segunda-feira, 27 de abril de 2015

Um projeto de cidade para as pessoas

Tiago Holzmann da Silva é arquiteto e urbanista e presidente do IAB RS.

Cidade para Pessoas é o título de um excelente livro do arquiteto dinamarques Jan Gehl, seguidor dos ensinamentos da jornalista Jane Jakobs que, nos anos 60, já denunciava a desumanização das grandes cidades. Ambos apontam para algumas das propostas que foram implantadas pela nossa convidada Janette Sadik-Khan nas suas experiências exitosas para começar a transformar Nova York em uma cidade para pessoas, como Gehl já havia feito com Copenhague.

Cidade para Pessoas também é o jargão do momento. Assim como a tal sustentabilidade, Cidade para Pessoas virou frase feita e entrou na moda, correndo o risco de perder seu sentido revolucionário original. Repetida com insistência em diversos ambientes, Cidade para Pessoas já virou discurso de político oportunista e está servindo de maquiagem moderninha para as mesmas ações equivocadas de sempre.

Cidade para Pessoas mesmo, não é discurso, é atitude.

Para começar, Cidade para Pessoas exige que estas, as pessoas, sejam mais ouvidas e consultadas sobre o rumo de suas cidades, com um processo de participação democrático e acessível a todos. Para que esta participação seja efetiva os gestores públicos – prefeitos, vereadores, administradores – tem que abdicar da parcialidade e das tradicionais facilidades aos seus financiadores de campanha e buscarem atuar como mediadores e conciliadores dos naturais conflitos entre os diversos grupos de pessoas que legitimamente têm interesses na cidade.

Cidade para Pessoas exige que abandonemos o automóvel como centro das decisões de planejamento e único beneficiário dos projetos urbanos. Cidade para Pessoas exige que tenhamos capacidade de compreender que asfalto, viadutos, automóveis particulares... devem deixar de ser os protagonistas das cidades. Precisamos entender, por exemplo, que a inauguração de um viaduto estaiado de dois andares que já nasce engarrafado é uma insensatez, um desperdício, uma vergonha, e não uma obra para o futuro da cidade.

Os novos protagonistas da Cidade para Pessoas são as calçadas largas e bem pavimentadas e iluminadas, é o transporte coletivo de qualidade e as ciclovias, é o comércio de rua nos bairros, são as praças e parques e espaços de convivência, é a preservação da paisagem e do patrimônio e, claro, as pessoas. Os moradores têm que ser os novos protagonistas da cidade. Esta nova Cidade para Pessoas exige planejamento de longo prazo e projetos de qualidade que devem enfrentar a cultura do improviso, do jeitinho e a ansiedade dos gestores públicos e privados pela inauguração do inacabado que faz uma obra sem projeto, apresasada e mal executada.

Cidade para Pessoas exige um projeto, um Projeto de Cidade. Esta foi a contribuição do Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do Rio Grande do Sul – IAB RS, que recentemente publicou um decálogo, os “10 pontos para um projeto de cidade”, síntese das discussões históricas dos arquitetos e do acúmulo dos seus princípios e propostas para a cidade, que incorpora e amplia os conceitos citados. Ou seja, Cidade para Pessoas não é uma novidade para os arquitetos e recebemos estas experiências exitosas com um enorme cartaz de “eu já sabia”.

Já tivemos a oportunidade de assistir no Fronteiras do Pensamento a Manuel Castells, Zygmunt Bauman, Alain de Botton, Gro Harlem Brundtland, Marshall Berman, Enrique Peñalosa, e agora, em 2015, ouviremos Saskia Sassen e Richard Sennett, todos grandes pensadores da cidade contemporânea. Conhecemos bem esta gente toda, são nossos gurus. Asssitiremos também a Janette Sadik-Khan com atenção, para entender melhor seus ensinamentos e aprender com sua boa experiência de Nova York. E também vamos torcer para encontrar por lá, entre os ouvintes, nossos gestores públicos e investidores privados, esperando que estes também estejam atentos ao que a conferencista tem a dizer e comecem a compreender melhor e, principalmente, a praticar a Cidade para Pessoas - ou vamos precisar desenhar para que eles entendam

sábado, 18 de abril de 2015

TCCII - FauPucRS

PAINEL DE ANTEPROJETO

Terá início no dia 19/05, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PucRS, a segunda série de painéis do Trabalho de Conclusão de Curso II, referente a etapa de Anteprojeto. Nesta etapa do semestre contaremos com a valiosa participação dos professores da Faculdade de Engenharia da PucRS (Feng) como componentes das bancas.

