermos superar todas as dificuldades. Coragem para durar e agüentar, coragem para viver, coragem para suportar, para combater, para enfrentar, para resistir, para perseverar. A coragem não se refere apenas ao futuro, ao medo ou à ameaça. Refere-se, também, ao presente, e sempre está ligada à vontade, muito mais do que à esperança. Afinal, só esperamos o que não depende de nós, só queremos o que depende de nós. É por isto que a esperança, ao meu ver, só é uma virtude para aqueles que aguardam imóveis a chegada de tudo, ao passo que a coragem é uma virtude para qualquer um. A coragem não é um saber, mas uma decisão. Não é uma opinião, mas um ato.
Desejo-lhes, portanto, que a emoção desta noite lhes fortaleçam a coragem e lhes tragam toda a lucidez necessária para a definição dos próximos desafios com energia infinita para perseguir a solução de todos eles. E que este ritual de passagem que agora estamos vivendo juntos, deixe lá no passado todas as suas angústias e todos os seus fantasmas errantes, que a dor e o cansaço sejam transformados em energia para a vida, que os medos sirvam somente para balizar o caminho da ética e das virtudes e que, acima de tudo, o sonho seja sempre o maior combustível na busca da realização profissional e pessoal.
Desejo-lhes, meus queridos arquitetos, um futuro brilhante, cheio de realizações e conquistas estáveis. Que esta saudade, que a partir de agora começa a povoar os nossos corações, lhes tragam sempre a doce lembrança dos momentos felizes em que estivemos juntos e lhes tragam, também, a certeza de que esta casa sempre será de vocês e sempre estará com suas portas abertas para recebê-los com suas grandes vitórias, novas dúvidas e muitas alegrias.
Penso que a alegria é o estado de saúde que devemos sempre buscar, mais que a própria felicidade, pois a alegria não é um estado de espírito, como se supõe ser a felicidade, mas sim uma sensação. Alegria, coisa tão incerta como o vento que sopra lá fora, que tem dias que vem, dias que não vem, que às vezes é tão forte que vira tufão, outras parece apenas brisa suave, que pode vir do sul ou do norte, do leste ou do oeste, mas que vem, queiramos ou não, na hora ou do jeito que bem entender...
Mais uma vez muito obrigado por este convite!!! Tomarei, para sempre, esta honrosa distinção como um grande incentivo para o meu trabalho diário dentro do ateliê. Para mim, foi um grande privilégio e uma honra imensurável participar deste ritual de passagem ao conduzi-los até aqui!!
Muito sucesso nesta próxima jornada!
Contem sempre comigo e com esta casa!!
Muito obrigado!!!
segunda-feira, 28 de julho de 2008
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6 comentários:
OBRIGADA QUERIDO, POR TODO APOIO E PELAS PALAVRAS LINDAS NESTE DIA TÃO ESPECIAL EM NOSSAS VIDAS!!!
UM GRANDE BEIJO
TAIANE
DINNNNDDDDOOOOO!!!!
Que lindooooooo!!!
Minha mamis tá desabando lágrimas aqui.... heheheheh amei o blog....
Lindo!!!
Estarás sempre tatuado no meu coração tb!
beijo
Lo
Emocionada com as tocantes palavras... Parabéns, feliz paraninfo da querida turma FAUPUCRS 2008/1!!!
AnaCé
Os minutos que levei para ler foram os mesmos que me levaram de volta ao passado, ao ano passado. Ano da minha formatura, quando também fostes meu paraninfo. Lendo e relendo pude matar um pouco a saudade desse ano cheio de surpresas, desafios mas principalmente alegrias, pois ela nunca pode faltar não é? Alegria de se matricular no TFG. Alegria de entregar a pesquisa. Alegria de mostrar o partido. Alegria de apresentar o projeto à banca (depois do nervosismo claro). E a abençoada alegria de se formar.
Não posso deixar de lembrar também da alegria que foi ingressar na faculdade. De desvendar esse mundo novo e desconhecido. Alegria de conhecer pessoas especiais e fazer grandes amigos. Claro que não foram só alegrias, mas não quero lembrar dos momentos tensos de cada final de semestre.
Nossa, está parecendo discurso de orador da turma. Vou parar por aqui...
Para finalizar quero dizer que é uma alegria contar com um professor tão querido, dedicado e apaixonado pelo que faz.
Beijo dindo!
Querida Camilla,
Pois é!! Um ano já se passou desde a tua formatura... Como o tempo passa rápido!! Por esta razão é que sempre digo que não devemos ficar sentados a espera do próximo trem. Vai que ele não apareça!! Portanto, temos que ir sempre avante, com coragem e disposição, com alegria e amor no coração, pois tudo aquilo que está reservado para nós, será sempre nosso, mas temos que ir buscar!! E esta pequena atitude de movimentação na direção de tudo aquilo que queremos já é o bastante para sermos vitoriosos!!
Então, avante!!
Força e Honra!!
Saudação Romana
Lindas palavras!!!
Vou guardá-las no coração e também na gaveta da minha cabiceira.. hehehehe.. para que, com o passar do tempo, eu não esqueça das lições de vida transmitidas por ti, querido dindo, não só no discurso, mas ao longo destes anos de faculdade, e também dos simples, mas muito ricos, valores da vida que às vezes passam desapercebidos ao longo dos dias corridos de trabalho.
Um grande abraço,
Luciana
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