Painéis: de 19/05 à 29/05 - Salas 215 e 217

19/05
TERÇA-FEIRA

16:00h DOUGLAS ANDRIGHI
17:00h PRISCILA BREYER DE OLIVEIRA
18:00h RACHEL BERRUTTI P. DA CUNHA
Profa. Arqa. Camila Fujita
Prof. Daniel Pitta Fischmann


19:30h BRUNA PASTRE
20:30h DANIELE VOTO DA SILVA
21:30h DEBORA MALLMANN BARDEN
Prof. Arq. Carlos Alberto Hubner
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto


20/05
QUARTA-FEIRA

13:30h GIORDANA RABAIOLLI BRUM
14:30h OLGA MALLMANN DORNELLES
15:30h TATIANA LAUREANO APOLINARIO
Profa. Arqa. Cassandra Coradin
Prof. Daniel Pitta Fischmann


21/05
QUINTA-FEIRA

17:00h BRUNO RHODEN SINDERMANN
18:00h MARCOS VINICIOS LEONHARDT
Prof. Arq. Flávio Kiefer
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto


22/05
SEXTA-FEIRA

14:00h BRUNA KOHLER
15:00h MAURICIO MIRANDA E. DA ROSA
16:00h SABRINA CESTARI C. DA CUNHA
Prof. Arq. José Carlos Marques
Prof. Daniel Pitta Fischmann


17:00h CLAUDIA GARCIA GONZALEZ
18:00h LUIZA MORAES BOENI
Prof. Arq. Luis Carlos Macchi
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto


25/05
SEGUNDA-FEIRA

19:30h CAMILA BARBATO RADICI
20:30h MAIRA VELHO SARAIVA
Profa. Arqa. Maria Dalila Bohrer
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto


26/05
TERÇA-FEIRA

14:00h DANIEL WEBER
15:00h PRISCILA CARVALHO DA SILVA
Prof. Arq. Marcelo Martel
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto


16:00h GIULIA BRISSAC TARASCONI
17:00h JANAINA GHIGGI
18:00h KATIA FINKLER POSTAY
Profa. Arqa. Cibele Figueira
Prof. Daniel Pitta Fischmann


28/05
QUINTA-FEIRA

16:30h GUILHERME DE CASTILHOS
17:30h TAMIRES GOMES SILVEIRA
18:30h VITOR DOS S. VENDRUSCOLO
Prof. Arq. Luiz Alberto Aydos
Prof. Arq. Paulo Ricardo Bregatto


29/05
SEXTA-FEIRA

16:30h ANDRE MARMI
17:30h LENA MICHELE HOFFMANNTT ZAMBELI
18:30h VALESCA GOULART MENEGHINI
Prof. Arq. Paulo Cesa
Prof. Daniel Pitta Fischmann

quinta-feira, 2 de abril de 2015

O Iab e a conjuntura brasileira

Reunida no final de março em João Pessoa, a Direção Nacional do IAB resolveu divulgar nota sobre o atual cenário da política nacional, lembrando, mais uma vez, a defesa de uma de suas principais bandeiras: o projeto completo como instrumento em favor da transparência nos gastos públicos. A nota também reafirma o compromisso da entidade com a democracia e o direito à cidade e rechaça, enfaticamente, vozes golpistas. Leia a nota na íntegra:

O IAB E A CONJUNTURA BRASILEIRA

O Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), entidade de representação de arquitetos e urbanistas brasileiros, com noventa e quatro anos de história, constituída em todos os Estados da Federação e um dos responsáveis pela introdução do tema da Reforma Urbana no país, no contexto do momento político brasileiro, reafirma seu compromisso histórico com as instituições democráticas e republicanas, o Direito à Cidade e o bem-estar do povo brasileiro.

O IAB apoia e se solidariza com as iniciativas que visam ampliar as conquistas sociais, qualificar a representação política, a transparência nos gastos públicos e a construção de cidades mais justas e democráticas - e rechaça enfaticamente quaisquer vozes golpistas. Defendemos a apuração ampla das ocorrências de corrupção e a punição de todos os responsáveis pelos malfeitos, independente de sua origem partidária, pública e privada.

O IAB é convicto que um dos fatores que determinaram as dificuldades da atual situação do país é a ausência de Planejamento e de Projetos Completos para as obras públicas, o que estimula a corrupção, aumenta custos de execução e resulta em obras de baixa qualidade.

Os Planos e Projetos também devem ser vistos como instrumentos de ampliação da transparência. Quando a obra pública é licitada a partir apenas do chamado "projeto básico", ou somente com uma planilha financeira, transfere-se à construtora vencedora da licitação a tarefa de detalhar e completar o projeto. Tal promiscuidade é indutora de reajustes e superfaturamento, e fator estimulante da corrupção.

Assim, o Instituto de Arquitetos do Brasil reafirma a sua convicção no valor das instituições estáveis e democráticas, condição indispensável para garantir aos cidadãos brasileiros o Direito à Cidade, alcançar o desenvolvimento, a inclusão social e o bem-estar da população.

João Pessoa, 30 de março de 2015.
Direção Nacional do Instituto de Arquitetos do Brasil